terça-feira, 7 de agosto de 2018

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

Em latim se dizia virtus in medium est. Frase que pode ser enganadora: não existe meio-termo entre o autoritarismo de direita e a demagogia populista. Há que renegá-los radicalmente. Não se trata, tampouco, de eleger um “centrista” qualquer nem de dizer amém ora a um lado, ora ao outro. Mais de uma vez me referi à necessidade da formação de um “bloco popular e progressista”. E procurei definir o significado destes termos.

Quererá isso dizer que o candidato que assuma as posições deste “bloco” (tenho escrito bloco de propósito para englobar setores da sociedade e não apenas dos partidos) deverá recusar alianças com setores diferentes dele? Responder afirmativamente à pergunta importa em declarar derrota por antecipação: as sociedades contemporâneas são fragmentadas, nem sempre os grupos e pessoas têm consciência dos desafios que os atormentam, os partidos se tornam mais siglas do que instrumentos de definição de políticas. E muitos deles, no caso brasileiro, além de se beneficiarem de um sistema eleitoral cartorial (que define acessos aos períodos gratuitos de TV) expressam o que chamo de “atraso”. E este é parte constitutiva de nossa herança político-cultural. Sem alianças ninguém ganha nem governa.

A verdadeira questão é outra: tal “bloco” e seu líder terão capacidade e poder para conduzir o processo político nacional ou serão engolfados pelos interesses partidários e sociais dos que sempre mandaram? Daí a importância da capacidade de liderança do candidato, de suas convicções e de ambas haverem sido provadas na prática. Esta coluna não é espaço para propaganda partidária. Minhas escolhas são conhecidas e as razões delas estão ditas no artigo que escrevi no mês passado.

Os jogos estão feitos. O êxito dependerá de que com conhecimento, firmeza e convicção se diga o que é necessário, e não apenas o que é conveniente. E de que os que ouçam se convençam de que o dito não são palavras perdidas no ar e, por isso, quem o diz merece a confiança do seu voto.

De farol alto é o que precisamos.

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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo, foi presidente da República. ‘Farol alto’, O Estado de S. Paulo, 5/8/2018

Eliane Cantanhêde: Sul, o queridinho da vez

- O Estado de S.Paulo

Nem do Nordeste nem de Minas Gerais, os vices miram os 52% de votos femininos e os 14,5% do Sul

As novidades da eleição de 2018 vêm sendo todas derrubadas, mas eis que surge uma de onde menos se esperava: os vices não saíram nem do Nordeste nem de Minas Gerais. A turma deixou de dar murro em ponta de faca para arrancar votos nordestinos do PT, e o PSDB avalia que os votos mineiros estão em boas mãos com o tucano Antonio Anastasia disputando o governo.

Se há algum vice nordestino no primeiro pelotão é Eduardo Jorge (PV), na chapa de Marina Silva (Rede), mas ele só nasceu na Bahia e fez toda sua vida política em São Paulo, que tem 33 milhões de eleitores.

Prevaleceu a corrida pelo forte e desconfiado voto feminino, que soma 52% do eleitorado e a tentativa de evitar a dispersão dos 21,4 milhões de votos do Sul entre os presidenciáveis. Nada menos que quatro candidatos a vice são do Rio Grande do Sul: Ana Amélia (PP), de Alckmin; Manuela d’Ávila (PCdoB), de Fernando Haddad, ops!, de Lula; Germano Rigotto, de Meirelles; Hamilton Mourão, de Bolsonaro.

Merval Pereira: Para todos os gostos

- O Globo

Quem ganhou com a escolha da vice foi o tucano Geraldo Alckmin, que tirou da manga a senadora Ana Amélia

A definição dos vices ganhou dimensão maior nesta corrida presidencial devido à indefinição do PT, que pretendia manter em segredo seu plano B o mais possível, a fim de não oficializar o impedimento do ex-presidente Lula antes de a Justiça Eleitoral se pronunciar.

Houve até uma mudança de última hora, com o candidato Jair Bolsonaro trocando um príncipe por um general. A chapa do líder das pesquisas quando Lula não aparece ficou, assim, muito mais pesada, sem agregar apoios mais amplos.

Ao contrário, pela amostra dada ontem, na sua primeira fala oficial como candidato a vice, o general Mourão, que já chamara de “boçais” certos eleitores de Bolsonaro, aprofundou o menosprezo do candidato a negros e índios.

Disse ele na Câmara de Indústria e Comércio de Caxias que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandragem” dos africanos. Tentou amenizar dizendo- se “indígena” por parte do pai, um amazonense. E pediu licença a um político negro que estava presente para afirmar que a “malandragem é oriunda do africano”.

Para o general Mourão, que já defendeu uma intervenção militar no país, é por causa desse “cadinho cultural” que os brasileiros gostam de “mártires, líderes populistas e dos macunaímas”. Pelo jeito, o general pretende rivalizar com o candidato em declarações polêmicas.

Raymundo Costa: Embrulhado em retórica esquerdista

- Valor Econômico

Haddad foi a segunda pedida de Lula para Plano B

Desde a redemocratização, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só não foi o cabeça de chapa do PT nas eleições presidenciais em 2010 e 2014, por razões legais - não podia disputar um terceiro mandato. Mas apoiou e elegeu a ex-presidente Dilma Rousseff, nas duas eleições. Um impedimento legal - a Lei da Ficha Limpa - também deve barrar uma nova candidatura do ex-presidente em 7 de outubro. O desafio de Lula, desta vez, será o de eleger o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o Plano B do PT nas próximas eleições.

