sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Eliane Cantanhêde: Apagão em 2021, incertezas em 2022

O Estado de S. Paulo.

Desesperados pelo fim de 2021 e apavorados com o começo de 2022

Estamos todos desesperados para 2021 acabar, mas morrendo de medo que 2022 comece, com tantas incertezas, fome, pobreza, desemprego, inflação, inundações e calamidades, gripe H1N1 e H2N3, variantes Delta e Ômicron da covid-19 e uma campanha eleitoral sangrenta, em que não interessa discutir o País, só destruir o adversário.

O Brasil vive um apagão de dados numa área literalmente vital, durante uma pandemia de destino incerto. Impossível cuidar da saúde pública sem dados, voando no escuro. Pior: sem piloto. Pior ainda: com um piloto cabeça dura, que desdenha da ciência, da medicina, das estatísticas..., da saúde.

O mundo chegou ao último dia de 2021 com um milhão de contaminados pela Ômicron a cada 24 horas, mas os brasileiros estão desorientados, sem saber como reagir diante de sintomas como dor de cabeça, garganta arranhando, coriza e eventualmente febre, que podem ser de gripe comum, dengue, as perigosas H1N1 e H2N3 ou... covid.

Sem informação, orientação e dados oficiais confiáveis, o que fazer? Por sorte, os sintomas são leves, porque a grande maioria da população apoia as vacinas e 67% estão totalmente imunizados. Apesar de Bolsonaro, ou contra a vontade dele, o governo foi obrigado a adquirir vacinas e as pessoas puderam alegremente se imunizar.

A pandemia, porém, não acabou. E, em vez de explicar o que está ocorrendo e orientar a população, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está ocupadíssimo em dificultar, protelar e fazer campanha, agora, contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos aprovada pela Anvisa e em mais de 40 países.

Há semanas o País convive com queda e depois instabilidade do sistema de dados da Saúde, após um suposto ataque hacker até agora sem explicação, sem suspeitos e sem detalhes sequer do tamanho do estrago. Tudo fica confuso, com as várias viroses emboladas, sintomas semelhantes, ausência de governo e falta de informação.

Em junho de 2020, Estadão, O Globo, Extra, Folha, G1 e UOL se uniram para monitorar e divulgar o número de mortes e contágios da covid, quando o general Pazuello assumiu a Saúde, mudou a metodologia e os horários de consolidação dos dados e cancelou as tabelas com a evolução da doença. “Acabou matéria no Jornal Nacional (da Rede Globo)”, comemorou Bolsonaro, confirmando o objetivo: esconder a realidade da população.

Esse premiado consórcio de imprensa, de alta utilidade pública, talvez tenha de ampliar muito o leque de monitoramento e fiscalização. O governo, como já cansou de demonstrar, não é confiável. Viva a vacina, a saúde, a vida! E que em 2022 haja luz no fim do túnel!

 

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