terça-feira, 12 de julho de 2016

Opinião do dia – Arnaldo Jabor

A velha esquerda que subiu ao poder em 2002 explorou nossa antiga fome populista: recomeçar do zero, raspar tudo em busca de um socialismo imaginário.

Lula eleito seria o agente da mudança para esse arremedo bolivariano que nos danificou. Eles se aproveitaram de nossa resistência às ideias claras, à racionalidade, a qualquer vontade política generosa. Seu pedestal foi a ignorância popular, tesouro dos demagogos.
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Arnaldo Jabor é cineasta. ‘Nosso atraso ficou atrasado’, O Globo, 12/7/2016

Da Odebrecht para o Instituto Lula

Documentos mostram que a Odebrecht usou outra empresa para comprar sede, depois descartada, para o Instituto Lula.

PF: empresa ligada à Odebrecht comprou sede para Instituto Lula

Construtora DAG, de Salvador, é a mesma que fretou jatinho para levar petista a Cuba; projeto só não foi adiante por causa de pendências judiciais do imóvel

Cleide Carvalho, Thiago Herdy, Renato Onofre - O Globo

-SÃO PAULO- Em junho de 2010, a construtora Odebrecht adquiriu um prédio de três andares na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo, e planejava instalar ali a sede do futuro Instituto Lula, de acordo com a força-tarefa da Operação Lava-Jato. A compra foi feita em nome da DAG Construtora, de Salvador, que pertence a Demerval Gusmão, amigo e parceiro de negócios de Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira.

A DAG é a mesma que, em 2013, a pedido da Odebrecht, pagou o jatinho que levou o ex-presidente Lula a Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, como revelou O GLOBO.

Força-tarefa investiga se ex-diretor do BNDES cobrou propina para o PT

• E-mails para ex-presidente da Andrade Gutierrez provocaram suspeita

Renato Onofre - O Globo

-SÃO PAULO- A Polícia Federal investiga se Guilherme Lacerda, ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ligado ao PT, cobrou propina da Andrade Gutierrez para o partido. Em troca de mensagens achadas no celular de Otávio Azevedo, ex-presidente do grupo, Lacerda apareceu reclamando de repasses não feitos a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.

É a primeira vez que um exdiretor do banco aparece como eventual agente na cobrança de propina. Para os investigadores da Lava-Jato, o ex-diretor do BNDES pode ter atuado como representante do PT dentro da instituição, assim como fez o exdiretor da Petrobras Renato Duque, condenado a mais de 40 anos de prisão no esquema de corrupção da estatal.

PSB respalda candidatura de Júlio Delgado à presidência da Câmara

• O deputado Heráclito Fortes (PI) também pleiteava a vaga, mas acabou desistindo; eleição para mandato 'tampão' será nesta quarta, 13

Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA Em uma reunião de bancada que terminou na madrugada desta terça-feira, 12, o PSB decidiu apoiar a candidatura do deputado Júlio Delgado à presidência da Câmara dos Deputados. A eleição para um mandato "tampão", que vai durar até fevereiro de 2017, será nesta quarta, 13.

O deputado Heráclito Fortes (PI) também pleiteava a vaga, mas acabou desistindo. O PSB integra um bloco chamado no Congresso de "antiga oposição", do qual também fazem parte PSDB, DEM e PPS.

Terceira maior bancada da Câmara, com 55 deputados, o PSDB desistiu de lançar um nome próprio e e espera que o bloco chegue a uma candidatura de consenso.

Na segunda, o DEM também resolveu sua disputa interna e decidiu respaldar a candidatura de Rodrigo Maia (RJ). A expectativa dos tucanos é que PSB e DEM cheguem a um consenso.

Base de Temer longe do consenso

• Disputa pela sucessão de Cunha divide aliados

Longe do consenso esperado pelo governo na disputa pela presidência da Câmara, os dois mais fortes grupos de aliados do Planalto aumentaram ontem o tom dos ataques. Na mesma proporção cresceu o temor de racha na base após a eleição, marcada para amanhã à noite. Os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) dividem a base: um é chamado de “candidato de Cunha” e o outro, de “candidato do PT”.

