terça-feira, 26 de setembro de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

Partido político existe para afirmar o que pensa e qual é o seu projeto, o seu objetivo. E isso não é só nos momentos eleitorais. Nós estamos sendo chamados agora, como partidos políticos, a nos posicionarmos. Não existimos apenas para lançar candidatos. É também para isso, que é algo importante, mas não só. Temos de discutir com outras forças políticas o que o Brasil precisa e o que a sociedade espera de nós.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, em pronunciamento no Congresso Municipal de S. Paulo, do PPS, Domingo, 24/9/2-017.

É duro voltar | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Olhar o Brasil de fora causa perplexidade e uma tristeza sem fim

Acompanhar de longe as notícias sobre o Brasil é um exercício complexo e deixa qualquer um numa tristeza sem fim. Um País tão lindo, tão diversificado, cheio de potencialidades, mas atolado numa corrupção gigantesca, numa desigualdade feroz e numa violência urbana sem paralelos, girando em círculos, sem saída. De dia é pânico, de noite é rock and roll. Mas o pânico fica, o rock acaba.

O bom da história é que a economia vem aos poucos se descolando do descalabro na política e tentar entender essa bifurcação é um desafio e tanto, até mesmo para os experts. Só não é difícil imaginar como está o clima no governo, particularmente no Planalto, com o presidente Michel Temer novamente no foco.

As manchetes políticas não são apenas devastadoras como abafam os bons resultados na economia que pipocam daqui e dali. Temer é alvo do segundo processo e de delações premiadas que vão sendo estrategicamente divulgadas. É Petrobrás, é Furnas, é CEF. Como destacar boas novas?

Primeiras, segundas e terceiras intenções | Raymundo Costa

- Valor Econômico

Texto do Senado tem emenda chamada Doria

A dita mãe de todas as reformas deu em nada, ou melhor deu no fundo para financiar as campanhas eleitorais que era aonde todos queriam chegar. Nem mesmo o fim das coligações nas eleições proporcionais (vereadores e deputados), primeira medida para o enxugamento partidário, deve ser comemorada, visto que ficou para 2020 e até lá sempre se pode dar um jeitinho para que tudo permaneça como está. O passado fala pelo Congresso.

Segundo cálculo feito nos partidos, apenas o fim da coligação proporcional (na qual uma legenda pequena se junta a outra maior para conseguir um ou dois deputados) reduziria o número de 25 partidos atualmente representados na Câmara dos Deputados para seis ou sete, nas próximas três eleições. A Câmara também aprovou a cláusula de barreira, pela qual os partidos devem ter um percentual mínimo de votos nacionalmente, mas esta exigência também foi rebaixada. E a redução do número de partidos é fundamental para a retomada das condições de governabilidade no país.

A esta altura, a verdadeira reforma está sendo tecida no Senado a partir de um esboço desenhado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para o fundo eleitoral. O texto final deve ser dado pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE), provável relator da matéria, ainda a confirmar. Da Câmara deve ficar o relatório aprovado da deputada Shéridan (PSDB-RR) - cláusula de barreira mitigada e o fim das coligações nas proporcionais.

Força-tarefa no Rio | Merval Pereira

- O Globo

Os precedentes de sucesso no Acre e, sobretudo, no Espírito Santo, indicam que a criação de uma força-tarefa para combater o crime organizado, sem prazo determinado, com uma visão de longo prazo e sem estar atrelada a mandatos governamentais, é o melhor caminho para restabelecer a supremacia da lei no Estado do Rio.

A criação dessa força-tarefa, reunindo equipes do Ministério Público Federal, da Justiça Federal, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, para combater o estado paralelo criminoso que aqui se instalou, é a grande proposta do ministro da Defesa, Raul Jungmann, que depende da aceitação da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

O diagnóstico das forças de segurança é de que o estado foi capturado pela corrupção e pela criminalidade, ambos se cruzando. Temos cerca de 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro vivendo em um estado de exceção, sob o controle de bandidos, milicianos ou traficantes. Quem tem esse controle sobre o território, o que distingue, no mau sentido, o crime organizado no Rio de outros estados da Federação, tem o controle político, é capaz de direcionar votos, de eleger seus representantes, fazer seus aliados, que se encontram na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e mesmo no Congresso Nacional.

