sábado, 29 de julho de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

Não construiremos um novo país com agressividade ou violência, e muito menos com o populismo mais rasteiro. Devemos fomentar o debate, a convivência pacífica entre contrários, a diversidade. As agressões contra o senador Cristovam são o retrato de um tempo que ficou para trás, uma espécie de grito desesperado daqueles que perderam o seu naco de poder. A população brasileira está cansada de tanto ódio, de tanta raiva, de tanta divisão e do discurso surrado do “nós contra eles”. Contra o ódio e a intolerância, respondemos sem medo, com serenidade e democracia.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, “Contra o ódio e a intolerância”, Diário do Poder, 27/7/2013.

Razões da crise | Caetano Araújo

- Site da Fundação Astrojildo Pereira

A crise ocupa há tempo o centro do debate no país. Em poucos anos rachaduras na fachada ética da política e alertas na economia transformaram-se numa situação de extrema instabilidade, que ameaça tragar boa parte do sistema partidário. Discute-se hoje, principalmente, os lances mais recentes do processo, seus impactos já verificados e, principalmente, num quadro de grande incerteza, diferentes prognósticos alternativos sobre o futuro imediato, geralmente na perspectiva de suas consequências políticas e eleitorais.

Menos atenção tem recebido, no entanto, a questão, crucial, da gênese da crise. Em outras palavras, como chegamos ao ponto em que estamos hoje? Procuro desenvolver aqui uma resposta tentativa, o embrião de uma hipótese a ser trabalhada. No meu argumento, a origem da crise deve ser buscada em duas dimensões diferentes: o sistema de regras que regula as eleições e as decisões estratégicas dos principais atores políticos do país nos últimos anos. Falo, nesse caso, dos maiores partidos brasileiros, com o evidente protagonismo do Partido dos Trabalhadores, vencedor das últimas quatro eleições para Presidente da República.

Uma aposta liberal | João Domingos

- O Estado de S.Paulo

A dupla Henrique Meirelles e Rodrigo Maia está cada vez mais afinada

Apesar do confuso quadro sobre a disputa presidencial do ano que vem, é bom prestar atenção no surgimento de uma dupla que, se vingar, vai fazer barulho dentro do grupo que está no poder. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estão cada vez mais afinados na defesa de uma severa política fiscal, das reformas da Previdência e tributária e do controle das contas públicas. Do que falam pode-se entender o esboço de um programa de governo.

Como os dois não negam suas pretensões e o desejo de chegar à Presidência da República, torna-se mais claro, a cada dia, a tentativa de ocupar o espaço no campo político liberal do governo, que alguns chamarão de centro-direita. Eles sabem que uma chapa Meirelles-Maia teria grande chance de receber apoio de parte do mercado e do setor produtivo. Haveria dificuldades para conquistar a Fiesp, que faz oposição forte a Meirelles e tende a apoiar o governador Geraldo Alckmin, do PSDB.

Primeira melhora | Míriam Leitão

- O Globo

O desemprego teve “a primeira queda estatisticamente significativa desde o último trimestre de 2014”, segundo o IBGE. A situação do mercado de trabalho continua dramática, mas o número veio melhor do que o esperado e confirma sinais já captados pelo Caged. A comemoração, no entanto, durou pouco porque em seguida o BC divulgou que a dívida pública é recorde e a crise fiscal permanece sem solução.

Depois de atingir 14,2 milhões de brasileiros no primeiro trimestre, o número de desempregados caiu para 13,5 milhões no trimestre encerrado em junho. Foram 690 mil pessoas que conseguiram algum tipo de trabalho nesse período, a grande maioria sem carteira assinada ou por conta própria, o que mostra que a recuperação tem sido frágil, lenta e gerado vagas de baixa qualidade. Quando a comparação é feita com o mesmo período de 2016, o número é 16% maior, o que significa 1,6 milhão de brasileiros a mais sem emprego.

