quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Lugar-comum: Editorial | Folha de S. Paulo

Datafolha mostra que intenções de votos brancos e nulos superam as de Doria e Skaf

A disputa pelo governo paulista se encontra em situação peculiar, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Dois postulantes com pouca ou nenhuma experiência no setor público sobressaem, num quadro em que o debate programático se dissolve em lugares-comuns do meio empresarial que de alguma forma representam.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) aparece na liderança, com 25% das intenções de voto, seguido por Paulo Skaf (MDB), presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com 20%.

O tucano, que mantém relações ambíguas com seu padrinho político original, o ex-governador Geraldo Alckmin, abandonou o mandato municipal após pouco mais de um ano. Na prefeitura, dedicou-se a criar eventos midiáticos e promover articulações com vistas a novas ambições eleitorais.

Por um período, chegou a desafiar Alckmin na disputa pela candidatura do PSDB à Presidência. Valendo-se do marketing de personagem distante da vida partidária tradicional, conseguiu angariar simpatias em setores à direita e entre nomes da iniciativa privada.

Sua breve gestão não tardou, entretanto, a perder apoio de parcelas crescentes dos paulistanos, enquanto suas inconsistências políticas e administrativas despertavam cautela entre personalidades que o apoiaram na primeira hora.

Skaf, o principal oponente, é um sindicalista patronal, que vive há anos à frente de estruturas da área industrial e do sistema S —e serve-se dessa plataforma para tentar empinar seus planos políticos.

Em 2010 e 2014 lançou-se ao governo do estado; derrotado, engajou-se depois em campanha pela redução da carga tributária e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Quanto aos demais candidatos, a pesquisa mostra que se acotovelam num pelotão distanciado das posições de destaque. O atual governador, Márcio França (PSB), e Luiz Marinho (PT) empatam em 4%. Já a Professora Lisete (PSOL) e o Major Costa e Silva (DC) igualam-se em apenas 2%. Outros seis marcam 1% ou menos.

Paralelamente, há que destacar alguns dados relevantes para o panorama. O primeiro deles é que 37% dos eleitores se declaram sem candidato — 26% manifestam a intenção de votar em branco ou nulo; 11% estão indecisos.

No quesito rejeição, Doria também lidera. De acordo com a sondagem, 32% dos eleitores paulistas não votariam hoje no tucano de jeito nenhum. Na sequência, vêm Skaf (21%), Marinho (19%), França (15%) e Costa e Silva (14%).

O quadro pode mudar, claro, com o início iminente da propaganda de TV. Espera-se que a maior exposição permita também um debate mais profícuo sobre o estado.

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