quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Governo federal teme que protestos se espalhem pelo país

• Fonte ligada a Temer diz que mobilização no Rio é ‘consistente’

Catarina Alencastro, Eduardo Barretto - O Globo

-BRASÍLIA- O presidente da República, Michel Temer, acompanhou com preocupação o noticiário sobre a manifestação em frente à Assembleia Legislativa (Alerj). Segundo um de seus assessores, a situação do estado aflige Temer porque, para o presidente, os protestos no Rio se tornaram “crônicos” e podem inspirar atos semelhantes em outros estados. Já o tumulto ocorrido na Câmara dos Deputados, em Brasília, foi classificado pelo Palácio do Planalto como “um incidente isolado”.

— A situação mais preocupante, sem dúvida, é a do Rio de Janeiro, que tem um movimento já consistente, crônico, de servidores contra as reformas propostas pelo governo do estado. Aqui, em Brasília, foi uma coisa pontual, um incidente isolado — disse um interlocutor do presidente.

Apesar de, na avaliação da equipe de Temer, ainda ser cedo para a avaliação de um eventual desdobramento da invasão à Câmara, o serviço de inteligência da presidência fez uma pesquisa sobre os participantes do ato. A análise indicou que o protesto foi realizado por um grupo restrito, com posições políticas de direita.

Para um assessor do presidente, o que ocorreu ontem em Brasília não deverá atrapalhar as reformas econômicas do governo federal.

— O que vimos em Brasília não foi um movimento das ruas. Na Câmara, teve gente que veio de Pernambuco. Quem trouxe essas pessoas? Ainda não sabemos. É cedo — afirmou um funcionário do Palácio do Planalto que trabalha diretamente para Temer.

O mesmo assessor disse que o presidente não se inquietou perante a reivindicação, feita pelos invasores da Câmara, de uma intervenção das Forças Armadas no Congresso. Ele frisou que os militares estão valorizados no governo Temer e que a manifestação não tem base nos quartéis.

PEZÃO PEDIU APOIO DA FORÇA NACIONAL
A preocupação de Temer com o Rio aumentou após o governador Luiz Fernando Pezão pedir, anteontem, a presença da Força Nacional no estado para ajudar a PM a manter a ordem no entorno da Alerj, no Centro, e do Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O presidente autorizou a mobilização de uma tropa de 500 homens, que já chegou ao Rio.

Pezão fez o pedido ao ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, e, no documento em que justificou a solicitação de envio da Força Nacional, alegou “insuficiência de meios e esgotamento dos instrumentos destinados à preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Segundo uma autoridade que pediu para não ser identificada, “a situação no Estado do Rio é grave, e Pezão está preocupado com a segurança de todos, inclusive a dele”.

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