Aumenta tensão na base

• Rosso e Rodrigo Maia, que apoiam governo Temer, se lançam candidatos e trocam farpas

Júnia Gama, Catarina Alencastro, Isabel Braga, Letícia Fernandes e Eduardo Bresciani - O Globo

-BRASÍLIA- Apesar das tentativas do governo de consolidar um nome que una sua base na disputa pela presidência da Câmara, as duas principais alas de aliados do Palácio do Planalto — o centrão e a antiga oposição — intensificaram ontem a troca de ataques, aumentando o risco de um racha que deixe sequelas nesta eleição. De um lado, os apoiadores da candidatura de Rodrigo Maia (DEMRJ) acusaram seu principal rival, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), de ser “o candidato do Eduardo Cunha”, peemedebista que renunciou ao comando da Câmara quinta-feira, dois meses após ser afastado do cargo pelo Supremo.

Opositor ferrenho do PT, deputado ganhou trânsito na Câmara com Temer

• Ex-líder do PFL e ex-presidente do DEM, Maia é considerado de tímido a arrogante; ele já foi chamado de “guri de merda” por Nelson Jobim

Fernanda Krakovics - O Globo

O diálogo do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) com diferentes partidos, inclusive o PT, para tentar viabilizar sua candidatura à presidência da Câmara é uma mudança de postura do parlamentar, considerado tímido pelos mais próximos e arrogante pelos que não partilham de seu círculo mais íntimo. Ex-líder do PFL e ex-presidente do DEM, Maia fez oposição ferrenha aos governos Lula e Dilma, e não tinha trânsito na Câmara nas gestões petistas.

— Ele está conversando bem, amadureceu, cresceu nos últimos anos — disse um deputado.

Maia deu uma mostra de seu perfil pouco conciliador numa festa no apartamento do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em 2007, no governo Lula, quando se envolveu num bate-boca com os então ministros Nelson Jobim e Walfrido dos Mares Guia, e acabou chamado de “guri de merda” e de “professor de Deus”. Irritado com as investidas do Planalto para que a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) votasse a favor da prorrogação da CPMF, Maia foi tirar satisfação com os ministros em plena festa.

Aliado de Cunha tem o desafio de se descolar da imagem do peemedebista

• Líder do PSD apoiou candidatura de petista à presidência da Câmara, mas, um ano e meio depois, votou pelo impeachment de Dilma

André de Souza e Isabel Braga - - O Globo

Com a tarefa de se descolar da imagem de candidato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), havia sido aconselhado por colegas a se distanciar do peemedebista, para não ter seu nome queimado. Na última quinta-feira, quando Cunha renunciou à presidência da Câmara, Rosso, que se lançou ontem candidato ao mesmo cargo, não foi visto na despedida do amigo.

No entanto, a forte ligação com Cunha e, principalmente, a imagem de que Rosso continuará representando o centrão no comando da Casa será explorada pelos adversários.

Temer negocia neutralidade do PSDB em disputa

Por Andrea Jubé e Fábio Pupo – Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente interino Michel Temer intensificou as articulações em torno da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados - Casa da qual já foi três vezes presidente -, e da votação final do impeachment, prevista para a segunda quinzena de agosto. O pemedebista reuniu-se com a cúpula do PSDB e com lideranças da base para discutir o cenário da disputa. Ao senador Cristovam Buarque (PPS-DF), considerado um voto indefinido, abriu as portas do Planalto para debater a educação.

No dia seguinte ao jantar no Palácio do Jaburu com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e com o líder da bancada na Câmara, Antonio Imbassahy (BA) - ocorrido no domingo à noite -, a expectativa entre auxiliares de Temer era de que os tucanos recuariam do apoio à candidatura do líder do DEM, Rodrigo Maia (RJ) e poderiam apoiar um candidato do Centrão, mais alinhado ao Planalto. Isso porque cresceu entre deputados da base a avaliação de que o apoio do PT colocaria sobre Maia o carimbo de "candidato do Lula", e portanto, da oposição.

