sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Rio olímpico – Editorial / Folha de S. Paulo

Realiza-se na noite desta sexta-feira (5) a cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio, a primeira realizada na América do Sul. Nos 16 dias seguintes, mais de 10 mil atletas de 206 países competirão em 42 modalidades sob os olhares de bilhões de pessoas.

A despeito dos tropeços e atrasos no cronograma, a capital fluminense parece pronta para receber os Jogos e, todos desejam, repetir o sucesso de organização da Copa do Mundo de 2014.

É grande a expectativa, ainda, com o desempenho da delegação brasileira nas provas. A meta do COB (Comitê Olímpico do Brasil) é pôr o país entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas.

Dado o histórico de participações nacionais, trata-se de propósito ambicioso. A melhor colocação até hoje se deu em Atenas-2004, com o 16º lugar; em Londres-2012, o Brasil ficou na 22ª posição.


O objetivo, de todo modo, se afigura factível. O time nacional terá, nesta edição, o maior número de atletas de sua história, 465 esportistas —contra os 259 de 2012, em Londres. É a segunda maior delegação, depois da norte-americana, que conta 555 esportistas.

O grupo, porém, é bem menos experiente que nos últimos Jogos: 67% da equipe fará sua estreia olímpica no Rio de Janeiro. Em 2012, eram 52%.

O maior tamanho da representação é prerrogativa do país-sede, pois este pode inscrever esportistas em quase todas as modalidades sem que seja atingido o desempenho classificatório mínimo.

Nações que recebem os Jogos tradicionalmente melhoram seu desempenho. Nos últimos 60 anos, elas conquistaram, em média, 13 medalhas a mais que na edição anterior. Se seguir essa tendência, o Brasil cumpriria o objetivo de ficar entre os dez primeiros, ao menos no que se refere ao total de pódios.

Além de contar com mais esportistas, o país-sede também costuma investir mais recursos que o usual na preparação de seus atletas. Da construção de centros de treinamento à concessão de bolsas para desportistas, o Ministério do Esporte despendeu R$ 4 bilhões de 2013 a 2016 —ao menos 50% mais que no ciclo olímpico anterior.

A motivação extra dos atletas por disputarem os Jogos em casa e o incentivo da torcida também concorrem para um resultado melhor. Em 2012, por exemplo, o Reino Unido obteve dez ouros adicionais na comparação com 2008.

Um fator circunstancial a favorecer o Brasil decorre da exclusão da Rússia nas competições de atletismo por fraudes no controle de doping. Há destacados desportistas brasileiros nessa modalidade.

O país inteiro torce para que os Jogos Rio-2016 sejam impecáveis, dentro e fora das arenas, e para que a redobrada atenção com o esporte não se atrofie após a festa olímpica, projetando o espectro da crise sobre uma atividade que leva saúde e alegria à população.

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