terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Alvaro Costa e Silva: Rachadinha

- Folha de S. Paulo

A operação política dos velhos e dos novos tempos

Mesmo em recesso, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro recusa-se a perder o protagonismo que desfrutou nos últimos anos, quando pela presidência da casa passaram Sérgio Cabral e Jorge Picciani, ambos presos. As atenções no momento estão voltadas para a farra de saques e depósitos na agência bancária que serve ao Palácio Tiradentes.

Haja digitação no caixa eletrônico. Os “rolos” de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, começaram com R$ 1,2 milhão, movimentado entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, mas podem chegar a R$ 7 milhões em três anos. No período de um mês, em 2017, 48 depósitos, todos de R$ 2.000, em dinheiro, foram parar na conta de Flávio, na época deputado estadual. Segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, não foi possível identificar o autor dos depósitos, mas estes foram realizados no autoatendimento da agência da Alerj. Bingo!

Outros 22 deputados chamaram a atenção do Coaf devido a atípicas movimentações de dinheiro envolvendo 74 servidores.

A suspeita é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários de forma fracionada, velho truque para ocultar a origem do dinheiro. Entre os investigados está o presidente em exercício da Alerj, André Ceciliano. Quatro assessores dele movimentaram R$ 49 milhões. Ceciliano, que é do PT (lembra do partido?), é o preferido do governador Wilson Witzel para ocupar a presidência na próxima legislatura.

A “rachadinha” é prática institucionalizada entre os políticos. Sejam eles da antiga ordem ou da nova era.
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O marketing exibicionista de fazer flexão diante de tropas militares —adotado por Wilson “Abatedor” Witzel— atualiza a máxima de Ivan Lessa nos tempos do Pasquim: “O brasileiro é um povo com os pés no chão. E as mãos também”.

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