Valor Econômico
Reação de outros países ao resultado
precisa ser rápida
O Lago Sul é um bairro de altíssima renda
(R$ 7.655 per capita mensais em 2018), mansões de jardins amplos e muitas vezes
encostando (irregularmente) no Paranoá, onde habitam os personagens mais
influentes e poderosos de Brasília. Foi ali, em uma noite típica de começo de
inverno no Cerrado, com a temperatura desabando após um dia de sol forte e céu
limpo, os primeiros sinais de ar seco rachando lábios e sangrando narinas, que
um ex-ministro da Defesa recebeu um general da ativa para jantar. Encerrada a
refeição, andando no quintal enquanto fumavam charutos, o anfitrião finalmente achou
que era hora de tocar em um ponto delicado na conversa com o oficial quatro
estrelas, membro do Alto Comando do Exército.
“E se o Lula ganhar, e se o Bolsonaro não aceitar a derrota, existe uma chance de golpe?”, perguntou o ex-ministro. Entre uma tragada e outra, depois de silenciar um momento, como se estivesse calculando as palavras, o general respondeu de forma sucinta, dando poucas chances ao interlocutor de continuar no assunto: “Não amamos o Lula, mas respeitamos a Constituição”.
O encontro do presidente com embaixadores,
na semana passada, reacendeu - pela milésima vez - os temores de como ele e
seus apoiadores vão reagir a um eventual resultado negativo nas urnas
eletrônicas. Estados Unidos e Reino Unido emitiram notas públicas, pouco
habituais, reforçando confiança no sistema eleitoral brasileiro. “Modelo para
as nações do hemisfério e do mundo”, nas palavras do governo americano. No
comunicado da embaixada britânica, “reconhecidas internacionalmente [as urnas]
por sua celeridade e eficiência”. Recomenda-se atenção especial ao último
parágrafo da nota: “Quem for escolhido pela nação brasileira poderá contar com
o governo do Reino Unido para fortalecer as relações bilaterais e a amizade entre
os dois povos”.
Que as chancelarias de duas potências
ocidentais tenham deixado de lado a costumeira inapetência por comentários com
pano de fundo político, falando ambas em respeito à democracia, mostra o grau
de preocupação entre chefes de representações estrangeiras.
Ainda é prematuro descrever como movimento
coordenado, mas existe uma articulação incipiente, entre diplomatas de outros
países em Brasília, para convencer suas capitais a agir rapidamente no dia da
eleição, tão logo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgue o primeiro
boletim, na noite do dia 2 de outubro (primeiro turno) ou do dia 30 (segundo
turno), em que um dos candidatos alcançar maioria irreversível dos votos
válidos.
A ideia é ter, em pouco tempo, a maior
quantidade possível de notas oficiais e declarações públicas de chefes de
Estado ou de governo com cumprimentos ao ganhador. Deixar claro o
reconhecimento dos principais líderes mundiais ao candidato consagrado nas
urnas e o risco de isolamento imposto ao derrotado caso ele se recuse a aceitar
o resultado.
Em caso de vitória do petista, nenhum
pronunciamento será desimportante, mas é evidente que declarações vindas de
líderes considerados “amigos” de Lula - Alberto Fernández ou Gabriel Boric na
América do Sul, Emmanuel Macron ou Pedro Sánchez na Europa - terão menos efeito
para desincentivar uma revolta no bolsonarismo. Crucial será o posicionamento,
sem demora, dos países cortejados por Bolsonaro ou com governos de direita,
como Israel, Índia, Japão, Uruguai, Equador, além obviamente da Casa Branca.
Nas últimas semanas, diplomatas
estrangeiros têm procurado frequentemente jornalistas e consultores para
coletar bastidores e análises sobre as chances de um golpe. Alguns,
compreensivelmente, têm no imaginário militares entrando no Congresso ou
tanques no Eixo Monumental.