A primeira pedida de Lula era o ex-governador da Bahia e ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil). Entre ele, a presidente do PT, Gleisi Hoffman e Fernando Haddad, sobrou para o ex-prefeito de São Paulo. O problema para o PT, a partir de agora, é esticar nos tribunais a candidatura de Lula o máximo possível, para só então entronizar Haddad e a ex-candidata do PC do B a presidente, Manuela D'Ávila, como candidatos à sucessão do presidente Michel Temer. Mas ainda é cedo para dizer que o PT vive o fim de uma era - a eventual eleição de Haddad não cessaria de imediato a influência de Lula no governo petista que já começaria pressionado a dar a anistia ao ex-presidente..

Com a expectativa da candidatura Haddad chegaram as primeiras dúvidas do PT. O grosso do eleitorado de Lula é nordestino. O ex-prefeito de São Paulo foi rejeitado pela cidade que o elegeu e não é referência no Nordeste, ao contrário de Wagner. Haddad também sofre oposição interna no PT maior que o ex-governador da Bahia, mas é improvável que o eleitor do PT deixe de votar no partido por esse motivo (mas há controvérsias).

A decisão por Jaques Wagner levava em conta suas qualificações positivas no Nordeste: tem boa relação com os governadores da região, ganhou no primeiro turno as duas eleições de que participou para o governo da Bahia, interrompendo um longo domínio político da família Magalhães, e depois elegeu sucessor Rui Costa, que deve se reeleger em outubro junto com Wagner para o Senado Federal.

Era mais fácil para o ex-presidente transferir seus votos no Nordeste, onde o lulismo é mais forte, para Jaques Wagner. E no entanto Wagner não aceitou o convite para sentar no banco de reservas de Lula como candidato a vice-presidente. Declinou. A questão das supostas denúncias contra o ex-governador baiano teriam pesado menos que a vontade expressa dele. Denúncia vai aparecer contra qualquer um que for candidato.

Em sua resposta a Lula, o ex-governador falou que não se sentia preparado para disputar a Presidência da República e que não tinha cogitado ser candidato tendo no horizonte o Palácio do Planalto. Ao menos neste momento. Aproveitou para esclarecer que não é verdade que está pensando mais no mandato de senador pela Bahia, uma eleição aparentemente fácil. Na realidade, acha que Lula é insubstituível e que não tem condições nem capacidade para tomar seu lugar.

Não podendo ser Lula, poderia ser Gleisi Hoffmann. Suas credenciais: é a presidente do PT, tem se saído bem no cargo, "põe a cara para bater" e é firme na defesa do ex-presidente Lula. Contra pesou o fato de ser mulher, porque a primeira indicação de Lula de uma mulher para a Presidência, em 2010, não deu certo. As fontes que acompanharam de dentro as negociações se dividem sobre o papel de Gleisi. Os mais próximos de Lula dizem que ela não fez jogo para ser a escolhida. Outra parte diz que o tumulto dos últimos dias foi criado por ela na esperança de se viabilizar como saída para eventual impasse.

Hélio Schwartsman: O sujeito indeterminado do PT

- Folha de S. Paulo

Quem ou o que está impedindo Lula de concorrer?

“Querem vetar o direito do povo de escolher livremente o próximo presidente”, diz um trecho da carta de Lula lida na convenção nacional do PT. O uso do sujeito indeterminado, cuja marca aqui é o emprego da terceira pessoa do plural, é suspeito. Quem ou o que está impedindo Lula de concorrer?

Ora, o grande empecilho à candidatura do ex-presidente é a Lei da Ficha Limpa (LC n° 135/2010), que torna inelegíveis aqueles que tenham sofrido certos tipos de condenação penal, desde que proferida por órgão colegiado. Lula ficou nessa condição depois que o TRF-4 confirmou a sentença que lhe fora dada pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

De minha parte, nunca fui muito simpático a essa norma, contra a qual escrevi algumas colunas. Mas a Ficha Limpa, é preciso lembrar, foi proposta por movimentos próximos ao PT e aprovada com o apoio unânime da bancada do partido. O próprio Lula, quando a sancionou, fez questão de divulgar que era favorável ao “espírito da lei”.

José Casado: Lula implodiu a esquerda

- O Globo

Semanas depois de anunciar sua transcendência da condição humana para a sublimidade de “uma ideia”, Lula recaiu na vida mundana. Da prisão, comandou o PT numa proeza: implodiu o agrupamento autodenominado de esquerda.

É aposta de alto risco. O resultado só será mensurável na apuração da noite de domingo, 7 de outubro. Até lá, contam- se os sobreviventes.

Entre eles está Ciro Gomes, visto ontem em Brasília queixoso da vida: “É só fuxico, é só conchavo, é só rasteira, é só punhalada pelas costas.”

O candidato do PDT não admite, mas é o responsável pelo próprio isolamento. Imolou- se.

Ciro conseguiu ser rejeitado até mesmo pelo ajuntamento de conservadores, donos do centrão, depois de oferecer-lhes todo o ministério.

Correu para o PT, em seguida, coma oferta de sociedade num “bloco de esquerda ”, soba sua liderança. Subestimou a adoração da burocracia petista pela hegemonia. Foi além: se apresentou como alternativa a Lula, cujo único interesse é o culto à sua personificação como uma “ideia”, na esperança de se diferenciar dos sentenciados comuns.

