domingo, 5 de março de 2017

Estrelas do PT resistem à estratégia eleitoral de Lula

Ex-presidente tenta convencer principais nomes do partido a reforçar disputa para vagas na Câmara dos Deputados

Sérgio Roxo | O Globo

SÃO PAULO - Com receio de que o desgaste do PT provoque uma drástica diminuição da sua bancada na Câmara em 2018, o ex-presidente Lula elaborou um plano para lançar os principais nomes do partido na disputa pelas vagas de deputado federal. A estratégia, porém, está ameaçada pela resistência de alguns nomes a aceitar a tarefa.

A ideia de Lula é ter na disputa ex-governadores como Jaques Wagner, Tarso Genro e Olívio Dutra e ex-prefeitos de capitais como Fernando Haddad e João Paulo.

Se perder parlamentares, o PT terá menos tempo de televisão e repasses do fundo partidário, o que pode inviabilizar o seu futuro. A legenda elegeu 68 deputados em 2014, a maior bancada da Câmara. Debandadas provocadas pela crise originada pela Lava-Jato e pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff já reduziram o número de parlamentares para 58, permitindo que o PMDB se tornasse a legenda com mais representantes: 65. Um cacique petista afirma: — Se o número de deputados cair para em torno de 20, vamos virar partido pequeno, e a recuperação, mesmo no futuro, fica difícil. Agora, se fizermos uma boa bancada, podemos manter a estrutura partidária e aí dá para recuperar, mesmo perdendo a eleição presidencial.

Na eleição municipal do ano passado, o número de prefeitos petistas eleitos caiu 60% em relação a 2012. O PT foi apenas o décimo na lista dos partidos que mais elegeram prefeitos, com 256. O temor é que o fenômeno se repita em 2018.

PARA PUXAR VOTOS
O sistema de disputa por vagas na Câmara permite que um candidato bem votado ajude a eleger outros integrantes do mesmo partido ou da mesma coligação, por causa do quociente eleitoral. Assim, se a sigla tiver nomes bem votados, pode compensar uma perda de votos na legenda e nos atuais parlamentares.

— É uma das nossas prioridades pegar os principais quadros; ex-prefeitos que encerraram o mandato no ano passado, vereadores que tiveram uma votação grande, e colocar todos como candidatos a deputado federal para formar uma boa bancada. Essa é a nossa estratégia — afirmou o vice-presidente nacional do partido, Alberto Cantalice.

Em São Paulo, estado que tem o maior de números deputados (70), os preparativos para a montagem da chapa estão sendo conduzidos pelo ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, amigo próximo de Lula. Marinho será indicado pela CNB, corrente majoritária da legenda, para assumir o comando do diretório estadual na eleição interna, em maio.

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