quinta-feira, 20 de julho de 2017

A democracia corre risco no País | Alberto Aggio

- Fundação Astrojildo Pereira (FAP)

Os acontecimentos de ontem (18/07) na UFMG que envolveram o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) são muito preocupantes. Servem de alerta a todos os democratas do país e do mundo para uma escalada regressiva que ameaça nossa convivência democrática.

Hostilizado por militantes de uma esquerda ancilosada, com brados de “golpista” e “traidor”, o senador Cristovam Buarque, que visitava a Reunião Anual da SBPC para divulgar um livro, foi impedido, à força, de fazer a divulgação de suas ideias. Esses militantes que combatem ideias com violência política foram assim educados por essa esquerda antidemocrática. Eles pensam a política a partir da relação amigo/inimigo e foram, pouco a pouco, transformando uma das mais importantes universidades do país numa madrassa similar àquelas comandadas pelo Exército Islâmico que infelicita o Oriente Médio. O acontecimento mancha a Reunião Anual da SBPC com a marca da intolerância.

E os bandidos de toga? | Rubens Bueno

- Blog do Noblat

Muito se fala hoje em punição para políticos corruptos, no entanto a corrupção dentro do sistema Judiciário continua sendo um tabu, uma verdadeira caixa preta.

Não há dúvidas que magistrados brasileiros têm contribuído de forma efetiva, nos últimos anos, para diminuir a impunidade no Brasil e colocar na cadeia poderosos que ninguém jamais imaginava que seriam alcançados pela espada da Justiça. No entanto, são pouquíssimos os casos de juízes que, flagrados recebendo propina, vendendo sentenças ou praticando outro tipo crime, tenham recebido uma punição exemplar.

Atualmente, os juízes são vitalícios e só perdem os cargos e, consequentemente, as respectivas aposentadorias, por decisão judicial transitada em julgado, desde que seja por ação penal por crime comum ou de responsabilidade. Não creio que hoje eles devam continuar a ter direito a esse privilégio.

Em busca do voto distrital misto | *Murillo de Aragão

- Blog do Noblat

Não considero ideal o “distritão”, sistema pelo qual os deputados federais e estaduais mais votados são eleitos. Defendo o sistema distrital misto, onde se vota no candidatado do distrito e no partido. A votação no partido reverteria para os candidatos listados em convenção.

Vejo o sistema distrital como o mais adequado para fortalecer os distritos e a vinculação da política com o lugar em que as pessoas moram. E o voto em partido como forma de se valorizar o debate partidário e ideológico. Acho que o voto distrital misto favoreceria o federalismo e levaria a política para junto da população. Bem como valorizaria a vida partidária e a organização dos interesses no país.

A mão e a maçaneta | José Roberto de Toledo

- O Estado de S.Paulo

Michel Temer provou que, quando precisa, consegue girá-la sozinho

A piada é velha, mas atual. Após vários mandatos, o presidente deixa o poder e volta para casa. Estanca diante da porta cerrada mas não trancada. Espera horas. Desaprendera a usar a maçaneta.

Temer provou que, quando precisa, consegue girá-la sozinho. Na terça à noite, abriu caminho sem ajuda de serviçais nem do anfitrião e adentrou a casa de Rodrigo Maia, em cena flagrada pelos repórteres Naomi Matsui e Sérgio Lima. Foi encorajador. Agora, só falta Temer demonstrar que também é capaz de sair de palácios e residências oficiais por conta própria.

Tudo indica que essa parte do aprendizado será mais difícil, e custará extremamente caro – não para o aprendiz, é obvio.

Arrecadação melhora em junho, mas vem aí alta de impostos | Cida Damasco

- O Estado de S. Paulo

Quem acompanhou, nesta quarta-feira, a divulgação dos números mais recentes da arrecadação de impostos pode ter tido a impressão de que nesse campo, finalmente, as coisas começam a caminhar bem. Pura ilusão. O governo está prestes a reconhecer oficialmente que as metas de receitas para o ano não estão se mostrando factíveis e, para impedir um colapso dos gastos, será necessário recorrer a um indesejável aumento de impostos.

