quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Arnaldo Niskier*: Abaixo o nazismo!

O Globo

Parecia improvável que aparecesse no Brasil alguém com a coragem ou a irresponsabilidade de defender o nazismo. Pois é que isso surgiu, na pessoa do podcaster Monark (Bruno Aiub), com o apoio do deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP).

São dois perturbados que envergonham a vida brasileira. O primeiro deles, ao ser punido com a perda de seus patrocinadores, colocou a culpa na bebida que havia ingerido em excesso. Não tem desculpa, pois seguramente passou do ponto e deve ser punido severamente. Seu arrependimento não traz o perdão. A repulsa a seu gesto é o mínimo que se pode desejar.

Monark foi desligado do Estúdio Flow, que tachou de inadmissíveis seus comentários racistas. Ele mesmo, depois do que fez, considerou os comentários “muito burros”, o que provocou enorme reação. É incrível que essa ocorrência tenha sido confundida com “liberdade de expressão”. Sabendo-se do que foram capazes os nazistas (só de judeus na Europa foram mortas cerca de 6 milhões de pessoas). Esse gesto de agora foi uma total irresponsabilidade.

Bêbado ou não, Monark cometeu crimes. Como disse com muita propriedade o ministro Gilmar Mendes, “qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena”. O ministro Alexandre de Moraes afirmou: “A Constituição consagra o binômio liberdade e responsabilidade. O direito fundamental à liberdade de expressão não autoriza a abominável e criminosa apologia ao nazismo”. O ministro Luiz Fux tem uma sólida formação judaica e certamente não concorda com nada disso, o mesmo podendo ser dito pelo ministro Luís Roberto Barroso, cuja mãe é de origem judaica.

A reação a essa estupidez foi nacional e internacional. Monark violou preceitos constitucionais e cometeu crime de apologia ao nazismo. Sua atitude, bem como a solidariedade do deputado Kataguiri, outro absurdo com que não se pode concordar de jeito nenhum, merece uma condenação formal e da maneira mais veemente. Espera-se que a Justiça brasileira reaja com a necessária energia a todos esses fatos lamentáveis.

*Professor, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras

Um comentário:

  1. Tem gente querendo condenar a Tábata também,mas ela reagiu contra na hora.

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