terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Alvaro Costa e Silva: Faroeste eleitoral

Folha de S. Paulo

Bolsonaro, de novo, tenta alterar o Estatuto do Desarmamento

Se fosse um filme dos Três Patetas, a cena não teria graça, mas talvez conseguisse entreter a plateia já entorpecida por outras idiotices. Como ato público de um presidente da República que se orgulha de seu passado como capitão do Exército, só uma palavra define: ridículo.

No papel de Moe, com aquele cabelo em forma de cuia, Bolsonaro tenta disparar uma pistola e não consegue. É então ajudado por Larry, quer dizer, o vereador Carlos Bolsonaro, e depois por Curly, o instrutor do clube de tiro em Brasília. Inábil ou temeroso demais para apertar o gatilho, Moe demonstra irritação, mas antes de partir para a violência gratuita —tapas, socos, pontapés, nariz torcido, dedada no olho, habituais nos Três Patetas— o registro das imagens é cortado, frustrando a galera bolsonarista das redes sociais.

Apesar de malograda, a estratégia era evidente: chamar a atenção para o projeto de lei do Executivo que de novo tenta alterar o Estatuto do Desarmamento de 2003, liberando o porte de arma para caçadores, atiradores e colecionadores. O PL pede ainda a extinção da marcação de munições, inclusive para as forças de segurança, impedindo seu rastreamento. Se aprovado no Congresso, o país poderá ter meio milhão de pessoas com armas no coldre andando pelas ruas. Um cenário de faroeste em ano eleitoral.
Bolsonaro pensa e age como Mussolini. Com pequenas variações, vive a repetir um conceito do líder fascista: "Só um povo armado é forte e livre".

Um atirador esportivo foi preso em recente operação da Polícia Civil do Rio. Conhecido como Bala 40 e com certeza um paladino das liberdades individuais, ele estocava um arsenal em sua casa no bairro do Grajaú —26 fuzis (AR 15 e 5.56), 21 pistolas, dois revólveres, três carabinas, uma espingarda calibre 12, um rifle e um mosquetão, além de grande quantidade de munição— e negociava via WhatsApp com organizações criminosas e milicianas. Todas fortes e livres.

 

Um comentário:

  1. Eu temo pelo dia da provável posse do Lula,se eu fosse repórter não iria cobrir o evento.

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