sábado, 4 de junho de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Não se reconstrói um país dilapidado econômica e moralmente do dia para a noite, como em um passe de mágica, mas as primeiras ações concretas do novo governo já vêm dando resultado e recuperando a confiança da opinião pública. Há muito por fazer, sobretudo após tantos anos do descalabro produzido pelo PT, e o presidente da República tem plena consciência do tamanho do desafio. Se ainda não podemos dizer que o Brasil se reergueu e voltou a trilhar o caminho do desenvolvimento, é possível celebrar a retomada da esperança, do otimismo, da confiança da sociedade. Não é pouco. O primeiro passo, afinal, já foi dado.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS. ‘Choque de confiança’, Diário do Poder, 3/6/2016

Machado diz que Renan, Jucá e Sarney receberam R$ 70 mi

Machado diz que pagou mais de R$ 70 milhões a Renan, Jucá e Sarney

• O ex-presidente da Transpetro afirmou em delação premiada na Procuradoria-Geral da República que dinheiro foi desviado da estatal

Andreza Matais e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

O ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em seus depoimentos na delação premiada que fechou com a Procuradoria-Geral da República na Lava Jato que arrecadou e pagou mais de R$ 70 milhões desviados da estatal para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), para o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do PMDB.

As informações foram reveladas pelo jornal ‘O Globo’ nesta sexta-feira, 3 e confirmadas pelo ‘Estado’ com investigadores que atuam no caso.

Propina a Renan, Sarney e Jucá foi de R$ 70 milhões

• Afirmação de Sérgio Machado está registrada em delação premiada

Ex-presidente da Transpetro disse à Lava-Jato ter dado R$ 30 milhões ao presidente do Senado em troca de sua manutenção no cargo; de acordo com ele, dinheiro desviado pagou campanhas e despesas pessoais

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em delação premiada que pagou mais de R$ 70 milhões desviados da subsidiária da Petrobras ao presidente do Senado, Renan Calheiros, ao senador Romero Jucá e ao ex-presidente Sarney, todos do PMDB, informa Jailton de Carvalho. Só a Renan foram destinados R$ 30 milhões, segundo o delator. A propina, em troca da manutenção do ex-aliado no cargo, teria sido usada para financiar campanhas e gastos pessoais. Machado, que se comprometeu a devolver R$ 100 milhões, disse que o esquema funcionou de 2003 ao ano passado. Renan negou ter recebido dinheiro e disse que não indicou Machado. Jucá nega a acusação, e Sarney não foi encontrado.

O propinoduto do PMDB

• Sérgio Machado diz ter desviado R$ 70 milhões da Transpetro para Renan, Sarney e Jucá

Jailton de Carvalho - O Globo

Cerveró revela que jantou com Renan e negociou propina

• Segundo delator, encontro na casa de Jader discutiu repasse de US$ 6 milhões ao PMDB

- O Globo

Em sua delação premiada, Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, revelou ter participado de um jantar em meados de 2006 na casa do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em que foi discutido um repasse de propina de US$ 6 milhões a políticos do PMDB, em troca de apoio político para ele permanecer na diretoria internacional da estatal. Segundo Cerveró, da reunião participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); Paulo Roberto Costa, também ex-diretor da Petrobras; e Jorge Luz. Cerveró disse ter sido convidado para o jantar por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Odebrecht relatou gastos com Dilma

• Em negociação de delação, executivos da empreiteira disseram ter pagado cabeleireiro; presidente nega

Executivos da Odebrecht afirmaram, na negociação de delação premiada, que pagaram “despesas de imagem” da presidente afastada, Dilma Rousseff, entre as quais o cachê do cabeleireiro Celso Kamura, conta Guilherme Amado. Como revelou O GLOBO, a informação também consta de emails trocados por investigados e apreendidos pela Lava-Jato. Os executivos da Odebrecht, que ainda vão prestar depoimentos formais, disseram que os valores para tais gastos foram repassados ao marqueteiro João Santana, preso juntamente com a mulher dele, Mônica Moura. Dilma reagiu dizendo que as informações são “descabidas”. Funcionários da Odebrecht relataram também propina para Anderson Dornelles, ex-assessor de Dilma.

