O Globo
Com ampla vantagem nas pesquisas, o
ex-presidente Lula fez um aviso à praça: se vencer a eleição, não pretende se
candidatar novamente em 2026. Na quarta-feira, o petista se disse decidido a
não disputar um eventual quarto mandato. “Sinceramente, eu não penso em
reeleição”, afirmou, em entrevista ao UOL. “Eu não quero. Eu não tenho idade”,
concluiu.
Se eleito, Lula subirá a rampa do Planalto aos 77 anos. Será o político mais idoso a assumir a Presidência no Brasil. Hoje o recorde pertence a Michel Temer, que vestiu a faixa aos 75. Quando Getúlio Vargas voltou ao poder, em 1950, uma marchinha de Haroldo Lobo o apresentou como o “velhinho” cujo sorriso faria o povo se animar. O ex-ditador tinha 68 anos, nove a menos do que Lula terá em outubro. No próximo ciclo eleitoral, o petista estará com 81 anos. É um bom argumento para sustentar a tese da aposentadoria voluntária.
Lula busca vender a ideia de que, se
eleito, fará uma espécie de governo de transição. Seu objetivo seria reconstruir
o país arrasado pelo bolsonarismo e fechar a própria biografia com chave de
ouro. “Quero trabalhar em quatro anos por 40”, afirmou, numa adaptação do
slogan de Juscelino Kubitschek.
O discurso soa como música para aliados e
adversários. Ao indicar que não faz planos de longo prazo, Lula alimenta as
ambições de muitos políticos. De seu vice Geraldo Alckmin, que já perdeu duas
eleições presidenciais, ao tucano Eduardo Leite, que adiou o sonho para 2026.
A conversa também agrada setores da elite
que se desiludiram com Jair Bolsonaro, mas resistem a embarcar na canoa
lulista. Em reuniões com empresários e investidores, o petista tem ouvido
perguntas insistentes sobre uma eventual reeleição. A promessa de ceder a vez
serve de “vacina” contra esses questionamentos. A questão é saber se o discurso
de candidato pode ser comprado pelo valor de face.
Em 2018, Bolsonaro prometeu não tentar um
segundo mandato. Quatro anos depois, faz o que pode e o que não pode para
tentar permanecer na cadeira. Na entrevista ao UOL, Lula disse que a reeleição
foi “a única coisa boa que o Brasil copiou dos Estados Unidos”. Argumentou que
quatro anos são pouco tempo para concluir grandes obras: “Entre você pensar o
projeto e aprovar em todas as instâncias de fiscalização, terminou o seu
mandato”.
Ao fim de uma eventual terceira gestão, o
ex-presidente pode concluir que não conseguiu fazer tudo o que gostaria. Se ele
estiver com saúde e popularidade em alta, será difícil convencê-lo a voltar
para casa.
Não é confiável,ainda mais se o Lula tiver bem de saúde.
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