Vejamos as diferenças: A arrecadação de impostos e contribuições federais atingiu R$ 104 bilhões em junho e, descontando a inflação, obteve um aumento de 3% sobre o mesmo mês de 2016. De janeiro a junho, pelo mesmo critério, a alta foi bem mais modesta (0,77%), mas garantiu o melhor desempenho, para o semestre, desde 2015.

O DEM renasce | Merval Pereira

- O Globo

Jurado de extinção por Lula quando ainda era o presidente popular que elegeu o poste Dilma em 2010, ameaçado pela criação do PSD de Gilberto Kassab, que o desidratou, em 2012, o DEM, antigo PFL, teve que trocar de nome para tentar se modernizar. Parecia carta fora do baralho partidário, mero coadjuvante do PSDB, e hoje se torna o peão de uma possível reformulação partidária que uniria inicialmente dissidentes do PSB para, mais adiante, ser o embrião de um novo partido que acolhesse dissidentes de outras legendas, até mesmo do PSD de Kassab.

Tudo por uma máxima da política, a expectativa de poder. A eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara, na substituição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), transformou-o na bola da vez da política brasileira, diante da possibilidade real de que o presidente Michel Temer venha a ser retirado da presidência por um processo no Supremo Tribunal Federal.

Imposto e cortes | Míriam Leitão

- O Globo

O imposto que o governo deve aumentar será o PIS/Cofins sobre os combustíveis, segundo o ministro Henrique Meirelles. A vantagem desse tributo é que ele entra em vigor rapidamente. Ontem, estavam sendo analisadas também outras possibilidades, como IOF e até a Cide. Meirelles nega que a liberação de emendas dos parlamentares tenha elevado despesas.

O ministro da Fazenda disse que ainda estava sendo avaliado se seria preciso a alta de tributos, mas admitiu que, muito provavelmente, sim. Hoje, será anunciado o balanço bimestral das receitas e despesas e as medidas para atingir a meta fiscal, que, segundo o ministro, é o compromisso do governo e será cumprido:

— Vamos tomar a decisão de aumento de impostos se necessário. Pretendemos no relatório fiscal bimestral já definir se será necessário. Se for, nós aumentaremos, sim. PIS/Cofins sobre combustíveis é o candidato mais provável. Em primeiro lugar, o PIS/Cofins tem a vantagem que pode ser feito por decreto. Portanto, é rápido, e o efeito é maior durante o ano — disse.

Temer tirou o sofá da sala | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A anedota é antiga. Ao chegar do trabalho, o sujeito abre a porta de casa e encontra a mulher (ou o marido) com o vizinho no sofá. No dia seguinte, resolve tomar uma providência: tira o sofá da sala.

O governo lembrou a piada ao comprar um misturador de vozes para o Planalto. A geringonça, instalada pelo Gabinete de Segurança Institucional, emite um sinal que impede a captação do som ambiente. O objetivo é evitar que o presidente volte a ser alvo de gravadores indiscretos.

Temer já caiu duas vezes no grampo. No ano passado, o autor foi um ministro que se dizia pressionado a favorecer um colega. O presidente era suspeito, mas fez pose de vítima. "É uma indignidade absoluta alguém meter um gravador no bolso para gravar outrem", esbravejou.

O alvo comum de Temer e Alckmin | Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

Inchaço do DEM ameaça hegemonia do campo liberal

O fôlego que o presidente Michel Temer ganhou no recesso deu alento ao inquilino do Palácio dos Bandeirantes. O procurador-geral da República ainda não terminou seu mandato, mas o denunciado ganhou sobrevida política ao estancar a carroça que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) colocou à frente de sua boiada. No açodamento com o qual pôs-se a recuperar o terreno perdido nos últimos anos, o DEM acendeu o sinal amarelo não apenas no PSDB, partido que poderia vir a ser o mais prejudicado pela proeminência do partido do presidente da Câmara, como no PMDB. Na afoiteza, Maia fez do DEM um alvo comum para tucanos e para o presidente Michel Temer, que dará uma ideia do seu poder de arregimentação no leilão a ser promovido pela janela partidária.

Ao DEM não é mais permitido reviver seus dias de PFL, quando chegou a ser o principal partido no Congresso e nos governos estaduais. Mas com o Palácio do Planalto nas mãos o partido poderia tentar liderar o campo liberal e fazer um grande estrago no PSDB e na rede com a qual Alckmin espera contar, a começar do PSB. Antes de Maia se aparelhar para retomar os quadros que o falecido governador de Pernambuco, Eduardo Campos, atraíra para o PSB, Alckmin já se posicionara para fazer do partido seu aliado preferencial desde 2014 quando escolheu o ex-deputado da Baixada Santista, Márcio França, para sua chapa.

