quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

Acho que estamos vivendo um momento de grande participação política. Isso pode parecer estranho, mas é o que eu sinto. As pessoas ficam imaginando que participar da política é apenas quando se preocupa com eleição, com partido… Não. A participação política é se preocupar com os nossos destinos, com as nossas vidas, com o Brasil. As pessoas estão acompanhando os processos de investigação e entendem o que significa o Poder Judiciário, o que cabe ao Poder Legislativo… Tenho até certo otimismo de que, mesmo com um descrédito em relação à política, a sociedade começa a se mobilizar com vistas às eleições de 2018.

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Roberto Freire é deputado federal por S. Paulo e presidente nacional do PPS

Janot vai denunciar Joesley | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Procurador-geral da República vai incluir o homem da J&F na denúncia por obstrução da Justiça que vai apresentar contra Michel Temer antes de passar o bastão a Raquel Dodge

Com a imunidade criminal de Joesley Batista suspensa, Rodrigo Janot vai incluir o homem da J&F na denúncia por obstrução da Justiça que vai apresentar contra Michel Temer antes de passar o bastão a Raquel Dodge. Integrantes do Ministério Público Federal dizem que a denúncia contra Joesley deve ser um fator a reforçar a denúncia, pois dificulta uma das linhas de defesa de Temer até aqui: a de que os benefícios concedidos aos delatores da J&F foram excessivos.

É evidente que essa inclusão de Joesley é, na verdade, uma reação de Janot à saraivada de críticas de que tem sido alvo desde que vieram à tona as irregularidades e suspeitas de ilegalidades cometidas na gênese do acordo de colaboração do núcleo da J&F.

Essa imputação de obstrução da Justiça será feita com base no depoimento do próprio Joesley e também na delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que foi homologada recentemente pelo ministro Edson Fachin. Janot ainda não definiu com a equipe se apresentará uma ou duas denúncias contra Temer, mas já bateu o martelo de que serão dois os crimes imputados a ele.

O procurador-geral da República viu no relatório da Polícia Federal no inquérito do chamado “quadrilhão” do PMDB “substância” para denunciar o presidente da República também por organização criminosa. Segundo interlocutores do chefe do MPF, o relatório da PF mostra uma “dinâmica mais clara” de como se davam a hierarquia e a divisão de tarefas no núcleo do PMDB da Câmara, que seria comandado por Temer, de acordo com a narrativa que deverá sustentar a denúncia.

Paraíso perdido | *Paulo Delgado

- O Estado de S.Paulo

Numa terra onde a Justiça tem segredos e despacha em botequim, será árdua a regeneração

Um secreto acordo, em secreta comunhão, prospera. A facilidade de transgredir e infringir leis, espécie de osmose em organismo combalido, é a prévia manifestação do delito que marca o período. Curvado à adulação e ao cifrão, tudo vem como uma escritura que atrai quem já tem em si o germe desse temperamento. A ambição é uma intuição, o interesse estrutura a intenção. O anjo cobiçoso usufrui do paraíso a qualquer preço. Beneficiários de dádivas excessivas não veem víboras na lisonja, convencidos de que o carisma que os protege é o de um rei.

O nome da dinastia é apelido. Nada freia sua mania de honorários e autopercepção das coisas. Oferta de intimidade a quem não faz questão de identidade formou público adequado à sua má percepção da realidade. Não foram obrigações do poder ou sorteios impessoais que azedaram. Foi um estilo de oferta inconfundível que abriu fendas na conciliação nacional e cujas provas do encontro são o ávido sigilo e o insulto que ameaça toda testemunha. Somados à soberba com que o rei largou no cadafalso seus amigos.

Parte da crise | Merval Pereira

- O Globo

O Supremo Tribunal Federal está no centro da crise política brasileira, e agora não mais como instância mediadora, mas como parte dela. O ministro Gilmar Mendes já demonstrou ontem o tom que levará ao plenário hoje, quando será discutido o pedido da defesa do presidente Michel Temer de suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e de suspensão de uma eventual segunda denúncia contra o presidente baseada nas delações premiadas de Joesley Batista e do doleiro Lúcio Funaro.

