(Castro Alves, São Paulo, junho de 1868)
Era
no Dous de Julho
A
pugna imensa
Travava-se
nos cerros da Bahia…
O
anjo da morte pálido cosia
Uma
vasta mortalha em Pirajá.
“Neste
lençol tão largo, tão extenso,
“Como
um pedaço roto do infinito …
O
mundo perguntava erguendo um grito:
“Qual
dos gigantes morto rolará?! …
Debruçados
do céu. . . a noite e os astros
Seguiam
da peleja o incerto fado…
Era
tocha — o fuzil avermelhado!
Era
o Circo de Roma — o vasto chão!
Por
palmas — o troar da artilharia!
Por
feras — os canhões negros rugiam!
Por
atletas — dous povos se batiam!
Enorme
anfiteatro — era a amplidão!
Não!
Não eram dous povos os que abalavam
Naquele
instante o solo ensanguentado…
Era
o porvir — em frente do passado,
A
liberdade — em frente à escravidão.
Era
a luta das águias — e do abutre,
A
revolta do pulso — contra os ferros,
O
pugilato da razão — com os erros,
O
duelo da treva — e do clarão! …
No
entanto a luta recrescia indômita
As
bandeiras – como águias eriçadas —
“Se
abismavam com as asas desdobradas
Na
selva escura da fumaça atroz…
Tonto
de espanto, cego de metralha
O
arcanjo do triunfo vacilava…
E
a glória desgrenhada acalentava
O
cadáver sangrento dos heróis!
Mas
quando a branca estrela matutina
Surgiu
do espaço e as brisas forasteiras
No
verde leque das gentis palmeiras
Foram
cantar os hinos do arrebol,
Lá
do campo deserto da batalha
Uma
voz se elevou clara e divina.
Eras
tu — liberdade peregrina!
Esposa
do porvir — noiva do Sol!…
Eras
tu que, com os dedos ensopados
No
sangue dos avós mortos na guerra,
Livre
sagravas a Colúmbia Terra,
Sagravas
livre a nova geração!
Tu
que erguias, subida na pirâmide
Formada
pelos mortos do Cabrito,
Um
pedaço de gládio — no infinito…
Um
trapo de bandeira — n’amplidão!. ..
Um grande dia na Bahia.Castro Alves sempre atento aos sinais.
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