Roteiro da empulhação | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

O roteiro é velho. Já bem antes da reforma trabalhista que extinguiu o imposto sindical, sempre que alguém lembrava que era necessário acabar com essa taxa anacrônica, as agremiações trabalhistas tratavam de reembalá-la sob o rótulo de "contribuição assistencial" ou "contribuição negocial". A ideia era que as entidades sindicais continuassem recebendo a prebenda, mas sob outro nome.

Até a CUT, que em algum momento parece ter sido genuinamente favorável ao fim do imposto, aderiu à engambelação. Ao menos em tese, a mudança poderá custar ainda mais ao trabalhador. É que o imposto sindical era fixado por lei em um dia do salário anual de cada membro da categoria, fosse ele sindicalizado ou não. Pelas versões mais populares dessa jogada, o valor da contribuição que o substituiria seria decidido em assembleia da categoria, podendo ser maior que um dia de salário. Também recairia sobre toda a base.

As duas crises política | Pablo Ortellado

- Folha de S. Paulo

A última pesquisa Ibope mostra um governo Temer no fundo do poço. Ele tem a aprovação de apenas 5% dos brasileiros e a maioria acha que seu governo é pior do que o de Dilma Rousseff. Um mês antes, pesquisa do Datafolha tinha mostrado que 83% dos brasileiros querem eleições diretas. Apesar disso, a não ser que haja uma reviravolta surpreendente, Temer deve sobreviver à votação da próxima quarta e permanecer no cargo. E, se cair, depois de uma nova denúncia, Rodrigo Maia deve assumir até 2018.

Nossa crise política não é apenas a de um sistema corrompido pelo conluio entre políticos e empresários. É também uma crise da sociedade civil, cujas organizações não conseguem independência desse sistema.

Embora não haja saída fácil para a crise atual, a alternativa democrática passa pela convocação de eleições e pelo debate de um programa, com legitimidade conferida pelo voto e controlado por uma cidadania ativa.

Reajuste dos servidores adiado | Adriana Fernandes

- O Estado de S.Paulo

Os brasileiros começam a perceber que pagam pelos privilégios de poucos

A decisão do Ministério da Fazenda de colocar o adiamento do reajuste dos salários dos servidores em 2018 na cesta de novas medidas emergenciais, em discussão no governo para enfrentar a queda de arrecadação, mostrou o tamanho da crise fiscal do País. Ela só cresce.

Os aumentos eram tabu na área econômica porque o presidente Michel Temer e seus aliados políticos tinham decidido no ano passado não comprar briga com a burocracia de Brasília, formada por diversas carreiras com grande força de mobilização.

É bom lembrar que esses reajustes salariais foram negociados pela ex-presidente Dilma Rousseff, e Temer deixou tudo do jeito que tinha sido acertado por sua antecessora.

Como Lula nadou | Demétrio Magnoli

- Folha de S. Paulo

O gato de sete vidas continua à tona, apoiando-se nos cadáveres que boiam ao seu redor para não afundar

"Eles vão perceber que não dá para nadar teoricamente. Entra na água e vai nadar, porra". Isso aí, o trecho da entrevista consagrado às "frescuras do PSOL" (Folha, 20/7), é puro Lula. O ex-presidente cultiva o pragmatismo em grau máximo, devotando solene desprezo tanto à ideologia quanto a valores e princípios. Foi assim que ele nadou –e, no percurso, afogou a esquerda brasileira.

Lula, o Pragmático, opera segundo as circunstâncias. No primeiro mandato, diante das desconfianças do mercado, conservou-se fiel à política econômica ortodoxa herdada de FHC, completando-a com a política social de agressivas transferências de renda, que se destinava a enraizar o lulopetismo no eleitorado pobre. A fórmula bifronte seguia as receitas do Banco Mundial. Não era "de esquerda" e nem mesmo social-democrata. Mas a esquerda brasileira, um organismo lulodependente, celebrou-a como uma revolução de emancipação popular. "Quando Lula fala, o mundo se ilumina", disse Marilena Chaui.