Ontem, o ministro Gilmar, que tem denunciado irregularidades na delação dos donos da J&F e quer anular como prova a gravação que Joesley fez com Temer no Palácio do Jaburu, classificou de “gestão de bêbado” o período em que Janot esteve à frente da Procuradoria-Geral da República e disse que o Supremo está “numa situação delicadíssima. O STF está enfrentando um quadro de vexame institucional.”

Ele está certo de que o ex-procurador Marcello Miller, que ontem teve seu registro de advogado suspenso pela OAB, atuou ajudando a delação premiada dos executivos da J&F e constrangeu o ministro Luiz Facchin, relator da Lava-Jato, que deu o aval para as delações da JBS, que se mostraram fraudulentas, no mínimo por omissão de fatos importantes: “Nesse caso, imagino seu drama pessoal. Ter sido ludibridado por Miller et caterva deve impor um constrangimento pessoal muito grande (…) certamente tão poucas pessoas na história do STF correm o risco de ver o seu nome e o da própria Corte conspurcados por decisões que depois vão se revelar equivocadas”, disse Gilmar em uma reunião da 2ª Turma.

Refúgio de furacões | Míriam Leitão

- O Globo

Foi mais um dia de alguma notícia boa na economia e muita turbulência na política. O presidente Temer será novamente investigado, desta vez com autorização do ministro Luís Roberto Barroso. Na economia, o Banco Central avisou que os juros vão cair mais devagar, mas permanecerá sendo usado o estímulo monetário. Isso pode levar os juros ao menor nível da era do real já em dezembro deste ano.

Também aumentaram as chances de a Selic chegar a 6,75% em janeiro. Como a projeção de inflação para 2018 está em 4,15%, o país pode iniciar o ano com juros reais de 2,6%, uma taxa baixa para os nossos padrões. O comércio em julho ficou parado, mas no acumulado do ano teve a primeira alta desde 2014.

Pelo que disse na Ata do Copom, divulgada ontem, o Banco Central vê a economia em recuperação gradual, mas com alta capacidade ociosa, seja na indústria, seja no mercado de trabalho. Isso favorece a retomada do crescimento do PIB sem pressionar a inflação. O mercado prevê o IPCA em torno de 4% para o ano que vem, o próximo, e o seguinte. Ou seja, acha que a inflação caiu e lá permanecerá. Ao mesmo tempo, o BC diz que o cenário externo é favorável, com baixas taxas de juros no mundo, muita liquidez e apetite por risco, o que ajuda na vinda de dólares para o Brasil. Tudo somado, a Selic poderá ter mais três cortes de juros antes que se encerre o ciclo atual.

Truculência partidária | Rosângela Bittar

-Valor Econômico

Romero Jucá segue cavando seu abismo com desenvoltura

O deputado Jarbas Vasconcelos é fundador do PMDB, foi um dos líderes do grupo autêntico do partido, uma espécie de braço executivo das formulações políticas de Ulysses Guimarães e comandante do partido em Pernambuco, Estado de que já foi governador e já representou, em Brasília, tanto no Senado quanto na Câmara. Em nenhum momento da atribulada história do partido, porém, sempre tão dividido, tão acusado e tão criticado, Jarbas teve que se sentir nauseado com atitudes e golpes de violência partidária de vez em quando desferidos.

Fosse o que fosse, o PMDB tinha um lado de tolerância, de acomodação das forças políticas que dava gosto ir-se mantendo no grupo. É uma marca Ulysses que permaneceu na linha da história.

Agora, qual sentimento deve ter o deputado Jarbas Vasconcelos diante do golpe que está tentando lhe aplicar o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR)? Uma rasteira bem engendrada, cheia de dissimulações e truques grosseiros, tendo como instrumento o senador Fernando Bezerra Coelho (PE).