Bem comum ou guerra tribal |Joel Pinheiro Da Fonseca

Uso de rótulos como manobra de desqualificação é sintoma de nossa preguiça intelectual

- Folha de S. Paulo

Os rótulos estão em alta; o pensamento, em baixa. Seja "esquerda", "direita", "liberal", "conservador", "progressista", todo mundo quer um cercadinho ideológico para chamar de seu. Nesse pacote, você ganha algumas opiniões prontas, palavras de ordem e inimigos determinados. Melhor de tudo: de agora em diante, para criticar alguma posição ou pessoa, não é preciso argumentar; basta atribuir a ela o rótulo contrário.

A tática não é nova. Cresci vendo opiniões serem automaticamente desqualificadas como "neoliberais". Agora o hábito se difundiu, e dá para desmerecer posicionamentos de todo o espectro político: petralha, reaça, extrema direita, extrema esquerda. Em vez de mostrar que ele produzirá efeitos ruins na sociedade, partimos do pressuposto de que sua fonte ideológica é maligna. E quanto mais nossos aliados acreditarem que estão em algum tipo de cruzada santa (pela civilização ocidental, pela liberdade, pelos direitos humanos, etc.), mais fácil é o trabalho.

Entendimento geral | Miriam Leitão

- O Globo

Ao desistir de extinguir a Renca, o governo disse que houve uma “incompreensão geral da sociedade”. Não. Todo mundo entendeu muito bem e isso é que foi um problema para o governo. Como apenas uma parte pequena do território estava fora das áreas de conservação, o que ficou claro é que o fim da reserva mineral era o começo do desmonte das reservas ambientais na região.

O governo deve ter pensado que algo com o nome estranho de Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados) não teria apelo algum para mobilizar a opinião pública, ainda mais sendo uma reserva mineral e criada na época do governo militar. Mas o problema foi a compreensão geral da sociedade sobre o que significava tudo aquilo para a Amazônia: um risco.

Primeiro, está em andamento uma escalada de desmonte de legislação ambiental, como concessão para grupos de interesse contrários à conservação. Segundo, muito recentemente o governo tomou a insensata decisão de reduzir o tamanho da Floresta Nacional de Jamanxin, em mais um sinal de incentivo aos grileiros. Jamanxin é um ícone da luta do Estado contra os desmatadores ilegais. Ela fica ao lado da BR-163 e desde que foi criada, em 2006, há pressão para que o governo recue. Os grileiros optaram pela técnica do fato consumado: entraram depois da criação e alegam que estavam lá muito antes. Mas os arquivos das imagens de satélite de como era em 2006, e como é agora, confirmam que a invasão ocorreu após a área ser oficialmente destinada à conservação. Quando o governo aceitou a pressão para refazer os limites da Floresta Nacional, ele estimulou esta e outras invasões.

Conselho de Relações Internacionais | *Rubens Barbosa

- O Estado de S.Paulo

Um fórum paulista para discutir políticas nas áreas externa e de comércio exterior

As relações internacionais e a política externa são domínios pouco frequentados pelos políticos brasileiros, com as exceções de praxe. A percepção é de que trabalhar nessa área não dá votos e tem pouca repercussão interna. Mesmo em se tratando de comércio exterior, são poucos os congressistas que estão acompanhando as políticas internas e a evolução das negociações internacionais.

Poucos se dão conta de que, com as transformações profundas por que passa o cenário global, praticamente desapareceu o limite que sempre existiu entre a agenda do que acontece no mundo e a formulação e a execução da política econômica e de comércio exterior doméstica.

