Folha de S. Paulo
Ajustes nas diretrizes foram feitos para
permitir negociações também depois da eleição
Os
ajustes feitos pelo PT no programa de governo de Lula foram calculados
para atravessar o que o partido trata como uma eleição em três turnos. Os
acenos incluídos no texto e as lacunas mantidas em certas diretrizes têm o
objetivo de preservar eleitores fiéis, deixar a porta aberta para novas adesões
e, principalmente, permitir negociações caso chegue a hora de governar.
De saída, a plataforma de Lula buscou uma
marca social para consolidar o favoritismo do ex-presidente no primeiro
turno em
segmentos como o eleitorado de baixa renda. Além disso, sustentou bandeiras
tradicionais da esquerda na economia, como o veto a privatizações e a reversão
de normas trabalhistas.
A campanha decidiu recuar de outras mensagens direcionadas a esse público próximo. Sumiu do plano, por exemplo, a sugestão de uma flexibilização do direito ao aborto. Assim, os petistas querem evitar uma fuga, ainda na primeira etapa, de eleitores conservadores que podem votar em Lula pela economia.
A campanha optou ainda por uma linguagem
vaga o suficiente para permitir barganhas futuras no mercado eleitoral. Sem
fórmulas definitivas para medidas econômicas, Lula espera contar com alguma
margem para conversar
com atores de direita, empresários e investidores num possível segundo
turno.
Há também sinalizações para o tal terceiro
turno, que vai da contagem de votos até o início de um eventual governo. Estão
lá a nova proposta de valorização das carreiras policiais e as menções suaves
aos militares —tentativas de reduzir o antagonismo desses grupos no caso
de ameaças
de tumulto pós-eleitoral.
Uma preocupação adicional dos petistas está
na virada do calendário. Dirigentes do partido preferem manter até lá algum
mistério em torno de pontos importantes como o teto de gastos e a reforma
trabalhista. A ideia é deixar algumas brechas para discutir soluções
específicas com parlamentares e atores econômicos que provavelmente
não estarão com os dois pés no barco petista.
A campanha de Lula optou por uma linguagem vaga o suficiente para não sabermos se as práticas CORRUPTAS dos 2 mandatos anteriores voltarão ou se serão AMPLIADAS no próximo. Mensalão no primeiro... Petrolão no segundo... O que virá no terceiro?
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