Um grupo de políticos do PSB vinha negociando sua transferência para o DEM com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, quando foi atropelado por uma jamanta. No time estavam o senador Bezerra Coelho e o seu filho, ministro das Minas e Energia, Fernando Filho, os dois com projeto político enraizado em Pernambuco onde o PSB está aliado ao PMDB de Jarbas e não ao DEM. O ex-deputado Raul Henry (PMDB), presidente do diretório, é vice governador de Paulo Câmara (PSB), num acordo costurado pelo falecido Eduardo Campos, morto na campanha presidencial de 2014.

Um banco banana | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Coragem é a virtude que se exige do guerreiro, não do banqueiro. Ainda assim, o Santander tem exagerado na covardia.

O primeiro gesto público de pusilanimidade foi durante a campanha presidencial de 2014. Uma analista do banco enviara comunicado aos clientes de seu segmento alertando para o fato de que o mercado reagiria negativamente a um crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais. O PT reclamou, e o Santander, em vez de bancar a análise, aliás, corretíssima, da funcionária, demitiu a moça.

Movimento dos barcos | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Quando a notícia chegou, lembrei-me da velha música de Jards Macalé e José Carlos Capinam, na voz de Maria Bethânia, um dos ícones da Tropicália. “Tô cansado/E você também/Vou sair sem abrir a porta/E não voltar nunca mais/Desculpe a paz que eu lhe roubei/E o futuro esperado que eu não dei/É impossível levar um barco sem temporais/E suportar a vida como um momento além do cais”. No contexto em que foi lançada, a letra do baiano Capinam tinha duplo sentido, assim como a melancólica melodia tecida no violão de Macalé.

No começo dos anos 1970, o regime militar estava em pleno processo de fascistização. Ninguém imaginava a política de distensão de Geisel e a acachapante vitória da oposição nas eleições de 1974, que desencadeou nova onda de repressão contra os que conseguiram permanecer no país e organizaram a resistência pacífica e democrática de oposição. Naquela época, muitos foram forçados ao exílio, estavam presos, foram mortos ou haviam desaparecido. Hoje, o sentido pode ser outro, em meio à crise ética. Ainda bem que a recessão acabou.

A letra fala em partida e derrota, em decepção e separação: “Não quero ficar dando adeus/Às coisas passando, eu quero/É passar com elas, eu quero”. E deixa um fio de esperança: “Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando, não/Lamentando o eterno movimento/Movimento dos barcos, movimento”. Lembrei-me do Porto de Santos, cuja barra já cruzei no velho Normandie, do meu amigo Jadir Serra, saindo do canal do Guarujá rumo à Ilha Grande, no litoral fluminense.

Crime e cassino na eleição de 2018 | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Adeptos do governismo, adesistas por interesses diversos, animaram-se com as notícias econômicas e político-judiciais de setembro. Acreditam que o programa liberal tem mais chance de sobreviver até a eleição de 2018 e depois.

Os motivos da animação são três.

Um, o suposto enfraquecimento da Procuradoria-Geral da República e até da Lava Jato, dada a lambança no caso Joesley, o que reduziria a probabilidade de queda de Michel Temer ou de tumulto político crítico para a economia. No limite do otimismo, essa estabilidade podre tornaria possível até a aprovação de alguma reforma da Previdência.

Dois, a derrocada de Lula tornaria improvável a vitória da esquerda em 2018.

Três, mesmo a recuperação nanoscópica da economia, com perspectiva de um crescimento de 2% e algo mais em 2018, baixaria o nível de tensão socioeconômica, o que diminuiria o apelo de candidaturas "extremistas", "populistas" etc.

O risco Lula na Bolsa | Fábio Alves

- O Estado de S.Paulo

Qualquer notícia que indique impedimento da candidatura Lula alimentará o otimismo

Após ter registrado ontem o mais alto fechamento de sua história, aos 74.538,55 pontos, o Ibovespa deve ficar cada vez mais sensível daqui em diante ao noticiário relacionado às eleições presidenciais de 2018.