Ricardo Noblat: Lula pede para ficar preso

- Blog do Noblat | Veja

Deixar de ser candidato, jamais!

Onde se lê coisas do tipo: “Lula retira pedido de soltura no STF para impedir discussão sobre elegibilidade”. Ou: “Com medo de ter candidatura impugnada, Lula desiste de pedido de liberdade”.Ou ainda: “Temendo inelegibilidade, Lula retira recurso do STF”. Leia-se simplesmente: Lula prefere ficar a preso a ter sua candidatura barrada pela Justiça. Pois foi isso o que se tratou.

Em junho último, a defesa de Lula entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal pedindo que ele fosse solto e autorizado a disputar as eleições de outubro próximo. Agora desistiu do recurso com medo de que o Supremo declarasse desde já que ele não poderá ser candidato. Em resumo: a tirar a fantasia de candidato a presidente, Lula escolheu manter a fantasia de preso político.

O pedido de desistência do recurso será examinado pela ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no tribunal. Ele poderá aceitá-lo, negá-lo ou submetê-lo ao julgamento dos seus colegas em plenário. Está chegando a hora da Justiça decidir o futuro de Lula. E a Lula só interessa atrasar o relógio. Desistiu há muito tempo do papel de mediador de conflitos. Quer mais é agravá-los.

O que o general acha dos brasileiros
Preconceito e ignorância

Imagine ter como presidente da República ou como vice, o substituto, portanto, do titular do cargo, alguém que pense assim sobre os seus governados: os brasileiros herdaram dos índios a indolência (preguiça), dos negros a malandragem e dos povos ibéricos (portugueses, de preferência), a tendência a querer privilégios.

Luiz Carlos Azedo: Começa o jogo

- Correio Braziliense

Num quadro muito fragmentado, com 35 partidos e 13 candidatos, a disputa pela Presidência da República, no primeiro turno, se dará no máximo entre meia dúzia de pretendentes. Na largada, os favoritos são Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede), que têm demonstrado grande resiliência, mas esse quadro pode se alterar profundamente quando a campanha de rádio e tevê começar, devido ao grande tempo de televisão de Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), já escalado para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é vice na chapa aprovada em convenção.

As candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos) despontam no Nordeste e no Sul do país, respectivamente, com certa resiliência. Henrique Meirelles (PMDB), que dispõe de muitos recursos e tempo de televisão, é uma incógnita, por causa da traição anunciada dos caciques de seu partido, tanto quanto o candidato do PSol, Guilherme Boulos, um “Durango Kid” na campanha. Ambos têm menos de 1%. Qualquer previsão do que pode acontecer antes de a campanha eleitoral começar nos meios de comunicação de massa é chute. Nas redes sociais, por enquanto, Bolsonaro e Marina estão em vantagem estratégica devido aos militantes que mobilizam.

Uma das variáveis a ser conferida é o peso de Lula na campanha de Haddad. Sua indicação imediata como vice não estava nos planos do ex-presidente, cujo nome foi homologado na convenção petista. Mas os advogados da legenda advertiram que, sem o vice, o PT poderia simplesmente ficar fora eleição, pois o ex-presidente está inelegível e sua candidatura será impugnada. Ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo que perdeu a reeleição, Haddad é o coordenador do programa de governo e o “poste” ungido por Lula para substituí-lo no pleito.

O PT quer transformar duas derrotas políticas históricas, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, numa vitória eleitoral inolvidável: a volta ao poder. Não é uma proeza fácil, uma vez que as narrativas do golpe e de vitimização do líder petista nunca empolgaram a maioria da população e colidem com as instituições democráticas do país. Entretanto, serviram para manter a militância coesa, segurar uma parcela expressiva da base eleitoral e mobilizar a solidariedade internacional.

Isso talvez leve Haddad ao segundo turno. Mas ainda é apenas um “talvez”. Para que ocorra, é preciso que o espólio eleitoral de Lula não se disperse entre outros candidatos, principalmente Marina, Ciro e o próprio Boulos, que sempre foi muito ligado a Lula em São Paulo. Manuela D’Ávila (PCdoB), como nos antigos casamentos arranjados, já estava prometida a Haddad. Deve renunciar à candidatura para ser vice na chapa petista após a impugnação de Lula.

Ana Carla Abrão: Augusto

- O Estado de S.Paulo

Precisamos de quem cuide da nossa democracia, dos nossos valores e da nossa cultura

O mês de agosto chegou. E com ele, abre-se formalmente o período eleitoral. Encerram-se os prazos para a inscrição dos candidatos a presidente e para a formação das chapas. As sabatinas já começaram na tentativa de atrair um eleitorado indeciso e desalentado. Uma crise econômica sem precedentes, escândalos de corrupção em série e a desilusão com uma classe política desconectada da gravidade do contexto se combinam para gerar alguma descrença e um total desinteresse que por vezes descamba para o radicalismo.

São 13,2 milhões de brasileiros desempregados, o país cresce pouco, após uma retração de mais de 10% no PIB per capita. Os investimentos mal cobrem a depreciação da já precária infraestrutura atual e União, Estados e municípios estão quebrados. Políticas públicas beneficiam grupos ou setores particulares; leis protegem interesses específicos ao invés de proteger o interesse público. Educação em frangalhos; saúde beirando o caos; segurança pública falida, abrindo espaço crescente para facções criminosas que a cada dia ganham mais espaço sobre o território nacional – e sobre as representações civis e públicas. Estados e municípios sem condições de prover serviços básicos – em particular para a população de baixa renda e uma rede de proteção social que transfere renda dos mais pobres para os mais ricos, como é o caso da Previdência.

