sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Opinião do dia: Cora Rónai

Achei excelentes os protestos nos desfiles. É sempre uma felicidade ver o poder tripudiado em praça pública, durante uma festa popular; também é uma alegria ver escolas de samba falando em nome dos governados, e não dos governantes. Pena que, ao longo dos últimos 15 anos, elas tenham preferido, em larga escala, ignorar o que acontecia no país. Em entrevista dada à revista online “Carnavalesco”, Jack Vasconcelos, responsável pelo festejado desfile da Tuiuti, explicou por quê:

“Eu acho que é positivo a gente poder se posicionar. Muito disso tem relação com a troca de governo. Hoje somos oposição e antes éramos parceiros do poder e não podíamos arranhar a relação. Enredos mais críticos não eram incentivados. Agora com uma guerra declarada tem essa abertura maior. Os dirigentes nos deixam livres, e temos mais é que fazer”.

A única novidade na declaração é a sinceridade. Ninguém tinha exposto ainda, de forma tão clara, o que todos sabemos há tanto tempo.

“Antes éramos parceiros do poder e não podíamos arranhar a relação.”

Uma coisa é protesto, outra é indignação seletiva, uma prima-irmã deformada do marketing e da hipocrisia.

--------------------
Cora Rónai é jornalista. “Carnaval, Carnaval” O Globo, 15/2/2018

ITV: Sambas sem Enredo

Generalizadas, críticas que pautaram Carnaval mais ajudam os que fizeram mal ao país do que denunciam os erros e transformam-se em arma partidária para disseminação do ódio

Carnaval é, por excelência, lugar da sátira. Em certos momentos, o tom mais ácido se aviva e ganha ares de protesto. Vindas daquela que é tida como "mais autêntica" manifestação popular, as críticas acabam sendo saudadas como se fossem a apoteose da verdade. Nem sempre se justifica, contudo, e não estão imunes a serem utilizadas pelos interesses dos que mais mal fizeram aos brasileiros.

Escolas de samba poderosas e blocos de rua de todo quilate espalhados pelos quatro cantos do país deram a seus gritos de guerra, nos últimos dias de folia, ares de brados "contra tudo o que está aí". A crítica a anos de disfuncionalidades que culminaram na maior recessão da história é válida, mas, quando deixa de nominar os bois certos, não só não se presta a transformar a realidade como fica sujeita a ser usada como arma político-partidária, cujo intuito é disseminar ódio e dividir o país.

Em alguns dos sambas-enredo mais celebrados deste ano, a corrupção foi tratada como geleia geral: lambuza a todos indistintamente. Será verdade? Aqueles que protagonizaram os maiores escândalos da nossa história, flagrados e tirados do poder, devem ter adorado: o samba, esse nosso orgulho cultural, igualou a todos na lama, o refrão que eles mais gostam de cantar.

*Roberto Romano: Juízes, respeitem a cidadania!

- O Estado de S.Paulo

Historicamente, muitos magistrados usaram a lei como instrumento de opressão e tirania

A campanha contra a corrupção atinge décadas de existência, no mundo e no Brasil. Fenômeno social, político, econômico, suas causas e seus resultados têm muitos sentidos. Erro é o entender com análises que o cindem entre o bem e mal, o aceitável e o proibido.
Oportunismos vários recortam a vida coletiva de maneira maniqueísta: o nosso lado nunca sofre erros; já o canto oposto... responde por tudo o que dissolve os laços éticos. Tais indignações sempre são seletivas. Pode nosso parceiro cometer as piores vilanias, ele encontrará desculpas em nossas almas. Mas as hostes inimigas, mesmo em caso de pecadilho, transformam-no no agente de Lúcifer.

Se escutamos fanáticos que agem segundo slogans, pouco podemos reclamar do seu primarismo. Seitas seguem líderes de modo apaixonado. Basta que sejam ouvidas falas contrárias às do agrupamento, logo os gestos se tornam agressivos. O pensamento exige diálogo entre diferentes (a mesmice impede saberes novos), mas o sectário nada capta sobre realidades complexas. Preocupa, no entanto, encontrar pessoas que deveriam dedicar-se à reflexão, mas aceitam esquemas binários. Elas racionalizam fatos, dão aos parceiros frases para justificar táticas hediondas.

Baseado em tal constatação, Jean-Paul Sartre distingue o filósofo do ideólogo. O primeiro busca o verdadeiro, o segundo dispensa a busca factual e lógica. O próprio Sartre agiu com as duas faces, a filosófica e a ideológica. A primeira, ao investigar a liberdade, os atos intencionais da consciência. A segunda, ao defender regimes como o da União Soviética. Mas ele se ergueu contra a invasão da Hungria em 1956. O mesmo indivíduo pode assumir certa atitude, depois outra. Imaginemos povos inteiros, cuja oscilação entre o pacífico e o truculento, o moral e o criminoso, conduz às guerras.

José de Souza Martins: O enigma do lulismo

- Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Uma historiografia do atual exageradamente centrada na figura de Lula obscurece a trama de relacionamentos e de fatos que é essencial para a compreensão da crise política que tem nele o principal protagonista. E até mesmo para compreender o que pode ser definido como o drama de sua pessoa.

O lulismo surgiu e se firmou não propriamente como desencontro com a estrutura partidária e desvio de sua ideologia de coalizão social-centrista. Mas como sucedâneo de uma fragilização de identidade partidária decorrente das contradições internas do partido. Fracionado em três grandes grupos ideológicos - a facção religiosa, a sindical e a de esquerda resultante da implosão que o stalinismo impôs ao comunismo -, o PT se propôs como um partido social-democrata da luta de classes. Diversidade demais para uma convergência viável.

A identidade partidária impossível encontrou em Lula e no populismo lulista um substituto não programático e sobreideológico. Isso teve um preço, o do fazer sem saber, nas condições adversas da ação política dominada pela complicada trama de vontades desencontradas de uma governabilidade sofrível. Lula se tornou a personificação do poder sem sê-lo e sem saber que não o era.