Resistência democrática na era populista | Helmut K. Anheier

- Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

As democracias fracassam quando os cidadãos ficam autoconfiantes demais ou alienados, e quando se permite que populistas explorem esses sentimentos. A democracia sempre terá imperfeições, mas juntos os cidadãos podem imunizá-la

Os inimigos das sociedades abertas ganharam uma influência desconcertante nos últimos anos, mais recentemente comprovada pela tentativa do governo polonês de pôr os tribunais do país sob controle político. Embora muitas democracias estejam atormentadas por males graves - como definições distorcidas de distritos eleitorais para favorecer certos candidatos, supressão de eleitores, fraude e corrupção, violações do Estado de Direito e ameaças à independência do Judiciário e à liberdade de imprensa, há pouca confluência de opiniões sobre as soluções a serem adotadas.

Como tornar nossas democracias mais resistentes, se não totalmente imunes, a ameaças antidemocráticas é a questão central dos nossos tempos. Felizmente, ainda não chegamos ao sombrio cenário [do poema "A Segunda Vinda"] de William Butler Yeats, no qual "falta convicção aos melhores, enquanto os piores estão cheios de ardor apaixonado". Muitos cidadãos e alguns governos têm se levantado contra desafios autoritários. Após gigantescos protestos, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, vetou dois dos três projetos de lei que pretendiam reduzir a independência dos tribunais.

Mais uma vez | Merval Pereira

- O Globo

Período com tropas deve ajudar a reorganizar a segurança no Rio. A chegada das tropas do Exército ao Rio, antecipada por Ancelmo Gois aqui no GLOBO, era “mais que necessária”, como ressaltou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e certamente aumentará a sensação de segurança do cidadão, mas não é um fim em si mesma.

Enquanto a segurança ostensiva dificulta a ação dos bandidos, que estavam atuando com grande desembaraço nos últimos meses nas ruas da cidade e no interior do estado, um trabalho aprofundado de inteligência das Forças Armadas vai permitir que se chegue a resultados de longo prazo mais efetivos.

As tropas não podem ficar no estado por todo o sempre. Estão autorizadas, num primeiro momento, até o fim do ano e podem ter a permanência prorrogada até 2018, mas é preciso que esse período seja aproveitado para reorganizar o sistema de segurança do Rio para que a ação tenha efetividade.

A redução do desemprego – Editorial | O Estado de S. Paulo

O mercado de trabalho, que sempre reage lentamente à retomada da atividade econômica, vem mostrando uma animadora recuperação nos últimos meses. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu de 13,7% para 13,0% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2017. Trata-se, como lembrou o IBGE, do primeiro recuo estatisticamente relevante do desemprego – queda de 0,7 ponto porcentual – desde o fim de 2014, quando eclodiu a crise provocada pela desastrosa política econômica do governo Dilma Rousseff.

Do fim do primeiro mandato presidencial de Dilma até os três primeiros meses deste ano, de fato, o desemprego vinha crescendo de maneira ininterrupta, até alcançar seu auge no período janeiro-março. De abrangência nacional, a Pnad Contínua é divulgada mensalmente e mostra as flutuações do mercado de trabalho nos três meses anteriores ao da data de divulgação. No trimestre móvel encerrado em abril, o desemprego havia caído para 13,6%; no encerrado em maio, para 13,3%. O dado mais recente acentua a tendência de queda.

Há vagas, sem carteira – Editorial | Folha de S. Paulo

Decorridos quase três anos de deterioração, acumulam-se sinais de que o pior tenha ficado para trás no mercado de trabalho. Os dados mais recentes permitem antever uma lenta queda do desemprego, por ora ainda ancorada em contratos sem carteira assinada.

Segundo o IBGE, a taxa de desocupação caiu a 13% no trimestre concluído em junho, o equivalente a 13,5 milhões de pessoas —700 mil abaixo do recorde de março.

Tal progresso foi motivado, em especial, pelo crescimento do emprego informal e daquele por conta própria (que, em grande parte, se dá em circunstâncias precárias).

As duas modalidades respondem hoje por pouco mais de 33 milhões de vagas, ou 36,7% da população ocupada. De outro lado, o contingente de celetistas, de cifra semelhante, permanece em queda.