Com Centrão dividido, Rosso se lança candidato

Por Thiago Resende e Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - Mesmo com divisões internas e pelo menos outros seis concorrentes no bloco de partidos que dá sustentação a sua candidatura, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), oficializou ontem que disputará à presidência da Câmara na eleição que ocorre amanhã para eleger o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - que, junto com o Centrão, apoia Rosso.

Ontem à noite, o DEM decidiu lançar a candidatura de Rodrigo Maia (RJ), que disputava internamente com José Carlos Aleluia (BA), que resistia em desistir da concorrência. A bancada avaliou que Maia já estava em campanha antes e, assim, costurou apoio em mais partidos. Ele é um dos principais adversários do Centrão.

Maia, porém, perdeu o apoio do PT no primeiro turno. Os petistas aprovaram resolução dizendo que procurarão "candidatos que votaram contra o golpe", em referência ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

O favorito dos petistas é Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro da Saúde de Dilma que votou contra o afastamento, mas tem dificuldade de unificar o PMDB em torno de sua candidatura - outros pemedebistas já manifestaram a intenção de concorrer, mas o partido deseja uma aliança com outro candidato da base, de preferência Rosso. Corre por fora Luiza Erundina (PSOL-SP).

Paes: Olimpíada é ‘uma oportunidade perdida’

• Prefeito diz que crise arranhou imagem do Rio e do país. Nas redes sociais, ele bate boca com internautas

“Se você ler os meios de comunicação internacionais, parece que tudo aqui é zika e pessoas atirando umas nas outras” Eduardo Paes Prefeito

Elenilce Bottari - O Globo

A menos de um mês para os Jogos, o prefeito Eduardo Paes disse ao britânico “The Guardian” que a Olimpíada “é uma oportunidade perdida para o Brasil”. Ele lamentou a crise política e econômica do país, e acusou a imprensa de exagerar os problemas do Rio: “Parece que tudo aqui é zika e pessoas atirando uma nas outras.” Paes já causara polêmica ao dizer que a situação da segurança no estado está “horrível”. Depois de criticar duramente o governo do estado, dizendo que estava na hora de tomar vergonha e fazer a sua parte, e de afirmar que a segurança do Rio é horrível, o prefeito Eduardo Paes voltou a dar declarações polêmicas. 

Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, ele afirmou que os Jogos Olímpicos “são uma oportunidade perdida para o Brasil”. Ele se referia aos problemas, apontados pelo jornal, que o país vem enfrentando às vésperas do megaevento, como recessão, falhas na segurança, epidemia de zika, impeachment da presidente, cortes no orçamento, atrasos na infraestrutura e queixas sobre gentrificação, que teriam provocado danos graves às imagens do Brasil e do Rio.

'Esta é uma oportunidade perdida para o Brasil', diz Paes sobre a Olimpíada

• Crise política, econômica, de segurança e saúde afetam a percepção mundial do País, reconhece o prefeito do Rio

O Estado de S. Paulo

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes assumiu nesta segunda-feira que a crise atual em vários setores do Brasil manchou a imagem do País no cenário global. Os prejuízos financeiros já têm reflexo na Cidade Maravilhosa, mesmo antes dos Jogos Olímpicos. Apesar disso, ele entende que os investimentos na capital carioca não ignoraram a população mais pobre.

"Esta é uma oportunidade perdida", resumiu o principal administrador do Rio, segundo entrevista publicada no jornal britânico The Guardian. "Nós não estamos apresentando a nós mesmos. Com todas estas crises econômicas e políticas, com todos esses escândalos, não é o melhor momento para estar nos olhos do mundo. Isto é ruim", ele completou.

A preparação do megaevento esportivo se dá em meio à troca do comando político no Governo Federal e na Câmara dos Deputados. Há graves efeitos da recessão econômica, com cortes de verbas importantes. O Estado do Rio decretou calamidade pública, com reflexos diretos na Segurança e Saúde. Como se não bastasse, falhas de infra-estrutura, em especial de mobilidade, e ambientais, repercutiram com ênfase na imprensa. O "palco" dos Jogos figura de maneira injustiçada no exterior, segundo Paes.