Num livro de 1943, "A Poesia Afro-Brasileira", Roger Bastide, o grande sociólogo francês que substituíra o belga Claude Lévi-Strauss na cátedra de sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, demonstrou que na forma e no estilo os nossos poetas negros fizeram poesia de branco. Sublinhava a trama de mecanismos sociais que capturam propósitos e intenções e os desfiguram. É próprio, aliás, da sociedade contemporânea o desencontro entre o que se quer, se pensa e se diz estar fazendo e o que de fato se faz. Todos, em diferentes graus, passam por isso. A diferença entre uns e outros é que uns têm disso consciência no esforço de superar a alienação. Outros não.

Igor Gielow: Saída de Huck embola o jogo da candidatura de centro

- Folha de S. Paulo

Apresentador vinha sendo visto como saída para fraqueza dos nomes no campo

Luciano Huck disse o segundo não sem nunca ter dito simoficialmente à pretensão de ser candidato a presidente da República. Motivos não lhe faltaram: pressão da empregadora, incerteza na família, dúvidas sobre a viabilidade da empreitada e a convicção de que teria a vida virada ao avesso.

Se não houve desistência formal, ela ocorreu na prática. Huck cercou-se de uma estrutura profissional de análise político-partidária, ouviu experientes políticos, economistas e empresários. Estava se preparando para ser candidato. Ao fim, foi o peso da Globo, que no mercado político era vista como uma apoiadora da candidatura, o fator central para o não deste fevereiro.

A um amigo, ele disse nesta semana que o processo final de decisão havia lhe "fritado os neurônios". Agora, frito está o campo do centro político brasileiro, que havia apostado pesadamente na hipótese de Huck se lançar candidato.

Como se sabe, há pouca confiança entre os atores políticos do governismo no nome do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano tem as credenciais para uma candidatura perfeita no papel: lidera Estado poderoso, pode comandar alianças estaduais fortes, tem estrutura, tempo e dinheiro para atrair aliados.

Só que isso é teorético. Alckmin está estacionado abaixo dos 10% nos cenários eleitorais por ora, o que é natural já que estamos no começo do ano e a campanha nem de longe começou com força. Só que isso serve para elevar a temperatura dentro do PSDB e entre aliados. Além disso, enfrenta problemas organizacionais sérios com a desunião de sua base em São Paulo _Aécio Neves poderá lhe contar o que acontece com um presidenciável com problemas em casa.

Com isso, o assanhamento entre os partidos menores do governismo, e mesmo entre o maior de todos, o MDB, é natural. Se Henrique Meirelles (PSD) perdeu o ímpeto que de resto a realidade nunca lhe permitiu ter, Rodrigo Maia (DEM) segue desfilando como nome a considerar apesar de números não exatamente encorajadores.

César Felício: A retirada com muitos ganhadores

- Valor Econômico

Decisivo para a eleição, contudo, será a saída de Lula

São muitos os ganhadores no cenário eleitoral com a decisão do apresentador Luciano Huck de não concorrer este ano. Sem Huck na história, há três pré-candidatos para os quais se abrem perspectivas particularmente interessantes: Marina Silva, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin.

Marina tenta ocupar o espaço vago para uma candidatura antissistema, embalada pelo sentimento de indignação despertado pelo escândalo da Lava-Jato. De modo hesitante, o eleitor procura uma resposta contra uma elite política que reputa corrupta. Viceja uma motivação para o voto que não tende a mudar com a melhora da situação econômica.

A resposta institucional à alegada corrupção petista - a ascensão de Michel Temer - não proporcionou, os fatos falam por si, um ambiente de regeneração. A liderança de Lula nas pesquisas mostra que o eleitorado que se sensibiliza com a narrativa de que é preciso fazer tábua rasa da política depois da Lava-Jato não é hegemônico, mas pode ser decisivo para levar um nome ao segundo turno.

A seu modo quase inerte de fazer campanha, Marina busca conexões com a toga (o patrono do Ficha Limpa, Márlon Reis, cerrou fileiras no Rede). As pesquisas só a mostram em plano declinante. Marina sofre com o envelhecimento da imagem, além de existir um pouco de trânsito nesta faixa, que agora diminui sem Huck, e, ao que tudo indica, sem o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.

Hélio Schwartsman: Lula, Zuma e o tribunal interior

- Folha de S. Paulo

CNA vive processo semelhante ao do PT, mas não fechou os olhos para evidências

Caro leitor, convido-o a provar hoje a receita de um saboroso experimento mental. Pegue o caso do tríplex no Guarujá, em que abundam indícios de que a OAS preparou o apartamento para dá-lo a Lula sem esboçar nenhum tipo de cobrança. Deixe esse rolo descansando. Vamos usá-lo mais adiante.

Em seguida, pegue o caso do sítio em Atibaia, que, embora não estivesse no nome de Lula, era frequentado pela família do ex-presidente e recebeu reformas bancadas pela OAS e pela Odebrecht, também sem sinal de que a conta seria enviada aos usufrutuários da propriedade. Reserve.

Agora retire o nome de Lula de ambos os enroscos e o substitua pelo de outro político. Se você tiver simpatias pelo petista, escolha um pelo qual tenha especial desapreço. Responda tão sinceramente quanto possível. Se o acusado de ter se beneficiado da infinita boa vontade das empreiteiras fosse o Maluf, o Aécio ou o Bolsonaro, você estaria dizendo que não há provas ou já os teria condenado em seu tribunal de ética interior?

Não tenho a pretensão de responder pelos leitores, mas, se empregarmos a régua moral que o PT usava em seus primórdios —e que me parece em geral correta—, o discurso do "não há provas" não constituiria uma boa defesa. Muitos políticos de direita foram sumariamente condenados pelo PT por muito menos.