Segurança do Rio é chave para todo o país – Editorial | O Globo

Nos últimos meses, a insegurança tomou conta das ruas e transformou a população fluminense em refém da criminalidade. Com uma média diária de 14 assassinatos, 461 roubos de rua (a transeunte, de celular e em coletivos somados), 153 roubos de veículos, 41 de carga e 22 a estabelecimentos comerciais, o Estado do Rio, que já vive grave crise financeira, tornou-se um desafio para as autoridades de segurança pública. A situação de descontrole traduzida pelos números fica evidente também nas histórias chocantes que se sucedem no dia a dia. O bebê atingido por uma bala perdida na barriga da mãe, a grávida que perdeu o filho ao ser atropelada por assaltantes, crianças alvejadas dentro de casa ou da escola são capítulos de um roteiro de horror que parece interminável. Estratégia anunciada pelo governo federal representa esperança de controlar a violência e devolver ao estado e à cidade a sensação dos primeiros anos das UPPs

Venezuela se aproxima perigosamente de uma guerra civil – Editorial | O Globo

Insistência do governo de Nicolás Maduro em convocar uma Assembleia Constituinte e tentar asfixiar a oposição empurra país para um quadro de ruptura

Desde o fim de março, a Venezuela vive uma agudização de sua crise política, sem sinais de uma saída negociada para o impasse entre o governo chavista de Nicolás Maduro e a coalizão de oposição, reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD). Acuado por uma queda de popularidade e o desmantelo do projeto bolivariano, no país e no continente, o presidente venezuelano não quer conversa com os adversários políticos e recorre ao desgastado ilusionismo anti-imperialista, acusando a oposição de ser guiada por interesses de Washington e de grupos empresariais.

Mas, enquanto conclama os bolivarianos a combaterem a tentativa de desestabilização de seu governo, Maduro diz muito pouco sobre a grave desestruturação econômica e social — marcada por hiperinflação, racionamentos, desabastecimento e delinquência —e o crescente fechamento do regime rumo a uma ditadura. Sem uma negociação que permita o país voltar à normalidade institucional, os conflitos se sucedem numa escalada que, se não for contida, ameaça se transformar numa guerra civil, com consequências desastrosas para todo o continente.

Falta de sensibilidade – Editorial | O Estado de S. Paulo

Infelizmente, malgrado os importantes resultados obtidos até aqui pela Lava Jato, o fato é que alguns de seus integrantes se enxergam não como agentes da lei, mas como cruzados, cuja função é nada menos que moralizar o País

No momento em que todos deveriam entender a necessidade de fazer sacrifícios para que o País volte a equilibrar suas contas e retomar o crescimento, infelizmente sempre há aqueles que se julgam acima dos demais e reivindicam tratamento especial. É o caso de alguns procuradores da República envolvidos na força-tarefa da Operação Lava Jato. Para eles, qualquer redução de verbas destinadas a seu trabalho é vista desde logo como uma tentativa de minar os esforços da luta contra a corrupção. Ignoram, ou preferem não ver, que todos os setores do Estado estão sofrendo cortes, para que serviços considerados essenciais não sofram interrupção.

Essa insensibilidade – que já havia ficado clara quando, em meio a tanta penúria, o Conselho Superior do Ministério Público Federal decidiu reivindicar um reajuste salarial de 16,38% para os procuradores – se tornou mais uma vez patente quando, na quinta-feira passada, o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, da força-tarefa da Lava Jato, criticou a diminuição das verbas para a Polícia Federal (PF). Costa disse que, no momento em que a PF precisa ser “fortalecida” para seguir investigando os casos de corrupção, o Ministério da Justiça tomou decisões que resultaram na “diminuição do efetivo” da polícia.

PSDB deve 'baixar a bola' e continuar com Temer, diz Aloysio Nunes

Daniel Carvalho, Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Defensor da permanência do PSDB no governo do presidente Michel Temer, o ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) diz que seu partido precisa "baixar a bola" e deixar de pensar que abandonar o barco vá salvá-lo nas próximas eleições.

"Achar que se afastar deste governo e contribuir para a sua queda vai salvar o PSDB nas eleições é subestimar a inteligência do povo brasileiro. O fato de sair do governo não vai fazer com que o sujeito emirja da pia batismal vestido de branco, 'não tenho nada a ver com essa situação'. Temos, sim [bate a mão na mesa]. Nós criamos essa situação", disse em entrevista à Folha.

