terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Opinião do dia: Gilmar Mendes

Espero que 30 anos após a promulgação da Constituição da República, o Brasil possa se unir em consensos básicos em 2018 e traçar novos caminhos para o desenvolvimento econômico, a redução da desigualdade social e o avançar da democracia”.


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Gilmar Mendes é ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em O Estado de S.Paulo, 2/1/2018

Eliane Cantanhêde: Sorte e juízo em 2018!

- O Estado de S.Paulo

Além de Temer no seu último ano, brasileiros precisam de sorte e juízo na eleição

A esta altura do campeonato, faltando dez meses para as eleições, o melhor a fazer é desejar boa sorte para o presidente Michel Temer. Sorte dele, sorte do País. Depois é depois, inclusive para o que vier de investigação sobre delações e vídeos de assessor. Temer, porém, não precisa só de sorte, mas de juízo, para evitar desgastes, recuos e derrotas desnecessárias.

Para quê dar sorte ao azar, ou o azar à sorte, cedendo no projeto de trabalho escravo para agradar à bancada ruralista no Congresso (e no governo), desagradando a todo o resto e sendo obrigado a ceder e voltar atrás? Depois de “apanhar” de procuradores e juízes do trabalho, de entidades de Direitos Humanos, de órgãos internacionais e até de uma então secretária do governo, voltou tudo à estaca zero, de onde nunca deveria ter saído.

Para quê dar sorte ao azar, ou o azar à sorte, cedendo no indulto excessivo de Natal para agradar aos correligionários que temem a Lava Jato (como, aliás, ele próprio), desagradando a todo o resto e sofrendo um vexaminoso puxão de orelhas da procuradora-geral Raquel Dodge e da presidente do Supremo, Cármen Lúcia?

Merval Pereira: O ano da indefinição

- O Globo

A diferença técnica entre a eleição deste ano e a de 1989 é que a de agora será “casada”, isto é, estarão em jogo, além da Presidência da República, todos os governos estaduais, 2/3 do Senado e a totalidade da Câmara. Em 1989, disputava-se apenas a Presidência da República, numa eleição “solteira”, o que dava mais força às individualidades dos candidatos do que ao esquema partidário que os apoiava.

Há ainda uma diferença fundamental, como destacou o cientista político Bolívar Lamounier em entrevista à edição brasileira do “El País”: a mediocridade dos candidatos à vista. Na eleição que acabou elegendo Collor à Presidência, praticamente todas as grandes lideranças políticas do país estavam na disputa.

Collor acabou derrotando todos eles, numa disputa entre o populismo de direita que representava e o populismo de esquerda com Brizola e Lula, que terminou indo para o segundo turno. Hoje, pelas pesquisas de opinião, continuam polarizando a disputa presidencial os populismo de esquerda, na figura do ex-presidente Lula, e o de direita com o deputado federal Jair Bolsonaro.

Igor Gielow: O alerta que vem de Natal

- Folha de S. Paulo

A tragédia ora estancada pelas tropas federais no Rio Grande do Norte é um prenúncio sobre desafio central a ser enfrentado neste ano eleitoral decisivo de 2018.

É de se especular se o sangue dos quase cem cadáveres produzidos durante a greve da polícia local alertou as autoridades sobre o óbvio: o colapso do sistema federativo de 1988.

A partir dali, o Brasil visou dividir o poder central com Estados e municípios, só que isso não foi seguido por um enxugamento da União –como atesta o deficit multibilionário que o país gira em seu Orçamento.

Uma olhada nas contas estaduais mostra que o Rio de Janeiro é apenas um laboratório extremo à espera de replicações. O que levou ao surto de, é preciso deixar claro, irresponsabilidade dos policiais potiguares não foi só vontade de pular ondinha no Réveillon: o Estado está quebrado.

Andrea Jubé: Todo governo precisa de um "Robertão"

- Valor Econômico

A tarefa de Marun é aprovar a reforma da Previdência

Envolto em polêmicas desde quando liderava a tropa de choque do deputado cassado Eduardo Cunha, o novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, passou a ser comparado ao ex-líder do governo José Sarney Roberto Cardoso Alves, o "Robertão", morto em 1996. Eles têm em comum o biotipo, a filiação ao MDB, a lealdade e a disposição às missões espinhosas.