Vale frisar que não estamos, nesse experimento, tratando da condenação judicial, na qual entram questões formais e técnicas mais complexas, como determinar se é necessário um ato de ofício para caracterizar o crime de corrupção passiva. Estamos falando apenas do aspecto ético, no qual é sempre muito difícil conciliar uma conduta correta com o recebimento de presentes de empresários.

Na África do Sul, o CNA vive um processo semelhante ao do PT, mas teve a sabedoria de não fechar os olhos para as evidências e exigiu a cabeça de seu líder Jacob Zuma, forçando-o a renunciar à Presidência.

Miriam Leitão: A armadilha

- O Globo

Uma das vozes mais temperadas do PT, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo diz que o partido precisa se refundar, analisar seus erros, produzir políticas, refletir e reformular-se. Ao mesmo tempo, alega que o partido não pode fazer essa autocrítica porque está sob ataque. “Quando você está numa trincheira recebendo tiro, não dá para voltar”.

Ele foi relator da Lei da Ficha Limpa e assegura que a Lei permite a candidatura de Lula:

— A lei veio de elaboração popular e eu sugeri técnicas redacionais. Tanto eu quanto o governador Flávio Dino, na época deputado, detectamos o seguinte: uma condenação em segunda instância pode ser abusiva. Juízes são seres humanos, podem errar, podem estar submetidos ao calor do momento, pressão local, uma série de contingências. Por isso, incluímos na lei que se pode recorrer a tribunal superior, e se o tribunal considerar que há plausibilidade no pedido, concede uma medida cautelar com efeito suspensivo para que a pessoa seja candidata. Nós incluímos porque antevíamos que havia essa possibilidade.

Nesse caso, se o STJ considerar que o recurso do ex-presidente Lula tem plausibilidade, ele pode dar uma medida cautelar que permita a candidatura. Cardozo define como “fragilíssima” a condenação e afirma que foi uma decisão política. No caso do princípio constitucional de que um réu não pode ser presidente, ele diz que isso é uma questão de “interpretação jurídica”:

— Eu sou daqueles que entende que uma situação de afastamento só pode se dar com o trânsito em julgado. Inclusive, tenho uma leitura do texto constitucional, contrária da maioria do Supremo hoje, que, na forma em que está escrito, ninguém poderia ser preso antes do trânsito em julgado da sentença.

O ex-ministro, em entrevista que me concedeu na Globonews, defendeu a tese de que se Lula não for candidato “haverá um questionamento do processo de legitimidade desta eleição”. Sobre as várias ações às quais o ex-presidente Lula responde, ele diz assim: “tudo é uma disputa política”.

Por esse raciocínio, tanto a Polícia Federal, que ele comandou como ministro da Justiça, quanto o Ministério Público e a Justiça Federal, em várias instâncias, tomaram partido numa disputa política:

— A interpretação jurídica não é neutra. A decisão do TRF foi de elevar a pena do presidente Lula e há quem diga que foi para evitar a prescrição da pena. Isso é decisão estritamente jurídica? Houve investigação com liberdade, mas não se reuniu provas.

O ex-ministro Antonio Palocci fez declarações contundentes de que houve corrupção no governo, e ele nem foi em delação premiada. Foi numa carta ao PT, na época do desligamento. Cardozo disse que Palocci está “fragilizado” e atribui suas declarações à vontade de sair da prisão e por isso “fala o que os investigadores querem ouvir”. Mesmo diante das evidências de que houve saque na Petrobras, a resposta é que “não é de hoje”. Segundo Cardozo, “a Petrobras infelizmente é vítima de um saque, como a vida pública brasileira é objeto de saque, há muitos anos”. Ele diz que não foi o PT que saqueou, mas “pessoas saquearam”. Da mesma forma que não foi o PSDB, mas “pessoas que fizeram”:

— Tem casos (relatados por Palocci) que eu tenho certeza de que são mentiras porque eu vi quando estava no governo. Quando ele diz que houve favorecimento de Dilma Rousseff a Marcelo Odebrecht na questão dos aeroportos, eu vi aquilo, foi uma posição técnica. Ela nunca se deu bem com Marcelo Odebrecht.

Sobre se houve ou não caixa dois na campanha coordenada por ele e Palocci, em 2010, ele disse que nunca participava das finanças.

Cardozo afirma que o PT precisa mudar, mas defende todos os pontos que o partido tem sustentado na sua defesa. Argumenta que a autocrítica não pode ser feita agora porque estaria ocorrendo uma “demonização” do PT. Mas ele defendeu essa ideia de autocrítica após o mensalão. Em 2006, o presidente Lula foi reeleito, portanto, estava em boa situação:

— Era o momento mais favorável para fazer isso porque os tiros tinham parado. Isso não foi feito. Hoje estamos enfrentando uma nova situação de demonização.

Mesmo um dos mais temperados petistas acha que a culpa é externa. Ou, como diria Sartre, “o inferno são os outros”.

Fernando Abrucio: Os dois Brasis que dominam o debate sobre 2018

- Valor Econômico/Eu & Fim de Semana

O dia seguinte das eleições de 2018 pode consagrar a polarização atual e aumentar o fosso entre as visões sobre o Brasil, ou pode ser um momento de busca de um novo ponto de equilíbrio entre concepções legítimas, capazes de explicar questões estratégicas para o futuro do país. O fato é que estamos diante de dois modos de diagnosticar nossa situação, ambas com parte da verdade, e sem a reconciliação entre elas o próximo presidente terá dificuldades de governar bem e manter o apoio popular.

