Correio Braziliense
O presidente Jair Bolsonaro opera
simultaneamente duas táticas para se manter no poder. Ambas podem dar errado,
se não conseguir reverter a grande vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva nas eleições. Ambas se combinam quando à possibilidade cada vez mais
evidente de que planeja melar as eleições de outubro próximo, caso seus
resultados sejam desfavoráveis. A primeira, operada com extrema competência
pelo Centrão, é a PEC da Eleição, promulgada ontem, com medidas para transferir
recursos para a população de baixa renda, caminhoneiros e taxistas.
A PEC nasceu no Senado, onde somente não conseguiu a unanimidade porque o senador José Serra (PSDB-SP), solitariamente, votou contra. Na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), operou um rolo compressor para que a emenda constitucional fosse aprovada em dois turnos e promulgada nesta semana, após 72 horas de articulações, sessões relâmpagos e votações. Somente o Novo e alguns parlamentares isolados em seus partidos, votaram contra a PEC.
Na essência, a proposta tem um viés
golpista, porque a legislação eleitoral proíbe a adoção de medidas de caráter
assistencialista a menos de 100 dias eleições. Para que isso seja possível, o
Congresso aprovou um “estado de emergência”, que possibilita descumprir a
legislação eleitoral, tendo como pretexto a guerra da Ucrânia, por causa da
crise dos combustíveis. Com isso, a máquina do governo federal será usada para
influenciar o voto dos eleitores de forma sem precedentes.
A legislação eleitoral estabelece um
equilíbrio entre a vontade dos políticos no poder (ética das convicções) e a
legitimidade dos meios de sua atuação nas eleições (ética da responsabilidade),
a cargo dos órgãos de controle do próprio Estado: Controladoria-Geral da União
(CGU), Receita Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União (TCU),
Procuradoria-Geral das República (PGR) e Justiça Eleitoral. Com a PEC, esses
órgãos nada poderão fazer para evitar o abuso de poder econômico e outros
crimes eleitorais, derivados da execução da PEC em plena campanha eleitoral. A
única barreira a ser vencida é a resistência surda da própria burocracia,
responsável pela implementação das medidas.
A outra tática em curso, sob
responsabilidade dos generais do Palácio do Planalto, é semear a desconfiança
em relação à segurança das urnas eletrônicas, corroborando os ataques que o
presidente Jair Bolsonaro vem fazendo contra o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) e os ministros Edson Fachin, atual presidente, e Alexandre de Moraes, o
próximo a comandar a Corte. Para isso, o Ministério da Defesa está sendo
acionado, contrapondo o prestígio das Forças Armadas à legitimidade do TSE no processo
eleitoral, o que não é nenhuma novidade na história republicana.
O golpe
Ontem, durante audiência no Senado, palco
de ataques à Justiça Eleitoral, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio
Nogueira, chegou a propor que fosse utilizado o voto impresso durante a
votação, para checar as urnas eletrônicas por amostragem, proposta já recusada
pelo TSE. No encontro, o coronel Marcelo Nogueira de Souza, especialista em
guerra cibernética, admitiu que as urnas são invioláveis a ataques de hacker
externos, porém sustentou que não são seguras do ponto de vista de eventuais
violações internas, ou seja, colocou sob suspeita a próprio TSE.
Mesmo que a intenção do ministro da Defesa
não fosse pôr sob suspeita a segurança das eleições, o resultado prático da
audiência foi fortalecer a percepção de que o presidente Bolsonaro não pretende
aceitar um resultado desfavorável nas urnas, e as Forças Armadas estariam
coniventes com isso. Impossível não lembrar do Plano Cohen, documento divulgado
em 30 de setembro de 1937, com supostas “instruções da Internacional Comunista
(Komintern) para a ação de seus agentes no Brasil”. Na realidade, tratava-se de
um plano simulado como “hipótese de trabalho”, segundo seu verdadeiro autor, o
capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação
Integralista Brasileira (AIB).
Com base no Plano Cohen, o presidente Getúlio Vargas solicitou imediatamente ao Congresso autorização para decretar o estado de guerra pelo prazo de 90 dias. A aprovação da medida abriu caminho para o golpe do Estado Novo, desfechado em 10 de novembro de 1937, que suspendeu as eleições e institucionalizou a ditadura. A fraude do Plano Cohen só foi revelada após a extinção do Estado Novo, em 1945.
Vocês todos chegar um ponto de não retorno azedo te conheço deis da Fluminense Como pode apoiar o Lula como pode ignorar a invasão do hacker durante oito meses na eleição de 2018 vocês todos se venderam e agora tem que ir até o fim
ResponderExcluirO pior é que tem muitos ''anônimos'' viajando na maionese por aí,maionese estragada ainda.
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