"O Marun é o Robertão do Temer, mas não tem jeito, todo governo precisa de um Robertão", conforma-se um ex-presidente do MDB e um dos parlamentares a quem o presidente Michel Temer mais dá ouvidos. Para este cacique emedebista, Marun, parlamentar de primeiro mandato, não tem verniz para o cargo, que assumiu no dia 15 de dezembro.

Avalizado pela bancada do MDB na Câmara, Marun conquistou assento na cúpula do poder em sua estreia parlamentar. Mas a nomeação tem precedente de peso histórico: Tancredo Neves tornou-se ministro da Justiça do presidente Getúlio Vargas em 1953, na metade de seu primeiro mandato de deputado federal.

Embora estreante em Brasília, Marun é filiado ao MDB há mais de dez anos e estreitou laços com Temer tendo como fiador um longevo cacique emedebista, o ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli - preso no dia 14 de novembro pela Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica, que investiga desvios de mais de R$ 230 milhões nos últimos dez anos no Estado.

Marun é advogado, engenheiro civil, e foi secretário municipal e estadual de Habitação nas gestões de Puccinelli na Prefeitura de Campo Grande e no governo estadual.

Joel Pinheiro da Fonseca: Nossa escolha em 2018

- Folha de S. Paulo

Com cansaço das brigas e recuperação econômica, no confronto entre a união e a polarização, prevejo que vai dar união

2018 será um ano de definição, ano em que saberemos se o Brasil está ou não à altura de suas maiores aspirações; ou seja, se finalmente conquistaremos o hexa. Tem também uma eleição para presidente em outubro.

Nessa eleição, a escolha será entre populismo e seriedade. Por populismo, entendo as candidaturas que possuem pelo menos um destes dois elementos, que em geral caminham juntos: o primeiro é o uso de retórica inflamada que visa a polarizar o eleitorado. Criam a ideia de uma luta entre o povo comum e bom e uma elite perversa (se ela é rentista e conservadora ou progressista e globalista, tanto faz). O segundo é a promessa de tirar o Brasil das dificuldades atuais com algum passe de mágica, que imporá sacrifícios apenas a uma minoria ínfima de ricaços. Auditoria da dívida, negação do deficit da Previdência, imposto sobre grandes fortunas, são algumas das soluções mágicas que volta e meia aparecem nos discursos.

Por essa definição, Lula (ou seu sucessor na vaga), Ciro Gomes e Jair Bolsonaro são claramente populistas. Se o PSOL adotar a mesma retórica de 2014, também o será. Os diversos outros candidatos restantes ocupam um centro –à direita ou à esquerda– de respostas possíveis dentro das restrições que a crise fiscal e a necessidade de crescimento impõem.

Míriam Leitão: De olho na política

- O Globo

Se os juízes do TRF-4 votarem de forma unânime confirmando a condenação do ex-presidente Lula, os recursos que os advogados do ex-presidente apresentarem não terão efeito suspensivo da pena. Sendo assim, ele estará, muito provavelmente, fora da disputa. Na ligação intensa entre economia e política, o próximo dia 24 está marcado em vermelho no calendário.

A economia sempre tem efeito sobre as eleições. Este ano será o oposto. A disputa eleitoral deve produzir momentos de muita volatilidade cambial e provocar adiamento das decisões de investimento. A política também tornará o ano fiscal muito ruim. No fim de janeiro, o governo divulgará que as contas públicas de 2017 fecharam com alguma folga em relação à meta, mas aumentaram os temores sobre 2018.

Uma das primeiras más notícias nas contas públicas deve ser o anúncio de um contingenciamento de R$ 20 bilhões. E isso porque na política nada andou. O Congresso não aprovou as medidas de ajuste que permitiriam o Orçamento como ele foi pensado. Uma delas, a que adia o reajuste dos funcionários, foi barrada pelo ministro Ricardo Lewandowsky e isso eleva em R$ 5 bilhões as despesas. A receita com a taxação dos fundos exclusivos foi perdida porque a MP não foi aprovada.

Denise Neumann: E se o salário mínimo perder valor em 2018?