O PSDB volta do recesso nesta terça-feira (1º) dividido sobre a decisão de romper com o governo Temer ou continuar na base de sustentação e manter os quatro ministérios que ocupa -Cidades, Relações Exteriores, Direitos Humanos e Secretaria de Governo.

Maia descarta adiar votação

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prevê que a denúncia contra o presidente Temer será votada dia 2: “Não podemos deixar o paciente com a barriga aberta.”

Operação de risco

Maia pede decisão sobre Temer: ‘Paciente não pode ficar no centro cirúrgico com barriga aberta’

Sérgio Roxo, O Globo

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a questão da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer será resolvida já na semana que vem. Em mais uma das muitas analogias que comparam a situação do governo a um paciente grave desde que a crise da JBS infectou o Palácio do Planalto, o deputado disse que o doente não pode mais esperar que a questão seja resolvida:

— Eu acho que é muito grave que a Câmara não tome uma decisão, seja para aprovar ou não, aí é uma decisão de cada deputado. O que a gente não pode é deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta — disse Maia, ao ser indagado sobre a avaliação do governo federal de que a oposição pode boicotar a sessão.

Maia garante quórum; base teme obstrução

Presidente da Câmara afirma que denúncia será analisada na quarta-feira, mas aliados de Temer acreditam que oposição tentará evitar votação

Isadora Peron Carla Araújo Daiene Cardoso, O Estado de S. Paulo.

Apesar de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), ter afirmado que tem certeza de que haverá quórum para votar a admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer, parlamentares da base aliada já trabalham com a possibilidade de que não haja número suficiente de deputados para realizar a sessão. A votação no plenário, prevista para a próxima quarta-feira, só começará quando o quórum alcançar 342 presentes.

Maia afirmou ontem, em São Paulo, que acredita que haverá a presença mínima de deputados para votar a denúncia apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot com base nas delações de executivos do Grupo J&F. Ele estimou em 480 o número de parlamentares no dia da sessão. “Não votar é manter o País parado neste momento ainda de muitas dificuldades” disse. “Não podemos deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta.”

Câmara limita acesso da imprensa e veta público nas galerias

Restrição é semelhante à adotada no processo de impeachment de Dilma; sessão, porém, será mais simples

- O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados limitou o acesso de jornalistas ao plenário da Casa na quarta-feira, dia 2, data da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, e vetou a presença de público na galeria durante a sessão. A restrição será semelhante à adotada na sessão que autorizou a abertura de processo de impeachment contra a presidente cassada Dilma Rousseff, em 17 de abril do ano passado.

Por questão de segurança, serão distribuídas apenas 30 senhas de acesso para jornalistas que queiram acompanhar a sessão. Ao total, a Casa tem 521 jornalistas com credencial permanente. Outras 120 senhas serão oferecidas para que os profissionais da imprensa acompanhem a votação da galeria. Servidores da Casa também terão acesso limitado ao plenário. A Secretaria de Comunicação da Câmara alegou que a restrição de acesso é imposta em eventos de grande relevância.

Rito. A sessão deliberativa extraordinária começará às 9 horas, desde que haja o quórum mínimo de 51 parlamentares presentes. A votação, no entanto, só começará quando o quórum alcançar 342 presentes.

Os deputados serão chamados em ordem alfabética, por Estado, alternadamente do Norte para o Sul e vice-versa. No microfone, os parlamentares terão de responder “sim”, “não” ou “abstenção” ao parecer. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), optou por realizar uma sessão de votação mais simples, sem púlpito no meio do plenário com uma plataforma elevada para que os deputados declarem o voto.

Maia diz que haverá quorum para votar denúncia na quarta

Thais Bilenky, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu em tom crítico a avaliação do presidente Michel Temer (PMDB) de que não haverá quorumpara votar a denúncia na semana que vem.

