sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PMDB mantém força no interior do Rio

• Sigla avança no Sul Fluminense, mas perda da capital acende alerta para efeitos da crise no pleito de 2018

Bernardo Mello, Gabriel Cariello - O Globo

Embora a crise econômica seja pauta de discussões por todo o estado do Rio, não é possível dizer que ela tenha provocado uma derrota nas urnas para o PMDB, partido do governador Luiz Fernando Pezão. Com quatro candidatos nas disputas do segundo turno, a legenda tem, ainda, chances de garantir sua presença no interior do estado no mesmo patamar da eleição passada. Mas a perda da prefeitura do Rio, hoje disputada por PRB e PSOL, pode ser um prenúncio de dificuldades para a sigla manter o comando do Palácio Guanabara daqui a dois anos.

O PMDB conquistou 18 prefeituras, mas apenas duas já estavam sob sua administração. Pode chegar a 22 caso vença todos os pleitos no segundo turno. Seu principal aliado, o PP do governador em exercício, Francisco Dornelles, dobrou o número de municípios que governa — chegou a 18. Juntos, PMDB e PP controlam 40% das cidades. Eles integram, ainda, as coligações que vão administrar outras 22 prefeituras — mais 24% do estado.

O problema é que a influência dos partidos atingirá, apenas com os resultados do primeiro turno, 13,1% do eleitorado fluminense. Nesse aspecto, a capital é a joia da coroa — corresponde a 39,4% dos eleitores do estado. E pode ficar com o PRB.

O partido de Marcelo Crivella, que lidera as pesquisas de intenção de voto no município do Rio, pode se tornar uma força expressiva no estado e almejar a disputa pelo cargo de Pezão. O partido também está no segundo turno em São Gonçalo e Volta Redonda.

— O resultado desta eleição não desconfigura o PMDB no Rio. Mas será preciso observar os próximos passos do (prefeito) Eduardo Paes, os desdobramentos da crise que se anuncia entre Pezão e Alerj, e os movimentos de Jorge Picciani (presidente do partido no Rio) — analisa o cientista político Paulo Baía, da UFRJ.

PARTICIPAÇÃO NO PIB ESTADUAL
O cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, acredita que o “quadro de colapso” financeiro enfrentado pelo estado no último ano pode ser mais determinante para a organização das forças políticas em 2018 do que foi nas eleições deste ano.

— Os problemas mais graves que atingem o governo do estado, nas áreas de Saúde e Segurança, ficaram muito em evidência na capital. Talvez por isso a rejeição ao PMDB seja maior na capital do que nos outros municípios. O partido segue com lideranças importantes no interior. O eleitor não julgou o panorama estadual, mas, sim, a realidade do município. Em 2018, no entanto, será mais difícil escapar disso — prevê Ismael.

As urnas mostraram que os peemedebistas perderam terreno na Região Metropolitana, mas avançaram sobre o Sul Fluminense. Será o resultado do segundo turno, entretanto, que vai definir o tamanho do PMDB no estado nos próximos anos. O partido segue no pleito em Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo e Petrópolis. As quatro cidades dariam à sigla maior representatividade no PIB do estado. O PP, por sua vez, conquistou prefeituras nas regiões Norte e Noroeste. Porém, são municípios com eleitorados pequenos e baixa participação no PIB. A legenda não tem candidatos em nenhuma disputa de segundo turno.

Já o PRB mostra potencial para rivalizar com o grupo que compõe o atual governo, aponta Baía. Além dos resultados que o partido pode alcançar no fim do mês, ele construiu aliança com o PR, que tem o terceiro maior número de prefeituras no Rio, e se aproximou de nomes cogitados para a disputa daqui a dois anos.

— O PRB pode arriscar alguém no governo do estado ou eventuais apoios, como ao Garotinho e ao Romário. De qualquer forma, o PRB tem um projeto. O próprio Crivella tem testado esse projeto desde que foi eleito senador em 2002 — diz Baía. — O PMDB deve buscar alianças nacionais para as disputas eleitorais, como com o PSDB. O grande número de candidatos na cidade do Rio mostrou ao partido que a fragmentação é um erro. É um case estratégico para 2018.

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