- Valor Econômico

Consultoria estima perda de 1,2% no poder de compra

O presidente Michel Temer assinou, na sexta-feira, o reajuste do salário mínimo para 2018: 1,81%, fixando a remuneração em R$ 954 ou R$ 17 a mais em relação ao valor anterior. Como determina a regra, o reajuste foi feito usando o INPC, que ficou abaixo da inflação medida pelo IPCA, porque o peso dos alimentos é maior.

Caso a inflação de 2018 confirme a projeção mediana do mercado (4,03%, segundo o boletim Focus), a correção que foi dada será menor que a futura e o poder de compra do salário mínimo vai cair ao longo do ano. O alerta é do economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, que chama atenção para o fato de que essa situação atípica talvez ainda não esteja sendo totalmente considerada nos cenários de atividade e eleitoral deste 2018.

Em um video-comentário enviado aos clientes da consultoria, Pessoa mostra que o poder de compra do mínimo, na média de 2018, será 1,2% menor do que o de 2017. O valor real é cheio no começo do ano e vai diminuindo, até virar perda, na medida em que a inflação aumenta e encarece o consumo de diferentes bens e serviços. Essa conta foi feita considerando as projeções do Focus tanto para a correção do mínimo quanto para a inflação de 2018. Desde 1996, o poder de compra do mínimo, na média do ano, só havia caído em uma única oportunidade, em 2015, quando recuou 0,4%, como consequência da forte aceleração da inflação daquele ano.

Sérgio Abranches: 2018 o ano da incerteza

- O Globo

Recomendo apertar os cintos em 2018. Será um ano de incertezas e turbulências. Vivemos a era do imprevisto. O ano que se aproxima será um representante legítimo desses tempos de brumas densas. Nos Estados Unidos, o presidente Trump pode ser surpreendido com o avanço dos Democratas e perder a maioria. Entraria na famosa fase do “governo dividido”, mas com complicações, pois teria um presidente republicano fora da curva e maioria democrata disposta a tirá-lo da Casa Branca. Situação que afetaria a economia americana e rebateria na economia global e na brasileira.

Aqui, o presidente Temer, pilotando um governo muito ruim, sonha que a economia o salvará da impopularidade. Nesse cenário de Poliana, imagina que a maioria aprova seu governo em silêncio, constrangida por essa conversa de corrupção pra lá e pra cá. Isso apesar dos 97% de reprovação, apurados pelo Barômetro Político Estadão-IPSOS, da impopularidade de 74%, medida pelos que consideram seu governo ruim ou péssimo, ou dos 88% de desaprovação à maneira como governa. É improvável que a corrupção seja esquecida na campanha e nas urnas. Ou que o governo tenha bom desempenho eleitoral.

Nome do PSDB tem de ter viabilidade eleitoral, diz FHC

Para o ex-presidente, se o candidato que unir o centro e tiver capacidade de aglutinação não for do partido, ‘fazer o quê’

Alberto Bombig Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista a Alberto Bombig e Pedro Venceslau, que o governador Geraldo Alckmin ainda precisa provar ser capaz de aglutinar o centro do espectro político e de “transmitir uma mensagem” aos brasileiros para se viabilizar como candidato do PSDB e de seus aliados ao Planalto. “Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa. Não vejo quem seja”, disse. “Espero que esse (candidato do PSDB) tenha capacidade de aglutinar. Se houver outro que aglutine, vai fazer o quê?”, perguntou. Sobre o julgamento do ex-presidente Lula no TRF-4, no próximo dia 24, FHC disse que, “do ponto de vista do País”, uma eventual condenação é “ruim”, mas afirmou não acreditar que a população vá “tremer nas suas bases por causa disso”.

Para FHC, Alckmin precisa provar que pode unir centro

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista ao Estado, que o governador Geraldo Alckmin ainda precisa provar ser capaz de aglutinar o centro do espectro político e de “transmitir uma mensagem” aos brasileiros para se viabilizar como candidato do PSDB e de seus aliados ao Palácio do Planalto neste ano.

FHC foi enfático ao defender Alckmin, mas avaliou que, caso ele não cumpra essas tarefas, os tucanos podem apoiar outro nome para evitar a fragmentação do centro, hoje reunido em torno das bandeiras do governo. “Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, temos que apoiar essa pessoa.”