É razoável dizer que, aos níveis atuais de preços, a Bolsa de Valores brasileira atribui uma probabilidade maior do que 50% de vitória na eleição presidencial de um candidato oriundo da base aliada do governo Michel Temer – em particular do PSDB, DEM ou PMDB – e que representaria a continuidade da atual política econômica. Mas a parcela de probabilidade de vitória de algum candidato que representaria uma oposição a essa política econômica ainda não é desprezível.

Em especial, a probabilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer, ir ao segundo turno e ganhar o pleito é um risco aos olhos dos investidores que impõe algum limite hoje aos preços das ações.

Liberdade, liberdade | Monica De Bolle

- O Estado de S.Paulo

“Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós. E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.
Samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, 1989

O xingamento mais divertido que recebi foi há alguns anos, após ter traduzido a obra de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI. Alguns autoproclamados liberais, revoltados com a audácia de transpor para o português aquela que era considerada a obra de economia mais importante de 2013 e 2014, escrita por economista “de esquerda”, resolveram me chamar de “aquela tradutora do Piketty”. Imagino que sejam os mesmos liberais que hoje defendem a censura em nome “da ordem e dos bons costumes”, aqueles ameaçados por obras de arte – pouco importa a suposta qualidade de tais obras. Liberais que defendem a censura por terem tido suas sensibilidades ofendidas são contradição em termos. Liberais que agora gostam de Piketty pelo seu mais recente estudo sobre o Brasil são engraçados.

Thomas Piketty voltou às manchetes brasileiras depois que recente trabalho seu revelou a falácia do mito da queda da desigualdade no Brasil. Hoje, aqueles que atacaram o autor e sua obra por considerá-los demasiado “esquerdistas” o exaltam por desvelar mitologias do lulopetismo. No Brasil, persiste a ideia no debate econômico de que linhas de pensamento correm em paralelo e não podem jamais se cruzar. Mas eis que Piketty apresentou fatos e dados que condizem com o que muitos imaginavam e que, além disso, servem para alimentar a retórica política de um grupo de sociedade.

Reforma da previdência ajuda, mas não salva o país | Cristiano Romero

- Valor Econômico

Tarefa de consertar finanças públicas por reforma do Estado

O Brasil vive tragédia fiscal cujos impactos na vida dos cidadãos já estão sendo sentidos em Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e no Distrito Federal, onde os funcionários públicos estão recebendo os salários com atraso e vários serviços públicos estão funcionando precariamente. No caso da União, isso não ocorreu ainda porque o governo tem a possibilidade - vedada aos outros entes da federação - de levantar dinheiro no mercado e usá-lo para pagar as despesas, mas todos sabemos que não é possível aumentar a dívida indefinidamente. Em algum momento, os credores (cidadãos comuns com conta em banco, banqueiros, investidores, estrangeiros etc) duvidarão da capacidade da União de continuar pagando a dívida e, por isso, passarão a cobrar do Tesouro juros cada vez mais altos para comprar os títulos. Os capítulos seguintes serão o calote e o caos.

O desastre foi construído ao longo de décadas por decisões decorrentes, em última instância, do pacto político estabelecido pela sociedade, mas foi consumado entre 2008 e 2015 pelos governos Lula e Dilma. Nesse período, a despesa corrente do governo federal cresceu 51% acima da inflação e a receita, 14,5%. O descompasso teve consequência: a explosão da dívida. Nos oito anos, a dívida bruta do governo geral - que inclui os governos federal, estaduais e municipais, além do INSS - saltou de R$ 1,7 trilhão para R$ 3,9 trilhões.

O crime e a política – Editorial | O Estado de S. Paulo

Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal a terceira denúncia, por organização criminosa, contra lideranças de um partido político. Antes haviam sido acusados políticos do PP e do PT. Agora, foi a vez de integrantes do PMDB. Os três casos parecem confirmar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) faz uso distorcido do material recolhido pela Operação Lava Jato, dando por certo que os partidos são organizações criminosas. Ou, pior ainda, que a atividade política pressupõe a prática criminosa.