"Na minha opinião, haverá quorum", disse nesta sexta-feira (28). "O Brasil precisa de uma definição sobre esse assunto e não se pode, do meu ponto de vista, respeitando a opinião de cada um, se jogar com um assunto tão grave como uma denúncia oferecida pela PGR contra o presidente da República", afirmou após almoçar com o prefeito de São Paulo em exercício, Milton Leite (DEM).

"Nosso papel é votar. Quem quiser vota sim, quem quiser vota não. Mas não votar é manter o país parado."

Maia negou que tenha traçado estratégias no jantar na véspera com Temer no Palácio do Jaburu.

Saída da crise deve vir da eleição de 2018, diz comandante do Exército

Fabio Victor, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirma que a saída para a crise do país "está nas mãos dos cidadãos brasileiros", que poderão, "nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido".

Voz moderada em meio à cacofonia histérica de extremos ideológicos que marca a crise, na qual volta e meia grupelhos clamam por intervenção militar, Villas Bôas diz que "o Brasil e suas instituições evoluíram e desenvolveram um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a tutela por parte das Forças Armadas" e reitera que a Constituição deve prevalecer: "Todos devem tê-la como farol a ser seguido".

A entrevista foi feita via e-mail, por opção da assessoria do Exército, e as perguntas foram enviadas no dia 4 de julho, sendo respondidas 23 dias depois, na quinta (27).

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Folha - Pesquisa Datafolha recente mostrou que as Forças Armadas são a instituição do país em que a população mais confia hoje, enquanto a Presidência, o Congresso e os partidos são as instituições menos confiáveis. Como interpreta esses dados?

Eduardo Villas Bôas - Esses números nos impõem uma imensa responsabilidade. As Forças Armadas, que constituem um corte vertical da sociedade e possuem representantes de todo o espectro social, são reconhecidas por serem uma reserva de valores, como integridade, ética, honestidade, patriotismo e desprendimento.

Elas sempre estiveram presentes em momentos importantes da história de nossa nação. Algumas vezes, com o Braço Forte e, inúmeras vezes, com a Mão Amiga. Por conseguinte, essa confiança configura um capital intangível que nos é muito caro. Demonstra que a maioria esmagadora da população nos observa atentamente e nos avalia.

Pela primeira vez na história, um presidente foi denunciado por corrupção no exercício do mandato. Como acompanha essa crise? Acha que o presidente Temer tem condições éticas de permanecer no cargo?

Vivemos um período de ineditismos. Mas o fato de seguirmos batalhando, em nosso dia a dia, demonstra que as nossas instituições ainda estão funcionando, mesmo com a crise pela qual elas e o país vêm passando. Cabe-lhes atuar no limite de suas atribuições, sempre com o sentido de se fortalecerem mutuamente. Neste momento, o que deve prevalecer é a Constituição Federal e todos, repito, todos devem tê-la como farol a ser seguido.

Há quem compare a crise atual com aquela vivida em 1964. É possível fazer essa analogia?

Comparações podem ser feitas, mas o Brasil é, hoje, um país muito mais complexo e sofisticado. Naquela época, havia uma situação de confronto característica da Guerra Fria, com a ação de ideologias externas, que fomentaram ameaças à hierarquia e à disciplina nas Forças Armadas, aspectos que não estão presentes nos dias atuais.

O Brasil e suas instituições evoluíram e desenvolveram um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a tutela por parte das Forças Armadas. Hoje, elas estão cientes de suas missões e capacidades e mantêm-se fiéis aos ditames constitucionais.
É chegada a hora de consentir que o período que engloba 1964 é história e assim deve ser percebido.

Senado rejeita dar aumento imediato a procuradores

Após aprovação na Câmara, proposta semelhante à aceita pelo Conselho Superior do Ministério Público está parada em comissão

Julia Lindner, O Estado de S. Paulo.

Senadores da base aliada do governo e da oposição afirmam que não pretendem votar o reajuste de 16,3% para os procuradores da República após o recesso parlamentar. Depois de ter sido aprovada na Câmara, uma proposta de aumento semelhante à aceita pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal na terça-feira está parada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado desde o ano passado, sem prazo para ser analisada.