A seguir os principais pontos da entrevista:

• O senhor tem algum temor em relação a 2018? Está entre os pessimistas ou otimistas?

Tenho, mas estou no intermediário. Do ponto de vista econômico, estamos começando a ter um bom momento no mundo. O mundo conta sempre. Há o momento em que o ciclo é ascendente. Isso ajuda. Nós aqui demos alguns sinais de melhoria. Se tivermos condição de eleger alguém confiável ao País, tem possibilidade de um certo avanço no Brasil. Nesse lado sou otimista. O meu temor é que não se consiga organizar o centro. É preciso que haja lideranças capazes de organizar. Há o perigo de que um demagogo dê sensação às pessoas de que vão influenciar a favor dos que mais precisam. Mas acredito que dá tempo de organizar o centro.

• O sr. inclui o ex-presidente Lula nesta lista de demagogos?

O Lula mesmo se declarou uma metamorfose ambulante. Ele é extremamente sensível aos estímulos do momento. Sabe se posicionar definindo o inimigo. Esse inimigo varia, de acordo com o momento. O que ele tem não é demagogia no sentido banal, mas a capacidade de explicar. É muito importante em uma sociedade de massa que o líder fale. A sociedade nem sempre quer ouvir, mas agora está aberta porque está perplexa. É preciso que alguém toque nas cordas sensíveis à população. O Lula toca de ouvido. O candidato sem capacidade de expressão tem dificuldade de se firmar, ainda que esteja certo. Eu não conheço o Bolsonaro. Ele era deputado no meu tempo e não tinha uma expressão maior. Queria me fuzilar, mas nunca dei atenção. Não sei o que ele pensa sobre qualquer tema. Não sei se ele é capaz de expressar o que pensa sobre qualquer tema. Às vezes a pessoa, mesmo sem ter a capacidade de expressar, simboliza.

Centro ataca populismo contra Lula e Bolsonaro

Coluna do Estadão

A indefinição sobre o candidato do centro na eleição presidencial não impede que os partidos adversários à candidatura de Lula e de Jair Bolsonaro tentem estancar o crescimento deles nas pesquisas. Algumas legendas querem criar uma onda de medo contra candidaturas populistas e carimbar esta marca nos dois. No pronunciamento de Natal, em cadeia de rádio e televisão, o presidente Temer condenou a prática. O prefeito João Doria (SP) também falou sobre isso e o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) atacou o tema no programa do PSD.

Caso pensado. O grupo político de Meirelles identificou, em pesquisas, que o chamado campo azul, que reúne antipetistas e anti-Bolsonaro, considera ambos radicais e populistas. Avaliou-se como fundamental Meirelles atacar a prática para se colocar como opção a quem os rejeita.

Indireta. No caso de Michel Temer, o recado foi direto para o PT. A equipe do presidente diz que, ao criticar o populismo, ele quis alfinetar o jeito petista de administrar o País.

Eles disseram. Temer disse, no Natal, que seu governo não adota medidas populistas. “Nada de esperar por milagres e contar com salvadores da pátria.” Já Meirelles alerta para possíveis retrocessos: “O populismo e os oportunistas fazem mal ao País”.

Para os íntimos. Sem fogos de artifícios, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, serviu um jantar de réveillon para três ministros e alguns deputados na residência oficial. De repouso devido a uma infecção urinária, Michel Temer preferiu não ir.

Me dê motivos. A ausência de Temer foi entendida por alguns aliados como um sinal de incômodo com o movimento do DEM de sair do governo. A amigos, Maia deixou claro que vai brigar para o partido continuar na base de Temer.

Mesa cheia. Na volta ao trabalho, hoje, Temer deve sancionar a lei que concede socorro de R$ 15 bilhões à Caixa, com dinheiro do FGTS e o refis para participantes do Simples Nacional, no programa de Regularização Tributária das Micro e Pequenas Empresas.

Nova moda. Mais três prefeitos de Tocantins avisaram ao presidente da Associação Tocantinense de Municípios, Jairo Mariano, que devem renunciar aos cargos por falta de dinheiro.

Entrega de chaves. No último dia do ano, José de Pádua, de Marianópolis, e Fernando do Osmar, de Araguanã, deixaram seus mandatos sob alegação de colapso nas contas públicas.

