sexta-feira, 25 de maio de 2018

Caminhoneiros dão trégua de 15 dias para tentar acordo

Brasília, Rio e São Paulo - Depois de fazer novas concessões, o governo acertou, na noite de ontem, trégua para suspender por 15 dias a greve dos caminhoneiros, iniciada na segunda-feira. Para convencer os representantes da categoria, o Palácio do Planalto concordou em aumentar de 15 para 30 dias o congelamento do preço do óleo diesel. Desta vez, para não prejudicar a Petrobras, que na quarta-feira reduziu o preço do diesel em 10% e congelou reajustes por 15 dias, o Tesouro arcará com o custo - estimado em R$ 350 milhões - da extensão da medida por mais 15 dias.
Uma das entidades que representam os caminhoneiros - a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abicam) - não participou do acordo. O presidente da entidade, José da Fonseca Lopes, abandonou, no início, reunião convocada pelo governo para tratar da greve. Integrantes das outras associações informaram, porém, que a greve deve ser suspensa hoje. Durante a trégua, Brasília tentará fechar acordo definitivo com a categoria.

Por causa do impacto negativo das decisões tomadas até agora nas contas da Petrobras, as ações da estatal sofreram forte queda ontem - 14,55% no caso das ações ordinárias (com direito a voto) e 13,71% no das preferenciais. Desde 16 de maio, quando registraram sua maior cotação em vários anos, os papéis da estatal acumulam, respectivamente, recuo de 26,56% e 26,54%. Em valor de mercado, a empresa perdeu R$ 56 bilhões em menos de dez dias.

Durante teleconferência com investidores, Pedro Parente reiterou que a empresa manterá sua política de preços - que atrela o valor dos combustíveis às flutuações dos preços internacionais - e observou que, se o governo quiser praticar subsídios, terá que reembolsar a companhia, como previsto no estatuto social da estatal. Afirmou, ainda, que se houver interferência do Palácio do Planalto nessa questão "o governo precisará buscar uma nova direção que seja alinhada a essa decisão".

No Congresso, Parente foi alvo de duras críticas. Parlamentares pediram sua demissão. "A arrogância com que o presidente da Petrobras se dirigiu ao país não pode ser acatada. Não é possível, diante de um país derretendo como o nosso, simplesmente achar que a posição técnica de um burocrata é maior do que os interesses nacionais", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

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