O Estado de S. Paulo
Nunes Marques, o Pazuello do STF, dá munição a Bolsonaro contra TSE, urnas e democracia
São três guerras simultâneas: o ministro do
STF Kassio Nunes Marques cerra fileiras com o presidente Jair Bolsonaro no
ataque ao TSE, os ministros do governo Ciro Nogueira e Fábio Faria, do Centrão,
partem para cima de Paulo Guedes, da Economia, e o filho 02, Carlos Bolsonaro,
bombardeia o marqueteiro do pai já na primeira peça de TV. Todos contra todos,
sem essa de “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
Nunes Marques é para o deputado estadual Fernando Franceschini o que Bolsonaro foi para o deputado federal Daniel Silveira. Anular a condenação de um corresponde ao indulto presidencial do outro, com os mesmos objetivos: animar bolsonaristas que atacam as eleições, manter a campanha de descrédito das urnas eletrônicas e deixar as fake news correndo soltas.
Nunes Marques se coloca como o general
Eduardo Pazuello do STF: “Um, Bolsonaro, manda; o outro obedece”. Devolvendo o
mandato e cancelando a inelegibilidade do bolsonarista Franceschini, condenado
por fake news e ataques às urnas eletrônicas, ele desautorizou, sozinho, um
tribunal inteiro, o TSE, e deu munição para Bolsonaro na guerra às urnas, às
eleições e, portanto, à democracia. O STF, com três assentos no TSE, vê-se
compelido a derrubar a liminar de Nunes Marques.
De véspera, o futuro presidente do TSE,
Alexandre de Moraes, avisou: “Quem se utilizar de fake news e de fraude nas
urnas terá seu registro cassado, independentemente de candidato a qual cargo
for”. Bolsonaro, adepto das duas modalidades, reagiu: “Vai cassar meu registro?
Duvido que tenha coragem de cassar meu registro”. É guerra ou não?
E na guerra entre Centrão e Ministério da
Economia (e a própria economia), o viés é também eleitoral, ou reeleitoral.
Nogueira (Casa Civil) e Faria (Comunicações) engendraram um jeito para driblar
as regras para permitir gastança em ano de eleições! Edita-se um decreto de
calamidade, fura-se o teto de gastos e pronto! Subsídio para os combustíveis e
aumento do valor do Auxílio Brasil.
É preciso combinar com os adversários:
Guedes e seu ministério, que ainda tentam ser guardiões da responsabilidade
fiscal, ou da própria responsabilidade. O Centrão sempre leva a melhor, mas,
quando as pesquisas mostram que o mar não está para peixe nem para Bolsonaro, a
culpa é de quem? De Guedes, o que não manda nada.
Por último: ao atacar o marqueteiro Duda
Lima, Carlos joga o pai contra Valdemar Costa Neto e o PL, que pagam as contas
da campanha, pelo menos em parte. A peça da TV é um desastre mesmo, mas ele
jogou o pai numa fria: ou o filho ou Costa Neto. Confusão na certa. •
São todos contra todos,a cara dessa gente.
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