Campanha. O partido Novo, único a não receber dinheiro público, diz aprovar a medida para barrar o uso do fundo partidário nas eleições.

Carta na manga. Entusiastas do PSB à candidatura do ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa à Presidência da República dizem que, se ele decidir entrar na campanha eleitoral, fará o debate sobre a questão racial no País.

Debate. A avaliação da equipe do ex-ministro do Supremo é de que, pela primeira vez, esse pode ser um fator determinante na eleição.

MDB negocia vagas a governador para evitar migrações para o DEM

Vandson Lima e Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - Dois 'quase filiados' ao DEM são as novidades no MDB na montagem dos palanques para a disputa pelos governos estaduais em 2018. A sigla, segundo seu presidente, senador Romero Jucá (RR), quer lançar o maior número de candidaturas próprias possíveis e já conta com pré-candidatos em pelo menos 16 Estados.

Depois de ser convidado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a mudar de partido, com a garantia de concorrer ao governo de Minas Gerais pelo DEM, o deputado Rodrigo Pacheco passou a contar com o aval de Jucá para buscar o posto pelo próprio MDB. A pré-candidatura foi discutida entre Jucá e o vice-governador de Minas e presidente do MDB mineiro, Antônio Andrade, em uma reunião antes do Natal.

Pacheco postula a candidatura em meio a um partido dividido, em que metade da bancada federal e a maioria da bancada estadual prefere manter a aliança com o governador Fernando Pimentel, do PT. Dos seis parlamentares da bancada mineira do MDB, três são contra a candidatura própria: Saraiva Felipe, Newton Cardoso Júnior e Mauro Lopes. Este último é pai do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, fiel aliado de Pimentel no Estado e que lidera a bancada estadual do MDB, favorável à reeleição do petista.

Eleições complicam retomada no Brasil, México e Colômbia

Marsílea Gombata | Valor Econômico

SÃO PAULO - O ano de 2018 será de grande incerteza para a América Latina. Eleições presidenciais em três importantes economias - Brasil, México e Colômbia - estão marcadas por escândalos de corrupção e falta de legitimidade política. O nebuloso cenário adiante pode atrapalhar o ritmo da retomada da economia, dizem analistas.

Os três países vivenciaram em outros momentos crises internas, às vezes acompanhadas de um cenário externo pouco favorável. Mas o que faz este ano ser especialmente complicado é o fato de esses países enfrentarem ao mesmo tempo crises dentro de casa, eleições e um cenário econômico que custa a se recuperar. Paraguai e Venezuela também terão eleições este ano, mas em situações muito particulares, seja pelo bom desempenho econômico paraguaio ou pela pior crise da história recente da Venezuela.

"Brasil, Colômbia e México vivem uma tormenta perfeita: a situação econômica ainda não é boa, o cenário externo é alimentado por incertezas como [o presidente americano] Donald Trump, e os rumos de política doméstica de cada um ainda não estão claros", afirma Sergio Guzmán, da consultoria Control Risks. "Vemos um eleitorado cansado da política tradicional, irritado com os altos níveis de corrupção e um déficit de representatividade, em que as pessoas não sentem que os governos defendem seus interesses."

Há desencanto com a classe política em toda a região, mas nesses três países o nível de descontentamento é especialmente alto, avalia Carlos Petersen, da Eurasia.

PDT é o partido campeão em governismo no país

João Pedro Pitombo / Folha de S. Paulo

SALVADOR - No Ceará e na Bahia, são aliados do governo do PT. No Pará, apoiam o PSDB. Também firmaram alianças com governadores do PSB, do MDB, do PP e do PCdoB.

O PDT, legenda que na esfera federal faz oposição ao presidente Michel Temer (MDB) e lançou o nome de Ciro Gomes como candidato ao Planalto em 2018, tem filiados ocupando 22 secretarias estaduais em 13 unidades da federação. É o partido que mais cargos de primeiro escalão ocupa em governos de outros partidos.

A conclusão é resultado de um levantamento da Folha que apurou o perfil e a filiação partidária dos 547 secretários dos governos dos 26 Estados e do Distrito Federal. Ao todo, são 180 secretários filiados ao mesmo partido do governador, 180 filiados ou indicados por partidos aliados e 184 sem filiação partidária.