Executivos dizem que Odebrecht pagou despesas pessoais de Dilma

• Cabeleireiro afirma que João Santana, preso por caixa 2, pagou serviços

Guilherme Amado - O Globo

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Executivos da Odebrecht relataram na negociação de suas delações premiadas que a empreiteira pagou despesas pessoais da presidente afastada, Dilma Rousseff, que permitiram a ela cuidar da própria imagem. Entre as despesas está o cachê do cabeleireiro Celso Kamura, conforme revelado ontem pelo colunista do GLOBO Merval Pereira. Investigadores da Lava Jato tratam com cautela a informação, porque não há certeza de que a construtora vai incluir ou detalhar a informação nas próximas fases do processo de colaboração.

Na negociação, os diretores da Odebrecht afirmaram que valores relacionados à imagem da presidente foram repassados ao marqueteiro João Santana, que se responsabilizou pelo pagamento dos profissionais e serviços contratados. Mônica Moura, mulher de João Santana, já afirmou nas negociações de sua delação premiada que o casal recebeu pagamentos da Odebrecht por caixa dois (recursos não contabilizados pela campanha).

Diretores da Odebrecht relatam repasses a ex-assessor de Dilma

• Executivos da empresa deram informação em acordo para delação

Guilherme Amado - O Globo

BRASÍLIA -Executivos da Odebrecht citaram Anderson Dornelles, ex-assessor da presidente afastada Dilma Rousseff, como destinatário do recebimento de dinheiro da construtora. A afirmação foi feita na fase preliminar da negociação da delação premiada e ainda terá que ser detalhada nos anexos da colaboração, a serem entregues pelos advogados da Odebrecht até o fim do mês.

Ainda não há consenso dentro da própria empreiteira se a delação ligará Dilma à entrega desses recursos. Os executivos têm dado informações conflitantes à força-tarefa da Lava-Jato sobre os repasses. Numa das situações descritas, Dornelles teria pedido o dinheiro diretamente à construtora. Em outro momento, executivos também falaram que a própria presidente teria pedido ajuda para Dornelles. A exemplo da informação de que Dilma teve despesas pessoais pagas pela construtora, os investigadores da operação têm sido cuidadosos com o que têm ouvido.

Delator diz ter pago a Renan, Jucá e Sarney R$ 70 milhões

Em delação, Sérgio Machado diz ter pagado R$ 70 mi a líderes do PMDB

Márcio Falcão, Aguirre Talento – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que pagou ao menos R$ 70 milhões desviados de contratos da subsidiária da Petrobras para líderes do PMDB no Senado.

Segundo o relato de Machado, a verba foi repassada para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), e para o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).

A maior parte da propina teria sido entregue para o presidente do Senado, sendo R$ 30 milhões. Renan é considerado o padrinho político de Machado e principal responsável por dar sustentação a ele no cargo, que ocupou por mais de dez anos.

O ex-presidente apontou ainda aos investigadores que Jucá e Sarney levaram do esquema R$ 20 milhões cada um. Não há detalhes sobre como Machado teria feito esses repasses, que foram desviados da empresa que é responsável pelo transporte de combustível no país.

Dilma conversou pessoalmente com Odebrecht sobre propina, diz revista

SÃO PAULO - A presidente afastada Dilma Rousseff teria conversado pessoalmente com o empreiteiro Marcelo Odebrecht sobre o recebimento de R$ 12 milhões em propina em 2014, na época das eleições que resultaram em sua reeleição. A informação é da revista "Istoé".

Segundo a reportagem, Dilma se encontrou com Odebrecht entre o primeiro e o segundo turno do pleito. Ele teria lhe perguntado se "deveria mesmo" efetuar uma doação de R$ 12 milhões "por fora" para o marqueteiro João Santana e o PMDB.

"É para pagar", teria respondido a petista.

