quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Temer procura senadores para aprovar impeachment

• Levantamento mostra que 51 parlamentares já se declaram a favor do afastamento de Dilma Rousseff

O presidente interino, Michel Temer, reforçou ontem o contato com senadores, especialmente do Nordeste, para tentar garantir a aprovação final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que a maioria continua favorável ao impedimento da petista. O julgamento final começa amanhã e deve durar sete dias. Dos 81 senadores, 51 declararam que votarão a favor do impeachment, 19 disseram que votarão contra e 11 não quiseram se manifestar ou não foram encontrados. Para sacramentar o impeachment, são necessários 54 votos. Ontem, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comandará o julgamento final no Senado, rejeitou mais um pedido da defesa e manteve para amanhã o início do rito de conclusão do processo.

Temer recebe senadores às vésperas da sessão

• Entre os seis parlamentares que foram ao Planalto, três confirmam que votarão pela condenação de Dilma

Cristiane Jungblut e Renan Xavier - O Globo

-BRASÍLIA- A dois dias do início do julgamento final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado, o presidente interino, Michel Temer, recebeu ontem seis senadores, cinco deles do Nordeste, no Palácio do Planalto. Todos votaram pelo afastamento da petista no último dia 10, quando o plenário da Casa aprovou, por 59 votos a 21, o parecer da comissão especial de impeachment no Senado, o que a tornou ré. O temor do Planalto é que os senadores da região, reduto eleitoral do PT, acabem mudando de voto.

Três deles ainda não confirmam se continuarão contra Dilma na votação final: Edison Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA). Os demais — Ciro Nogueira (PP-PI), Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Eduardo Amorim (PSC-CE) — afirmaram que se decidiram pelo impeachment.


Em levantamento feito pelo GLOBO, 51 senadores declararam que votarão a favor do impeachment; 19 disseram que votarão contra e 11 não quiseram manifestar seus votos ou não foram encontrados ontem.

Na votação da chamada pronúncia, quando Dilma virou ré, foram 59 votos a favor e 21 contra. São necessários 54 votos, entre os 81 senadores, para a condenação definitiva de Dilma à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.

Apesar de ainda não haver tal número, o clima é favorável ao impeachment. Vários senadores que não declararam sua preferência informaram às suas bancadas que votarão pelo afastamento definitivo da petista. Nos bastidores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sido pressionado pelos aliados a fazer o mesmo, mas ele disse que ainda analisa a situação.

O impeachment tem três fases no Senado: a admissibilidade (abertura), que ocorreu em 12 de maio; pronúncia, que ocorreu em 9 e 10 deste mês; e o julgamento final, a partir de amanhã. Ontem, alguns senadores que vinham relutando em declarar seus votos se se manifestaram. O presidente da comissão especial do impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que votará a favor do impeachment.

O senador Benedito de Lira (PP-AL) assumiu seu voto, alegando que agora, com o quadro já definido, não há mais motivo para não declarar sua posição. Ex-ministro de Dilma, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) também se manifestou pela condenação.

No caso dos aliados de Dilma, o senador Elmano Férrer (PTB-PI) disse que manteria sua posição contra o impeachment. O Palácio do Planalto ainda tenta mudar seu voto.

— Já votei duas vezes contra e mantenho minha posição. Pode colocar. Só se algo acontecer — disse Férrer.

O governo acredita que terá de 61 a 63 votos a favor do impeachment. Nessa conta, inclui o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi favorável à abertura do processo e à pronúncia, mas evita declarar sua posição porque foi ministro de Dilma e não quer constrangê-la, mesma situação de Jader Barbalho (PMDB-PA).

Aliados de Temer acreditam que terão apoio de Fernando Collor (PTB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), João Alberto (PMDBMA), Hélio José (PMDB-DF) e Roberto Rocha (PSB-MA). Nos bastidores, os três senadores do Maranhão negociam votarem unidos.

O julgamento começará amanhã; nesta primeira só testemunhas serão ouvidas, o que deve acabar sábado. No dia 29, Dilma fará sua defesa e, em 30 e 31, haverá discursos e a votação.

Recurso de Dilma negado
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento, negou ontem recurso de Dilma, que visava anular a votação da pronúncia no processo de impeachment. A decisão mantém o início do julgamento para amanhã. O presidente do STF rejeitou outro pedido da defesa, de absolvição sumária.

Em um documento de 37 páginas, Lewandowski frisou que não cabe à Corte analisar decisões sobre o mérito do processo. Ele afirmou não ter encontrado nas questões levantadas pela defesa nada que justificasse a revisão da decisão dos senadores. (Colaboraram Eduardo Barretto e Eduardo Bresciani)

Nenhum comentário:

Postar um comentário