O Brasil tem hoje um endividamento que atingiu 77% do PIB, gasta 39% do PIB para custear uma máquina pública inchada, ineficaz e que aloca recursos de forma ineficiente. Temos serviços públicos que são avaliados como os piores do mundo, um sistema tributário caótico, que dá força a uma guerra fiscal em que, após ganhos específicos e localizados, todos perdem. O mercado de crédito sofre com intervenções atabalhoadas de anos recentes e uma economia fechada ao comércio internacional marca o atraso de anos, senão décadas. Para completar, o sistema político, fragmentado e fisiológico, nos prende ao passado e impede a renovação.

Míriam Leitão: O que é preciso saber sobre dívida pública

- O Globo

Até as eleições de 2002, o PT jogava a culpa dos problemas brasileiros na dívida pública. Essa bandeira, agora, foi levantada pelo candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes. A dívida é de fato alta e virou um problema, mas o caminho de reduzi-la é a penosa trilha do ajuste fiscal. Qualquer outra forma tem o potencial de criar muita perturbação na economia. E há soluções realmente perigosas.

A esquerda parecia ter entendido isso na Carta aos Brasileiros. O ponto óbvio é que o Tesouro não deve aos bancos, mas aos investidores de todo o país. Os fundos de pensão detêm 25% da dívida. Qualquer proposta voluntarista pode afetar essa poupança brasileira que está nas mãos das empresas, famílias, investidores institucionais e bancos. Afeta os aplicadores e o pagamento dos aposentados desses fundos de pensão.

Ciro Gomes já defendeu duas propostas. Estabelecer um teto para o pagamento da dívida. Além de um determinado valor não se aceitaria o custo financeiro. A segunda seria usar parte das reservas para comprar parte da dívida e reduzi-la.

A primeira solução provocaria uma crise de confiança. O investidor poderia temer pela segurança do seu ativo, da sua aplicação. Assim, procuraria outros ativos. O custo financeiro é de fato alto, mas o caminho para reduzi-lo é inverso a esse. O endividamento público está em R$ 5,2 trilhões, 77,2% do PIB. Desse total, R$ 1,1 trilhão são as operações compromissadas que o Banco Central usa para reduzir ou aumentar a liquidez do mercado, o dinheiro em circulação, e R$ 3,6 trilhões são a dívida mobiliária, ou seja, em títulos.

A dívida estava em 52% em 2014 e o que a fez subir para 77% foi o déficit primário no qual o país caiu no governo Dilma. O vermelho permanece. Quando o Tesouro fecha no negativo, precisa se endividar para fechar o ano. Isso eleva o endividamento. Durante muito tempo, ele caiu e ficou estabilizado exatamente porque o país teve superávit primário durante 16 anos.

Alckmin defende reformas macro e micro econômicas para retomar crescimento do país

Ao tratar de saneamento básico no Brasil, Alckmin destacou que vai reinvestir o imposto de saneamento para tratar água e esgoto

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, participou nesta segunda-feira do encontro “O Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018”, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em Brasília. Alckmin destacou que a indústria da construção é um dos setores mais importantes para a economia, por ser grande geradora de emprego e renda. O presidenciável do PSDB defendeu ainda que o Brasil faça parcerias com países desenvolvidos, além de investir na educação.

“Se nós crescermos 50 pontos no PISA nós vamos crescer 1% no PIB de maneira permanente. Então, minha prioridade na educação será a básica – infantil, fundamental e média. A questão da inovação temos que aproximar as universidades e institutos de pesquisa da iniciativa privada”, lembrando os Parques Tecnológicos criados pelo seu governo em São Paulo.

Alckmin defendeu reformas – Estado, previdência, tributária e política – nos primeiros seis meses de governo para retomar a confiança no país. “Temos que mudar. Simplificar a questão tributária. No mundo inteiro é IVA. Vamos atrair investimentos*, explicou.

O tucano salientou também a necessidade do país melhorar o comércio exterior, por meio de acordos. “Os países que aumentaram renda tiveram no comércio exterior uma questão importante. O Brasil ainda é fechado. Precisamos de uma agenda de competitividade, reduzindo o Custo Brasil e fazendo acordos comerciais com outros países”, afirmou.

Ao tratar de saneamento básico no Brasil, Alckmin destacou que vai reinvestir o imposto de saneamento para tratar água e esgoto: “Os cerca de R$3 bilhões arrecadados com o PIS/Pasep de indústrias serão destinados ao tratamento de água e esgoto”.

Estados do Nordeste definem candidatos para cargos majoritários

O PSDB realizou neste fim de semana convenções na região Nordeste do país para oficializar os candidatos aos governos estaduais, Senado e Câmara. Ao todo, a legenda confirmou dois tucanos na disputa pelo governo de seus respectivos estados e uma candidata à vice-governadora. Além deles, outras lideranças foram escolhidas para concorrer a outros cargos majoritários.

No Maranhão, o partido confirmou neste sábado (4) a candidatura do senador Roberto Rocha para o governo do estado. A chapa do tucano lançou também Alexandre Almeida (PSDB) e Zé Reinaldo Tavares (PSDB) para as duas vagas no Senado Federal, além de um grupo de candidatos a deputado estadual e federal. O candidato a vice-governador do estado ainda não foi definido pelo partido.

“A nossa principal prioridade é explorar economicamente a riqueza em vez de explorar politicamente a pobreza. Fazer diferente para fazer mais e melhor”, disse Rocha.