Se o presidente Donald Trump adotar medidas internas para proteger a indústria norte-americana, as empresas industriais brasileiras que mantêm comércio com esse país terão de se ajustar. As negociações de acordos de livre-comércio podem demandar a alteração de normas legais internas, como estamos acompanhando com os mega-acordos regionais, que estão criando regras e padrões que vão forçar os países a se ajustar se quiserem manter suas exportações. Decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) questiona a política industrial brasileira nos setores automotriz e de informática e caso o órgão de apelação em Genebra decida contra o Brasil o governo vai ter de compatibilizar os subsídios, os incentivos e o apoio a pedidos de conteúdo nacional com as regras multilaterais não discriminatórias. Tudo isso tem que ver com políticas econômicas e industriais internas e com a geração ou a perda de empregos.

'O sucatão está decolando' | José Márcio de Camargo*

- O Estado de S.Paulo

É surpreendente que alguns analistas continuem a menosprezar as reformas implementadas pelo governo

O sucatão está decolando.” Essa frase supostamente irônica foi dita pela jornalista âncora de um dos principais noticiários de uma das redes de comunicação mais importantes do País, surpresa diante da notícia de que a economia brasileira voltou a crescer e a taxa de desemprego entrou em trajetória de queda.

A jornalista não está sozinha. Um grande número de analistas (com muitas e boas exceções) se surpreendeu com a retomada do crescimento da economia, a queda do desemprego e da inflação. Essa surpresa decorre de uma cegueira mais ou menos generalizada, em parte por razões puramente ideológicas e, em parte, pela incapacidade de separar questões relacionadas a disputas política, jurídica e moral de decisões de política econômica corretas e coerentes.

Desde maio de 2016 o atual governo implementou um conjunto de reformas que reverteram uma estagnação que durou dois anos (2013-2014), seguida de dois anos de recessão (2015-2016), e que levou a taxa de inflação a 11% ao ano e a taxa de desemprego a 13% da força de trabalho.

Algumas dessas reformas tiveram efeito imediato, como a lei de conteúdo nacional, o fim da obrigação de que a Petrobrás participasse de todos os leilões do pré-sal, a liberalização dos preços dos combustíveis, a redução de tarifas de importação de bens de capital, a decisão do Banco Central de manter a meta para a inflação em 4,5% em 2017 e só começar a reduzir a taxa de juros quando as expectativas e a própria inflação deram sinais de queda.

Merkel terá grandes desafios no quarto mandato – Editorial | O Globo

Avanço da extrema-direita nas eleições alemãs e fim da coalizão com os sociais-democratas exigirão da chanceler novas coligações no Bundestag para governar

Com 33% dos votos (246 cadeiras), a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, conquistou o quarto mandato para dirigir o país. A vitória, porém, teve gosto amargo: foi o pior resultado desde 1949, ficando 8,5 pontos percentuais abaixo das últimas eleições, em 2013. Mas a água no chope de Merkel veio da extrema-direita, representada pela Alternativa para a Alemanha (AfD), que, com 12,6% dos votos, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, conquistou representação (94 assentos) no Bundestag, o Congresso alemão, de 709 cadeiras.

Para complicar as coisas, o Partido Social Democrata (SPD), segunda maior força eleitoral e principal aliado do CDU na coalizão governista, amargou uma derrota humilhante, obtendo apenas 20,5% (153 cadeiras) dos votos (queda de 5,2 pontos em relação a 2013), o que levou seu líder, Martin Schulz, a anunciar o rompimento da aliança com Merkel. Assim, a chanceler terá que buscar em outras agremiações, como os verdes, uma composição mínima para poder governar o país. Segundo analistas, ao compor com Merkel, o SPD viu sua identidade partidária diluída, numa espécie de simbiose difícil de distinguir entre eles e o CDU.

As demais agremiações com assento no Bundestag são: a esquerda (9,2%), o Partido Liberal Democrático (FDP, com 10,7%) e o Partido Verde (8,9%). A cláusula de barreira para obter representação no Parlamento alemão é de 5%. Sem os sociais-democratas, restará ao CDU uma coalização com os verdes e os liberais, aliança que foi batizada de “Jamaica”, devido às cores das agremiações serem as mesmas deste país.