Exportação reage, e mercado já prevê alta de 2% do PIB

• Após dois anos de recessão, indústria e investimentos devem avançar

Setores como têxtil, de calçados, agronegócio e automobilístico ampliam vendas ao exterior

Com a melhora nas exportações e a expectativa de reação da indústria, analistas já preveem que a economia brasileira poderá crescer 2% no ano que vem. As vendas de produtos têxteis ao exterior cresceram até 146% este ano. No setor calçadista, as exportações para a Argentina avançaram 85% e, para os EUA, 24% no primeiro semestre. Os investimentos, que caíram 30% nos últimos três anos, também devem reagir.

Motor para o crescimento

• Com recuperação das exportações, analistas já projetam alta de 2% no PIB no ano que vem

João Sorima Neto - O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Com a expectativa de um bom desempenho das exportações, economistas começam a vislumbrar uma retomada mais vigorosa da economia brasileira em 2017. Enquanto o governo espera um crescimento de 1,2% para o ano que vem, algumas projeções já apontam expansão de 2%. Na visão desses especialistas, o bom desempenho, no mercado externo, de diversos setores da indústria — como alimentos, bebidas, produtos têxteis, máquinas, couro, calçados, celulose e papel, madeira e automóveis — pode puxar a recuperação econômica. O setor têxtil, por exemplo, viu as exportações de fios saltarem 146% no primeiro semestre, e a indústria automobilística registrou aumento de 14,2% nas vendas ao exterior.

— O desempenho ruim da indústria foi o epicentro de nossa crise, e a retomada do crescimento do país passa por sua recuperação. A exportação é o principal motor desse movimento, e a substituição das importações também ajudará — diz o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que não faz projeções para a economia em 2017, mas acredita que o desempenho deve ser positivo.

Conquista de novos mercados
Um estudo do economista Rodolfo Margato, do banco Santander, avalia que a economia brasileira chegou ao fundo do poço este ano, e, a partir de 2017, os investimentos, depois de três anos encolhendo, vão puxar a retomada. Com isso, o Santander prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha expansão de 2% no ano que vem e de 3% em 2018.

Hora de definição - Merval Pereira

- O Globo

Não é uma questão ideológica que está em jogo na eleição do novo presidente da Câmara, mas a resistência de um espírito minimamente civilizado de fazer política. Eleger um candidato ligado politicamente a Eduardo Cunha é reafirmar diante da opinião pública um método que está condenado pela História e que, se prevalecer, apenas prorrogará a agonia da Câmara como instituição, e dos deputados como instrumentos de uma velha política que precisa ser superada por fatos concretos, e não por palavras.

Condenar deputados da chamada esquerda parlamentar por apoiarem a candidatura de Rodrigo Maia, do DEM, é fazer o jogo do “centrão”, que favorece Cunha antes de tudo. Como a esquerda parlamentar não tem número suficiente para sustentar uma candidatura competitiva, e só elegeu presidentes da Câmara quando se aliou ao “centrão”, no tempo em que eram alinhados politicamente, nada mais natural que procure uma saída para derrotar os outrora “companheiros”, hoje tornados traidores, buscando no bloco da antiga oposição — PSDB, DEM, PPS, PSB — um nome que possa garantir espaço de atuação da minoria que hoje representa.

Turbilhão de incoerências - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Vejam como estão as coisas no Congresso: a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) deve aprovar a cassação do deputado Eduardo Cunha hoje e o plenário pode eleger um candidato pinçado, patrocinado e catapultado pelo mesmo Eduardo Cunha amanhã. Duplo réu no Supremo, afastado do mandato, ele acaba de renunciar à presidência, está às vésperas de ser cassado e corre o sério risco de ser preso em questão de semanas, mas continua sendo um fenômeno, raiando o patológico.

Cunha não deixa nada barato e, até na CCJ, temem-se surpresas. A previsão é de que trinta deputados discursem e que ele e seu advogado falem durante quase três horas, tudo isso mesclado com questões de ordem, trocas de desaforo, manobras ora sutis, ora escancaradas, para continuar empurrando o processo com a barriga e adiando o fim de Eduardo Cunha. Ele conhece o regimento como ninguém e mantém, apesar de tudo e de todos, uma tropa ainda fiel e disposta a passar os maiores vexames por ele.

