Folha de S. Paulo
Estrutura da Funai está a serviço de uma
política de extermínio
O dossiê "Fundação
Anti-indígena", organizado pela INA (Indigenistas Associados) e
pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), expõe com profusão de
detalhes e documentação como a Funai, sob Bolsonaro, se transformou numa
máquina de guerra contra os povos indígenas.
A estrutura do órgão está a serviço de uma
política de extermínio, que impede novas demarcações e facilita a invasão dos
territórios e a implantação de atividades predatórias e criminosas. O dossiê
também mostra as perseguições contra funcionários que tentam resistir ao projeto
de etnocídio, como foi o caso de Bruno Pereira.
Outro exemplo de acosso é o do indigenista Ricardo Henrique Rao. Em entrevista ao portal Sul21, ele conta que buscou asilo na Noruega, no fim de 2019, logo após o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, no Maranhão, e depois de denunciar a atuação de milícias (supostamente do Rio de Janeiro) associadas ao narcotráfico e a desmatadores em terras indígenas no estado. Sem o respaldo da Funai e sofrendo intimidações até da Abin, Rao decidiu deixar o Brasil.
A invasão das terras indígenas patrocinada
pelo Estado se traduz nos números de um relatório da consultoria GeoPrecisa,
publicado pelo site Mongabay. O cruzamento de dados da Funai e do Incra mostra
que o governo Bolsonaro reconheceu mais de 250 mil
hectares de fazendas dentro de reservas indígenas. Mais da
metade das terras reconhecidas está no Maranhão. O assalto na mão grande foi
possível graças a uma norma da Funai que permitiu o registro de imóveis em
territórios sem o processo de demarcação concluído.
É uma investida
covarde e sem trégua. O jornalista britânico Dom Phillips entendeu a
gravidade da tragédia em curso e quis documentá-la. Bruno Pereira foi um dos
mais valorosos combatentes desta guerra. Fez jus ao legado humanista de Rondon,
dos irmãos Villas-Bôas, de Sydney Possuelo e de tantos outros. Que sejamos
capazes de honrar a história e a memória de Bruno e Dom.
Eu tenho um vizinho ancião que foi pistoleiro de aluguel na juventude em Mato Grosso,ele fala que hoje os tempos são outros;depende da região,parece que na Amazônia a lei do estado ainda não chegou.
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