O debate atual pode ser compreendido como um tipo específico de explicação dualista da realidade. Cabe lembrar que o uso do dualismo para entender o Brasil é uma marca do pensamento social e político produzido sobre o país. "Os dois Brasis" de Jacques Lambert falava sobre a contraposição entre o moderno e o arcaico, algo que já aparecera antes na obra de Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil". Edmar Bacha retomou essa lógica quando cunhou o termo "Belíndia", mistura de Bélgica com Índia, para mostrar a natureza de nossa desigualdade. Outros autores importantes seguiram essa trilha, seja para mostrar a incompatibilidade entre os dois polos, seja para mostrar o quanto um "contaminava" o outro - na visão mais hegemônica, isso significava o quanto o atraso sempre conviveu e influenciou o modo de modernização.

O dualismo que se coloca hoje diante de nós é de outra natureza. De um lado, há o predomínio do argumento de que é necessário ajustar o modelo de Estado, principalmente seu padrão de gastos, e, em menor medida (ou de uma forma menos elaborada), seu modelo de funcionamento. De outro, há os que ressaltam mais os sérios problemas sociais do país, que se agravaram desde 2013, e a urgência de melhorar e atuar mais em áreas como educação, saúde, segurança pública, combate à pobreza e à desigualdade, moradia e transporte público.

Vinicius Torres Freire: Uma eleição horrível, mas menos anormal

- Folha de S. Paulo

Candidaturas novas ficam mais difíceis; disputa pode ficar mais tradicional

Caso Luciano Huck confirme pela segunda, terceira ou quarta vez que não é candidato, o funil dos candidatos novos, novidadeiros, outsiders ou mais à margem dos partidões vai ficar mais estreito e curto. Aumenta a possibilidade de que a eleição corra para o leito mais tradicional dos partidões.

Nesse caso, tornam-se ainda mais importantes assuntos que ficaram meio esquecidos no auge do verão e da temporada das flores do pântano do recesso político: o plano B do PT, os efeitos da despiora econômica na eleição e a capacidade de Geraldo Alckmin juntar partidos no seu tempo de TV e cabos eleitorais nos Estados, por exemplo.

A última esperança de João Doria é a que morre, mas ela tem prazo de validade claro, cerca de um mês. Pouco antes de abril, vence também o prazo de Henrique Meirelles. Não são probabilidades relevantes, decerto. Quando chegarem a zero, porém, a névoa no campo governista estrito deve se dissipar.

Fernando Dantas: Mundo estranho

- O Estado de S. Paulo

Ninguém está entendendo perfeitamente o que está acontecendo

Uma situação positiva é mais segura quando se compreende bem os fatores que a condicionam. Nesse caso, pode-se acompanhar esses fatores, e, caso comecem a mudar, há mais tempo para se adaptar a uma nova situação, menos positiva.

Esse parece ser cada vez menos o caso do cenário externo, que continua favorável ao Brasil. Enquanto isso ocorre, a economia global dá seguidas demonstrações de que mudanças ainda não muito bem compreendidas estão em curso. Está mais difícil de ler o que está acontecendo.

Algumas aparentes discrepâncias têm relação com a trajetória recente da rentabilidade do título do Tesouro americano de dez anos, que é considerada a taxa de juros mais importante do mundo. O rendimento do “treasury” de dez anos vem subindo com vontade, tendo saído de 2,04% no início de setembro para cerca de 2,9% nessa quarta e quinta-feira.

Em junho de 2013, quando o Fed, banco central dos Estados Unidos, anunciou meio desajeitadamente que cogitava desacelerar o programa de injeção de liquidez nos mercados, os investidores se assustaram. A rentabilidade do treasury de dez anos pulou de 2,2% para um pico de quase 3% em setembro. Em seguida, desceu um pouco, mas voltou a subir até ligeiramente mais que 3% em dezembro de 2013.

Claudia Safatle: O dinheiro público que escorre pelo ralo

- Valor Econômico

CSN terá em março projeto executivo da Transnordestina

O megaprojeto da ferrovia Transnordestina está paralisado há mais de um ano e não há decisão sobre o seu destino. Há quem, no governo, defenda uma solução radical para o impasse: abandonar a obra. Deixar o mato crescer, a essa altura, sairia mais barato, argumenta-se entre os técnicos do governo.

O ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, responsável por uma boa parcela dos recursos destinados à ferrovia, dos fundos regionais, acredita que a melhor solução é relicitar o projeto, tirando-o das mãos da Transnordestina Logística S.A., subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Cita, no entanto, um porém que preocupa: as cláusulas punitivas do contrato, nesse caso, deixariam a empresa de Benjamin Steinbruch em situação de "comprometimento gravíssimo".

O grupo de trabalho criado no ano passado, logo após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que em janeiro suspendeu os repasses de recursos públicos para a construção da ferrovia, concluiu que a CSN não tem uma proposta viável para o seu término. Somente quando a companhia entregar o projeto executivo -- o que está previsto para março - será possível ter uma noção do que dá para ser feito. Isso, depois que metade do projeto já foi executado ao custo de mais de R$ 6 bilhões e oito anos de atraso. O governo previa entregar a ferrovia pronta em 2010.

Em meio a esse imbróglio de grande dimensão que envolve a CSN, a estatal Valec, os fundos regionais, o BNDES e o Banco do Nordeste, há questões de difícil compreensão. De um lado, por exemplo, o empresário argumenta que tem dinheiro a receber do governo e o governo, por sua vez, sustenta que tem crédito junto a companhia. "A discordância é da ordem de bilhões", disse o ministro da Integração.

Dora Kramer: Ato de resistência

- Revista VEJA

À maneira de Churchill, urge resistir ao avanço do crime no Brasil

Carioca nascida no outono de 1955, acordei um dia deste verão de 2018 com espírito inglês inspirado no Winston Churchill do inverno de 1941, quando o primeiro-ministro, ao modo diplomático, acentuava a pressão sobre Franklin Roosevelt para a entrada dos Estados Unidos na campanha contra o avanço de Hitler na Europa.