Enquanto o governo está cortando gastos para tentar equilibrar as contas públicas, o conselho do MPF incluiu na proposta orçamentária de 2018 o aumento do salário, que terá um impacto de R$ 116 milhões no ano. Além da resistência no Senado, a proposta enfrentará outra dificuldade: a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), não deve incluir o reajuste para os ministros da Corte na proposta orçamentária que está sendo fechada. Atualmente o salário dos ministros do STF é de R$ 33,7 mil, o teto do funcionalismo público. O salário do procurador-geral da República é igual ao do STF, por isso, o reajuste acaba sendo atrelado.

Desemprego cai, mas com aumento da informalidade

Taxa vai a 13%; 442 mil pessoas passaram a trabalhar sem carteira assinada

Daniela Amorim, O Estado de S. Paulo.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra que o aumento da informalidade fez a taxa de desemprego cair de 13,7%, no primeiro trimestre, para 13% entre abril e junho. É a primeira queda desde o fim de 2014. No período, 690 mil pessoas deixaram a fila do desemprego e a população ocupada voltou à casa de 90 milhões pela primeira vez em seis meses. “Sem dúvida, é um movimento positivo, mas o mercado cresceu pela informalidade”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Na comparação com o primeiro trimestre, foram fechadas 75 mil vagas com carteira assinada. Ao mesmo tempo, 442 mil pessoas passaram a trabalhar informalmente no setor privado e outras 396 mil iniciaram atividade por conta própria. A renda do trabalhador caiu 1%.

O aumento da informalidade fez a taxa de desemprego cair pela primeira vez desde o fim de 2014: passou de 13,7% no primeiro trimestre do ano para 13% entre abril e junho. Nesse período, 690 mil pessoas deixaram a fila do desemprego e a população ocupada voltou ao patamar de 90 milhões de trabalhadores pela primeira vez em seis meses. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Forças Armadas já atuam no Rio para ‘golpear crime’

Ministro da Defesa diz que ações de inteligência nortearão plano

Tropas que estão no estado e reúnem 10.240 homens fizeram ontem operações em vias expressas e em 22 pontos da Região Metropolitana. Decreto do presidente Temer dá poder de polícia a militares

Carla Rocha, O Globo

As Forças Armadas estão desde ontem nas principais vias expressas e em 22 pontos da Região Metropolitana, numa ação integrada com as polícias federais e estaduais para “golpear o crime organizado”, como anunciou o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A operação “O Rio quer segurança e paz”, que mobiliza 10.240 homens, se estenderá até o fim de 2018. Decreto do presidente Temer autorizou o início do plano, cujo carro-chefe é a “inteligência”, segundo Jungmann. Nas ruas, populares aplaudiram a chegada dos militares.

As Forças Armadas já estão nas ruas do Rio com poder de polícia, podem entrar em favelas, revistar pessoas e fazer prisões. A medida, que começou ontem com a assinatura de um decreto do presidente Michel Temer, acontece quando a violência no estado chega a níveis insustentáveis. Depois de um consistente período de estabilidade, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as estatísticas de criminalidade voltaram a assumir uma curva ascendente e, em alguns casos, a explodir.

Vaga informal leva desemprego a 1ª queda desde 2014

Desemprego vai a 13% e tem 1ª queda desde 2014 com alta da informalidade
Desemprego cresce no Brasil

Lucas Vettorazzo, Folha de S. Paulo

RIO - A taxa de desemprego no Brasil registrou, no segundo trimestre, a primeira queda desde o final de 2014.

No trimestre encerrado em junho, o índice ficou em 13%, divulgou o IBGE nesta sexta-feira (28), uma queda de 0,7 ponto percentual sobre os 13,7% registrados no primeiro trimestre.

Os dados fazem parte da Pnad Contínua, a pesquisa oficial de emprego do IBGE, cuja abrangência é nacional.

O total da população desocupada —que são desempregados em busca de oportunidade— somou 13,5 milhões de pessoas, queda de 4,9%. A fila de emprego teve, portanto, uma redução de 690 mil pessoas entre o primeiro e o segundo trimestre.

Afinal | Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.