domingo, 22 de julho de 2018

Bruno Boghossian: O peso da TV

- Folha de S. Paulo

País está mais ligado à internet, mas 25% dos brasileiros não acessam as redes

A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) deve aparecer 80 vezes por semana na programação de cada emissora de TV a partir do fim de agosto. O PT exibirá 27 inserções, e Jair Bolsonaro (PSL) terá direito a apenas três filmetes a cada sete dias.

A corrida presidencial colocará à prova o peso da propaganda na televisão. Alckmin vai decolar nas pesquisas com seu latifúndio na TV? Limitado à internet, Bolsonaro conseguirá sustentar e ampliar seu eleitorado? O candidato de Lula se tornará conhecido até o dia da votação?

A caçada por alianças partidárias que se desdobrou nos últimos dias se justifica. Cada vez mais brasileiros se informam a partir de novos meios de comunicação, mas a TV preserva um papel relevante na política.

“Nas pesquisas sobre as fontes de informação dos brasileiros, a TV continua aparecendo em primeiro lugar”, diz Márcia Cavallari, CEO do Ibope. “Além disso, na hora da decisão do voto, a televisão e a internet têm o mesmo peso. Cada uma é citada por um terço dos eleitores.”

Ainda que exista um país cada vez mais ligado às redes sociais, cerca de 25% dos brasileiros não costumam acessar a internet.

Isso significa que 36 milhões de eleitores podem escolher seus candidatos até outubro sem consultar o Facebook.

“Aqueles que têm afinidade maior com a internet já foram atingidos pela campanha. O Bolsonaro já pescou muitos peixes nesse aquário. Não acho que consiga ganhar muito mais por esse canal”, afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

Eleições passadas mostraram que tempo de TV não se traduz necessariamente em vitória. A mensagem é mais importante. “Se Alckmin tiver 80 inserções e não se comunicar em cima dos temas que mudam o voto, o eleitor perde o interesse”, argumenta o estatístico Paulo Guimarães.

A TV será crucial para a transferência de votos de Lula para o nome ungido pelo petista. Ao longo de um mês, o partido espera converter 45 milhões de potenciais lulistas —boa parte dos quais tem renda baixa e acesso limitado à internet.

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