Uma eleição, dois vencedores – Editorial | O Estado de S. Paulo

São raros os líderes mundiais que hoje têm de administrar um “problema” como o que paira sobre a mesa da chanceler Angela Merkel. A Alemanha registrou superávit fiscal em conta corrente de € 263 bilhões no ano passado, aproximadamente 8,5% do PIB, e saldo orçamentário nas contas públicas de € 24 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, o maior desde a reunificação do país, em 1990. Com números tão vistosos e situação de quase pleno-emprego, o governo precisa decidir entre o corte de impostos e o aumento dos gastos públicos.

Com as contas da Alemanha bem administradas, era previsível a recondução da chanceler Angela Merkel para o seu 4.º mandato à frente da maior economia europeia. Entretanto, o que poderia ter sido um triunfo acachapante na eleição de domingo passado foi ofuscado pela ascensão da extrema direita ao Bundestag, a Câmara dos Deputados, pela primeira vez desde o final da 2.ª Guerra.

A União Democrata-Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, saiu do pleito com 32,9% dos votos, porcentual suficiente para dar-lhe a vitória, mas 8,6% menor do que o obtido nas eleições de 2013 e o pior desempenho eleitoral da legenda desde 1949.

Com 20,6% dos votos, o Partido Social-Democrata (SPD), que compõe a coalização centrista com a CDU, também obteve um resultado 5,1% menor do que o registrado nas últimas eleições.

Teste de 'realpolitik' | Editorial | Folha de S. Paulo

Duas leituras sobressaem dentre as diversas interpretações a respeito dos resultados da eleição parlamentar da Alemanha, realizada neste domingo (24).

Obviamente, a visão mais positiva diz respeito ao histórico feito de Angela Merkel, que conseguiu seu quarto mandato como chanceler. No pós-guerra, só Helmut Kohl, o líder da reunificação do país, obteve tal façanha.

Aprecie-se ou não a forma de fazer política de Merkel, há que reconhecer o peso de um governante estar há 12 anos no poder —com a projeção de chegar a 16— em uma grande democracia ocidental.

Entretanto a vitória da chanceler foi consideravelmente ofuscada pela avaliação de viés negativo, a saber, o desempenho do partido de direita ultranacionalista AfD (Alternativa para a Alemanha).

Com quase 13% dos votos, segundo dado preliminar, a legenda deve conquistar cerca de 90 cadeiras no Parlamento (de um total estimado em 709). Houvesse conseguido um assento que fosse, já seria digno de registro: nunca uma sigla abertamente xenófoba teve representante na principal tribuna alemã desde a queda do nazismo.

A fidelidade ao eleitor – Editorial | O Estado de S. Paulo

Um em cada quatro deputados da atual legislatura trocou de partido, informou o Estado a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desde janeiro de 2015, dos 513 parlamentares, 124 mudaram de legenda. E um quarto desse grupo, 31 deputados, trocou de partido mais de uma vez. Há casos de quem, nesses dois anos e nove meses, passou por quatro legendas.

É muita troca para um sistema eleitoral onde os mandatos pertencem aos partidos, e não aos candidatos. Vale lembrar que não são permitidas candidaturas independentes, sem filiação partidária. Ou seja, no Brasil a representação política é sempre feita por meio das legendas. É dessa realidade fundamental que nasce a regra da fidelidade partidária, que deve valer para todas as eleições, tanto as proporcionais – como ocorre na escolha de deputados federais, estaduais e distritais e de vereadores – como as majoritárias, para os cargos de prefeito, governador, senador e presidente da República.

Acertadamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu em 2007 que os mandatos pertencem aos partidos, e não aos candidatos, e, portanto, quem troca de legenda deve perder o cargo. Na decisão, porém, a Suprema Corte reconheceu essa realidade apenas para as eleições proporcionais, como se o cerne da questão sobre a fidelidade partidária fosse o método de aferição do resultado da eleição – se por meio do coeficiente eleitoral, se pelos votos atribuídos a cada candidato.