Uma porta fechada | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Na bolsa do Congresso, cada novo deputado valerá R$ 2,4 milhões na campanha eleitoral de 2018, um senador, R$ 6,7 milhões. Tudo isso com recursos públicos

O esgotamento do modelo nacional desenvolvimentista baseado no capitalismo de laços, que entrou em colapso com as revelações sobre seus mecanismos mais perversos e corruptos pela Operação Lava-Jato, e o fracasso da política de adensamento da cadeia produtiva nacional têm outra face: a implosão do modelo de financiamento dos partidos, a partir do uso e abuso do caixa dois eleitoral por meio do desvio sistemático de recursos públicos pelos chamados “campeões nacionais”, como os grupos Odebrecht e JBS e outros financiadores de campanha. Isso provocou a atual crise ética.

Esse duplo colapso agravou a crise econômica, que se somou à crise política e nos levou ao impeachment de Dilma Rousseff. O presidente Michel Temer, que a sucedeu, deu uma resposta relativamente bem-sucedida à crise econômica, mas não se pode dizer o mesmo em relação às crises política e ética. Mesmo fragilizado pelas denúncias de corrupção e pela impopularidade, manteve a rota das reformas propostas por seu governo como um ciclista que não pode parar de pedalar para não se estatelar no asfalto.

Preocupação na comunidade científica | *Roberto Freire - Diário do Poder

Uma das áreas mais importantes e estratégicas para o desenvolvimento do Brasil está em estado de alerta. O recente corte de 44% no orçamento destinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), anunciado em março deste ano pelo governo federal como uma das medidas emergenciais em meio a uma das mais profundas crises econômicas da história do país, repercutiu de forma negativa na comunidade científica. A necessidade de redução dos investimentos da máquina federal por meio do ajuste fiscal, que atingiu praticamente todos os ministérios, e o cumprimento da lei do teto dos gastos públicos, promulgada no fim do ano passado, são dados inexoráveis da realidade, mas é evidente que uma redução significativa em um setor crucial para o futuro do Brasil causa enorme preocupação.

O corte no orçamento do MCTIC para 2017 é de nada menos que 44%, reduzindo o investimento de R$ 5,8 bilhões para R$ 3,2 bilhões. Para que se tenha uma ideia da magnitude dessa redução orçamentária, trata-se do menor valor disponibilizado para a área científica e tecnológica nos últimos 12 anos (desde 2005). O impacto de tamanha diminuição de verba para a pasta foi tão expressivo que uma das mais prestigiadas revistas sobre ciência do mundo, a “Nature”, publicou recentemente uma reportagem em que detalha a precária situação do setor no Brasil e a repercussão do corte orçamentário junto aos profissionais da área.

Novo ataque ao Tesouro – Editorial | O Estado de S. Paulo

Mais um golpe contra o Tesouro será consumado, se parlamentares devedores de tributos, com R$ 532,9 milhões em atraso, aprovarem o projeto do novo Refis tal como foi aprovado, na semana passada, na Comissão Mista da Medida Provisória (MP) 783. Votarão, nesse caso, para conceder a si mesmos um benefício tão indecoroso quanto prejudicial à recuperação das contas públicas e da economia, destroçadas pelos erros e desmandos cometidos por Lula da Silva e exacerbados por Dilma Rousseff. O Executivo enviou ao Congresso, neste ano, por meio de MPs, dois programas de renegociação de débitos fiscais. Os dois foram desfigurados pelo relator, o deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), convertidos em prêmios à sonegação e inutilizados para os propósitos do governo.

As propostas de renegociação deveriam servir a dois objetivos. A longo prazo, deveriam permitir a recuperação de uma parcela significativa dos créditos fiscais em atraso. De imediato, deveriam proporcionar uma importante receita adicional: para participar, os devedores deveriam pagar neste ano uma entrada substancial.