Digo isso para falar da guerra que assola diariamente o Rio de Janeiro, onde moro e pretendo continuar morando a despeito da criminalidade que toma conta da cidade e remete, sem exagero, à ocupação nazista na Paris da II Guerra. Cá, como lá, resistir é preciso. Fugir não é uma opção. Os invasores não podem vencer; expulsá-los é a tarefa na qual devemos estar todos empenhados.

Do poder público pouco se pode esperar. Governos estaduais, prefeituras e União enxugam gelo numa batalha inglória em que lutam desorganizados contra a bandidagem nacionalmente organizada. O diagnóstico é conhecido.

Ministro após ministro, da Justiça e/ou da Defesa, todos em tese sabem o que deve ser feito: mudanças profundas na legislação atual para início de conversa, direcionamento de recursos suficientes e criação de uma estrutura para a ação coordenada, em âmbito nacional, de polícia, Ministério Público, Judiciário e sistema penitenciário. Hoje cada um fala uma língua, sem que consigam se expressar no mesmo idioma.

Luiz Carlos Azedo: Agora, sim: 2018

- Correio Braziliense

Pesaram na decisão de Huck o encerramento precoce de uma carreira bem-sucedida na TV Globo, as pressões familiares e, sobretudo, as incertezas da política

Ainda vão se realizar os desfiles das escolas de samba campeãs do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo, haverá o rescaldo dos blocos de frevo e maracatu no Recife, muita gente ainda vai atrás dos trios elétricos em Salvador; enfim, carnaval acabou, mas, até o fim de semana, as ruas estarão cheias de foliões. Entretanto, o ano eleitoral começou.

A notícia do dia foi a segunda desistência de Luciano Huck, aquele que sonhou com Ulysses e não atravessou o Egeu, apesar do canto das sereias, isto é, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente do PPS, Roberto Freire (SP). Com a desistência, levaram a melhor, em primeiro lugar, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que já estava sendo “cristianizado” pelos demais tucanos de alta plumagem; em segundo, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que pleiteia a vaga de candidato à Presidência da República do PPS.

Certamente, pesaram na decisão de Huck o encerramento precoce de uma carreira bem-sucedida na TV Globo, as pressões familiares e, sobretudo, as incertezas da política. Huck precisaria de uma aliança robusta para compensar a falta de tempo de televisão e de recursos do PPS caso se filiasse a este partido, o que somente aconteceria se o seu nome roncasse nas pesquisas, o que não aconteceu. Ou, então, filiar-se a um partido maior, como o DEM, mas perderia o charme de candidato do “novo”. Em qualquer das situações, teria que largar em inferioridade de condições, com Bolsonaro à frente, embolado com Marina Silva (Rede) e tendo nos seus calcanhares Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos).

A hora da coragem histórica: Editorial/O Estado de S. Paulo

Segundo se noticia, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estaria trabalhando na redação do discurso que faria para anunciar um eventual arquivamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que trata da reforma da Previdência. Melhor que não seja verdade. Se assim agisse, o presidente da Câmara transmitiria uma mensagem deletéria para o País.

Diante da dificuldade para obter os 308 votos necessários à aprovação da reforma, Rodrigo Maia estaria manobrando para que, caso a reforma seja mesmo engavetada, o ônus político recaia exclusivamente sobre o Poder Executivo, que não teria sido hábil o bastante para reunir o apoio necessário em torno da matéria.

Primeiro, é importante dizer que nenhum governo, desde a redemocratização, se engajou com tal afinco em uma reforma cuja premência para o País é diretamente proporcional à sua impopularidade, como é o caso da alteração das regras de concessão de pensões e aposentadorias. A falta do necessário apoio da opinião pública a essa reforma, que pode ser considerada a principal de todas as de que o País necessita, em boa medida é devida a uma campanha de propagação de mentiras que não pôde ser respondida com a mesma liberdade de circulação em razão de decisões judiciais que sustaram a veiculação de anúncios do governo que tinha por finalidade esclarecer a sociedade sobre temas controvertidos da matéria, como a idade mínima, as regras de transição e a questão das aposentadorias rurais.

A longa jornada da baixa produtividade: Editorial/O Globo

Pesquisa quantifica a ineficiência do sistema produtivo brasileiro, provocada por um ensino deficiente e baixos investimentos, causados por um distributivismo populista

O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, encontra-se nos primeiros lugares em volume exportado de grãos, carnes e outras matérias-primas, mas não aparece bem situado em listas que tenham a ver com qualidade, tecnologia, aprimoramento. É um país em que falta sintonia fina.
O mais recente destes rankings é sobre produtividade, feito pela Fundação Getúlio Vargas, divulgado ontem pelo GLOBO. A inferioridade brasileira é indiscutível: o país, numa relação de 68 economias, está em 50º lugar, abaixo de Argentina, República Tcheca, Nova Zelândia e outras nações de reconhecida eficiência, como Alemanha, Suíça, Japão e Estados Unidos.

O levantamento das horas médias anuais trabalhadas por pessoa ocupada coloca a Noruega em primeiro lugar, com 1.426,9 horas com uma produtividade de US$ 102,8 por hora, o resultado da divisão do PIB pelo total de tempo trabalhado. Este é o valor do que um empregado norueguês produz por hora. A distância para o brasileiro é enorme: este trabalha mais que o norueguês (1.711,3 horas médias anuais), porém o valor da sua produção é de irrisórios US$ 16,8.

O Plano Real, de 1993/94, lançado no governo de Itamar Franco e implementado nas duas gestões do tucano Fernando Henrique Cardoso, trouxe a estabilização econômica essencial a qualquer projeto de desenvolvimento.

Bolsa furada: Editorial/Folha de S. Paulo

A Constituição reza em seu artigo 37 que a administração pública deve pautar-se pelos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Na prática, a conduta é outra.

A toda hora uma investigação revela que, na penumbra das repartições, pululam ações e omissões imorais, se não ilegais, a favorecer pessoas e empresas. Residem aí a raiz e o adubo da profunda ineficiência do Estado brasileiro.