No domingo (5), a legenda oficializou a candidatura de Luciano Nunes (PSDB) ao governo do Piauí. Além do PSDB, o DEM e o PSB também compõem a chapa. Na convenção, as siglas oficializaram também as candidaturas ao senado de Wilson Martins (PSB) e Robert Rios (DEM), e candidatos aos cargos de deputado estadual e federal.

“Mais forte que o governo, que o dinheiro, é o crescimento do povo. É o desejo do povo observar esta mudança que o Piauí precisa. Ninguém aguenta mais tanto descaso, o atraso, o abandono. Estamos aqui reunidos com todos os piauienses que querem promover a mudança do Piauí, a mudança para melhor”, declarou Luciano Nunes.

Realizada no sábado (4), a convenção de Pernambuco confirmou as candidaturas de Armando Monteiro (PTB) ao governo do estado e Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) ao Senado pela Frente “Pernambuco Vai Mudar”. A Frente reúne 13 partidos: PTB, DEM, PSDB, PRB, PSC, PSDC, PMB, PHS, PSL, PRTB, PV, PPS e Podemos.

DEM desiste de candidatura e Alckmin terá palanque único em Minas Gerais

Presidenciável viajou, de última hora, a Belo Horizonte para acompanhar anúncio da aliança

Silvia Amorim | O Globo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, conseguiu nesta segunda-feira pacificar a aliança entre PSDB e DEM em Minas Gerais, unificando seu palanque no estado, segundo colégio eleitoral do país. O deputado Rodrigo Pacheco(DEM-MG) anunciou nesta tarde a retirada de sua candidatura ao governo do estado. Ele será um dos candidatos ao Senado na chapa do candidato do PSDB, Antônio Anastasia.

Alckmin cancelou um compromisso que tinha em São Paulo no fim da tarde desta segunda-feira para viajar, de última hora, a Belo Horizonte para participar do anúncio da aliança entre as siglas.

O apoio do DEM ao PSDB em Minas faz parte do acordo firmado entre Alckmin e o centrão — DEM, PP, PR, PRB e SD. O PSDB deu suporte a candidatos do DEM na Bahia, Pará e Amapá e exigia reciprocidade na disputa mineira. Um apoio do PSDB à reeleição de Rodrigo Maia à Presidência da Câmara passaria também pelo gesto em Minas.

Houve resistência de Pacheco em aceitar a orientação nacional do DEM para que desistisse da candidatura. Neste domingo, ele homologou seu nome na convenção estadual do partido, surpreendendo as lideranças nacionais do PSDB e do DEM.

Indefinição persiste em Minas Gerais

Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico

BELO HORIZONTE - O governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB) agiram para concentrar entre petistas e tucanos a disputa pelo governo de Minas Gerais este ano, com uma sequência de negociações que levou as coligações a um cenário de indefinição que persistia até ontem, já vencido o prazo para o registro de convenções.

Depois de inviabilizar a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) ao governo, Pimentel trabalhou por uma coligação com o MDB, para quem oferecia uma coligação proporcional. No Senado o nome de Pimentel é o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Antonio Anastasia escalou o candidato presidencial da sigla, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para viajarem a Belo Horizonte e sacramentarem a retirada da candidatura ao governo do deputado Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Mas no domingo, de forma confusa e com muita discussão, a convenção estadual do MDB não confirmou o apoio a Pimentel. Os convencionais decidiram apoiar Lacerda ao governo de Minas, mesmo depois da convenção estadual do PSB ter sido anulada pela direção da sigla, o que deve levar a candidatura de Lacerda a ser indeferida. Foi uma escolha que desagradou deputados federais que entendem que para sua reeleição o melhor seria uma coligação com o PT.

Lacerda desafiou a direção de seu partido e os dois lados passaram a travar uma disputa na Justiça. Ontem, ele protocolou no Tribunal Regional Eleitoral de Minas a ata da convenção de sábado que o oficializou candidato Registrou o apoio de sete partidos além do PSB, entre eles o MDB.

Até ontem à noite, os petistas não haviam anunciado quem mais comporá a chapa governista. Uma segunda vaga ao Senado estava em aberto e não havia tampouco definição para a candidatura a vice. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) é a mais cotada, mas o grupo de Pimentel passou o dia em conversas com outras legendas para tentar angariar mais apoio.

Alckmin e Marina fazem contraponto em sabatina com setor de construção

Por Vandson Lima e Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Cinco dos principais candidatos à Presidência da República (à exceção de Jair Bolsonaro, do PSL) participaram ontem de evento promovido pelo setor da construção, o primeiro após a oficialização das candidaturas.

Em comum, os presidenciáveis apontaram a necessidade de o próximo mandatário promover reformas que abram espaço fiscal para investimentos, uma simplificação tributária que migre progressivamente IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins para um único imposto e o estímulo à maior competição no setor bancário, como forma de reduzir o spread.

Candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin prometeu, caso eleito, ampla revisão de normas legislativas. O tucano fez duras críticas ao FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa que aplica recursos do trabalhador em infraestrutura. "FI-FGTS uma roubalheira inacreditável", apontou. "Quero que o dinheiro do FGTS vá para seu fim primordial, moradia, mobilidade, infraestrutura".

Alckmin também prometeu que empresas de saneamento, que hoje pagam Pasep e Cofins, receberão tais valores de volta para realizarem investimentos.