A troca de comando na PGR – Editorial | O Estado de S. Paulo

Nomeada para suceder a Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de ter sido aprovada por 74 votos contra 1 pelo Senado, a subprocuradora Raquel Ferreira Dodge voltou a primar pela moderação em seus pronunciamentos. Desde que se candidatou à lista tríplice no pleito organizado pela Associação Nacional dos Procuradores da República, ficando em segundo e sendo escolhida pelo presidente Michel Temer, essa tem sido sua marca.

Do primeiro dia de campanha até sua nomeação, ela prometeu agir mediante a coleta de provas lícitas, respeitando a Constituição. Também anunciou que prestigiará a Operação Lava Jato, mas que aumentará o rigor nos critérios de formalização dos acordos de delação premiada. E afirmou que coibirá a divulgação de informações sigilosas durante as investigações e que não apoiará prisões preventivas alongadas. Isso contraria a orientação vigente na gestão de Rodrigo Janot, marcada por vazamentos ilícitos – cuja autoria nunca se apurou – para constranger políticos e empresários investigados pela PGR. Os vazamentos comprometem a credibilidade do Ministério Público (MP), afirmou sua sucessora, que assumirá o cargo no dia 17 de setembro.

Casuísmos – Editorial | O Estado de S. Paulo

A ideia da reforma política, que atende à óbvia necessidade de corrigir graves distorções e aprimorar o sistema político-partidário, transforma-se, como tem sido reiteradamente exposto neste espaço, numa enorme farsa, mero pretexto para a adoção de casuísmos que facilitem a renovação dos atuais mandatos parlamentares com os privilégios a eles inerentes. Não basta a aberrante criação de um fundo eleitoral multibilionário para injetar recursos públicos no financiamento de campanhas eleitorais. Os parlamentares dos partidos maiores querem, antes de definir os critérios por meio dos quais a dinheirama vai ser distribuída, garantir a possibilidade do aumento dos repasses a que terão direito em função do aumento de suas bancadas na Câmara e no Senado. Para tanto, precisam que seja aberta ainda este ano uma nova “janela” de 30 dias para troca de partido sem perda de mandato, já que a “janela” existente só funciona entre fevereiro e março nos anos em que há eleições. A próxima, portanto, só em 2018. Querem também que mude a regra que estabelece que o deputado que troca de partido não é levado em conta para efeito do cálculo do tamanho da bancada.

Refis atesta falta de consciência de políticos – Editorial | O Globo

Por não entenderem o momento em que se encontra o país, deputados alteram programa de renegociação de débitos tributários e o transformam em anistia

Não há quem desconheça, nem que seja pelos seus efeitos, o período da crise de dimensões históricas iniciado com uma estagnação em 2014 e seguida por duas recessões, em 2016 e 2017, que destruíram aproximadamente 8% do PIB, número inédito, e 14 milhões de empregos formais. Mas há em Brasília quem demonstre não ter consciência desta hecatombe econômica e social.

A tramitação irresponsável de mais uma proposta de parcelamento de débitos tributários, incluindo contribuições previdenciárias, chamada de Refis, reflete este distanciamento da realidade por parte de políticos, refletido na adulteração feita na projeto do governo.

O Refis é lançado quando a equipe econômica, diante de problemas de caixa no Tesouro, oferece ao contribuinte inadimplente a oportunidade de renegociar o débito, em um prazo palatável, com algum abatimento no que é devido, contanto que o devedor se comprometa a fazer pagamentos regulares.

Reforma política tem de buscar o básico, sem espertezas – Editorial | Valor Econômico

As eleições gerais de 2018 ocorrerão em um clima de muito baixa previsibilidade. Alguns dos principais pré-candidatos, como o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), foram citados na Operação Lava-Jato e o desdobramento das investigações é imprevisível. O favorito nas pesquisas de opinião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser condenado em segunda instância, ou absolvido, às vésperas do pleito. E a proibição do financiamento privado das campanhas eleitorais será testada em mais larga escala do que foi em sua estreia, nas eleições municipais. Por essas e várias outras razões, a Câmara dos Deputados deveria intensificar esforços para votar uma reforma política básica, cujo prazo derradeiro, fim de setembro, se aproxima.

