Folha de S. Paulo
Humor atual do eleitor de baixa renda é
quase tão ruim quanto antes do Auxílio Brasil
Seis meses depois de lançar seu programa
social, Jair Bolsonaro colheu uma
silenciosa indiferença dos eleitores que recebem o Auxílio Brasil. Apesar
dos bilhões de reais em benefícios, o presidente enfrenta alguns de seus piores
índices de popularidade nos grupos mais pobres do país.
A máquina da reeleição engasgou. A versão turbinada do Bolsa Família ainda deixa Bolsonaro muito distante da lua de mel que ele viveu em 2020, quando o governo pagou parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial. Na época, o presidente alcançou um pico de aprovação e chegou a ter o apoio de 37% dos brasileiros de baixa renda. Hoje, a popularidade dele no segmento é de apenas 20%.
O humor atual dos eleitores mais pobres
está próximo do quadro
visto no final do ano passado –quando já não havia auxílio
emergencial, nem o primeiro pagamento do Auxílio Brasil. O índice de aprovação
de Bolsonaro na população de baixa renda naquele momento era de 17%.
A resistência ao presidente sugere que
existe um limite aos esforços do governo para conquistar o voto dos mais
pobres. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que um beneficiário do Auxílio Brasil
tem atitudes parecidas com o comportamento de um eleitor que não recebe o
pagamento.
Entre brasileiros de baixa renda que
recebem o benefício, só 18% dizem que o governo é ótimo ou bom. Esse índice é
de 21% entre aqueles que não participam do programa, dentro do mesmo grupo de
renda.
Alguns números ajudam a explicar por
que o
programa social de Bolsonaro parece um tiro de festim. As parcelas de R$
600 do auxílio emergencial chegaram a 65 milhões de beneficiários, num país com
inflação de 4,5% ao ano. Os pagamentos de R$ 400 do Auxílio Brasil batem na
conta de 18 milhões de brasileiros, diante de uma inflação de 12%.
A má notícia para Bolsonaro é que outras
medidas econômicas que o governo estuda lançar até a eleição podem
enfrentar o mesmo cenário adverso: alcance reduzido ou potência insuficiente
para suportar o peso da alta de preços.
Enganar o povo não é fácil como ele pensa.
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