O Rio precisa de ajuda integrada e permanente – Editorial | Valor Econômico

O tráfico de drogas é uma praga nacional, mas é no Rio de Janeiro onde as facções criminosas mais têm desafiado e feito progressos contra o poder do Estado. Pelas dimensões que atingiu e pelas ameaças que representam ao bem-estar público, é urgente retirar o controle do narcotráfico sobre territórios e comunidades. O Rio precisa de ajuda federal coordenada e permanente. Esse desafio não será vencido só com armas.

Condições políticas e econômicas propiciaram o reaparecimento ruidoso das facções nos morros cariocas. Uma briga de gangues por controle de mercado escancarou o que já era sabido desde que a Unidade Pacificadoras (UPPs) começaram a definhar - o governo do Rio perdeu o controle da situação. A nova onda de violência está conseguindo o impensável, que é mudar a rotina dos cariocas - de todos, pois os que moram nas comunidades são infernizados em tempo integral por marginais há muito tempo - e espalhar caos e balas por toda a cidade.

O Rio tem papel central no mapa das drogas, o que dá às facções recursos financeiros e bélicos que parecem inesgotáveis. A falência do Estado fluminense permite supor que hoje os traficantes estão mais bem equipados do que a própria polícia. E, em um toque surreal, os principais movimentos desestabilizadores da paz pública são comandados por bandidos que estão sob a tutela do Estado, atrás das grades.

‘Visões totalitárias’ desafiam democracia, diz Raquel Dodge

Breno Pires e Beatriz Bulla, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, empossou nesta segunda-feira, 25, os dez conselheiros que vão compor o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no biênio 2017-2019, com um discurso no qual defendeu a harmonia entre poderes e a estabilidade social e também falou em repúdio à corrupção e a ideias totalitárias.

"O Ministério Público, como defensor constitucional do interesse público, posta-se ao lado dos cidadãos para cumprir o que lhe impõe a Constituição, de modo a assegurar que todos são iguais e livres, que o devido processo legal é um direito e que a harmonia entre poderes é requisito para a estabilidade social", disse Raquel Dodge.

"Neste momento em que renovamos a composição do CNMP, renovamos também nossa esperança em dias melhores para o Brasil. Sob a Constituição de 1988, a nação brasileira tem escolhido construir a sua história apreciando a democracia, repudiando a corrupção e ideias totalitárias e pedindo o reconhecimento dos direitos dos cidadãos", afirmou a procuradora-geral.

Congresso tenta votar 'pacote de bondade' para os partidos

Ranier Bragon, Talita Fernandes, Daniel Carvalho | Folha de S.Paulo

BRASÍLIA - Com um resultado pífio, a atual reforma política chega à sua reta final com o debate, na Câmara e no Senado, de um pacote de pequenas alterações eleitorais com o intuito de beneficiar partidos e candidatos.

Os plenários das duas Casas podem votar nesta terça-feira (26), simultaneamente, textos parecidos com o objetivo de criar mais um fundo público para abastecer campanhas. Paralelo a isso, os projetos reúnem várias modificações na legislação eleitoral para abrandar punições a siglas e candidatos.

Todas as modificações têm de ser aprovadas por Câmara e Senado até a próxima semana para valer em 2018.

A atual reforma está dividida em dois tópicos.

1) Temas de maior relevo, que necessitam de alteração na Constituição (apoio de pelo menos 60% dos congressistas), nem chegaram a ser discutidos ou foram derrotados. Restaram apenas regras para tentar barrar siglas nanicas e que acabam com as coligações irrestritas para a eleição de deputados e vereadores. Isso pode ter sua votação concluída na Câmara nesta terça (26) e, depois disso, segue para o Senado.

2) Propostas que não necessitam de alteração na Constituição (precisam apenas do apoio da maioria dos congressistas presentes à sessão) estão reunidas em dois textos similares. Na Câmara o relator é o deputado Vicente Cândido (PT-SP). No Senado, é Armando Monteiro (PTB-PE), que usa como base proposta do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

É nesse segundo lote que está o "pacote de pequenas bondades" para o mundo político. No mais recente texto de Cândido, há, por exemplo, uma verdadeira anistia para os partidos.

