O Globo
Programa jornalístico (hipotético) de
televisão. Quatro homens e uma mulher estão a postos para discutir violência
sexista. O diálogo se dá entre Carol e Marcelo (nomes fictícios). Na volta do
intervalo, Marcelo toma a iniciativa.
— A gente dá uns escorregões às vezes, né?,
e a gente tem que lembrar pra não dar um escorregão, e há pouco cê usou uma
palavra que a gente não usa mais...
— Supimpa? Lambisgoia? Entrementes?
Sirigaita?
— Não, uma palavra racista: denegrir.
— Mas denegrir é tão racista quanto
amarelar, ficar vermelho de raiva ou dar um branco...
— Não, Carol. Qualquer palavra ou expressão que associe a cor preta a algo negativo toca num ponto sensível e contribui para a perpetuação do racismo.
— Mesmo que não tenha a ver com cor de
pele, como “quando eu era criança, tinha medo do escuro”?
— Sim. Mesmo sem a intenção de ofender,
estamos ofendendo e reproduzindo discursos de intolerância. Não pode.
— Não tinha pensado nisso. Que burrice a
minha, Marcelo!
— Escorregou de novo, Carol. Chamar de
burro alguém carente de inteligência é especismo, uma forma de preconceito que
coloca a espécie humana acima das outras e atribui aos animais nossas
características mais reprováveis. Ao repetir essas coisas — fazer papagaiada,
ser galinha, ou um verme, uma anta, uma víbora —, você discrimina e oprime os
animais não humanos.
— Nossa, que loucura!
— Mais um escorregão, Carol. Além de
racista e especista, você agora está sendo capacitista e contribuindo para a
desqualificação de pessoas com deficiência, com base no prejulgamento em
relação a sua capacidade cognitiva. Cada vez que você emprega uma expressão
dessas, coloca mais obstáculos à inclusão de pessoas portadoras de distúrbios
psíquicos.
— Gente, eu devo estar ficando velha,
porque...
— Carol, cê usou outra palavra proibida!
Relacionar a idade a certos comportamentos inadequados é etarismo, a
marginalização de grupos etários com base em estereótipos. Falas como essa
aumentam a dificuldade de inserção de pessoas da melhor idade no mercado de
trabalho, levam a disparidades salariais e até ao aumento no risco de doença
cardiovascular. Simplesmente, pare!
— Vou ficar atenta, porque essas coisas
parecem frescura, mas...
— Frescura? Você acaba de ser homofóbica,
transfóbica, nãobinariofóbica, genderfluidfóbica...
— Mas eu não tenho nenhum tipo de objeção à
orientação sexual de ninguém! Me sinto confortável com o homossexualismo e...
— Homossexualidade! Homossexuali-da-de. O
sufixo “ismo” é usado para identificar doenças!
— Então progressismo, socialismo,
modernismo e iluminismo são doenças?
— Carol, não mude de assunto. Por isso que
eu quis te chamar a atenção, para que você mesma pudesse se desculpar.
— Tá bom, Marcelo. Mas você me corrigir
publicamente e me explicar o que é isso, o que é aquilo, não é mansplaining?
— Bem, não conseguimos falar sobre sexismo
neste bloco, então vamos para um pequeno intervalo e já voltamos, para tratar
de censura e dos riscos que o fascismo representa para a liberdade de
pensamento e de expressão.
Muito bom o artigo,eu sou partidário do politicamente-correto,mas tá havendo um exagero mesmo,piada de bicha eu nunca gostei,mas vetar a expressão homossexualismo é demais,rs.
ResponderExcluirAcho que a esquerda deve radicalizar a patrulha moral, perseguir e atormentar cada vez mais o homem simples, submetê-lo à ditadura do politicamente correto, quem sabe pregar seu internamento em campos de reeducação. O resultado veremos mais cedo ou mais tarde, primeiro nas urnas, de depois nos costumes.
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