Uma coisa é a existência de criminosos em algumas legendas, outra coisa é que a legenda seja uma organização criminosa. Uma terceira, ainda, é que a política seja necessariamente espúria. Além de ser um tratamento abusivo das provas, já que se deduzem coisas que não estão nos autos, a confusão promovida pelo Ministério Público conduz à mais perigosa das conclusões, nunca dita, mas habitualmente insinuada: a equiparação entre atividade política e atividade criminosa.

Segundo a denúncia apresentada na sexta-feira passada, os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) e os ex-senadores José Sarney e Sérgio Machado “integraram núcleo político de organização criminosa estruturada para desviar em proveito próprio e alheio recursos públicos e obter vantagens indevidas”, tendo recebido R$ 864 milhões em propina por contratos na Petrobrás. O caso refere-se a um inquérito da Operação Lava Jato, aberto em março de 2015. A PGR sustenta que a atuação dos políticos do PMDB causou prejuízos de R$ 5,5 bilhões à Petrobrás e de R$ 113 milhões à sua subsidiária Transpetro.

CPI da JBS não pode ser instrumento de vingança – Editorial | O Globo

As circunstâncias da comissão, seu presidente e seu relator já deixam claro que a intenção é revidar contra Joesley e Janot, o que pode destruir empregos na empresa

Instrumento poderoso e imprescindível, para os representantes eleitos pela população investigarem atos da administração pública, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) depende de quem a convoca. Se a qualidade da Câmara e do Senado responsáveis por sua convocação for baixa, nada de sério pode-se esperar da comissão. É o que transparece da CPI mista, das duas Casas do Congresso, que vai investigar a JBS.

Não que inexistam motivos para se projetar luz na maneira como um grupo surgido de um açougue de Anápolis (GO), na década de 50, se tornaria o maior produtor do mundo de proteína animal, ao ser beneficiado pela injeção de dinheiro público, via BNDES, na política lulopetista dos “campeões nacionais”. O que preocupa nesta comissão são as nítidas impressões digitais do Palácio do Planalto e do grupo que cerca o presidente Michel Temer, atingido por delação premiada de um dos donos da JBS, Joesley Batista, hoje trancafiado na Papuda, em Brasília, junto com o executivo Ricardo Saud.

Judiciário custa caro e segue moroso em suas decisões – Editorial |Valor Econômico

O Judiciário passa por um de seus momentos mais críticos. Questiona-se a morosidade dos julgamentos, e não é pequena a parcela da população que relaciona a demora no andamento dos processos à impunidade, especialmente dos criminosos mais ricos, que se valem dos recursos judiciais para postergar o ajuste de contas com a sociedade.

As críticas à ineficiência ganham maior relevância quando confrontadas com os custos elevados do Judiciário, originados não apenas dos salários, por si só os mais elevados do funcionalismo público, mas também de uma série de penduricalhos geralmente inalcançáveis pelos demais trabalhadores, como auxílio-moradia ou auxílio-educação.

Mais recentemente, foram acrescentados a esses problemas, o vazamento de informações, a atuação política em defesa de governantes e parlamentares amigos, a exposição pública de desavenças e inimizades dentro da Corte e até as suspeitas de suborno para a vendas de sentenças. O novo relatório anual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aumenta essa pressão.

Apostas de risco – Editorial | Folha de S. Paulo

No primeiro semestre de 2008, a economia brasileira vivia sua conjuntura mais virtuosa desde o restabelecimento da democracia. Em 20 de maio daquele ano, a Bolsa de Valores registrou recorde, em valor nominal das ações negociadas, só batido mais de nove anos depois —nesta semana.

Dificilmente seria possível imaginar um contraste tão intenso entre dois momentos separados por menos de uma década.

No primeiro, o país crescia à taxa de 6% ao ano, com inflação sob controle; a escalada da arrecadação equilibrava as contas do governo, e a dívida pública havia caído abaixo do patamar de 60% do PIB.

Mesmo na ausência de reformas necessárias, como a da Previdência, obtinha-se o almejado grau de investimento seguro conferido por agências internacionais.