Generosidade com dívidas

Para barrar segunda denúncia, Temer negocia regras do Refis contra vontade da equipe econômica

- O Globo

BRASÍLIA - Pressionado pela nova denúncia contra o presidente Temer, o governo fará novas concessões aos deputados. Contra a vontade da equipe econômica, devem ser aceitas mudanças no projeto do Refis, com regras mais flexíveis para refinanciar dívidas. Por falta de quorum, a denúncia não foi lida ontem no plenário. -BRASÍLIA- Pressionado pela segunda denúncia da PGR, por organização criminosa e obstrução de Justiça, e diante da falta de disposição da base de dar quorum para a leitura da peça e sua tramitação, o presidente Michel Temer prepara a liberação de mais dinheiro para programas como o Refis e o Bolsa Família. Contra a vontade da equipe econômica, que desejava preservar a arrecadação prevista de R$ 13 bilhões no Refis, a Casa Civil acertou uma proposta mais flexível, alterando as regras de refinanciamento das dívidas das empresas.

Segundo o “Jornal Nacional”, a nova proposta contempla quatro pontos principais na renegociação das dívidas: para pagamento à vista, desconto de 90% nos juros, 70% nas multas e 25% nos encargos; para pagamentos em até 145 parcelas, desconto de 80% nos juros, 50% nas multas e 25% nos encargos; para pagamento em até 175 parcelas, descontos de 50% nos juros, 25% nas multas e 25% nos encargos. Quem tem dívida de até R$ 15 milhões pode dar entrada de 5% ao invés de 7,5% da proposta original. A medida agrada aliados, especialmente empresários. O prazo de adesão ao Refis termina sexta-feira. Temer deve anunciar ainda um programa complementar ao Bolsa Família, que inclui 3 milhões em microcrédito.

No STF, defesas tentarão usar brecha para anular provas da JBS

Forma como delação foi negociada será posta em xeque por advogados

Carolina Brígido | O Globo

-BRASÍLIA- Alvos da delação premiada da JBS vão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular as provas apresentadas pelos delatores. Ministros da Corte ouvidos pelo GLOBO dizem que há brecha para esse questionamento antes mesmo da aceitação da denúncia.

Parte dos magistrados admite que é possível anular provas e depoimentos neste momento, seja de forma parcial ou totalmente. O principal motivo para provocar eventual nulidade é a forma como a delação foi negociada, posta em xeque a partir da divulgação dos áudios dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud. A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve adotar essa estratégia para tentar livrar o tucano das acusações.

— Tem espaço para se questionar as provas apresentadas pelos delatores da JBS. Faremos isso quando for aberto o prazo de manifestação para a defesa — disse José Eduardo Alckmin, contratado por Aécio, que responde a dois inquéritos abertos no STF com base na delação da JBS.

A delação da JBS também foi usada em outras investigações — entre elas, duas outras denúncias: uma sobre a suposta organização criminosa do PT e a outra, do PMDB no Senado. Há também um inquérito contra o senador José Serra (PSDB-SP) aberto com base na delação.

“VAI SER TUDO ANULADO”
A brecha foi identificada na semana passada, durante o julgamento que decidiu enviar a denúncia sobre Michel Temer para a Câmara. No plenário, dois ministros disseram claramente que pessoas atingidas pelas delações podem questionar a licitude das provas. Outros dois mostraram-se abertos a essa possibilidade em casos específicos. Em caráter reservado, outros dois ministros ouvidos pelo GLOBO concordam com a tese.

'Retomada enfraquece radicalismo em 2018'

• "As pessoas vão associar essa melhora da economia, senão ao governo, à agenda do governo"

• "Em 2018, juros, emprego e confiança precisarão puxar a atividade econômica para valer"


Por Sergio Lamucci | Valor Econômico

SÃO PAULO - A queda significativa da inflação e a perspectiva de manutenção desse cenário também no próximo ano têm impactos bastante amplos sobre a economia - e também sobre a politica -, segundo o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero.

Em relação a 2018, o quadro é bastante positivo, diz ele. A inflação seguirá tranquila e os juros deverão atingir níveis "ineditamente baixos", num cenário em que os gastos do governo e o crédito dos bancos públicos ficarão contidos.