O relatório da reforma na Câmara, do deputado Vicente Cândido (PT-SP), estabelece um generoso Fundo Especial de Financiamento da Democracia com base em 0,25% da receita corrente líquida da União, algo na casa dos R$ 3,5 bilhões. O projeto na Câmara tende a ser diferente do aprovado pelo Senado, que acabou com a reeleição para cargos executivos, e têm mais ambições do que a crise política atual permite. Para melhorar a representatividade, acabar com a aberração de o eleitor votar em um candidato de sua preferência e eleger outro do qual nunca ouviu falar, ou que abomina, as mudanças nas regras têm de ser concentradas em poucos pontos.

Maduro sob pressão – Editorial | Folha de S. Paulo

Embora de caráter apenas simbólico, a consulta pública promovida pela oposição na Venezuela —organizada essencialmente à base de doações e trabalho voluntário— atingiu seu objetivo de mostrar ampla rejeição ao simulacro de Assembleia Constituinte intentado pelo governo de Nicolás Maduro.

Tenham sido 7 milhões (dados dos organizadores) ou 4 milhões (segundo um instituto de pesquisa), o fato é que vasta parcela dos 20 milhões de eleitores do país rechaçou o projeto de Maduro, voltado unicamente a sufocar os adversários do regime.

Em consonância com a manifestação popular, Estados Unidos e União Europeia ameaçaram com sanções se a escolha dos deputados constituintes, que se dará por critérios definidos pelo governo, ocorrer no próximo dia 30. Maduro adiantou que não mudará de ideia.

Janot provoca Raquel sobre apoio à Lava Jato

Janot diz que ‘não sabe’ se orçamento da Lava Jato vai ser prioridade de Raquel

Em Washington, procurador-geral da República afirma que em sua gestão 'está garantidíssimo' para 2018 recurso para a maior devassa contra a corrupção no País

Luiz Vassallo e Julia Affonso, O Estado de S. Paulo

O procurador-geral da República Rodrigo Janot disse nesta quarta-feira, 19, nos Estados Unidos, que o orçamento para a Operação Lava Jato em 2018 ‘está garantidíssimo’. Ele disse ‘não saber’ se sua sucessora Raquel Dodge dará prioridade à destinação de verbas para a grande investigação contra a corrupção. Após seminário promovido pelo site jurídico Jota e pela Atlantic Council, em Washington, Janot foi indagado se o orçamento para a Lava Jato está garantido.

“Garantidíssimo”, respondeu o procurador, que fica na cadeira até 15 de setembro, quando será substituído por Raquel, e escolhida do presidente Michel Temer.

Após decisão de Moro, Banco Central bloqueia R$ 600 mil de Lula

Estelita Hass Carazzai, Folha de S. Paulo

CURITIBA - Uma semana após ser condenado por corrupção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve R$ 606 mil bloqueados em contas bancárias nesta quarta (19), por ordem da Justiça.

A decisão é do juiz Sergio Moro, a pedido do Ministério Público Federal, que solicitou o sequestro dos bens do ex-presidente para a recuperação do produto do crime, caso seja confirmada a condenação.

Lula foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). O dinheiro do apartamento teria vindo de contratos da Petrobras, num esquema que gerou um dano estimado de R$ 16 milhões à estatal, segundo a sentença. Ainda cabe recurso.

O bloqueio ordenado por Moro foi de R$ 10 milhões, mas o Banco Central só encontrou R$ 606 mil em quatro contas do petista –no Banco do Brasil, Caixa e Itaú.

PT e movimentos sociais fazem ato pró-Lula 2018 nesta quinta

Mobilização está marcada em várias capitais a partir das 17h; em São Paulo, agenda é na Paulista

Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

Nesta quinta-feira, 20, o PT, sindicatos e movimentos sociais vão realizar atos em todo o Brasil em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo ‘fora Temer’, ‘diretas já’ e contra as reformas trabalhista e da Previdência. Em São Paulo, a mobilização está marcada para a Avenida Paulista, a partir das 17h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Segundo os organizadores, já estão confirmadas a presença do próprio Lula e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Ainda existe a possibilidade de a presidenta cassada Dilma Rousseff também comparecer.

No muro, Psol e Rede viram ‘tucanos da esquerda’

- Diário do Poder

Uma semana após a condenação do ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de cadeia por corrupção e etc, os deputados Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP), do Psol, e Alessandro Molon (RJ) e Randolfe Rodrigues (AP), da Rede, em geral falantes, até hoje não comentaram a decisão do juiz Sérgio Moro. Em cima do muro, esses partidos têm sido ironicamente chamados no Congresso de “tucanos da esquerda”.