A anticandidata da esquerda – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A disputa pela presidência da Câmara terá dois favoritos, alguns azarões e uma anticandidata: a deputada Luiza Erundina, do PSOL. Aos 81 anos, ela se lançou ontem como alternativa de esquerda à sucessão de Eduardo Cunha.

Sem chances reais de vencer, a ex-prefeita quer marcar posição contra o duelo entre Rogério Rosso, do PSD, e Rodrigo Maia, do DEM. Ela acusa os dois de participarem de um acordão com o Planalto para salvar o mandato do correntista suíço. "É um jogo de cartas marcadas. Um representa o Cunha, outro o Temer. E os dois representam o retrocesso", afirma.

A deputada decidiu se lançar quando parte do PT passou a negociar uma aliança com Maia. O ex-ministro Tarso Genro, principal voz da esquerda do partido, definiu a estratégia como "sombria e suicida".

Para além da derrota do PT - Marco Antonio Villa

• A reconstrução nacional terá de passar também pela reforma dos Três Poderes da República

- O Globo

Não há dúvida de que o Brasil vive a mais grave crise do período republicano. O país aguarda a conclusão do processo de impeachment para iniciar o longo e penoso processo de reconstrução nacional. O PT esgarçou os tecidos social e político a um ponto nunca visto. Transformou o Estado em correia de transmissão dos interesses partidários. E desmoralizou as instituições do estado democrático de direito.
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O projeto criminoso de poder deixou rastros, por toda parte, de destruição dos valores republicanos. Transformou a corrupção em algo rotineiro, banal. A psicopatia petista invadiu, como nunca, o mundo da política nacional. Mesmo com as revelações das investigações dos atos criminosos que lesaram o Estado e os cidadãos, o partido e suas lideranças continuaram a negar a existência do que — sem exagero — pode ser considerado o maior desvio de recursos públicos da história da humanidade.

O papel do Supremo Tribunal Federal - Ives Gandra da Silva Martins

- Folha de S. Paulo

Tive a oportunidade, durante os trabalhos constituintes e a preparação dos comentários à Constituição, com meu saudoso colega Celso Bastos, de participar de audiências públicas e de discutir com numerosos constituintes a necessidade de independência dos Poderes, com autonomia assegurada para suas funções.

Em palestras, programas de televisão e rádio, artigos para jornais, estudos doutrinários e, principalmente, nos contatos com Ulysses Guimarães e Bernardo Cabral, foi-se conformando minha opinião sobre o novo modelo de lei maior e o perfil dos três Poderes.

Asseguradas pelo artigo segundo da Constituição, a autonomia e a independência foram respeitadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) durante vários anos, até que uma rápida modificação da composição da corte, em poucos meses, alterou esse posicionamento.

A Justiça mais cara do mundo - José Casado

• Custo da Justiça no Brasil é recorde. Brasileiros pagam muito por uma burocracia cuja característica é a lentidão, com 70% de congestionamento nos tribunais

- O Globo

Dias atrás, Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, atravessava o restaurante quando ouviu uma voz feminina: — Ô, ministro! Ele parou, sorriu e estendeu a mão para a mulher na mesa: “Olá, como vai?” Ela respondeu ao gesto: “Parabéns. A sociedade brasileira congratula Vossa Excelência pelo julgamento do mensalão e por aumentar os próprios benefícios agora nesse momento social tão importante...” Lewandowski percebeu a ironia, manteve o sorriso, e seguiu.

Estamos no "Fundo do Poço". E agora? - Yoshiaki Nakano

• A leve melhoria nas expectativas se deve mais ao impeachment da presidente Dilma do que às medidas tomadas

- Valor Econômico

Tudo indica que a economia brasileira atingiu o "fundo do poço" no segundo trimestre deste ano, depois de queda livre nos dois últimos anos. Os estoques já se ajustaram. A taxa de câmbio, particularmente, no primeiro trimestre, estava estimulando as exportações e indicadores de expectativas mostram também que está havendo uma reversão, tornando-se positivos.

