Folha de S. Paulo
Entre erros e acertos, está claro que o STF
reage a ataques, não os inicia
"Esses poucos surdos de capa preta têm
que entender o que é a voz do povo." Assim falou Bolsonaro em seu
discurso de oficialização de candidatura em que atacou o STF e chamou
para mais uma manifestação de 07 de Setembro.
O bicentenário da Independência bem merecia alguma comemoração especial e maior que a política partidária. Mas já está bem claro que o dia será marcado mesmo por passeatas de bolsonaristas usando camisas da seleção e gritando contra o STF. Mais do mesmo.
Ao contrário do que gritaram os apoiadores
no discurso do dia 24, o Supremo não é —e nem deveria ser— "o povo".
Ele existe justamente para garantir a Constituição e os direitos básicos nela
protegidos, independentemente dos desejos de uma massa enfurecida.
Ocorre, contudo, que mesmo nessa função de
zelar pela Constituição ele tem recebido críticas, e não só de bolsonaristas.
Casos como a censura
à reportagem da Crusoé que citava Toffoli em 2019 ou a manutenção
da condenação
ruinosa do jornalista Rubens Valente que mencionou Gilmar Mendes em
seu livro. Decisões como essas realmente fazem temer pela liberdade de
expressão e de imprensa e que se inscrevem no panorama maior de autoridades que
usam a Justiça para jamais serem acusadas.
Mas há também a punição a discursos
abertamente agressivos ou perigosos, que vêm em dois tipos:
1) mentiras deliberadas repetidas em larga
escala —contra as próprias engrenagens da democracia ou contra a vida humana—
na rede para enganar pessoas e alavancar projetos políticos: as urnas foram
fraudadas, as mortes de covid eram falsas, a vacina mata adolescentes.
2) ameaças à vida ou à integridade física de
indivíduos, que —vá lá— às vezes podem ser hiperbólicas mas que são destinadas
a milhões de pessoas, inclusive fanatizados raivosos incapazes de captar as
sutilezas de uma figura de linguagem e mais do que dispostos a colocar em
prática o que seus líderes o motivam a fazer.
Com as redes, o poder destrutivo de
discursos agressivos ou mentirosos aumentou consideravelmente. E há atores
políticos que se utilizam disso. Milícias digitais —grupos
formados com o intuito de financiar, produzir e difundir conteúdo caluniador e
agressivo pelas redes—
são, elas próprias, uma ameaça à liberdade de expressão. Que a Justiça se veja
na necessidade de apertar o cerco contra esses atores é bastante razoável,
ainda que trilhe uma linha perigosa.
Fachin, Barroso e Moraes já perceberam
claramente que foram colocados —à revelia ou não— em uma guerra contra o
governo, na qual ele ataca e cabe ao STF —e ao TSE— reagir. Moraes se esforça
para parecer imparcial. Tirou das redes tanto perfis de direita quanto
o do PCO, que também atacou o Supremo.
Mas a reação excessiva, que parece voltada
principalmente a um dos lados (que é, de fato, de onde parte a maioria dos
ataques) corrói sua legitimidade. Um site não pode ligar
o PT ao PCC, baseado no depoimento (sim, pouco confiável) de Marcos
Valério. Mas e ligar Bolsonaro ao assassinato de Marielle?
Ilações sempre fizeram parte do debate
público —e às vezes têm um fundo de verdade. Melhor errar para o lado da
liberdade do que suprimir todo discurso que seja ruim para um candidato ou
partido, o que feriria seriamente a liberdade de expressão.
Entre erros e acertos, está claro que o Supremo reage a ataques, não os inicia. Essa reação pode ser por vezes exagerada ou até errada. Mas quem não lembra sempre de onde vem a agressão presta um desserviço à democracia.
Assim defecou Bolsonaro, em suas constantes e fétidas diarreias cerebrais diárias. Quando o genocida "pensa" (uma ou outra vez durante o dia), fede um pouco... Quando ele abre a boca pra grunhir algo, o cheiro do esgoto exala automaticamente. Bolsonaro é uma fossa asséptica que extravasa pelo focinho!
ResponderExcluirÉ ele só funciona em hospitais,
ResponderExcluirTem mais essa
Você cita censura com um problema menor mas o que sustenta a democracia liberdade de expressão hoje o ST F tem um poder de mandar prender sem julgar qualquer pessoa que o ofender está totalmente fora dos parâmetros democráticos mas parecendo com Cuba venezuela tá todo mundo te vendo
ResponderExcluirPode ter certeza que quem matou Marielle e,quem comemora sua morte até hoje,são todos bolsonaristas.
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