Folha de S. Paulo
Os agentes da PRF não fizeram uma abordagem
policial; cometeram um crime
Na cidadezinha do Nordeste, Genivaldo de
Jesus Santos é assassinado no porta-malas da viatura
transformada em câmara de gás. Um dos assassinos lança
o veneno sobre Genivaldo como quem aplica inseticida para eliminar uma barata.
Genivaldo grita e se debate em desespero.
Suas pernas pedem socorro. Genivaldo pede socorro. Mas não será ouvido. Vai
desmaiar e morrer nos próximos minutos o cidadão de Umbaúba, Sergipe. Brasil.
Os agentes da Polícia Rodoviária Federal não fizeram uma "abordagem
policial". Cometeram um crime, sem dar chance de defesa à vítima.
Homicídio qualificado, segundo o Código Penal.
Também está errado referir-se à chacina na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, como "operação de inteligência". Não podemos repetir essa ignomínia e, muito menos, aceitá-la, sob pena de nos tornarmos cúmplices. Nossa indignação tem que dar às coisas os nomes que elas têm: carnificina, mortandade, matança, morticínio, assassinato em massa. Quais os crimes atribuídos aos mortos? Sua culpa, sua máxima culpa, foi terem nascido pretos e pobres.
O governador Cláudio Castro e as
autoridades de (in)segurança têm que responder por essas execuções. Sem
qualquer freio ou controle, excitada pelo frenesi de violência do bolsonarismo,
a polícia do Rio age sem se distinguir de esquadrões da morte ou grupos de
extermínio.
O massacre foi planejado para deixar
rastros de sangue e terror, intimidar e imobilizar a sociedade e as
instituições. Na chacina da Vila Cruzeiro, como na do Jacarezinho, um ano
atrás, os comandos policiais desafiaram explicitamente a ordem do STF de só
fazer incursões nas favelas em situações excepcionais.
Nesta semana funesta, não pode passar em branco a hostilidade de empresários do Rio Grande do Sul que levou ao cancelamento da viagem do presidente do STF, Luiz Fux, para evento no estado, por questão de "segurança". O bolsonarismo arreganha os dentes e prenuncia a radicalização extremista do período eleitoral.
Pois é,tá tudo dominado.
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