sábado, 4 de agosto de 2018

Em 3ª tentativa de ser presidente, Marina Silva recorre a partido com o qual rompeu

Ex-senadora oficializa candidatura neste sábado, em Brasília

Joelmir Tavares, Angela Boldrini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A pré-candidata da Rede, Marina Silva, passou as últimas semanas repetindo que tinha prata da casa (ou “ouro da casa”, como frequentemente chamava) para o caso de não fechar com um candidato a vice de outro partido.

Em sua terceira tentativa de chegar à Presidência, com 15% de intenção de voto, ela é a segunda colocada nas pesquisas em cenários sem o ex-presidente Lula, de acordo com o Datafolha. Mas a ex-senadora encontrava dificuldades para fechar alianças.

A dois dias da convenção que oficializaria sua terceira candidatura à Presidência, na quinta-feira, 2, porém, veio um alívio: Marina conseguiu fechar aliança com o PV, numa movimentação que esticou levemente seu tempo no horário eleitoral.

A chapa com o ex-deputado e médico Eduardo Jorge será lançada oficialmente na convenção nacional da Rede neste sábado (4), em Brasília.

A campanha avalia que a composição com os verdes deu fôlego à candidatura, embora dificuldades persistam. Com o PV, a candidata salta de 8 para 24 segundos de TV. Apesar disso, continua com tempo escasso se comparado aos adversários: terá apenas uma inserção diária, contra 12 de Geraldo Alckmin (PSDB).

Nos últimos meses, o grupo da ex-senadora tentou negociar alianças com partidos como PMN, PPL, PHS e Pros, mas nenhuma avançou. Lideranças da campanha já se conformavam com a possibilidade de que a ex-senadora fosse para o pleito sozinha.

As alternativas caseiras vinham repetindo o discurso de que estariam prontas para auxiliar Marina e que atenderiam a um pedido dela para assumir a vaga de vice.

“Nunca deixaríamos Marina passar por qualquer constrangimento ou dificuldade, mas o que todos esperávamos era que pudesse mesmo haver uma composição”, diz a ex-senadora Heloísa Helena.

Candidata a deputada federal em Alagoas e confidente da presidenciável, Heloísa foi uma das cogitadas para o posto.

Outra opção (que declinou da proposta), o ator Marcos Palmeira, será o mestre de cerimônias da convenção.
É o primeiro evento do tipo realizado pela Rede. O partido, que obteve registro em 2015, é estreante em eleições gerais. Em 2016, seu primeiro pleito, elegeu cinco prefeitos.

VICE DIVERGE
Com discurso de que se trata de uma aliança programática, o acordo firmado entre a Rede e o PV, com a indicação de Eduardo Jorge para vice, esbarra em diferenças de posições sobre costumes. Os dois têm um histórico de rusgas.

Eduardo diverge de sua cabeça de chapa em posições como a descriminalização do aborto e da maconha, já criticou a saída de Marina do PV e a criação da Rede.

“Deixar de considerar criminosas entre 700 e 800 mil mulheres que fazem aborto por ano é acabar com uma lei medieval em pleno século 21”, afirmou ao jornal O Globo o então candidato verde ao Planalto, em 2014. Marina, que é evangélica, é contra a descriminalização. A pré-candidata costuma dizer que qualquer mudança na lei atual deve ser feita mediante um plebiscito.

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