Depois do PDT, completam o topo do ranking de cargos em primeiro escalão em governos aliados MDB, PSB, PSDB e PSD, nesta ordem.

Os dados do levantamento apontam para uma capacidade camaleônica dos partidos em apoiar governos de diferentes linhas ideológicas.

Peemedebistas (hoje emedebistas) são parceiros do PT no Piauí e em Minas, a despeito da firme oposição no plano nacional desde a eclosão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A recíproca acontece em Sergipe, onde petistas são aliados do governador Jackson Barreto (MDB).

O PDT firmou a maioria de suas alianças com governos de esquerda, mas também tem parcerias com o PSDB no Pará e no Paraná e cargo no primeiro escalão do governo do MDB no Rio de Janeiro.

"Cada Estado tem sua característica particular. Em muitos casos, a nomeação é mais da relação pessoal do filiado com o governador do que uma aliança institucional entre partidos", afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

LICENÇA
Os secretários estaduais pedetistas Thiago Pampolha (da pasta de Esporte do Rio) e Edgar Bueno (de Assuntos Estratégicos do Paraná) licenciaram-se da sigla para assumir ou permanecer no cargo.

Por outro lado, o partido trouxe para seus quadros, nos últimos meses, secretários estaduais que não tinham filiação partidária no Acre, no Espírito Santo e em Alagoas.

Por eleição, dirigentes do PT aconselham Lula a se reaproximar do empresariado

Painel/Folha de S. Paulo

Paz e amor 2.0 Integrantes da executiva nacional do PT sugeriram ao ex-presidente Lula que ele se reaproxime do empresariado nacional. O raciocínio é pragmático. Sem um novo pacto com o que o partido chama de elites, as chances de ele deixar de ser pintado como um dos extremos da eleição presidencial são diminutas. Lula faria o aceno alegando a necessidade de construir um campo competitivo para a centro-esquerda. Um primeiro passo já foi dado quando o petista declarou que não é um radical.

Item por item A direção do PT elaborou um documento com as prioridades do partido para as eleições de 2018. Elencou três pontos: “Eleger Lula para a Presidência; aumentar a nossa bancada de deputados e de senadores; e consolidar e ampliar nossa presença nos governos estaduais e nas Assembleias”.

Pragmáticos O texto não restringe coligações estaduais. Diz que o partido deve “direcionar esforços para compor chapas fortes e balanceadas e buscar as melhores condições nas coligações, mesmo nos Estados onde somos governo”.

Com o que tem O documento petista afirma que, no Senado, a prioridade da sigla é reeleger os parlamentares que já estão na Casa.

Sonho meu Para tentar atrair o apoio do PSB à candidatura do ex-ministro Ciro Gomes ao Planalto, dirigentes do PDT falam em dar a vaga de vice a Aldo Rebelo.

Precavidos Os integrantes do Agora!, de Luciano Huck, têm uma série de reuniões fechadas já no início deste ano. Querem acertar as linhas de um documento com propostas de governo que vão divulgar no final de fevereiro.

Dupla dinâmica Pelo menos dez dos eventuais candidatos a deputados que serão lançados pelo Agora! devem ser financiados pelo RenovaBR, apoiado pelo empresário Abilio Diniz.

2018 à míngua

Poder em jogo/O Globo

Atolado em denúncias de corrupção, o MDB no Rio de Janeiro terá de fazer muito mais que deletar o “P” para repetir o desempenho de 2014 e manter sua bancada na Câmara. Dos dez deputados em exercício, ao menos cinco estão preparando as malas rumo a outros partidos. Devem aproveitar a janela partidária em março, quando será permitida a mudança de legenda sem punição. Outros dois eleitos há três anos — Eduardo Cunha (mais votado) e Celso Jacob — foram para a cadeia. Pedro Paulo aguarda decisão sobre a candidatura de Eduardo Paes ao governo para definir seu futuro.

Caça com gatos
Ante as dificuldades para reeleger quadros, a estratégia do partido é investir em nomes sem mandato na Câmara, mas com bom potencial de votos em seus redutos eleitorais. Entre outros, devem disputar cadeiras no Legislativo o ex-prefeito de Queimados Max Lemos; o presidente da Câmara de Petrópolis, Paulo Igor; e o ex-prefeito de Três Rios Vinicius Farah.

