Folha de S. Paulo
Atuação de ministros mantém vale-tudo e
abre caminho para presidente contestar eleições
O treinador Jair Bolsonaro tinha ensaiado a
jogada. Quando Kassio Nunes Marques mandou abrir igrejas no auge da pandemia,
em abril de 2021, o presidente comemorou a decisão individual e disse desejar
que o
julgamento no STF fosse interrompido a pedido de outro ministro.
"Espero [...] que a liminar seja mantida ou que alguém peça vista",
declarou.
Naquela época, Nunes Marques era o único
representante de Bolsonaro no tribunal, e a decisão acabou derrubada no
plenário. Mas o ministro logo
ganhou companhia.
A tabelinha com André Mendonça para tumultuar a cassação do deputado estadual Fernando Francischini mostra que há gente disposta a aliviar a barra de políticos que espalham suspeitas falsas sobre as eleições. Na prática, isso significa manter o vale-tudo da desinformação e deixar o caminho livre para Bolsonaro contestar o resultado da disputa.
A manobra interessava ao presidente porque
a cassação do parlamentar tinha sido estabelecida pelo TSE como precedente para
punir quem ataca o processo eleitoral. Nunes
Marques anulou a decisão, e Mendonça atuou para suspender o julgamento no
plenário do Supremo, que resultaria numa derrota dos bolsonaristas.
No fim das contas, a
punição foi mantida pela Segunda Turma do STF, mas o episódio é uma amostra
da confusão que os dois ministros podem criar na campanha. Com esse empenho, a
dupla terá força para interferir em decisões do TSE e proteger o grupo político
de Bolsonaro.
O cerco da corte eleitoral é uma
preocupação do presidente. Na semana passada, ele desafiou ministros a
rejeitarem sua candidatura pela disseminação de informações falsas sobre o
processo eleitoral. "Não tem nenhum maluco querendo cancelar minha
candidatura por fake news. É brincadeira", ironizou.
A ação da dupla bolsonarista ajuda o
presidente porque reforça uma falsa divisão política nos tribunais. Bolsonaro
admite que Nunes Marques e Mendonça estão com ele, mas vende a ideia de
que os
outros ministros trabalham pela eleição de Lula.
Ninguém no supremo trabalha pela eleição de Lula,já pela de Bolsonaro tem dois e da maneira mais incorreta possível.
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