Agora, um improvável otimismo, de bases frágeis, embala o mercado acionário. O valor das companhias listadas na Bolsa superou os R$ 3 trilhões –o que ainda está longe dos patamares de 2008, se considerada a inflação. Mas, dados os riscos que cercam a economia nacional, a marca não deixa de ser surpreendente.

FAP e ITV debatem “desafios políticos” em seminário internacional nos dias 14 e 15

- Portal da FAP

A FAP (Fundação Astrojildo Pereira) em parceria inédita com o ITV (Instituto Teotônio Vilela) realizará, nesta quinta-feira (14) e sexta-feira (15), em São Paulo (veja a programação abaixo), o seminário internacional “Desafios políticos de um mundo em intensa transformação”, que pretende discutir temas de grande importância para o Brasil e o mundo. Como está a democracia brasileira? Qual a representatividade do cidadão? Quais as mudanças que a globalização tem causado na estrutura das sociedades? Como o mercado de trabalho mudou por conta da revolução tecnológica dos últimos anos? Como o nosso país tem sido afetado por um dos grandes males deste século: a corrupção?

O seminário terá entre seus debatedores nomes reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, como do ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS nacional e de Cristovam Buarque, senador pelo PPS-DF e presidente do Conselho Curador da FAP. O evento contará com os palestrantes Adrian Wooldridge (Coautor de A Quarta Revolução), Stefan Folster (Coautor de Riqueza Pública das Nações), Gianni Barbacetto (Coautor de Operação Mãos Limpas) e outros importantes convidados reconhecidos internacionalmente.

De acordo com André Amado, secretário executivo do seminário, o evento surgiu da necessidade de se discutir temas imprescindíveis à população, não só brasileira, mas também mundial. “O seminário buscou reunir nomes respeitáveis em diversas áreas, pois as questões atuais são de grande complexidade e exigem pessoas de alto nível para debatê-las”, avalia.

“O mundo está em repletas transformações. As garantias que tínhamos tempos atrás não existem mais. Temos liberdade de impressa, mas temos crise de democracia; temos a globalização com promessa de prosperidade, porém uma desigualdade social acentuada; temos o avanço tecnológico, contudo milhões de desempregados”, completa o secretário executivo do seminário.

Para Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira, o evento se reveste de grande importância pelos temas atuais que pretende discutir, como a questão da globalização, da democracia brasileira e do combate à corrupção, com exemplos do que foi feito em outros países. “É uma oportunidade única de debater algumas das questões mais importantes da atual conjuntura política brasileira, à luz da experiência internacional”, avalia Azedo.

Temas
O seminário será divido em quatro temas. O primeiro deles, Crise de representação política e o futuro da democracia. Nesta mesa será abordada a questão da democracia brasileira: como em um país que se tem 513 deputados, 81 senadores e mais de 30 partidos pode se garantir o fortalecimento da democracia e a representatividade do cidadão?

A globalização e a mudança da estrutura das sociedades será o segundo tema em debate. Para esta discussão um dos convidados foi Caetano Araújo, sociólogo e consultor legislativo do Senado Federal. Para ele, a globalização é um processo contraditório. “Ao passo que vemos, por exemplo, o desemprego crescer na Europa e nos EUA, a crise do Estado de bem estar e o aumento de posições politicas nacionalistas e xenófobas, também vemos milhões de pessoas retiradas da pobreza na Ásia e, ao que tudo indica, na África”, informa Caetano.

O terceiro tema que será abordado será A revolução tecnológica e o mercado do trabalho. Nesta mesa será discutido, segundo André Amado, como o avanço tecnológico tem modificado as relações de trabalho e também sociais. “O avanço tecnológico tem deslocado milhões ao desemprego, ao mesmo tempo que proporcionou melhorias na qualidade de vida das pessoas e também na capacidade técnica de diversos trabalhos”, avalia o secretário-geral do seminário.

