Os militares têm que ser considerados. Um pouco do que falei
se aplica a eles: quanto mais a frente for ampla e irrestritamente ampla, mais
se torna difícil a intervenção
militar. Não há como ter uma intervenção contra o conjunto da sociedade
mobilizada em torno de uma ideia. O caminho da intervenção militar é o da polarização. Redescoberta a
possibilidade democrática para o país, as forças futuras são imensas, de
revigoramento dos movimentos sociais, dos partidos democráticos, de um novo
parlamento, porque este que está aí é desprezível, é um parlamento que perdeu o
léxico da sociedade. O parlamento não é representativo da sociedade brasileira
de forma alguma; é um parlamento bolsonarista. As possibilidades no horizonte
são muito generosas se soubermos agora articular uma política de frente amplíssima que desloque
esse regime. Deslocado, aí o mundo é outro."
*Luiz Werneck Vianna, sociólogo, PUC-Rio.
Entrevista, IHU On-Line, 26 de junho 2021