Tic-tac
Sem opções de nome para disputar o governo do estado, o MDB ainda aposta em Eduardo Paes. A conversa com o ex-prefeito do Rio sobre seu futuro eleitoral ficou para o fim deste mês.

Na mira
O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) atiçou a ira do funcionalismo. O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), em franca campanha contra a reforma da Previdência, vai denunciá-lo ao Conselho de Ética da Presidência por “chantagens” em troca de votos. Ele ameaça cortar financiamentos da Caixa para governadores que não influenciarem suas bancadas a aprovarem o projeto

Desregulado
O Ministério Público Federal do Rio abriu inquérito para investigar autorização dada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) aos planos de saúde para reajuste de até 13,55% no valor cobrado de clientes, entre maio de 2017 e abril de 2018. A apuração começou depois de reclamação sigilosa alegando que o percentual é muito maior que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2016 em 6,29%

Entrevista: Marcus Pestana - secretário-geral do PSDB

Poder em jogo/Globo

Geraldo Alckmin entra na disputa presidencial em desvantagem em relação ao desempenho tucano em pesquisas eleitorais. Preocupa?

– As últimas do pesquisas processo revelam eleitoral. embrionário um Tenho momento certeza muito que o candidato do PSDB conseguirá aglutinar as forças do centro político democrático e viabilizar um cenário vitorioso.

Uma ala do partido defendia a aclamação do governador Geraldo Alckmin como o candidato ainda em dezembro. Mas não foi possível. O partido continua dividido?

– A Como democracia temos dois interna nomes dos apresentados, partidos é muito Alckmin importante. e o prefeito Arthur Virgílio, faremos as prévias até a primeira semana de março. Será uma grande oportunidade para ocupar o centro do debate político.

O PSDB está aberto a todo tipo de coligação? Quais são os partidos prioritários para alianças?

– São os partidos históricos daqueles que querem apostar na responsabilidade e equilíbrio.

O desempenho de Jair Bolsonaro assusta o PSDB?

– Os extremos se esvaziarão, e a população perceberá que é preciso harmonizar e pacificar o país.

Firmeza de propósito: Editorial/O Estado de S. Paulo

Contra as mentiras que têm sido ditas sobre a reforma da Previdência, as melhores armas são as informações corretas claramente divulgadas para a população e a firmeza de propósito do governo

A dificuldade do governo para obter os 308 votos na Câmara dos Deputados necessários à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que trata da reforma da Previdência, deve-se, em grande medida, a uma campanha de falsidades astutamente engendrada por uma casta de privilegiados que, embora represente uma pequeníssima parcela da população, têm grande poder de mobilização e influência sobre o Congresso Nacional. Trata-se da elite do funcionalismo público.

Os argumentos falaciosos de que essa elite de servidores públicos lança mão para fazer valer os seus interesses de classe – muito distantes do interesse nacional – têm forte apelo junto à opinião pública, muito mais pela apreensão generalizada (e infundada) que causam do que pela honestidade da mensagem.

Deve-se reconhecer que, aos ouvidos do cidadão comum, ressoa com muito mais força, por exemplo, uma afirmação dizendo que “os trabalhadores irão morrer de trabalhar antes de se aposentarem”, caso a reforma da Previdência seja aprovada, do que as explicações a respeito da regra de transição prevista na PEC 287/2016, que estabelece que a idade mínima para a aposentadoria – 65 anos para homens e 62 anos para mulheres – só será alcançada, de fato, em 2038, daqui a duas décadas.

Não faltam motivos: Editorial/O Globo

O princípio de justiça social é incompatível com a prática do ensino gratuito para quem pode pagar

A polêmica sobre o tema é antiga, estava meio esquecida, mas foi reativada por um estudo do Banco Mundial sobre a (má) qualidade dos gastos públicos brasileiros, encomendado ainda pelo governo Dilma. Dele constam críticas ao fato de filhos de famílias de renda mais alta se beneficiarem mais da universidade pública, gratuita, do que os de renda mais baixa.

O assunto teve mais repercussão ainda porque, no vácuo da questão previdenciária, entrou na agenda de discussões nacionais — e já não era sem tempo — um sério problema subjacente aos sistemas de aposentadorias que é a sua capacidade de transferir renda de pobres para ricos.

