Valor Econômico
Lula indicou que pretende, caso seja
eleito, pisar no acelerador fiscal e no freio monetário
A mensagem básica que o mercado financeiro
está passando para Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto favorito nas pesquisas
eleitorais, é diferente da que foi em 2002. “Trata-se de uma mensagem de
expectativas, e não de pânico, como foi em 2002, quando se temia que o governo
do PT fosse fazer uma auditoria da dívida externa, com a consequente suspensão
dos pagamentos”, ressaltou Mário Toros, sócio-fundador da Ibiúna Investimentos
e diretor do Banco Central durante o governo Lula.
Ao longo da campanha, Lula indicou que
pretende, caso seja eleito, pisar no acelerador fiscal e no freio monetário. Ou
seja, sua politica será de ampliar o gasto público e, para conter as pressões
inflacionárias, usará da taxa de juros (Selic). Essa foi a combinação que
predominou por praticamente todo o seu mandato, a exceção de 2003, quando fez
um ajuste fiscal pra ninguém botar defeito.
Nessa linha, o mercado aponta uma taxa de juros real de 6% para os próximos anos. Isso para um país que carrega um endividamento interno de cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) é um caminho perigoso. Significa que apenas para manter a dívida estável como proporção do produto seria necessário um ajuste de quase 5% do PIB todos os anos. A combinação de um superávit primário nas contas do setor público com um crescimento econômico é que daria conta desse ajuste.
Para ter noção do tamanho da dificuldade
que se coloca para o governo, um superávit primário de 2,5% do PIB exigiria
crescimento de igual proporção para manter a dívida estável.
A conta não fecha e o desfecho de um processo
desse nível é o de insolvência do setor público.
Lula perdeu a oportunidade de resolver a
questão fiscal de uma vez, quando torpedeou a proposta de déficit nominal zero.
O nominal é o conceito mais amplo das contas públicas e, ao contrário do
primário, ele leva em conta a despesa com juros. Em 2005, quando o então
presidente Lula estimulou os ministros Antonio Palloci e Paulo Bernardo a,
juntos com Delfim Netto, criar um novo regime fiscal para o país, o déficit
nominal era de 2,96% do PIB e a ideia era de leva-lo a zero em um prazo de até
dez anos.
Foi em uma entrevista ao jornal “O Estado
de S. Paulo”, em novembro, que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff,
considerou aquela uma ideia “rudimentar”, certamente com o apoio do presidente.
É claro que havia risco de, em uma proposta ousada de zerar o déficit público,
estabelecer-se restrições ao manejo da taxa de juros. Mas isso não
inviabilizava a ideia. Logo veio a denúncia do mensalão e abriu-se uma crise de
grandes proporções no governo.
A história teria sido outra caso se tivesse
levado adiante uma política de ajuste de longo prazo destinada equilibrar as
contas consolidadas do setor público.
A economia brasileira patina há décadas
sobre um déficit pesado que demanda altas taxas de juros para carregá-lo. A
experiência de juros reais de 2% foi um ponto totalmente fora da curva, que
revelou-se passageira, porque estava sem sustentação fiscal.
É curioso ver como os governantes fogem de
compromissos com a austeridade fiscal. Na melhor das hipóteses e com raras
exceções, eles dedicam um ano para fazer ajustes nas contas do Estado e,
depois, começam a gastança. Seja por ideologia, seja por mero populismo.
No caso brasileiro, o assunto está na pauta
da economia desde os anos 1980, quando o país quebrou, com o endividamento
externo a taxa de juros flutuantes no momento em que o governo americano teve
multiplicar os juros para conter a inflação.
O país recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), como emprestador de última instância e não escapou de ter que apresentar os dados sobre as receitas e despesas públicas. A metodologia de medição do déficit foi discutida com o Fundo e todos tivemos que aprender a lidar com a contabilidade do setor público tal como lidamos com as contas de casa. Não há folga no controle das despesas.
No governo de FHC o Brasil foi ao FMI e o dollar cujo preço era 1por1 disparou, ninguém fala nisso, né?
ResponderExcluir1998 a casa caiu com o FHC e os tucanos, será que ele deu uma “contribuição “ para a vitória do “ Lula”? Estou aprendendo que em política tudo é possível, não confio em ninguém. FHC nunca escondeu seu amor pelo Lula e nem guardou rancor por tudo que fizeram contra a bondosa D. Ruth.
ResponderExcluirMemória é para se guardar em seus mínimos detalhes. A história do Brasil é cheia de erros e contradições . Os militares bem que poderiam reescrever a História do Brasil em vez de
ResponderExcluirficar entrometendo-se em politicas de botequim, que não entendem.