O quarto e último tema é algo bastante recorrente na vida politica brasileira: a corrupção. A temática Mãos Limpas e Lava Jato, relações de força e limites irá abordar casos de corrupção e de combate à mesma, que ocorreu na Itália e, atualmente, ocorre no Brasil. Para Alberto Aggio, historiador e dirigente da FAP, embora as duas operações em questão sejam distintas, “será importante realizar um debate esclarecedor sobre a positividade e os limites dessas operações, e ver suas relações com a democracia e a necessidade de alicerçar a coesão social em torno de ideias fundamentais, como a do bem-comum.” (Assessoria FAP – Germano Martiniano/Paulo Jacinto)

PROGRAMAÇÃO
Seminário Internacional “Desafios políticos de um mundo em intensa transformação”
Local: Hotel Maksoud Plaza, Rua São Carlos do Pinhal, 424, Bela Vista, São Paulo.
Promoção: ITV (Instituto Teotônio Vilela) e ITV (Fundação Astrojildo Pereira)
Inscrições: ITV e FAP (veja aqui)

“Acho que estamos vivendo um momento de grande participação política diz Freire

“A sociedade já começa a se organizar para eleição de 2018”

- Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar

Apesar de uma descrença que muitos apontam como generalizada em relação à classe política, o Brasil vem passando por um momento de intensa mobilização da sociedade como raras vezes se viu. A avaliação é do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou nesta terça-feira (12) do programa “Via Paulista”, da Rádio Trianon (AM 740 KHz), apresentado pela jornalista Adriana Cambaúva.

O parlamentar falou sobre o seminário internacional “Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação” (veja aqui), que será realizado nos dias 14 e 15 de setembro, em São Paulo. O evento, organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), terá em sua abertura oficial palestras de Freire, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

“Acho que estamos vivendo um momento de grande participação política. Isso pode parecer estranho, mas é o que eu sinto”, afirmou o deputado. “As pessoas ficam imaginando que participar da política é apenas quando se preocupa com eleição, com partido… Não. A participação política é se preocupar com os nossos destinos, com as nossas vidas, com o Brasil. As pessoas estão acompanhando os processos de investigação e entendem o que significa o Poder Judiciário, o que cabe ao Poder Legislativo… Tenho até certo otimismo de que, mesmo com um descrédito em relação à política, a sociedade começa a se mobilizar com vistas às eleições de 2018.”

Consumo puxa economia e faz disparar ações do varejo

Por Juliana Machado | Valor Econômico

SÃO PAULO - No momento em que a bolsa de valores brasileira ganha impulso e o Ibovespa rompe níveis históricos, ações de companhias de varejo básico e consumo de eletrodomésticos, vestuário e alimentação proporcionam ganhos extraordinários a seus acionistas. Em movimento coerente com a dinâmica de recuperação da economia, puxada pelo consumo, os papéis dessas empresas tiveram neste ano alta muito superior aos 23,76% do Ibovespa. Magazine Luiza, por exemplo, subiu 423%, Guararapes, 130% e Arezzo, 125%. Outros bons exemplos são Hering, Via Varejo, B2W, Renner e Pão de Açúcar.

A queda dos juros e a retomada gradual do crescimento econômico compõem a equação que provocou a recente recuperação da bolsa e mantém boas perspectivas para essas ações. Para analistas ouvidos pelo Valor, a retomada beneficia primeiramente empresas que atendem o consumo de menor valor, menos dependente do crédito e que tira proveito da melhora da renda real provocada pela queda da inflação.

A leitura é de que muitos consumidores só vão conseguir trocar de carro dentro de um ano e comprar um apartamento em 2019, mas já começam a adquirir eletrodomésticos e roupas.

Especialistas consideram que muitos desses papéis de empresas de varejo ainda têm espaço para ganhos. Ricardo Peretti, da Santander Corretora, chama a atenção para o fato de que há algumas empresas com cotações ainda relativamente baratas, como Americanas, Hering e Carrefour, pelas quais o interesse do investidor pode ser maior.

Levantamento feito pelo Valor Data mostra que a receita dessas empresas teve uma clara recuperação nos últimos trimestres, desempenho que contrasta com companhias que reagem mais diretamente a investimentos, como bens de capital e siderurgia, ou das incorporadoras, que dependem da capacidade de endividamento de longo prazo do consumidor.

