sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A escolinha do professor Lewandowski

• Tranquilo, ministro do Supremo tenta controlar os ânimos, mas não impede bate-boca generalizado entre senadores

Maria Lima, Letícia Fernandes, Cristiane Jungblut, Eduardo Bresciani e Isabel Braga - O Globo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, mostrou paciência e bom humor para tentar desarmar os confrontos verbais entre os senadores pró e contra a cassação da presidente afastada, Dilma Rousseff. Sem alterar a voz e com ar professoral, interveio para concluir os depoimentos.

Pela manhã, no entanto, a situação saiu do controle. O tom das agressões chegou ao auge numa discussão entre o líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), e o do DEM, Ronaldo Caiado (GO). A confusão começou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PTPR) acusou os colegas de não terem “moral” para julgar a presidente Dilma. Foi o estopim para vaias, gritos e discursos inflamados.

— Qual é a moral deste Senado para julgar a presidente da República? Qual é a moral que têm os senadores aqui, para dizer que ela é culpada, para cassar? Quero saber, porque a metade aqui não tem — gritou Gleisi.

Caiado levantou-se e citou indiretamente as acusações contra o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, sobre fraude em empréstimos consignados.

— Eu não sou assaltante de aposentado — disse Caiado.

— Você é de trabalhador escravo — rebateu Gleisi.

Lewandowski suspendeu a sessão para acalmar os ânimos:

— Silêncio! Peço a todos que se contenham.

Lindbergh entrou na discussão, citando ligações de Caiado com o senador cassado Demóstenes Torres e com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

— O Demóstenes é que sabe da sua vida, e Cachoeira — afirmou o petista.

— Tem que fazer antidoping! Antidoping! Fica aqui cheirando, não — reagiu Caiado.

Pouco antes da confusão, sem conseguir concluir uma inquirição, por causa do burburinho, o senador Reguffe (sem partido-DF) pediu a intervenção de Lewandowski:

— Devo dizer que os senhores senadores estão muito bem comportados em suas funções. Peço aos assessores que colaborem para que o senador Reguffe tenha garantida sua palavra — pediu Lewandowski.

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