O último fruto podre brotou de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) nas isenções fiscais concedidas a instituições de ensino que, segundo certificação do Ministério da Educação (MEC), não têm o lucro como objetivo. As isenções educacionais chegam a R$ 4,5 bilhões por ano.

Para ficarem livres de contribuições previdenciárias, estabelecimentos de ensino precisam ser entidades constituídas sem fins lucrativos, ter mais de um ano de atuação, apresentar balanços confiáveis, aplicar receitas na própria atividade e obter o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) do MEC.

Arranjos pré-eleitorais ampliam a desorganização partidária: Editoria/Valor Econômico

Os primeiros ensaios de arranjos eleitorais estão ampliando a desorganização partidária. A possível ausência da polarização entre PT e PSDB, que dominou a disputa pelo Planalto por mais de duas décadas, deixou um enorme vácuo, chamado por falta de termo melhor, no "centro". A Operação Lava-Jato contribuiu para jogar ao seu ponto mais baixo a já péssima fama dos políticos - sem distinção de legendas. O agudo déficit de representação abriu falsamente a perspectiva redentora de salvação pelo "novo".

A maior mudança está sendo propiciada pela falência do principal partido que aglutinava a esquerda, o PT. O ex-presidente Lula é o único que poderia, de alguma forma, garantir cacife eleitoral para ao menos evitar que a surra que a legenda levou nas eleições municipais não se repita na Câmara e no Senado. Abatido por uma condenação em segunda instância de 12 anos e um mês, Lula dificilmente terá seu nome nas cédulas. Como todo líder carismático, não tem sucessor no partido e as alternativas são eleitoralmente fracas. Além disso, o poder de transferência de votos de Lula se desgastou com o fracasso da gestão de Dilma Rousseff e com o avanço de sua rejeição nas pesquisas.

O PSDB perdeu o espaço que naturalmente poderia ocupar com a bancarrota do PT. Legenda de caciques, basicamente paulistas, perdeu o rumo faz tempo e está perto da implosão. O ex-presidente Fernando Henrique, desnorteado, prega em praça pública uma alternativa externa à legenda e ao candidato mais forte que ela pode hoje apresentar, o governador Geraldo Alckmin. Alckmin nunca foi do grupo político de José Serra e de Fernando Henrique e terá de se virar sozinho e sem apoio dos manda-chuvas tucanos.

Huck escolhe permanecer na TV e desiste de candidatura

Huck opta por TV e aborta plano de disputar o Planalto

Após voltar a se movimentar entre líderes políticos e econômicos, apresentador da Globo descarta candidatura; recusa leva em conta aspecto profissional e receio de exposição

Sonia Racy / O Estado de S.Paulo

O apresentador Luciano Huck manteve a decisão de não se candidatar à Presidência da República na eleição deste ano. Huck optou pela carreira de sucesso na televisão em vez de se aventurar em uma disputa presidencial. Ele vinha sendo cobrado pela TV Globo a se definir sobre o assunto, o que fez nesta quinta-feira, 15.

“Não serei candidato, mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão”, afirmou Huck à coluna Direto da Fonte.
O apresentador chegou a anunciar que não seria candidato em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em novembro, mas voltou a se movimentar em janeiro, se reunindo com líderes políticos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e representantes do setor econômico.

A informação sobre a desistência de Huck foi revelada pelo site O Antagonista.

Huck passou a circular novamente após o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) confirmar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que tende a impedir sua candidatura a mais um mandato.

O apresentador, com o discurso da renovação na política, já começava a ser tratado como uma alternativa na disputa presidencial por líderes partidários e legendas que veem a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) com reticências. A principal desconfiança é em relação ao potencial eleitoral do governador paulista, que ainda não atingiu dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.

Huck desiste de concorrer à Presidência

O apresentador Luciano Huck decidiu não disputar a eleição para presidente da República. A notícia foi recebida com alívio por alguns tucanos.

Após especulações, Huck desiste de ser candidato a presidente

Convite para filiação ao PPS foi rejeitado; grupo ligado a Alckmin comemora

Silvia Amorim e Patrícia Cagni / O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Após semanas de especulação de que poderia disputar a eleição para a Presidência da República pelo PPS, o apresentador Luciano Huck desistiu de uma candidatura este ano, segundo divulgou ontem o colunista do GLOBO Lauro Jardim. Huck havia prometido ao PPS uma resposta definitiva depois do carnaval sobre eventual filiação à legenda. A assessoria de imprensa do apresentador confirmou a informação. sobre a sua escolha.

A saída do apresentador do páreo eleitoral foi recebida com alívio por aliados do pré-candidato do PSDB, governador Geraldo Alckmin. O tucano estava sob pressão há semanas com o ressurgimento da possibilidade de Huck entrar na disputa. O apresentador disputaria eleitores no mesmo campo político dele e já aparecia nas pesquisas com o mesmo patamar de intenções de voto do tucano. Em público, o governador disse que apoiava a entrada de Huck na política, mas, reservadamente, temia os efeitos disso para seu projeto político.

— Isso desarma “outsiders” e as coisas caminham mais naturalmente para ele — comemorou um conselheiro de Alckmin.

Uma eventual candidatura ao Planalto começou a ser ventilada ainda no ano passado. Na ocasião, ele havia aberto conversas com alguns partidos. Mas, após duas negativas públicas de Huck de que não seria candidato — um artigo escrito por ele ao jornal “Folha de S.Paulo”, em novembro, e uma entrevista no Domingão do Faustão, em janeiro —, a fervura esfriou.

Este ano, entretanto, os rumores voltaram por causa de encontros entre o apresentador e o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. A sigla tinha interesse em filiar Huck.

