sexta-feira, 6 de abril de 2018

Presidenciáveis

Pré-candidatos lamentam prisão, mas divergem sobre decisão

Catarina Alencastro, Maria Lima e Bruno Góes | O Globo

BRASÍLIA - Enquanto aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se revelaram surpresos com a rapidez com que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) autorizou, e o juiz Sergio Moro ordenou, a prisão do petista, opositores comemoraram a decisão afirmando que ela representa o fim da impunidade no país. Aliados de Lula afirmaram que a pressa da Justiça em prendê-lo poderia injetar ainda mais combustível no clima já inflamado desde a quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o habeas corpus do ex-presidente. Defensores da prisão do petista, por outro lado, trataram a decisão de Moro como um golpe à cultura de impunidade. Presidenciáveis comentaram a ordem de prisão. Enquanto o campo adversário de Lula cunhava expressões como “a lei vale para todos”, os candidatos de partidos aliados ao petista lamentavam a decisão e conclamavam a militância a defender Lula.

O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, lamentou o desfecho do caso e manifestou esperança de que os próximos recursos do petista no Judiciário tenham sucesso:

— Estou acompanhando com muita tristeza tudo que está acontecendo com o ex-presidente e meu amigo Lula. Por mim, e por muitos brasileiros, especialmente os mais pobres, por quem ele tanto fez. Espero que os próximos recursos possam prontamente estabelecer sua liberdade

O pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), garantiu que os militantes iriam reagir à prisão de Lula.

— Não assistiremos passivamente. Haverá resistência democrática! — disse Boulos.

A pré-candidata ao Palácio do Planalto pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, usou o Facebook para prestar solidariedade a Lula. — Seguimos juntos, Lula. O Brasil vale a luta! Ex-ministra de Lula e pré-candidata pela Rede, a ex-senadora Marina Silva disse que a prisão do ex-aliado era “triste”, mas que a Justiça limitou-se a aplicar a lei “para todos”.

— A prisão de um ex-presidente é um acontecimento triste em qualquer país. No entanto, numa democracia, as decisões da Justiça devem ser respeitadas por todos e aplicadas igualmente para todos.

RESPEITO ÀS QUESTÕES LEGAIS
No campo dos partidos de centro, o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, procurou não demonstrar satisfação com a iminente prisão petista, mas disse, nas redes sociais, que ela simboliza “o fim da impunidade”:

— É lamentável ver a decretação da prisão de um ex-presidente, mas tenho a convicção de que isso simboliza uma importante mudança que vem ocorrendo no Brasil: o fim da impunidade. A lei vale para todos.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também pré-candidato à Presidência, expressou, em nota, pesar pela ordem de prisão, mas fez questão de pontuar que a ordem do juiz Sergio Moro respeitou os ditames legais: “Aqueles que têm responsabilidade pública, em qualquer nação, não podem celebrar a ordem de prisão de um ex-presidente da República. O mandado de prisão decorreu de um processo submetido à mais alta Corte do Judiciário, em que foi respeitado o amplo direito de defesa”, escreveu Maia.

O senador Álvaro Dias (PR), pré-candidato do Podemos, disse que a impunidade perdeu:

— É lastimável ver um ex-presidente ser conduzido à prisão, mas é um avanço. A impunidade perdeu, o Estado de direito prevaleceu.

Meia-hora depois da divulgação do despacho de Moro, o deputado Jair Bolsonaro, que irá disputar as eleições pelo PSL, limitou-se a publicar no Twitter um irônico “boa noite”, acompanhado de um sinal de positivo e a bandeira do Brasil.

Fora do universo eleitoral, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse que a ordem de prisão “reedita os tempos da ditadura”. O líder do PT no Senado, Lindbergh Faria (RJ), gravou vídeo arregimentando seguidores para uma vigília na porta da casa de Lula madrugada adentro. E o líder da Minoria, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que a decisão de Moro é “um escândalo que envergonha o país”.

O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), disse, em nota, que o Brasil mudou e vive um novo momento, e quem não se conscientizar disso estará fora da política e preso respondendo pelos seus crimes. “A prisão de Lula mostra a força e a conscientização do povo brasileiro em não aceitar quem usa o cargo público para corromper e ser corrompido. É uma quebra de paradigma, pois ninguém imaginava que um dia um ex-presidente corrupto iria para a cadeia”.

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