segunda-feira, 16 de abril de 2018

Tucanos e petistas minimizam resultado do último levantamento

Principais lideranças das duas legendas consideram quadro indefinido

Aline Ribeiro e Maria Lima | O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Embora seus pré-candidatos apareçam em situações bem diferentes, o PT e o PSDB reagiram de modo a minimizar os resultados da pesquisa Datafolha sobre intenção de votos para a Presidência. No levantamento, o ex-presidente Lula lidera, com 31%, seis pontos percentuais abaixo da pesquisa anterior, de janeiro, quando aparecia com 37%. De lá para cá, Lula foi condenado em segunda instância — portanto, sujeito à aplicação da Lei da Ficha Limpa — e preso há um pouco mais de uma semana. Os candidatos alternativos do PT, como Jaques Wagner ou Fernando Haddad, não passam de 2% das intenções de voto.

Já o ex-governador paulista Geraldo Alckmin oscila entre 6% e 8% nos diferentes cenários testados. E, quando Lula está fora da disputa, Alckmin aparece atrás do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa em todos os cenários.

Mesmo assim, os tucanos viram um dado positivo na pesquisa: sem o ex-presidente Lula como candidato, o cenário mais provável, Alckmin é capaz de vencer o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Se chegar ao segundo turno, empataria com Ciro Gomes (PDT) e perderia para Marina Silva. Os tucanos criticam o fato de a pesquisa incluir no questionário de consultas candidaturas ainda não colocadas, como a de Joaquim Barbosa, e de Lula, virtualmente inelegível.

— A eleição está longe, mas um bom dado é que Geraldo vence Bolsonaro num provável segundo turno — avalia o ex-líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), vice-presidente nacional do PSDB e pré-candidato ao Senado na chapa de Alckmin.

O secretário geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), diz que o jogo está completamente aberto e o quadro sem Lula, fragmentado.

— O Joaquim Barbosa, primeiro, tem que convencer o PSB, que não tem mostrado muito interesse em lançá-lo a partir de outras prioridades. Se conseguir legenda teremos um outsider competitivo, mas que não tem perfil conhecido, agrada à direita por conta do mensalão e desagrada por suas posições contra o impeachment e outras comportamentais. Só a TV mexerá com os números — avalia Pestana.

Os integrantes do comando da campanha de Alckmin apostam que ele vai aglutinar alianças de partidos de centro. O tesoureiro nacional do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), diz que a pesquisa precisa ser vista com cautela.

— São números que não permitem inferir qualquer tipo de evolução, já que todos os cenários apresentados diferem dos apresentados na pesquisa anterior do mesmo instituto. A campanha de Geraldo Alckmin está otimista com a receptividade encontrada nesse início de précampanha e com as alianças já encaminhadas. Pesquisas são retratos do momento. E o momento é de completa indefinição — critica Sílvio Torres.

PT PROTESTA CONTRA PERGUNTAS
Representantes do PT também procuraram desqualificar o resultado da pesquisa divulgada ontem. A legenda questiona, principalmente, o fato de o nome de Lula ter sido apresentado aos entrevistados somente em três dos nove cenários hipotéticos pesquisados.

Em sua conta no Twitter, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente nacional do PT, questionou a metodologia da pesquisa: “Dos 9 cenários pesquisados, só colocam Lula, que tem o dobro do segundo colocado, em apenas 3! Como falar em cenário mais favorável pra Lula entre os 9?!”, postou a presidente do PT.

Na última sexta-feira, o Diretório Nacional do PT havia ajuizado uma representação para suspender, em caráter de urgência, a pesquisa encomendada pela Folha da Manhã ao Instituto Datafolha. Alegava que o questionário adotado no levantamento trazia perguntas que causavam danos à agremiação e ao seu pré-candidato.

Segundo os advogados que tentaram o impedimento, a pesquisa ignorou a pré-candidatura de Lula “e apresentou perguntas tendenciosas com potencial para induzir entrevistados e manipular os resultados da pesquisa”. O ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Og Fernandes negou o pedido.

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