Ex-governador de SP explicou mudanças que Lula pretende fazer no texto da reforma trabalhista e afirmou que modificações serão feitas após diálogo com todos os setores envolvidos
Por Gustavo Schmitt / O Globo
SÃO PAULO - Em encontro com o ex-presidente
Michel Temer (MDB) na última sexta-feira em São Paulo, o ex-governador Geraldo
Alckmin (PSB) atuou para reconstruir o diálogo entre o vice de Dilma Rousseff
(PT) e a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo
com interlocutores, Alckmin, que é pré-candidato a vice na chapa do petista,
tratou de pontos que Lula pretende mudar na reforma trabalhista feita por
Temer, na tentativa de apaziguar o clima entre os dois lados.
A reunião foi confirmada pelo GLOBO após a
publicação pelo jornal Folha de S.Paulo. Temer tem rebatido críticas de Lula e
do PT à reforma trabalhista e ao teto de gastos. Lula já afirmou que, caso seja
eleito, vai rever a reforma e acabar com a medida que limita o crescimento das
despesas públicas à inflação registrada no ano anterior. De acordo com pessoas
próximas ao ex-governador, Alckmin procurou transmitir segurança a Temer de que
qualquer mudança feita por uma eventual gestão PT-PSB não será feita de forma
precipitada e que haverá diálogo entre todos os entes envolvidos (patrões,
trabalhadores e governo).
O encontro aconteceu no escritório particular de Temer, no Itaim Bibi, e foi acompanhado pelo marqueteiro Elsinho Mouco e pelo ex-secretário de Educação de São Paulo Gabriel Chalita.
Alckmin também teria citado que algumas
medidas buscam, por exemplo, dar mais segurança aos trabalhadores de
aplicativos e que há consenso na sociedade de essa necessidade é real.
Temer também tem reclamado que o PT ainda o
chama de "golpista" seis anos após o impeachment da ex-presidente
Dilma, e que não reconhece as reformas feitas por sua gestão. Em conversas
entre quatro paredes, o ex-presidente sinalizou estar inclinado a votar no
presidente Jair Bolsonaro (PL) num eventual segundo turno contra Lula. Em
momentos de crise do atual governo, Temer foi um dos conselheiros do presidente
e ajudou a aplacar crises entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas última semanas, Lula tem procurado se
reaproximar de Temer na tentativa de costurar uma aliança com o MDB. Temer é um
dos padrinhos políticos da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS),
que, no entanto, enfrenta resistências no partido. No MDB, a maior parte dos
diretórios dos estados declara apoio formal a Tebet, mas as principais
lideranças estão divididas entre o apoio a Bolsonaro ou a Lula.
Tebet não decolou nas pesquisas de opinião.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, a senadora tem 1% das intenções de
voto. Nesse sentido, Alckmin procurou também fazer um gesto de que a campanha
de Lula está disposta a estreitar laços com o emedebista na tentativa de
afastá-lo de Bolsonaro.
Se Temer está com Bolsonaro é porque são farinha do mesmo saco,simples assim.
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