sábado, 4 de agosto de 2018

Vice provoca novo impasse dentro do PT

Sigla homologa hoje nome de Lula, que está preso, mas escolha para chapa opõe dirigentes e advogados; Manuela e Haddad são cotados

Ricardo Galhardo, Daniel Weterman, Katna Baran | O Estado de S. Paulo.

CURITIBA - O PT chega à convenção que vai homologar o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, como candidato à Presidência sem saber se a escolha do vice será definida agora. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esteve ontem com Lula, mas a discussão sobre a vice não foi conclusiva.

O PT chega à convenção que vai homologar o nome do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, como candidato do partido à Presidência sem saber se a escolha do vice será definida agora.

A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ontem que a legenda pode deixar para a Executiva Nacional decidir até o dia 14 o anúncio do nome para vice. Dirigentes petistas, porém, consideram um risco o adiamento da decisão e defendem que a indicação para a composição da chapa seja definida ainda hoje, data da convenção da sigla.

Lula esteve ontem com Gleisi, mas a discussão sobre a vice não foi conclusiva. “Não houve mudança jurisprudencial na Justiça Eleitoral”, justificou a senadora sobre uma possível modificação de entendimento de Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinando que o vice seja homologado 24 horas após as convenções partidárias.

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, advogado do PT no TSE, disse que o adiamento é arriscado. “Acho que é uma atitude de risco. A gente nunca sabe como o tribunal vai decidir. Mas existem razões políticas (para a decisão do PT) que têm de ser levadas em conta”, declarou. O ex-presidente, condenado em 2.ª instância a 12 anos e 1 mês de prisão, pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Advogados ouvidos pelo Estado afirmaram que, em eleições anteriores, a Justiça Eleitoral autorizava as convenções partidárias a delegar a escolha do vice. “Sempre foi autorizado delegar até a data do registro (15 de agosto)”, disse o especialista em direito eleitoral Helio Silveira.

Desde anteontem, o PT se apressava para definir o vice até o Encontro Nacional do partido, com poderes de convenção, marcado para hoje em São Paulo. A estratégia inicial era escolher o vice até o dia 15, quando acaba o prazo para registro das candidaturas. Os advogados da sigla, porém, mudaram de opinião e orientaram a direção a antecipar a escolha para hoje.

Ontem à tarde, Gleisi, o exprefeito Fernando Haddad, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, embarcaram rumo a Curitiba para anunciar a mudança de planos e definir a nova estratégia com Lula.

Dirigentes petistas, no entanto, já diziam temer a reação do ex-presidente. De acordo com líderes do PT, Lula determinou que o partido retomasse a estratégia oficial. Ontem, Gleisi ouviu outros advogados e, após conversar com Lula, decidiu voltar ao plano original.

Manuela. As reviravoltas provocaram tumulto no PT e em partidos aliados, com o PCdoB, cotado para ficar com a vaga de vice. Gleisi chegou a marcar uma reunião com a presidente do PCdoB, Luciana Santos, para decidir se Manuela d’Ávila seria a escolhida. Segundo fontes do PCdoB, a direção petista sugeriu que Manuela retirasse a candidatura ao Planalto e ficasse no “banco de reservas” até a situação de Lula ser definida pela Justiça Eleitoral.

Ainda de acordo com as fontes do PCdoB, a estratégia petista era indicar provisoriamente um vice do PT, possivelmente o ex-prefeito Fernando Haddad, visto como possível substituto de Lula, e a chapa “real”, com Manuela de vice, seria anunciada quando esgotassem as possibilidades do ex-presidente na Justiça. O PCdoB, no entanto, considerou a proposta “constrangedora” e recusou.

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