A reprodução da conversa —a primeira que indica envolvimento direto de Dilma em um esquema de caixa dois para sua campanha, o que é crime— foi dada por Odebrecht, preso pela Operação Lava Jato, que fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

Revista afirma que Dilma pediu caixa 2 para Odebrecht

• Segundo a publicação, Edinho Silva teria pedido uma doação de R$ 12 mi para serem repassados a Santana e ao PMDB

Reportagem da Revista IstoÉ afirma que o empreiteiro Marcelo Odebrecht revelou em acordo de confidencialidade com a Lava Jato que a presidente afastada da República, Dilma Rousseff, cobrou pessoalmente uma doação para a campanha eleitoral dela em 2014 que não teria sido declarada à Justiça.

Segundo o empreiteiro, preso desde junho do ano passado, o então tesoureiro da campanha, Edinho Silva, havia pedido a ele uma doação de R$ 12 milhões para serem repassados ao marqueteiro João Santana e ao PMDB.

Temer limita voos de Dilma com avião da FAB a Porto Alegre; petista reclama

Paula Sperb, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

PORTO ALEGRE (RS), BRASÍLIA - O governo de Michel Temer produziu um parecer técnico que restringe o deslocamento aéreo de Dilma Rousseff por meio de aeronaves da FAB (Força Área Brasileira) durante o período de afastamento da petista da Presidência da República.

O documento feito pela Casa Civil, que tem como objetivo orientar a partir desta sexta-feira (3) todas as áreas do governo sobre os benefícios a que Dilma terá direito, limita o deslocamento aéreo de Brasília a Porto Alegre (RS), onde vivem os familiares dela.

Marcelo Odebrecht: propina financiou reeleição de Dilma

• Há um ano preso em Curitiba, dono da maior empreiteira do país decide expor os seus segredos em delação. O alvo principal de suas revelações será a presidente afastada

Por: Daniel Pereira, Robson Bonin e Thiago Bronzato - Veja

O ex-presidente José Sarney sabe das coisas. Com a autoridade de seus 60 anos de vida pública e um talento nato para resistir a tormentas, Sarney disse numa conversa gravada que a delação premiada de executivos da Odebrecht provocaria um estrago digno de "uma metralhadora de ponto 100". A velha raposa externava o temor reinante na classe política com a possibilidade da revelação dos detalhes da contabilidade clandestina da maior empreiteira do país.

Fazia coro com as autoridades empenhadas em melar a investigação do petrolão. A operação abafa, como se sabe, fracassou. A delação de diretores e funcionários da Odebrecht já está sendo feita. Não só ela como a colaboração do ex-¬chefe da OAS, que fez a reforma do sítio que servia de refúgio para o ex-presidente Lula. Em vez de uma, são duas as metralhadoras engatilhadas, ambas com munição de sobra para permitir que a Lava-¬Jato feche a lista de políticos beneficiados com propina e identifique a cadeia de comando do maior esquema de corrupção já investigado no país. O poder de fogo é ainda mais devastador, letal e definitivo do que imaginava o experiente Sarney.

OCDE: Brasil só sai da crise com eleições

• Para entidade, sem isso, não haverá consenso para aprovar reformas

Fernando Eichenberg - O Globo

PARIS - Na previsão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa 35 países — a maioria do bloco de países desenvolvidos —, o Brasil não terá condições de sair da “recessão profunda” e de retomar o caminho do crescimento econômico até que ocorram novas eleições. O clima político atual impossibilita, na análise da instituição, a adoção de reformas urgentes e necessárias para o país. Essa é a opinião do economista Jens Arnold, diretor da OCDE para o Brasil, que, em conversa com o GLOBO, confirmou e ampliou os prognósticos feitos para o país no relatório da instituição divulgado esta semana.