"Temos que acabar com essa cultura antiempresarial. "Queremos ser parceiros. Vamos estar permanentemente juntos".

O tucano recebeu elogios de José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). "Conte conosco que seu governo será um sucesso", disse. A mesma fala não havia sido dirigida a Marina Silva, da Rede.

Avaliado por Marina como um candidato extremo por "não reconhecer os problemas de corrupção que atingem os grandes partidos", após sua aliança com o Centrão, Alckmin rebateu: "Eu nunca fui do PT, nem ministro do Lula. Sempre estivemos em polos opostos".

Marina apela contra polarização PT-PSDB

Candidata diz que partidos deixaram ‘população de lado, como se ela fosse apenas um detalhe’

Bruno Góes e Cristiane Jungblut | O Globo

BRASÍLIA/ A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, disse, ontem, que a quebra da polarização entre PT e PSDB é, neste ano, “mais necessária do que nunca”. Marina participou do encontro “Coalizão pela Construção”, evento que reúne entidades empresariais do setor de engenharia. Perguntada sobre a aliança do PT com o PCdoB e a possível disputa entre tucanos e petistas na eleição à Presidência, Marina disse que “quem fez o problema não vai resolver o problema”.

— A sociedade brasileira vem tentando quebrar essa polarização desde 2010. E agora, mais do que nunca, ela é necessária. Em todas as eleições, desde que reconquistamos nossa democracia direta, temos um fato inédito. Temos uma situação em que dois partidos que se revezaram no poder até pouco tempo deixam a população de lado, como se ela fosse apenas um detalhe, e no dia 7 de outubro ela precisa fazer uma espécie de plebiscito. Nós vamos trabalhar com todas as nossas forças, eu e Eduardo Jorge, para que esse plebiscito não prevaleça — disse Marina.

Marina disse aos empresários que acabar com os “desvios da corrupção" é fundamental para acabar com desperdícios no setor da infraestrutura. Como ex-ministra do Meio Ambiente, Marina defendeu apolítica ambiental, mas admitiu que as regras do licenciamento precisam ser aprimoradas.

— De saída, considero que os marcos legais sobre licenciamento precisam ser aprimorados para ganhar agilidade. Um licenciamento bem feito garante sua implementação sem judicialização.

Num recado aos empresários, ela alertou que “o barato pode de sair caro”, se houver afrouxamento das regras. E ainda defendeu as reformas da Previdência e tributária.

Marina Silva diz que Alckmin, Bolsonaro, Lula e Meirelles representam extremos

Candidata participou hoje de sabatina promovida pela Coalizão pela Construção

Talita Fernandes / Daniel Carvalho | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em seu primeiro evento após ter sido oficializada candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede) classificou seus principais adversários de extremistas.

"Discursos extremistas que prometem saídas fáceis para uma crise complexa crescem na sociedade brasileira, alimentando-se de nossa insegurança e de nossa revolta. Já vimos esse filme antes e sabemos como ele acaba", afirmou.

Num primeiro momento, Marina não especificou a quem se referia ao falar de extremos. Mas listou seus principais adversários ao ser questionada durante entrevista coletiva.

"Quando eu digo extremos que não respeitam a democracia e têm saudosismo da ditadura, eu estou me referindo ao candidato [Jair] Bolsonaro, sem sombra de dúvida. Quando eu digo que tem os extremos que não reconhecem os graves problemas de corrupção que têm atingido os grandes partidos, eu estou me referindo aos grandes partidos da polarização, PT, MDB, PSDB."

A ex-senadora disse que o Brasil vive um momento de desesperança, acrescentando que interesses, privilégios e a corrupção sabotaram a vontade do povo.

A fala se deu nesta segunda-feira (6), durante uma sabatina promovida pela Coalizão pela Construção, formada por 26 entidades representativas desta indústria.

Marina começou sua fala fazendo críticas indiretas ao atual governo e a ex-presidentes. Ela disse que a palavra mudança será usada à exaustão durante a corrida presidencial. "Inclusive por muitos que criaram os problemas do presente", afirmou.

Durante a entrevista, ela citou nominalmente o candidato do MDB ao Palácio do Planalto. "O [Henrique] Meirelles cumpre uma função nessas eleições porque, sendo candidato, existirão aqueles que mesmo estando no governo tentarão parecer que são outra coisa e não são."

A candidata criticou a polarização entre PT e PSDB, enfatizou a Operação Lava Jato e apontou a corrupção como um dos principais entraves para o crescimento do Brasil. "Em meu governo a Lava Jato não será sabotada", disse.

Defesa de Lula desiste no STF de pedido de liberdade para petista se candidatar

Decisão foi tomada para evitar debate sobre inelegibilidade

Carolina Brígido / Gustavo Schmitt | O Globo

BRASÍLIA — A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de desistência do recurso que havia apresentado em junho. Os advogados queriam que a Corte suspendesse os efeitos da condenação do petista — ou seja, que ele fosse libertado e autorizado a disputar as eleições de outubro. Caberá ao relator do caso, ministro Edson Fachin, decidir se concorda com a desistência, ou se leva o pedido para o plenário examinar.

A desistência dos advogados vem na semana seguinte à indicação de ministros do STF que dariam celeridade ao julgamento, para haver definição do tema antes de 15 de agosto, quando terminar o prazo de registro de candidaturas na Justiça Eleitoral. O próprio Fachin deu declaração à imprensa nesse sentido na semana passada. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, estava disposta a pautar o processo nessa semana.

