Folha de S. Paulo
Comprar a aliança dos armados faz retorno
aos preparativos contra esmagador resultado eleitoral
O aumento
salarial restrito à Polícia Federal e demais servidores civis armados,
como os policiais rodoviários, relaciona-se à eleição de
2022, claro. Mas não com fim eleitoral. É o que sobressai nesse privilégio
prometido por Bolsonaro, e já antecipado aos militares, quando todo o restante
do serviço público federal está há cinco anos sem reposição alguma das perdas
salariais.
Comprar a aliança dos armados faz um
retorno aos
agrados preparatórios do golpe frustrado. Logo, retorno também aos
preparativos contra o esmagador resultado eleitoral antevisto nas atuais
pesquisas.
É a estratégia formulada por Steve Bannon. Provocar, irritar, manter inquietação. Acusar o sistema eleitoral, atrair os bandos arruaceiros e erguer a situação para o golpe. O programa que Trump praticou, fracassado na etapa final porque a invasão do Congresso não teve o desdobramento esperado.
Bolsonaro adotou o programa sem desvios,
também aqui fracassado na etapa final, pelo mesmo motivo de lá: os tanques da
Marinha só fumegaram ridículo em Brasília, o desfile de outra posse não moveu
os apoiadores bestificados, a
massa em São Paulo ouviu o discurso mofado e apenas dissipou-se.
Seja qual for a orientação dada por Bannon
no mais recente encontro com Eduardo Bolsonaro, o programa tem mais um engasgo:
além da barragem feita pela Justiça Eleitoral em defesa da urna
eletrônica, Bolsonaro
colhe um vexame também nas sondagens do eleitorado.
Se a solução de Bannon é o golpe, segue o
plano: nos Estados Unidos, o movimento golpista de Trump já provoca até
advertência de generais para o risco de golpe contra a eleição de 2024;
aqui, Bolsonaro retoma
seu ideal. Convulsão, não eleição.
Assunto impróprio diante de novo ano. Não no país impróprio.
A antimedicina
O Supremo age
no tema da vacinação
infantil, mas o governo não tem o que ser aplicado. Marcelo Queiroga é
falso ministro e falso médico. Sua decisão de consultar
a população sobre vacinar as crianças, ou não, é um alijamento da medicina.
Ao que se seguiu outro, com a banalidade de que "a pressa é inimiga da
perfeição".
A medicina é uma das atividades em que a
pressa mais se confunde com a perfeição. Cardiologistas
("especialidade" de Queiroga), cirurgiões, médicos de emergências e
muitos outros dos nossos salvadores têm a pressa como prática médica. E
decisiva.
Criticado, Queiroga responde: "Óbitos
de crianças estão em patamar que não implica decisão emergencial".
Esse "cardiologista" ignora, mais do que o papel das vacinas, que a
inteligência da medicina tem a prevenção como prioridade. O tratamento é o
recurso para reparar a prevenção descuidada ou impossível.
Mais de 300 mortes de crianças por Covid
não afetam o Ministério da Saúde sob Queiroga, fiel ao repúdio à medicina e à
vida instituído pelo
general Pazuello.
Na verdade, nem se sabe o número aproximado das crianças mortas, de fato. Só
pode ser elevada a subnotificação entre
os 51% da população que ganham menos de dois salários mínimos, 40% deles
sofrendo com falta de comida. No casebre onde há fome, ninguém pensa em Covid,
muito menos como causa de doença e morte.
Ao lançar
às bestas os dirigentes e técnicos da Anvisa, por aprovarem a vacinação
infantil, também esse propósito criminal de Bolsonaro foi replicado por
Queiroga. Sua Covid mental não se satisfaz com a agressão à medicina, quer
levá-la a quem a pratica. A adesão às ameaças ao corpo técnico da Anvisa
espera, aliás, uma ação criminal para Queiroga.
Os clientes da clínica cardiológica de
Queiroga em Brasília, seja à procura de prevenção ou de tratamento, que se
cuidem. Está claro: Marcelo Queiroga não exerce a medicina: repudia-a. É
charlatão. Seu diploma é a máscara do charlatanismo.
Meia notícia
Mais obscura do que a alegada presença de
três agentes financeiros da Al Qaeda em São Paulo é a emissão dessa notícia
pela Embaixada dos EUA. Não há por que duvidar de tal presença, nem de
presumir número ainda maior. A organização se refaz, e é provável que nenhum
país seja mais paradisíaco para sua infraestrutura do que o Brasil atual.
Só não é próprio da NSA, que há tempos
espiona até presidência brasileira, da CIA e do FBI com seu
"escritório" entre nós, divulgar seus achados só por divulgá-los.
O usual é que, em sendo a Al Qaeda, os
agentes retirem seus alvos da circulação. Ou da superfície do planeta. Têm
feito isso, inclusive, com informações precisas para a ação das polícias
brasileiras contra o tráfico de drogas, impelindo-as a agir.
Se mais tarde surgirem notícias de que agentes da Al Qaeda têm auxiliado alguns projetos aqui, por exemplo introduzindo armamento e dinheiro, podemos ficar orgulhosos pela preferência. Já que intolerantes com essas coisas nunca ficamos.
Sobre a primeira parte deste artigo de Janio de Freitas. Se acontecer no final de 2022 aqui no Brasil uma "Operação Capitólio", será um desastre humanitário. Porque os descerebrados trumpistas que invadiram o Capitólio eram civis desarmados. Parece que do episódio restaram duas mortes, confere? Os descerebrados seguidores do lixo de 64 são em grande parte homens armados: milicianos (a máfia brasileira), milicos de baixa patente e os desordeiros civís. E o boçal facilitou a compra de armas. Parece que já entraram mais de 500 mil armas no país. Inclusive fuzis a pretexto de matar javalis. Foi retirado do Exército o controle de quem é proprietário de arma de fogo. TODO CUIDADO É POUCO!
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