Isso acontece porque a aposentadoria do servidor público é generosa ao extremo, e, por isso, o déficit do seu sistema é proporcionalmente muito maior que o do INSS, do qual dependem os assalariados do setor privado. Aos números: um milhão de servidores federais aposentados geram um déficit anual de R$ 78,1 bilhões, enquanto 30 milhões de segurados do INSS — trinta vezes mais — produzem um déficit de R$ 188 bilhões, apenas duas vezes e meia maior que o resultado do sistema previdenciário do funcionalismo público.

A falsa luta de classes: Editorial/O Estado de S. Paulo

A atual versão de Lula só engana quem se recusa obsessivamente a enxergá-lo como o falastrão que é

Os petistas e seus associados nos sindicatos e nos soi-disant “movimentos sociais” há muito sustentam a farsa segundo a qual representam a “classe trabalhadora” na luta contra o “capital”. Como já ficou claro para boa parte dos brasileiros, essa fraude se presta apenas a esconder o verdadeiro e único objetivo da tigrada: tomar o poder e transformar o Estado em provedor permanente de renda para os ergofóbicos travestidos de líderes populares, em associação com empresários muito interessados no capitalismo sem riscos que um regime assim naturalmente oferece. Foi o que aconteceu na trevosa era lulopetista.

Portanto, fora do discurso caviloso dos radicais de ocasião, nada havia remotamente assemelhado a uma “luta de classes” na época em que Lula da Silva e Dilma Rousseff estavam no governo. Luta havia, mas era a dos oportunistas contra os brasileiros que desejam apenas trabalhar e pagar suas contas, prejudicados por um Estado que, sob o disfarce da defesa de “direitos sociais”, drena escassos recursos públicos para uns poucos privilegiados.

Incerteza política conduzirá a economia até as urnas; Editorial/Valor Econômico

Após longa recessão, a economia brasileira começa o ano com quase todos os fatores apontando para uma boa recuperação, com exceção de um: o ambiente político. Dificilmente as turbulências, inevitáveis naquela que tende a ser uma das mais imprevisíveis campanhas presidenciais, poderão colocar a retomada em marcha ré. O cenário externo pode ter esse poder, caso o gradualismo da alta dos juros nos EUA seja desviado de sua rota pelo pacote de estímulos fiscais de Donald Trump e por fatores geopolíticos. Não há sinais importantes de que a probabilidade de o Fed mudar logo de posição seja significativa.

O ano novo, segundo o boletim Focus, promete inflação comedida (3,96%), PIB crescendo a 2,68%, taxa de juros básica estacionada em 6,75%, investimentos externos diretos com o mesmo ritmo (US$ 80 bilhões) e saldo da balança comercial em queda, mas ainda enorme (US$ 52,5 bilhões), com déficit em conta corrente ainda pequeno. A taxa de desemprego, pelas estimativas privadas, recuará mais um pouco e a melhoria gradativa no salário real deve persistir, dando sustentação ao consumo das famílias, que impulsiona a recuperação.

Carga pesada: Editorial/Folha de S. Paulo

A carga tributária brasileira, incluindo todas as esferas de governo, marcou em 32,4% do Produto Interno Bruto em 2016, segundo dados da Receita Federal. Trata-se de patamar próximo ao padrão de países mais ricos e elevado grau de proteção social, Canadá, Reino Unido e Espanha.

Um aspecto importante a destacar é que, apesar de elevado, o peso dos impostos na renda nacional quase não variou nos últimos 15 anos –passou de 25% a cerca de 30% na década de 1990 e oscila pouco desde então. O ponto mais alto ocorreu em 2007, quando a arrecadação atingiu 33,7% do PIB.

Tal estabilidade por certo decorre da resistência da sociedade em aceitar mais tributos. Mas também é sintoma do estado disfuncional a que chegou o sistema brasileiro, que sufoca a atividade produtiva num emaranhado de regras e custos exorbitantes.

Se a reforma da Previdência é imperiosa para controlar o gasto público e viabilizar a ampliação de outros programas sociais, mostra-se igualmente crítico promover transformações no campo das receitas públicas, em nome da eficiência e da justiça.

Vinicius de Moraes: Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…