segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Com crises política e econômica, governistas enfrentam dificuldades em campanhas eleitorais

João Pedro Pitombo, Felipe Bächtold – Folha de S. Paulo

SALVADOR, SÃO PAULO - Numa eleição marcada pela grave crise política e econômica, candidatos de oposição aos prefeitos lideram a sucessão municipal em 10 das 26 capitais, segundo pesquisas do Ibope e Datafolha das últimas semanas.

Os governistas estão na liderança de maneira isolada em outras dez capitais, mas só em três com chances mais claras de vencer no primeiro turno: Salvador, João Pessoa e Boa Vista.

Em outras seis capitais com pesquisas, situação e oposição estão em empate técnico: Recife, Maceió, Palmas, Florianópolis, Cuiabá e Porto Alegre.

As pesquisas mostram ainda má vontade de eleitores nos planos municipal, estadual e federal, com avaliações ruins de prefeitos, governadores e do presidente.

A aprovação do governo Michel Temer (PMDB) varia entre 8% e 19%, a depender da capital. O melhor desempenho está na região Norte, em capitais como Manaus, Rio Branco e Porto Velho.

No Sul e no Sudeste, o cenário hoje é de muita dificuldade para os grupos que estão no poder nas prefeituras. Os candidatos de oposição só não lideram em Porto Alegre e Florianópolis, onde há empate técnico.

Candidatos à reeleição em cidades como São Paulo, Curitiba e Vitória estão atrás nas pesquisas. Na capital paulista, onde a gestão é avaliada como ruim ou péssima por 47% dos eleitores, segundo o Datafolha, o prefeito Fernando Haddad (PT) aparece numericamente em quarto lugar nas intenções de voto.

O Nordeste concentra a maioria dos governistas que lideram a disputa: das nove capitais da região, seis governistas lideram, dois estão em empate técnico e só o prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), fica para atrás.

Com 70% de desaprovação em sua gestão, Alves Filho é um dos prefeitos de capital que tentam a reeleição com baixa popularidade. Ao todo, prefeitos de 20 capitais disputam novo mandato.

Na eleição de 2008, dos 20 candidatos à reeleição em capitais, 19 venceram a disputa. Quatro anos depois, o desempenho foi muito pior: dentre oito prefeitos metade se reelegeu. Só seis candidatos de situação se elegeram naquele ano em capitais.

Sucessor
Em capitais onde os atuais prefeitos tentam fazer o seu sucessor, como Rio e Belo Horizonte, os candidatos governistas ainda não decolaram.

Em Goiânia, onde o prefeito Paulo Garcia (PT) é desaprovado por 79% do eleitorado —pior avaliação nas capitais—, a petista Adriana Accorsi é a quarta colocada, com 8% das intenções.

A má avaliação dos governadores também pode atrapalhar a vida de seus correligionários. Em Porto Alegre, adversários do peemedebista Sebastião Melo o atacam pelo vínculo partidário com José Ivo Sartori, que vem sucessivamente atrasando salários do funcionalismo.

"O cenário pode facilitar candidaturas que, mais do que 'outsiders', tragam o discurso da renovação, da mudança", diz o cientista político Rafael Madeira, da PUC do Rio Grande do Sul.

Prefeitos procurados pela reportagem dizem que a campanha está no começo e há tempo para a reabilitação.

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