terça-feira, 18 de setembro de 2018

Marina age para tentar reduzir vantagem de PT e PSL no Nordeste

Por Daniela Chiaretti | Valor Econômico

ARACAJU - O Brasil se preocupa demais com o pré-sal, mas o Nordeste é o nosso "pré-sol", costuma dizer Marina Silva. Em campanha ontem em Aracaju, a candidata à Presidência da coligação Rede-PV divulgou seu projeto de impulsionar a energia solar no Brasil.

Foi uma das raras vezes, durante a campanha deste ano, que ela explorou um tema ambiental. A ex-senadora tem preferido falar sobre educação, saúde e segurança.

O plano, batizado de "Sol para Todos" pretende tornar a capacidade de geração solar no Brasil equivalente ao de uma usina de Belo Monte até 2022. O foco é o Nordeste. O apelo à energia limpa também rebate no bolso do eleitor, que pode baratear a conta de luz.

O Nordeste é campeão de insolação. Tem incidência média de 5 kilowatts por metro quadrado - o índice da pioneira Alemanha é 3,6 kilowatts por metro quadrado. Este é um dos dois motivos para Marina ter escolhido a região para detalhar seu programa energético de instalar 1,5 milhão de telhados solares no Brasil em quatro anos.

O outro é conquistar o eleitorado nordestino intensamente disputado nos últimos dias, principalmente por Fernando Haddad, do PT e Ciro Gomes, do PDT.

Em queda nas últimas pesquisas de intenção de voto, parte da estratégia de revigorar a campanha é mostrar que Marina pode ser uma opção de voto útil ao que os marineiros denominam de "nova polarização" - as fortes candidaturas de Jair Bolsonaro e de Fernando Haddad.

"O Nordeste foi altamente impactado pela recessão produzida nos governos Dilma-Temer: a taxa de desemprego lá é de 17% contra 13% da média nacional", diz o release da campanha.

"Do mesmo modo que estamos buscando gerar empregos em outras frentes, aqui no Nordeste identificamos, na geração de energia solar, uma grande fonte de criação de emprego e de renda para a população", disse Marina.

O programa pretende fazer com que as energias renováveis somem 2 milhões de empregos em energia renovável no país nos segmentos de solar, eólica e biomassa.

A ideia de "solarizar" o país tem por base mobilizar R$ 50 bilhões em investimentos privados, do BNDES e bancos estatais e contratar 10 gigawatts de energia solar fotovoltaica em quatro anos. "Vamos fazer um programa ousado de geração de energia limpa", disse.

Até agosto, segundo a nota enviada à imprensa, a tarifa de energia elétrica subiu quatro vezes mais (13,79%) do que a inflação no período (2,94%).

A instalação dos painéis solares nos telhados das casas pode reduzir em mais de 90% a conta de luz, embora o investimento inicial ainda seja alto - em torno a R$ 20 mil - por isso a necessidade de financiamento estimulado pelo governo.

Na chegada no aeroporto, Marina foi recebida por militantes e os candidatos a governador, senador e deputados no Estado. A imprensa local a questionou sobre a sua proposta para conter o elevado nível de homicídios que coloca Sergipe no terceiro lugar no ranking da violência do país.

"Há a necessidade de ter uma ação integrada entre o governo do Estado e o governo federal. A nossa proposta é a implementação do Sistema Único de Segurança Pública para combater a violência, o crime organizado, vigiar nossas fronteiras em parceria", explicou.

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