A decisão da defesa deixa Lula com uma carta na manga. Uma decisão final do STF sobre a inelegibilidade obrigaria o petista a colocar desde já um candidato no lugar dele. Agora, com a questão oficialmente indefinida pela Justiça, Lula ganha tempo para se apresentar como candidato e tentar a autorização da Justiça Eleitoral.

Outra estratégia da defesa é buscar no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a suspensão da inelegibilidade. De acordo com a Lei da Ficha Limpa, pessoas condenadas por um tribunal de segunda instância não podem se candidatar. Lula foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no processo sobre o tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo.

Depois de ter pedido a suspensão dos efeitos da condenação, a defesa de Lula apresentou ofício ao STF argumentando que queria apenas a liberdade do réu. Fachin deu prazo para a defesa se manifestar. Ao responder o ministro, os advogados desistiram de tudo, diante do que consideraram uma confusão acerta do pedido.

“De qualquer forma, diante do mistifório entre a pretensão de liberdade plena do requerente que foi efetivamente deduzida nestes autos e a discussão em torno dos seus direitos políticos, a defesa do requerente desiste do feito, sem prejuízo de eventual renovação ‘opportuno tempore’”, diz o documento.

Os advogados ainda listaram, como outro motivo para o recuo, a necessidade de “aprofundamento da análise pela defesa dois importantes fatos novos”. A defesa se refere ao episódio de julho em que o desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, mandou soltar Lula e, no mesmo dia, o relator do processo, desembargador João Pedro Gebran, também do TRF-4, determinou que o petista continuasse preso.

Ao tomar a decisão, os advogados também levaram em conta a tendência da maioria do STF negar os dois pedidos de Lula. Um terceiro pedido, feito para que o petista fosse transferido para a prisão domiciliar, se não fosse libertado, também não encontraria apoio no plenário. Ministros ouvidos pelo GLOBO alegam que não querem ser acusados de interferir no processo eleitoral. Soltar Lula em agosto, a dois meses da eleição, seria uma forma de propiciar reviravolta no quadro político brasileiro. A ordem é deixar tudo como está, para não causar alvoroço no país.

PT escolhe Alckmin seu adversário na televisão

Por Cristiane Agostine e Rafael Moro Martins* | Valor Econômico

SÃO PAULO E CURITIBA - O PT deve definir o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, como o principal alvo de ataques em debates e na propaganda eleitoral gratuita, que começará no fim do mês. O partido tentará vincular a imagem de Alckmin com a do presidente Michel Temer e colar no tucano a pecha de candidato do governo.

Dirigentes do PT e do PCdoB - que no domingo se uniu aos petistas na disputa presidencial - avaliam que Alckmin tem mais chance de ir para o segundo turno e tentam repetir a polarização entre petistas e tucanos que marcou as últimas eleições presidenciais. O tucano, que se aliou ao Centrão, terá 44% do tempo de televisão e conta com a capilaridade dos partidos aliados nos Estados.

Na avaliação de lideranças dos dois partidos, o presidenciável do PSL, deputado Jair Bolsonaro, deve desidratar nas pesquisas de intenção de voto ao expor suas ideias em debates e entrevistas.

Integrante da Executiva do PT, o deputado federal Paulo Teixeira (SP) afirmou que Alckmin deve ser o alvo do candidato petista. Na mesma linha, a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, reforçou que o tucano é o "candidato do establishment". "Ele representa o governo Temer", disse. O presidenciável Henrique Meirelles, do mesmo MDB de Temer e ex-ministro do governo, não é visto como um candidato viável eleitoralmente pelo PT e PCdoB.

Escolhido como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que a estratégia de campanha do partido irá priorizar o debate sobre economia com PSDB e MDB, "representantes do governo [Michel] Temer".

"Não consigo visualizar o projeto [de Jair] Bolsonaro. Não sei qual é. Mas tenho certeza de qual é o projeto das candidaturas do MDB e do PSDB, que estão alinhados no governo Temer", disse Haddad, em Curitiba, depois de se reunir com Lula na Superintendência Regional da Polícia Federal.

A ‘viagem lisérgica’ do PT: Editorial | O Estado de S. Paulo

O Partido dos Trabalhadores (PT), dirigido da cadeia por seu chefão, tem e não tem candidato à Presidência. Ou melhor, tem dois candidatos - e uma candidata a vice-presidente que é sem ser. Se o leitor não entendeu, não se preocupe. Ninguém entendeu. É a “viagem lisérgica” de que falou o candidato Ciro Gomes a respeito da estratégia petista.

A oficialização da candidatura de Lula da Silva à Presidência, no sábado passado, torna o PT, na prática, um partido sem candidato, pois o demiurgo de Garanhuns é inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. A ideia, claro, é desafiar a Justiça a impugnar a candidatura do messiânico líder petista - que, à moda dos velhos caudilhos de antanho, considera que somente a História e as urnas são capazes de julgá-lo, pois ele está acima dessa formalidade chamada “lei”.

Esse tem sido o comportamento de Lula desde que foi flagrado em debochado contubérnio com empreiteiros, à custa de bons contratos de obras públicas e outros benefícios. Condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro - isso apenas no primeiro dos processos aos quais responde -, Lula não se preocupa mais em se defender nos tribunais, posto que a presunção de inocência há muito deixou de existir, e passou a usar seu bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto como argumento para qualificar a condenação como “perseguição política”. Conforme essa linha de “defesa”, todo o Judiciário, a imprensa, a CIA e os “grandes grupos estrangeiros” colocaram-no na cadeia “sem provas” somente para impedi-lo de voltar à Presidência.