Crescimento sem alta da inflação no mundo rico é situação 'sem precedentes', diz Arminio

Por Sergio Lamucci | Valor Econômico

SÃO PAULO - A combinação de crescimento um pouco mais forte com inflação muito baixa nos países ricos é uma "situação rara" e "provavelmente sem precedentes", que não tem uma única explicação, avalia o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga. Ao falar sobre o fenômeno, Arminio aponta a influência do envelhecimento da população e da perda de fôlego da produtividade, pelo lado da oferta, citando também o impacto do endividamento excessivo, em grande parte resolvido no caso das famílias americanas, mas ainda não solucionado no caso dos governos.

Além disso, há uma "certa tendência de perda de poder dos sindicatos", num cenário marcado pelo "aumento incrível" da força de trabalho mundial nos últimos 30 anos, com a integração maior da China e da Índia à economia global, avalia Arminio. Para completar, o fato de as expectativas de inflação estarem extremamente bem ancoradas nos países avançados também parece ter um papel nessa história. "É muito difícil dar uma resposta em cima de um ponto só, há várias coisas que se complementam", afirma.

Para países emergentes como o Brasil, crescimento mais forte com inflação baixa nos países desenvolvidos "é tudo de bom", na visão de Arminio, sócio da Gávea Investimentos. A combinação significa demanda maior pelos produtos brasileiros, ao mesmo tempo em que os juros externos permanecem baixos. "Mas isso tem seus limites naturais. É melhor não achar que é para sempre", adverte ele. "No momento, esse clima externo nos dá tempo para as necessárias correções de rumo político e fiscal."

Gilmar diz que MPF vive 'putrefação' e que Fachin pode manchar seu nome

Letícia Casado | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Durante sessão nesta terça-feira (12), o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que o Ministério Público Federal vive momento de "putrefação" e que o colega Edson Fachin corre o risco de manchar seu nome. O relator da Lava Jato rebateu e disse que está com a "alma em paz".

Gilmar mencionou a atuação do ex-procurador Marcello Miller, que esteve no grupo do procurador-geral Rodrigo Janot na Lava Jato e agora é o pivô da crise que pode levar à anulação dos benefícios concedidos aos executivos da JBS, que estão presos.

"Neste caso, ministro Fachin, imagino seu drama pessoal", afirmou.

"Ter sido ludibriado por Miller 'et caterva' ["seus comparsas", em latim] e ter tido o dever de homologar isto [a delação dos executivos do frigorífico] deve lhe impor constrangimento pessoal muito grande nesse episódio JBS", afirmou.

A manifestação de Gilmar durou cerca de 15 minutos, nos quais ele fez críticas ao trabalho do Ministério Público, a algumas delações da Lava Jato e repetiu que se sentia constrangido pela situação de Fachin.

"Não invejo a sua situação. Acho que Vossa Excelência desempenha um papel importantíssimo e também não invejo os seus dramas pessoais internos que certamente devem haver", disse Gilmar a Fachin.

Dominó do crime

Qual será o futuro dos delatores e das provas apresentadas no acordo de delação premiada?

Vera Chemim* | O Estado de S.Paulo

O atual contexto político-institucional apresenta muitas nuances entre o preto e o branco, no que diz respeito ao futuro próximo dos delatores da JBS e das provas que apresentaram em sua delação, ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Diante da ainda suposta omissão e/ou depoimentos que demandam um profundo exame jurídico para serem corroborados ou não, o objetivo imediato é saber:

- o novo desdobramento daquelas delações, principalmente, no que se refere às provas coletadas, ambos, objeto de decisão do STF; e
- o seu impacto, caso elas sejam anuladas, nas várias investigações em curso, que envolvem nomes de políticos tradicionais, como Lula, Dilma, Temer, Aécio Neves, bem como alguns dos ministros do atual governo.

A Corte terá ainda, a importante missão de julgar a suspeição de Janot, uma vez que estará em jogo, uma provável e segunda denúncia contra Temer e a decorrente validade das provas dos mesmos delatores.

A uma passante | Charles Baudelaire

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!