Depois de tamanha queda na produção e emprego seria razoável esperar uma rápida recuperação, pois a simples recuperação da capacidade ociosa poderia propiciar um círculo virtuoso. Simples efeito dos estoques voltarem ao nível normal, como já ocorreu, leva as empresas a aumentarem a produção ajustando-se à demanda, antes atendida com queda nos estoques. As demissões perdem ritmo; aos poucos volta o consumo e em seguida a retomada do nível de emprego, certamente com custo unitário menor para as empresas, em função dos ajustes feitos durante a recessão, e portanto melhor margem de lucro, gerando-se assim um círculo virtuoso. Será que isto vai se concretizar? Ainda é uma questão aberta e pairam algumas dúvidas.

A confiança e seus limites - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

Há uma razoável recuperação da confiança, um sinal e, ao mesmo tempo, pré-requisito da retomada do crescimento da produção, da renda e do emprego. Mas a confirmação desses indícios depende de fortes condicionantes que, se forem frustrados, não garantem nada.

A Pesquisa Focus é um dos mais sólidos indicadores das expectativas dos agentes da economia. Baseia-se em levantamento semanal do Banco Central em cerca de cem instituições financeiras, consultorias e empresas relevantes. Seu objetivo é rastrear corações e mentes dos formadores de preços para auferir até que ponto vêm seguindo as projeções e coordenadas sugeridas pela autoridade monetária. Quanto maior a afinação entre o que pensa o Banco Central e o mercado, mais eficaz tende a ser a política monetária (política de juros) e, portanto, o controle da inflação.

Contas quebradas – Miriam Leitão

- O Globo

Onde foi mesmo que o Brasil perdeu o pé nas contas públicas? Importante pensar sobre isso para encontrar alguma solução e evitar, no futuro, a repetição do mesmo erro. Quando as receitas subiram, o governo elevou as despesas; quando as receitas caíram fortemente, o governo continuou expandindo as despesas e aí se perdeu.

Em 2009, no auge da crise financeira internacional, as receitas líquidas do governo central tiveram a primeira queda depois de cinco anos de altas fortes. Naquele ano, o governo ampliou as despesas em 9,6% acima da inflação. Mas o momento era de crise no mundo inteiro, de esforços dos governos para manter o crescimento e, por isso, fazia sentido. Era o típico caso de política contracíclica.

A crise de representatividade – Editorial / O Estado de S. Paulo

Eis mais uma chocante prova da gravidade da crise de representatividade do sistema político-partidário brasileiro: a oportunidade que a renúncia de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara oferece “para que os parlamentares inaugurem um novo padrão de responsabilidade no trato do interesse público” – como dissemos neste espaço – colide frontalmente com os fatos expostos na reportagem Favoritos a presidir Câmara têm pendências na Justiça, publicada ontem.

Nada menos do que 9 dos 16 deputados federais dispostos a pleitear a vaga deixada por Eduardo Cunha no comando da Casa têm o rabo preso com investigações criminais. Trata-se – o que demonstra o estado de morbidez da política tupiniquim – de uma amostra significativa da composição da Câmara dos Deputados. E o diagnóstico é pior do que sugerem os números, quando se leva em conta que parlamentares em condições de almejar a Presidência da Mesa são aqueles que têm de alguma maneira atuação destacada entre seus pares.

Cunha tem de ser cassado já – Editorial / O Globo

• Apenas a renúncia à presidência da Câmara não resolve a questão mais ampla da influência perniciosa que o deputado exerce na vida política

É conhecida a enorme dimensão da crise política, cujo encaminhamento para a solução é peça-chave na superação da também histórica turbulência econômica. Há cruciais alterações legais, inclusive na Constituição, para que se restaure a confiança interna e externa no país, a fim de que as engrenagens da produção voltem a funcionar sem sustos.