Fugindo do fato
Os deputados calaram sobre a condenação de Lula por ladroagem, os partidos emitiram notas e só a Rede apoiou a sentença de Sergio Moro.

Puxadinho petista
Fazendo jus ao epíteto de “puxadinho do PT”, o Psol acusou Moro de “perseguição” e “arbitrariedades”, em nota apenas na pessoa jurídica.

Boca de siri
Ex-Psol e hoje na Rede, o falante senador Randolfe Rodrigues (AP) foi procurado para comentar a condenação de Lula, mas ficou mudo.

Grandes partidos usam reforma para dificultar 'outsiders' em 2018

Projeto restringe doações, proíbe pagar a própria campanha e privilegia repasses para siglas tradicionais

Por Raphael Di Cunto e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - Desgastados pela crise política, os maiores partidos se armam na reforma política discutida pelo Congresso Nacional para dificultar a ascensão de presidenciáveis considerados de fora do círculo político tradicional. São duas frentes: o fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões, que privilegiará as legendas maiores; e restrições às doações privadas, com limite para as contribuições de pessoas físicas e proibição de que candidatos ricos paguem despesas de suas próprias campanhas.

A situação é completamente diferente da eleição anterior, de 2014, onde a desvantagem ficava mais no tempo de propaganda de TV e rádio. Com a proibição de doações de empresas, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os partidos tradicionais planejam um fundo com dinheiro público para as campanhas que será 13 vezes maior que o volume de recursos do Tesouro aportado há três anos pelo fundo partidário - e que nem chega a ser usado todo na eleição.

Agora, os candidatos das maiores legendas, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo PT, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou o prefeito da capital paulista, João Doria, ambos pelo PSDB, contarão, logo na largada, com uma montanha de recursos a mais do que a ex-senadora Marina Silva (Rede), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) ou o concorrente do Novo, ainda não definido.

PT, PSDB e PMDB terão mais de um terço do fundo

Por Vandson Lima e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Apesar do desgaste de seus principais nomes por conta das investigações da Operação Lava-Jato, PT, PMDB e PSDB largarão muito à frente dos concorrentes no quesito financiamento para as eleições de 2018. A vingar a criação do fundo eleitoral em discussão no Congresso, as três siglas concentrarão mais de um terço dos recursos. Somados, alcançarão 36,6% dos R$ 3,2 bilhões que seriam distribuídos aos partidos no primeiro turno.

Com dois possíveis presidenciáveis, a ex-ministra Marina Silva e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que tem flertado com a legenda, o Rede teria 26 vezes menos dinheiro para abastecer suas campanhas que o PMDB, do presidente Michel Temer, que não tem se colocado como candidato e tampouco aponta até o momento um possível sucessor na disputa do próximo ano.

Chego onde sou estrangeiro | Louis Aragon

Nada é tão precário quanto viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

Um dia passas a margem
De onde vens mas onde vais então
Amanhã que importa que importa ontem
Muda o cardo e o coração
Tudo é sem rima nem perdão

Passa na tua têmpora teu dedo
Toca a infância como os olhos veem
Baixa as lâmpadas mais cedo
A noite por mais tempo nos convém
É o dia claro envelhecendo

As árvores são belas no outono
Mas da criança o que é sucedido
Eu me olho e me assombro
Deste viajante desconhecido
Seu rosto e seu pé desvestido

Pouco a pouco te fazes silêncio
Mas não rápido o bastante
Para não sentires tua dessemelhança
E sobre o tu-mesmo de antes
Cair a poeira do tempo

É demorado envelhecer enfim
A areia nos foge entre os dedos
É como uma água fria em torvelim
É como a vergonha num crescendo
Um couro duro corroendo

É demorado ser um homem uma coisa
É demorado renunciar totalmente
E sentes-tu as metamorfoses
Que se passam internamente
Dobrar nossos joelhos lentamente

Ó mar amargo ó mar profundo
Qual é a hora da preamar
Quanto é preciso de anos-segundos
Ao homem para o homem abjurar
Por que por que esse gracejar

Nada é tão precário como viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

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*Louis Aragon (3/10/1897-24/12/1982), poeta, romancista e ensaísta francês