Convenções têm suspense, sem maiores surpresas: Editorial | O Globo

PT retarda anúncio do vice, numa história ainda longe do fim, enquanto demais partidos seguem roteiro

Se houve algum suspense nas convenções, foi na execução da estratégia lulista de esticar ao máximo acordada escolha do vice do ex-presidente Lula, tido como “plano B” para o caso de a Justiça cumprir o que está escrito na Lei da Ficha Limpa e torná-lo inelegível por oito anos, devido à condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. É uma operação arriscada, de isolamento do partido, mas que atende aos desígnios do chefe, conhecido por decisões monocráticas que mantêm intacto seu espaço de poder dentro da legenda, a qualquer custo. PT é lugar de fala de Lula, e que ninguém o conteste.

Houve suspense na indicação de Fernando Haddad, no domingo à noite, antes do vencimento do prazo para a montagem de chapas. No banco de reservas, ficou Manuela D’Ávila, que renunciou à candidatura pelo PC do B à espera do desfecho sobre o destino de Lula. Poderá vir afazer dupla com Haddad. Neste caso, surgirá uma chapa puro-sangue de esquerda, fórmula de pouco trânsito junto ao eleitorado. Bem sabe Lula.

A campanha para valer terminou inaugurada com as sabatinas realizadas durante a semana pela GloboNews, em que Alvaro Dias, Ciro Gomes, Marina, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro se apresentaram, numa série de programas de alta e qualificada audiência. Já na quinta, haverá o primeiro debate, na TV Bandeirantes.

As sabatinas serviram para demonstrar que há pontos obscuros a serem esclarecidos, no decorrer da curta campanha, sobre o que cada um pensa fazer diante da gravidade da situação fiscal.

Alckmin, com longa experiência no governo de São Paulo, levou esta bagagem para a entrevista de duas horas. Bolsonaro se esquivou, repassando a responsabilidade para o assessor econômico Paulo Guedes, como tem feito. Ao ficar sem opções na escolha do vice, optou pela caserna e ungiu o general Hamilton Mourão. Para o eleitor já conquistado, é mais do mesmo. Para os demais, a ver.

Industria se recupera, mas projeções não melhoram: Editorial | Valor Econômico

A recuperação da indústria em junho neutralizou as perdas registradas após a greve dos caminhoneiros, em maio, mas ficou aquém do esperado e é insuficiente para suscitar maiores entusiasmos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial cresceu 13,1% em junho, depois de ter desabado 11% em maio, no pior desempenho desde dezembro de 2008, quando a economia global foi abatida pela crise financeira internacional.

Junho registrou crescimento recorde da série histórica da pesquisa, que começou em 2002, inferior, porém ao projetado. No mercado financeiro, se esperava um crescimento até ligeiramente acima de 14%. Alguns indicadores de atividade econômica já sinalizavam uma reação, como o maior fluxo dos veículos nas estradas, a expansão das vendas de caixas, acessórios e papelão ondulado, maior movimento no comércio e na demanda por serviços, além do aumento das vendas de veículos comerciais leves e de caminhões, registrado tanto na ponta da fabricação pela Anfavea quando nas concessionárias, pela Fenabrave.

Houve crescimento recorde nas quatro categorias econômicas, com destaque para a de bens de consumo duráveis, que avançou 34,4%, o suficiente para reverter a perda de 26,1% de maio. Também compensaram as perdas os segmentos de bens de capital, com crescimento de 25,6%; de bens de consumi semi e não duráveis, com 15,7%; e de bens intermediários, com 7,4%. Dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, 22 apresentaram crescimento. Além disso, 15 deles voltaram ao patamar de abril, antes da paralisação. A indústria de transformação cresceu 14,4%. Já a extrativa, que foi pouco afetada pela greve por depender mais do transporte ferroviário, teve expansão de 0,3%. Como se previa, as principais influências positivas vieram de da produção de automóveis e de alimentos, que haviam sido os mais prejudicados pela greve. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias saltou 47,1%, depois de ter afundado 30,1% em maio; a de bebidas cresceu 33,6%; e a de alimentos, 19,4%.

Mais uma ditadura: Editorial | Folha de S. Paulo

Governo de Ortega na Nicarágua deixa para trás, como a Venezuela, princípios da democracia

Quando gestadas dentro de um governo originalmente legítimo, ditaduras costumam mostrar suas feições características de maneira gradual, até que se chega a um ponto a partir do qual não há mais como chamá-las por outro nome. Este se mostra o caso da Nicarágua sob jugo de Daniel Ortega.

Afinal, o estado de conflagração em que se encontra o país da América Central deriva de uma série de investidas contra valores básicos como a alternância de poder e a liberdade de expressão.

Depois de um mandato cumprido de 1985 a 1990, Ortega, 72, voltaria à Presidência apenas em 2007. Reelegeu-se no pleito de 2011, que mais tarde se revelaria seu último gesto de conformidade com as regras do jogo democrático.

O primeiro sinal de alerta deu-se em 2014, quando o Congresso controlado pelo governismo aprovou emenda constitucional para permitir a reeleição indefinida.

Dois anos depois, uma manobra do Conselho Supremo Eleitoral impugnou a candidatura do principal líder de partido opositor. Sem rivais competitivos nas urnas, o mandatário obteve o direito de governar até 2022, tendo como vice sua mulher, Rosario Murillo.

Vinicius de Moraes: A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.