Declarações de incentivo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que Huck participasse da eleição presidencial também ajudaram a aumentar as especulações. Numa delas, o líder tucano disse que “seria bom para o Brasil” o apresentador entrar na disputa. FH é amigo da família de Huck. A postura do ex-presidente gerou insatisfação entre aliados de Alckmin, que cobraram dele explicações, e FH precisou telefonar ao governador este mês para reafirmar apoio à sua postulação.

Patrocinador de uma filiação do apresentador ao PPS, Roberto Freire desconversou ontem sobre a desistência e disse que Huck o surpreenderia se tivesse anunciado que seria candidato:

— Surpresa seria se ele mudasse de opinião. Sempre que perguntado ele diz que não é candidato. Ele confirmou o que ejá tinha dito.

O dirigente do PPS negou que ele e Huck estivessem tratando de uma filiação e candidatura nos últimos meses.

— Não conversávamos sobre isso. Ele já tinha dito que não era candidato. Vamos conversar o quê? — afirmou o presidente do PPS.

Freire explicou que conversava com Huck sobre uma parceria entre o PPS e o movimento “Agora!”, capitaneado pelo apresentador para renovação de quadros políticos nesta eleição. Na próxima terça-feira, em Brasília, o partido e o grupo assinarão uma carta-compromisso para a eleição de 2018.

Luciano Huck confirma que não será candidato à Presidência

Apesar de já ter negado intenção de disputar o Planalto antes, nome seguia como alternativa de partidos para 2018 e entusiasmava o ex-presidente FHC

Por Da Redação /VEJA

O apresentador Luciano Huck não será candidato à Presidência da Repúblicanas eleições de 2018. A informação foi confirmada por sua assessoria de imprensa, nesta quinta-feira (15).

Esta é a segunda vez em que Huck nega publicamente ser candidato à disputa da Presidência. Em novembro, em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, o apresentador já havia rechaçado entrar na política. Em seguida, no entanto, pediu para ter o nome mantido em pesquisas de intenção de voto e chegou a 8% da preferência do eleitorado na mais recente pesquisa do Datafolha, divulgado há duas semanas, empatando com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin(PSDB), em um cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Diante do desempenho dele na pesquisa e da possibilidade de Lula, condenado em segunda instância, ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, Huck vinha sendo pressionado pela Rede Globo, com a qual tem contrato, a definir se disputaria ou não as eleições. Conforme publicou o Radar, a emissora esperava uma decisão logo depois do Carnaval, o que se confirmou nesta quinta-feira.

A candidatura do apresentador entusiasmava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com quem vinha conversando sobre a possibilidade, e era negociada com o PPS, que lhe abriu as portas para a disputa do Palácio do Planalto, em outubro.

Na semana passada, em uma entrevista à Rádio Jovem Pan, FHC declarou que “é bom ter gente como o Luciano porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido”. À Rádio Guaíba, o ex-presidente disse que Huck estava “considerando” entrar na corrida eleitoral.

A TVEJA, também na última semana, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), declarou que o partido “é a melhor opção para Huck”.

Luciano Huck confirma: ‘Não serei candidato’

Sonia Racy / O Estado de S. Paulo

Luciano Huck decidiu. Confirmou à coluna, na tarde desta quinta-feira, que não será candidato à Presidência da República. “Não serei candidato mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão.”

Na quinta-feira passada, Huck jantou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — e este, ao confirmar à coluna o encontro, ressaltou que isso não significava necessariamente um sinal de apoio à candidatura do apresentador. “Jantei sim com Luciano Huck, como jantei recentemente com Paulo Hartung, depois com Fernando Haddad e recebi Rodrigo Maia, entre outros. Converso com muita gente mas isso não significa apoio”, esclareceu então FHC. Na quinta, Huck havia dado entrevista a uma emissora de Porto Alegre admitindo que considerava a hipótese de entrar na disputa.

Vale registrar que movimentos como RenovaBR, Agora!, Vem Pra Rua, Frente Favela Brasil e Livres preparavam um encontro com o apresentador para um “debate sobre a renovação da política nacional”. Na prática, significaria mais um estímulo ao projeto presidencial de Huck.

Huck reafirma decisão de não concorrer à Presidência

Apresentador vinha sendo cobrado pela Globo a se definir

Igor Gielow – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O apresentador Luciano Huck manteve sua decisão de não concorrer à Presidência este ano, como já havia dito em artigo publicado na Folha em novembro.

Ele deve fazer o anúncio formal nesta sexta (16). A manutenção da desistência foi adiantada pelo site "O Antagonista" na tarde desta quinta (15) e confirmada por sua assessoria.

Nas últimas semanas, a condenação por corrupção em segunda instância e virtual inelegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recolocou o nome do apresentador da Rede Globo no jogo. A análise de números de perfil do eleitor permitia antever que boa parte de quem vota no petista poderia ser abocanhada por Huck.

Além disso, o fraco desempenho e os diversos problemas de largada na pré-campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) animou aliados do tucano a especular mais firmemente sobre o apoio a Huck. As conversas chegaram ao DEM, que depois fez questão de negar e defender candidatura própria, e ao PSD de Gilberto Kassab.

Antes do Carnaval, ele havia feito uma nova rodada de conversas com seus conselheiros, em especial o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que é o mentor intelectual da hipótese Huck. FHC ponderou sobre as dificuldades da campanha, mas manteve o estímulo ao apresentador se lançar.

Luciano Huck desiste de vez de ser candidato

Lauro Jardim / O Globo

Agora é pra valer: Luciano Huck não será candidato a presidente da República. A decisão já foi tomada pelo apresentador. E será anunciada até amanhã.

Hoje mesmo Huck começará a avisar o seu entorno.

Ontem, Huck rascunhou algumas linhas para explicar seus motivos. O apresentador não se filiará a partido algum, mas dirá que continuará discutindo as questões relevantes do Brasil.

Mais cedo, chegou a dizer a um interlocutor:

— Com o mergulho que fiz nos últimos meses, me sinto preparado a discutir qualquer assunto.