Esquerda no Rio: juntos apenas em eventual 2º turno

• Freixo, Molon e Jandira fecham acordo de apoio mútuo para a prefeitura; candidatura do PCdoB terá aliança com PT

Fernanda Krakovics - O Globo

Pré-candidatos à prefeitura do Rio no campo da esquerda, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e os deputados federais Alessandro Molon (Rede) e Jandira Feghali (PCdoB) fecharam ontem um acordo de apoio mútuo em eventual segundo turno nas eleições municipais deste ano. Apesar de disputarem o mesmo eleitorado, eles disseram não cogitar a união em uma mesma chapa.

— As três candidaturas são legítimas. Há uma unidade construída, de diálogo, mas não em uma chapa única. Nós não éramos uma coisa só e nos dividimos. Pelo contrário, somos coisas diferentes, com caminhos próprios, e estamos nos organizando em uma pauta e em um debate permanente sobre a cidade — afirmou Freixo, descartando a possibilidade de uma chapa única.

Pré-candidato, Molon negocia aliança com PVePPS

• Ex- petista tentará conquistar eleitorado de centro

- O Globo

O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) se reúne na próxima segunda-feira com PV e PPS para tentar fechar uma aliança em torno de sua pré-candidatura à prefeitura do Rio.

— Não é tarefa fácil vencer eleição no Rio de Janeiro contra a máquina do PMDB, contra a força e o dinheiro do PMDB, então é preciso que essa conversa (Rede, PCdoB, PSOL e PT) seja ampliada, que envolva outras forças progressistas e envolva também aqueles que não se identificam com nenhuma força política. A representação (política) está em crise, os partidos políticos todos estão em crise, é preciso conversar sobretudo com quem não se identifica com nenhum partido político — disse Molon, após reunião com os Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB).

Dilma nunca mais - Miguel Reale Júnior*

- O Estado de S. Paulo

A apuração do desvio de bilhões da Petrobrás assusta parcela da classe política envolvida na bandalheira. Houve tentativas concretas de inviabilizar o prosseguimento de atos processuais e intenções de intervenção, por ora, sabidas apenas como preparatórias.

A presidente Dilma é investigada por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República, por ter, em possível coautoria com o ministro da Justiça e o líder do governo à época, manobrado para indicar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) desembargador a vir a ocupar a turma julgadora dos habeas corpus relativos ao processo Lava Jato, com o compromisso de soltar os empresários, em especial Marcelo Odebrecht. O novel ministro do STJ efetivamente concedeu a ordem em favor dos presidentes da Andrade Gutierrez e da Norberto Odebrecht, sendo voto vencido. Consta que, em delação premiada, Marcelo Odebrecht confirma contar com essa nomeação pela presidente.

A presidente Dilma, como ficou comprovado por gravação de conversa telefônica considerada lícita pela Procuradoria-Geral da República, nomeou Lula ministro-chefe da Casa Civil para impedir que viesse a ser preso, como se temia. Renan Calheiros, em conversa gravada por Sérgio Machado, confirma que Lula apenas foi nomeado ministro para fugir de eventual prisão.

Lula, por sua vez, em denúncia apresentada no processo já promovido contra Delcídio Amaral, no Supremo Tribunal Federal, é acusado de ter sido o organizador da compra de Nestor Cerveró para que este não viesse a fazer delação premiada. É o revelado em conversas telefônicas, pelo saque do dinheiro em agência bancária feito pelo filho de José Carlos Bumlai e no encontro com o filho de Cerveró, artimanhas estas para impedir produção de prova importante. Lula, diz o procurador-geral, “conduzia as articulações espúrias para influenciar o andamento da Lava Jato”.

Uma circular não escrita - Demétrio Magnoli

- Folha de S. Paulo

José Serra terminou a semana em Paris, na OCDE. Na América Latina, as atenções dividiam-se entre a ruidosa confrontação de Luís Almagro, o secretário-geral da OEA, com Nicolás Maduro, o chefe do regime chavista na Venezuela, e o sólido, inexpugnável silêncio do Brasil. Diplomatas argentinos, chilenos e mexicanos esboçaram o plano de enviar uma delegação da OEA a Caracas com a missão de persuadir Maduro a acatar o referendo revogatório –mas congelaram a ideia diante da ausência de uma palavra brasileira. Temer inaugura sua política externa com uma abdicação da responsabilidade de liderar. Haverá consequências.

