O Globo
É um tema que trata de uma questão íntima,
mas se tornou um grande debate político: a distribuição gratuita de absorventes
para estudantes pobres, presidiárias, mulheres em situação de rua. O projeto é
de autoria da deputada Marília Arraes (PT-PE) e foi vetado por Bolsonaro.
Desde a década de 1960, alguns homens, como
eu, foram alertados sobre a importância da menstruação na psicologia feminina.
A aparição do livro de Simone de Beauvoir “O segundo sexo” nos despertou para
essa e outras importantes realidades da vida da mulher. Lembro-me de sua
célebre frase: é difícil sentir-se uma princesa com um pano ensanguentado entre
as pernas.
O projeto aprovado na Câmara não se limita
apenas ao marco psicológico da menstruação, mas também a sua dimensão social e
econômica: milhares de estudantes pobres deixam de ir à escola por falta de
absorventes adequados.
De uma certa maneira, o tema já foi discutido na administração de Fernando Haddad em São Paulo e no próprio governo Dilma. Não prosperou. Com o avanço da presença feminina na Câmara, foi possível aprovar o projeto, mas não está havendo, acho eu, o debate necessário com Bolsonaro.