Uma ruptura democrática pode acabar sendo
muito mais complexa e imprevisível, fruto de uma sucessão de pequenos
incidentes, de um passo dado para lá ou para cá enquanto a corda estiver tão
esticada. E se ele Lula ganhar por apenas um ou dois pontos de diferença (50,5%
ou 51% dos votos)? O discurso de fraude nas urnas eletrônicas pode ganhar
força?
E se milhões de pessoas forem à Avenida
Paulista e a Copabacana, de verde-amarelo, para reivindicar uma vitória de
Bolsonaro? A esquerda, com um triunfo eleitoral em mãos, também não irá às ruas
para defender o resultado? Não há risco de conflito físico? Talvez um tiro
baste para a catástrofe.
Interlocutores dos militares já cogitam o
que poderia ser o pior cenário: a PM, em vários Estados simpática a Bolsonaro,
teria dificuldade em lidar com essas manifestações contra e pró-resultado das
urnas. Os governadores perdem controle sobre suas polícias e solicitam ao
Planalto que envie as Forças Armadas para operações de garantia da lei e da
ordem, mas o presidente nega os pedidos, deixando se alastrarem os distúrbios.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Congresso, no uso de suas prerrogativas,
acata apelo dos governadores. Determina o acionamento do Exército, mas o ato de
engajar as tropas, de colocá-la nas ruas, é privativo do Poder Executivo.
Para evitar um impasse institucional de
proporções históricas, não há espaço para tergiversações. É preciso que todos
sejam claros - e rápidos - na defesa da democracia.
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Em caso de vitória de Jair Bolsonaro, o ex-
superministério de Paulo Guedes deverá perder mais funções. Primeiro ressurgiu
o Ministério do Trabalho. Agora promete-se a volta do MDIC (Indústria e
Comércio Exterior), cobiçado pelo almirante Flávio Rocha, afirmam no Palácio do
Planalto. No entorno de Bolsonaro, fala- se também no Planejamento, foco de
interesse do Centrão.
Em meio a esses movimentos, auxiliares
próximos de Guedes avaliam que uma boa ideia seria deslocá-lo, no segundo
mandato de Bolsonaro, para um novo Conselho Econômico Nacional, nos mesmos
moldes do existente nos EUA, vinculado diretamente à Presidência da República.
A criação do conselho chegou até a ser
aventada em 2018, no gabinete de transição, mas a ideia morreu. Muitos
acreditam que acomodar Guedes em uma posição assim teria vantagens. Libera o
ministro do dia a dia da agenda econômica, numa pasta esvaziada, e o incumbe
daquilo que ele mais gosta: reflexões sobre grandes temas domésticos e globais,
tomada de decisões, coordenação e arbitragem de visões distintas em temas da
área.
Um hacker em seu site próprio se vangloriou de ter invadido o site do TSE e lá permaneceu durante seis meses de maio a meados de outubro de 2018 , ele confessou , em nenhum momento o Tribunal Eleitoral denunciou essa invasão, a partir das declarações do invasor, foi acionada polícia federal que pediu os Loggins, os rastros eletrônicos, as digitais das movimentações do invasor durante esse período de seis meses , depois de muita insistência no pedido dos registros , o Tribunal Superior Eleitoral disse que tudo foi apagado inadvertidamente por uma terceirizada e até agora não se puniu os culpados por apagar as provas, Como apresentar prova se tudo foi destruído
ResponderExcluirUm fato cabuloso que não foi apurado a responsabilidade muito menos apresentado a sociedade, tudo muito suspeito
como o brasileiro pode confiar nas urnas e nesse tribunal Eleitoral?
Graças ao ministro Barroso , as forças armadas foram convidadas, estão lá dentro garantindo a proteção contra futuras fraudes
Não vejo motivo de alarde só se houver má intenção oculta no tribunal para eleger o descondenafo s 25 anos de prisão, o Sr Lula da Silva
Parece mentira que nossa democracia corre perigo,mas é real.
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