Falta prudência - Merval Pereira

- O Globo

Falta prudência ao governo do cauteloso Temer. A redução dos prazos para a definição final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff não prejudica em nada sua defesa, pois não são necessários 15 dias para se apresentar uma defesa ou uma acusação por escrito de um assunto que não tem novidades. Mas é uma proposta no mínimo inábil, pois dá margem a que a acusação de golpe parlamentar ganhe contornos de veracidade.

Na verdade, os dois lados deveriam estar interessados em apressar o processo, pois não serve de nada alongar o prazo, e o país precisa andar para a frente. A presidente afastada não melhora sua atuação pretérita, nem emite sinais futuros de mudança de mentalidade, para oferecer esperanças a senadores que possam mudar de posição.

República de barnabés - Igor Gielow

- Folha de S. Paulo

Uma das bolas cantadas durante a campanha de 2014 dizia respeito à dificuldade de uma transição, no caso de vitória da oposição após anos de domínio do PT sobre a máquina federal.

Não aconteceu. O hoje detento João Santana, digo, Dilma, venceu. Só que durou pouco, levando à situação antecipada com dificuldades extras: o pessoal de saída não reconhece quem chega como legítimo.

Política de terra arrasada é tão antiga quanto a guerra. Assim, vemos resistência de vários setores, em especial dos mais aparelhados pelo petismo, contra o que chamam de "governo golpista", aspas obrigatórias. É uma gente que, na média, não faz justiça à ideia de servidor público.

Os dois lados - Míriam Leitão

- O Globo

Governo Temer ou acerta muito ou erra feio. No governo Temer, não há meio termo. Ou ele acerta muito ou erra feio. O problema é como Temer, desagradando um pouco a tanta gente, terá apoio para a travessia que será tempestuosa. O cientista político Marcus Melo, da UFPE, não acredita que haja probabilidade de a Dilma voltar, mas compara a relação da opinião pública com o presidente Michel Temer a uma lua de mel numa ilha sujeita a tsunamis.

Marcus Melo acha que dois tsunamis ameaçam Temer: a Lava-Jato e a ação no TSE. Qualquer um desses eventos pode levar ao fim antecipado do seu governo, mesmo que passe pelo teste da votação do impeachment. Alguns dos erros que Temer cometeu foi por considerar que o mais importante agora era construir alianças no Congresso, qualquer que fosse a ficha do parceiro. A opinião pública está sensível à pauta do combate à corrupção, portanto, escolhas que possam fazer sentido do ponto de vista político têm potencial de gerar reações da sociedade. Foi o que derrubou dois ministros nos 18 primeiros dias de governo. Quando escolheu a professora Flávia Piovesan, com seu bom currículo, para a Secretaria de Direitos Humanos, parecia ter entendido a pauta atual. Quando escolheu a ex-deputada Fátima Pelaes, com suas controvérsias, para a Secretaria da Mulher, pareceu querer afrontar o movimento feminista.

Agricultura mais arejada - Celso Ming

• A nova safra de alta dos preços das commodities agrícolas foi uma das surpresas da economia nas últimas semanas

- O Estado de S. Paulo

Uma das surpresas da economia nas últimas cinco semanas foi a nova safra de alta dos preços das commodities agrícolas. De 30 dias para cá, as cotações da soja subiram 10,3%; as do milho, 10,48%; as do café 6,01%; e as do açúcar, 15,24%.
Esses movimentos não estavam no radar dos analistas mais desatentos. Mas estavam no dos mais voltados para os fundamentos do mercado.

Os que não esperavam pela novidade estavam influenciados pelo movimento geral de fim do ciclo das commodities, cujo maior impacto de baixa atingiu e segue atingindo o petróleo e os minerais metálicos, em consequência da recessão prolongada da maioria dos países mais avançados.