Com isso, o radicalismo no cenário eleitoral tende a diminuir, diz Montero. "Vejo a economia que todo governo almeja em um ano eleitoral: retomada cíclica, comida abundante, um mundo amigável e alguém que pode ser culpada por tudo de ruim - a ex-presidente Dilma. As pessoas vão associar a melhora da economia, senão ao governo, à agenda do governo. Aumentam as chances de um candidato da agenda".

'Ano eleitoral terá juro ineditamente baixo e comida abundante'
A recuperação da atividade econômica ganha força, devendo levar a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% a 0,9% neste ano e de 3% ou até mais do que isso no ano que vem, diz o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero. Ele ressalta o papel crucial da queda da inflação para a retomada, ao levar a ganhos de renda em termos reais. Além disso, ela abriu espaço para o tombo dos juros. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2015 em 10,7% e 2016 em 6,3%, subiu apenas 2,46% nos 12 meses até agosto.

"Por trás dessa enorme desinflação está a sobreoferta agrícola", afirma Montero. Há um ano, destaca ele, o salário mínimo de R$ 880 comprava uma cesta básica e sobravam pouco mais de R$ 183; hoje, o piso salarial de R$ 937 paga os produtos da cesta e ainda restam quase R$ 300. Montero nota ainda que os rendimentos têm crescido cerca de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, descontada a inflação, segundo números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Para 2018, Montero traça um quadro positivo. A inflação seguirá tranquila e os juros deverão atingir níveis "ineditamente baixos", num cenário em que os gastos do governo e o crédito dos bancos públicos ficarão contidos e há grande ociosidade na economia. Para ele, o Banco Central (BC) poderá cortar a Selic para 7% neste ano e para 6,5% no começo do ano que vem - hoje, a taxa está em 8,25% ao ano.

Essa perspectiva de retomada mais firme tende a, no mínimo, diminuir o radicalismo no cenário eleitoral, avalia ele. "Vejo a economia que todo governo almeja num ano eleitoral: retomada cíclica, comida abundante, um mundo amigável e alguém que pode ser culpado por tudo de ruim - a ex-presidente Dilma Rousseff. As pessoas vão associar essa melhora da economia, senão ao governo, à agenda do governo. Aumentam as chances do candidato da agenda."

A seguir, os principais trechos da entrevista de Montero, que foi secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1999 e 2001.

Eleições 2018: Roberto Freire defende candidatura que unifique centro democrático

Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar

As forças do chamado “centro democrático” devem somar esforços para apresentar uma candidatura que unifique esse campo nas eleições de 2018. Essa é a leitura do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou na manhã desta segunda-feira (25) do “Jornal Gente”, transmitido ao vivo pela Rádio Bandeirantes (ouça aqui  a íntegra do programa).

Durante a entrevista ao programa, comandado pelos jornalistas José Paulo de Andrade, Salomão Ésper e Rafael Colombo, o parlamentar relembrou a disputa pela Presidência da República em 1989 e alertou para o risco de que se repita o excesso de candidaturas no pleito do próximo ano.

“A eleição de 1989 era exclusiva para a Presidência da República. Foi uma longa campanha e havia um clima de euforia no país. Tínhamos saído do regime militar e promulgado a Constituição”, lembrou o deputado. “Agora, o risco de termos muitos candidatos é algo perigoso. Estamos em um processo de depressão, em meio a uma grave crise e sem nenhum tipo de euforia, ao contrário daquele momento. Temos de ter muito cuidado.”

Para Freire, o centro democrático não pode repetir o mesmo erro de 1989 e tem de se unificar para que os extremos, seja à esquerda ou à direita, não polarizem a eleição no 2º turno. “Nesse sentido, nós, do PPS, trabalhamos para buscar a unidade do campo democrático, evitando uma perigosa polarização entre candidaturas sem nenhum compromisso democrático, seja à esquerda ou à direita”, afirmou.

A educação pela pedra | João Cabral de Melo Neto

Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.