sexta-feira, 22 de julho de 2022

Eliane Cantanhêde - Um país fora da casinha

O Estado de S. Paulo

Feminismo é ‘transtorno mental’, gays são ‘desajustados’ e o presidente achincalha o Brasil

O procurador Anderson Santos usou redes institucionais do Ministério Público para cobrar “débito conjugal” e “obrigação sexual” das mulheres com seus maridos e atribuir o feminismo a “transtorno mental”. De que profundezas do atraso e da loucura essa gente está brotando no Brasil, talvez do mundo?

A comparação direta é com o pastor e ex-ministro da Educação (!) Milton Ribeiro, que, antes de disparar um tiro acidental em pleno aeroporto de Brasília e de ser preso por suspeita de negociatas no MEC, declarou ao Estadão que jovens gays são “fruto de famílias desajustadas”. Para um, feminismo é “transtorno mental”. Para outro, homossexualidade é “desajuste”.

Essas posições não são isoladas, são parte de um tsunami que tentam chamar de “conservador”, mas é muito pior e absurdo e está impregnado em setores da sociedade, borbulhando exemplos aterrorizantes.

Um anestesista estuprando dezenas de mulheres na hora sublime – e tensa – do parto? Um cirurgião plástico que deforma pacientes e sequestra uma delas, necrosando, para esconder seus crimes? Médicos têm uma profissão nobre, passam por vestibulares disputados, estudam anos e juram “exercer a arte de curar e manter-se sempre fiéis aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência”.

E uma juíza sequestrar uma menina de 11 anos da própria mãe, tentando impedir que ela faça a tempo um aborto legal, depois de estuprada? Em vez de ir atrás da juíza que descumpre a lei, o Ministério (atenção!) da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos abre investigação sobre os dois médicos que cumpriram a lei, com caridade e humanidade.

É num ambiente degradado assim que um sujeito fica enfurecido ao saber de uma festa de aniversário com motivos petistas e pró-Lula, pega o carro e a arma e mata a tiros o aniversariante, pai de quatro filhos, um deles bebê. Como pode uma coisa dessas?

E como podem surgir “ídolos” de internet como a tal Sara Winter, que era de esquerda, virou de direita e produzia espetáculos Ku Klux Klan ao redor do Supremo? E a mitomaníaca Patrícia Lélis, que era bolsonarista, virou lulista e continua “bombando”?

Só faltava o presidente da República convidar dezenas de embaixadores estrangeiros, os generais do Planalto e os chefes dos órgãos de controle para... achincalhar a imagem do Brasil. É tão inacreditável que as situações se invertem: o presidente é quem ataca o País, as instituições, ministros do Supremo e o sistema eleitoral; os Estados Unidos, o Reino Unido e a Itália, além de dezenas de entidades brasileiras, é que se mobilizam para defender. É ou não uma loucura?

2 comentários:

  1. Tendo um louco na presidência nada é impossível. Daí para pior.

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  2. Disse tudo,um maluco sem beleza na presidência,tudo é possível.

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