Nibor Dooh - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Alguns leitores me escreveram para criticar a colunapublicada na terça-feira (31), em que usei o bom e velho Karl Marx para argumentar que cursos superiores não devem ser financiados com a caixa geral dos impostos. Na opinião desses missivistas, Marx até estava certo no século 19, quando eram próximas de zero as chances de um representante do proletariado chegar à universidade, mas, hoje, diante da maior democratização do acesso, a observação do filósofo alemão já não vale. Será?

As pedaladas de 2015 e o TCU – Editorial / O Estado de S. Paulo

Enquanto a presidente afastada Dilma Rousseff insiste em negar qualquer crime de responsabilidade, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) pedem a rejeição do balanço federal de 2015, apontando evidências de graves irregularidades. O parecer será avaliado pelos ministros da Corte a partir do dia 15. As contas de 2014 foram rejeitadas por unanimidade com base em evidências muito parecidas com as do novo relatório. Será dado um prazo à defesa para apresentação de seus argumentos. Será surpresa se o plenário do tribunal se deixar convencer pelas alegações a favor da presidente afastada. As violações cometidas, segundo os técnicos, na gestão fiscal do ano passado são essencialmente um prosseguimento das infrações à Lei de Responsabilidade Fiscal praticadas em 2014.

Estado de dívida – Editorial / Folha de S. Paulo

O presidente interino, Michel Temer (PMDB), parece decidido a reconhecer e pagar débitos políticos ou financeiros do governo.

Trouxe à luz despesas federais obscuras e projetou de modo pouco claro um deficit maior, a fim de acomodar outras surpresas. Aceitou sem mais oreajuste do funcionalismo negociado pela presidente afastada, Dilma Rousseff (PT). Agora, indica que deve exigir menos contrapartidas na renegociação da dívida dos Estados com a União.

Supõe-se que Temer queira, de uma parte, limpar o passado recente de manipulação do balanço do governo. De outra, aproveita a deterioração geral das finanças públicas para colocar nessa conta a despesa com a acumulação de capital político.

Denúncias aprofundam desgaste de imagem de Dilma – Editorial / O Globo

• Delação de ex-diretor da Petrobras sobre a compra de Pasadena vai contra a ideia de que a presidente é uma pessoa ‘honrada’ sendo injustiçada

Apresentada ao país pelo presidente Lula como a “mãe do PAC”, a gerente inflexível e eficiente, Dilma Rousseff governou no Planalto durante cinco anos e de lá foi afastada pelo processo de impeachment em andamento no Senado com a imagem profissional bastante abalada.

Lula conseguiu elegê-la como garantia de continuidade dos bons momentos do seu governo. Mas nada de importante deu certo: a gerente não conseguiu destravar os investimentos públicos, listados no Programa de Aceleração do Crescimento, e a economista de formação conduziu um dos maiores desastres da história do país, devido à aplicação do mirabolante “novo marco macroeconômico”.

Restou de patrimônio para Dilma a imagem de “mulher honrada”, como brada seu advogado no processo de impeachment, José Eduardo Cardozo. Mas este ativo também já havia sofrido arranhões. Afinal, como a presidente do Conselho de Administração da Petrobras desde janeiro de 2003 não tomara conhecimento do bilionário esquema de superfaturamento de contratos com empreiteiras para financiar políticos de PT, PP e PMDB? A pergunta sempre pairou sobre Dilma, e agora, a partir da divulgação pelo Supremo da delação premiada do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, ela desaba de vez sobre a presidente afastada.

Soneto à fotografia - Carlos Pena Filho

Libertar-se ligeiro da moldura
é o desejo da face, onde, o desgosto
emigrado do poço de água impura,
vai se aninhar na hora do sol posto.

Do lugar da prisão vem a tortura,
pois vê, do seu retângulo, teu rosto
e acorrentado na parede escura,
não pode engravidar-te para agosto.

Guarda ainda no olhar instante e viagem:
o instante em que foi presa pela imagem
e o roteiro que fez em mundo alheio.

E eterna inveja do seu sósia ausente
que, embora prisioneiro da corrente,
habita num subúrbio do teu seio.

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Poema extraído do livro A Vertigem Lúcida