Mas é ilusório esperar que o Congresso, nas condições em que se encontra, em particular a Câmara, permita a superação dos obstáculos na rapidez que o país necessita.
Neste contexto é que se coloca a perniciosa permanência do deputado Eduardo Cunha como parlamentar. Iludem-se os que consideram a renúncia de Cunha à presidência da Câmara — da qual já estava afastado por decisão do Supremo — a solução definitiva deste problema.

Voo privatista- Editorial / Folha de S. Paulo

Iniciado há quatro anos, o processo de privatização dos principais aeroportos do país já legou melhoras visíveis aos usuários, mas deixou por resolver deficiências estruturais do setor.

Daí que suscite dúvidas a intenção de tirar do poder público a gestão de Congonhas, em São Paulo, e do Santos Dumont, no Rio de Janeiro, manifestada pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB), em entrevista a esta Folha.

Em tempos de flagelo orçamentário, a providência renderia um reforço mais que bem-vindo aos cofres do Tesouro Nacional. No momento, as concessões oficialmente programadas limitam-se aos aeroportos de Salvador, Porto Alegre, Florianópolis e Fortaleza, com receita esperada em torno de modestos R$ 4 bilhões.

Crise na União Europeia expõe limitações dos bancos centrais – Editorial / Valor Econômico

Os últimos dias foram marcados no cenário internacional pela preocupação com os desdobramentos da crise provocada pelo resultado do plebiscito no Reino Unido, que aprovou - supreendentemente - a saída do país da União Europeia. Multiplicam-se os alertas dos especialistas sobre os riscos para a economia mundial, a começar pela perspectiva de um crescimento econômico ainda mais modesto do que se imaginava anteriormente. Também foram muitas as iniciativas de governos para tentar reduzir os perigos da fase difícil que se avizinha, expondo, por sua vez, as dificuldades das autoridades monetárias em encontrar ferramentas eficazes para atuar junto ao sistema financeiro. Um dos instrumentos colocados em xeque são as intervenções dos bancos centrais nos mercados de câmbio.

Numa dessas medidas preventivas, para evitar o estrangulamento financeiro da economia do Reino Unido, o Banco da Inglaterra anunciou que vai permitir aos bancos a liberação de 5,7 bilhões de libras para crédito. Esses recursos, obtidos com a interrupção da formação do "fundo anticíclico", devem se traduzir em empréstimos de até 150 bilhões de libras (R$ 650 bilhões).

Nosso atraso ficou atrasado - Arnaldo Jabor

- Globo

Acho muito boas as decepções recentes. Elas nos fazem avançar, mesmo de lado, como siris-do-mangue. O Brasil evolui pelo que perde e não pelo que ganha. Sempre houve no país uma desmontagem contínua de ilusões históricas. Esse é nosso torto processo: com as ilusões perdidas, com a história em marcha a ré, estranhamente, andamos para a frente. O Brasil se descobre por subtração, não por soma. Chegaremos a uma vida social mais civilizada quando as ilusões chegarem ao ponto zero. Erramos muito, quando vivíamos cheios de fé e esperança — dois sentimentos paralisantes.

Nessa época, a Guerra Fria, Cuba, China, tudo dava a sensação de que a “revolução” estava próxima. “Revolução” era uma varinha de condão, uma mudança radical em tudo, desde nossos amores até a reorganização das relações de produção. Não fazíamos diferença entre desejo e possibilidade. 

“Revolução” era uma mão na roda para justificar a ignorância da esquerda burra. Não precisávamos estudar nada profundamente, pois éramos “a favor” do bem e da justiça — a “boa consciência”, último refúgio dos boçais. Era generosidade e era egoísmo. A desgraça dos pobres nos doía como um problema existencial, embora a miséria fosse deles. Em nossa “fome” pela justiça, nem pensávamos nas dificuldades de qualquer revolução, as tais “condições objetivas”; não sabíamos nada, mas o desejo bastava. E até hoje velhos comunas que entraram no poder continuam com as mesmas palavras, se bem que logo aprenderam a roubar e mentir como os “burgueses”.

A estrela polar – Vinicius de Moraes

Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal!
Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento
Parece uma criancinha
Enjeitada pelo frio
Estrelinha franciscana
Teresinha, mariana
Perdida no Pólo Norte
De toda a tristeza humana.