Os próximos passos de Huck
Luciano Huck não será candidato à Presidência e amanhã anuncia oficialmente que está fora do páreo numa entrevista em São Paulo.

Em 2018, no entanto, continuará participando do Agora! e no Renova BR, dois movimentos suprapartidários nos quais se engajou nos últimos meses.

Huck, que não se filiará a partido algum, tomou a decisão na quinta-feira, justamente o dia em que "O Estado de S. Paulo" publicou em sua manchete uma pesquisa mostrando que a aprovação do apresentador crescera nos dois últimos meses.

É um caso atípico na política: alguém que desiste de ser candidato depois de uma notícia positiva.

Desistência de Huck não surpreende FHC

Sonia Racy / O Estado de S. Paulo

A desistência de Luciano Huck em disputar a Presidência da República não surpreendeu FHC. “Só ele mesmo, como eu já havia dito sexta-feira passada, poderia decidir o seu destino”, ponderou o ex-presidente ontem, direto de Trancoso.

Pesou também segundo FHC, o fato de o apresentador “não ter apoio de nenhum partido grande”.

Na quinta-feira passada, FHC jantou com Huck. À coluna, na sexta-feira, o ex-presidente afirmou que o encontro não significava apoio à candidatura do apresentador. “Vou seguir a decisão do meu partido”.

Ex-ministro também ficou triste com decisão
Bem como Huck, Andrea Calabi, ex-ministro de FHC e ex-secretário de Alckmin, estava ontem triste com a decisão – confirmada pelo próprio Huck ao blog da coluna – de abandonar a disputa pela Presidência.

Entretanto, “ele sai maior do que entrou. Terá agora mais responsabilidade ainda em apoiar os movimentos pró-renovação política”, diz Calabi, grande apoiador de Huck nesse projeto político e parte da família – o economista é casado com a mãe do apresentador, Marta Grostein.

Em tempo: nem um único familiar do apresentador foi a favor da empreitada.

Huck avalia apoiar Alckmin na disputa ao Planalto

Coluna do Estadão

O apresentador Luciano Huck desistiu de concorrer à eleição presidencial, mas ainda avalia apoiar algum candidato na disputa ao Planalto. Entre os presidenciáveis, Huck é mais próximo de Geraldo Alckmin. Analistas avaliam que um eventual apoio do apresentador pode até não ajudar o tucano eleitoralmente, mas para o meio político mostra aglutinação em torno da sua candidatura. É tudo o que Alckmin precisa neste momento em que patina nas pesquisas e em que busca unir o centro para evitar um 2.º turno entre o candidato do PT e Jair Bolsonaro.

Tempo. A interlocutores, Huck afirma que “vai atuar mais do que nunca” no pleito deste ano, mas que “ainda não sabe” se vai apoiar diretamente um candidato ao Planalto. Ele quer pensar com calma.
Foi difícil. Huck relatou a amigos ter ficado triste com sua decisão por “estar seguro de que conseguiria formar um governo histórico”. Mas explicou que não poderia deliberar sobre isso até abril como exige o prazo da lei eleitoral.

Tucano diz que PSDB atuará para ter Huck como cabo eleitoral

Líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão quer apoio de apresentador para o candidato do partido à Presidência da República

Daiene Cardoso/ O Estado de S.Paulo

Com a desistência do apresentador Luciano Huck da disputa presidencial, o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), disse que o partido vai trabalhar para tê-lo como cabo eleitoral, seja do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. "Temos agora de trazê-lo para nos apoiar", afirmou.

Para Leitão, Huck representa a renovação e já tem afinidade com o pensamento de centro-direita. "Ele sempre teve simpatia pelo PSDB. Teria uma chance enorme dele dar esse apoia. Agora nós precisamos é conquistá-lo", declarou ao Estadão/Broadcast Político.

Huck confirmou nesta tarde que não vai disputar a eleição presidencial este ano. "Não serei candidato mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão", disse à coluna de Sonia Racy.

O líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), demonstrou simpatia pela possibilidade de Huck participar do pleito eleitoral. "Política se faz com participação. Não adianta ficar só reclamando sobre o que está aí. Nesse sentido, sempre achei louvável sua presença. Já participou de campanhas como colaborador e poderia contribuir mais se fosse ele candidato", disse o emedebista.

‘Caldeirão’ ferve e agita centro político

Vera Rosa / O Estado de S.Paulo

Mesmo fora da disputa, o apresentador de TV Luciano Huck pôs mais fogo no “caldeirão” das eleições. Ao decidir não concorrer à Presidência da República, Huck se transformou, de uma hora para outra, no candidato que “foi sem nunca ter sido” a renovação na política. Agora, todos os partidos estão atrás do seu espólio, mas quem mais comemorou sua negativa de entrar no páreo foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Nos últimos dias, Huck foi elogiado várias vezes pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a candidatura dele seria “boa para o Brasil” e botaria “em perigo” a política tradicional. Com os comentários, FHC praticamente rifou Alckmin, pré-candidato à sucessão de Michel Temer.

O alvoroço em torno de Huck foi tanto que até o Palácio do Planalto já jogava confete na direção do apresentador, em um jogo de cena para provocar aliados “rebeldes”, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ensaia voo solo na disputa ao Planalto e tenta isolar o MDB.

Manuel Bandeira: Balada das três mulheres do sabonete Araxá

As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me
[bouleversam, me hipnotizam.
Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Ou celestes africanas:

Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete
[ Araxá!
São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do
[ sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?

Meu Deus, serão as três Marias?

A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber e
[ nunca mais telefonava.
Mas se a terceira morresse... Oh, então, nunca mais a minha vida
[ outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: queres ser estrela? queres ser rei? queres
[ uma ilha no Pacífico? Um bangalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero as
[ três mulheres do sabonete Araxá:
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!