Militante petista foi morto por bolsonarista em sua festa de aniversário
Danielle Brant / Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A morte de um
militante petista por um policial
penal federal bolsonarista evidencia que a campanha eleitoral
deste ano deve ter um nível de violência inédito no país, avaliam presidentes
de partidos políticos.
Marcelo de Arruda comemorava seu
aniversário de 50 anos em festa temática a favor do PT quando o bolsonarista
Jorge José da Rocha Guaranho passou em frente ao local de carro e afirmou
"aqui é Bolsonaro". Mais tarde, o policial penal retornou. O petista
morreu após discussão e troca de tiros.
Para o presidente do PSB, Carlos Siqueira,
o assassinato de Arruda é "profundamente lamentável e inaceitável".
"O episódio do assassinato do líder
petista em Foz do Iguaçu é revelador do nível de violência que poderemos
assistir na campanha eleitoral deste ano, que pode ser sem precedente na
história republicana brasileira", afirmou Siqueira.
"Desgraçadamente estamos numa
sociedade dividida. Por isso mesmo penso que o tema da coesão social deve
ganhar prioridade", disse.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, vê o crime como fruto da radicalização da política brasileira. "Esse que invadiu o aniversário é a demonstração de que o insano é irmão da tragédia", afirmou. "É um desastre imaginarmos que esse não seja o primeiro e único [crime]", complementou.
Questionado sobre se a campanha deste ano
poderia ser a mais violenta da história, ele disse que "sem dúvida."
"É um clima que vinha num crescendo e que, agora, você tem um presidente
[Jair Bolsonaro] que, quer queira, quer não, é um elemento que facilita
tremendamente essa marcha da insensatez. O outro lado [Lula]
também não ajuda. Não chega ao mesmo ponto, mas também não ajuda."
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, tem
avaliação semelhante. Para ele, o presidente Jair Bolsonaro tem "insuflado
a violência política de forma irresponsável". "Essa tragédia é
responsabilidade direta dele", afirmou, acrescentando que será
"inevitável" as campanhas reforçarem a segurança.
Gilberto Kassab, presidente do PSD, afirmou
que "intolerância e ódio são ameaças à população e ao funcionamento do
Estado democrático."
"Já passou o momento daqueles que têm
tido condutas e manifestações que contribuem para um país conflagrado baixarem
o tom", disse. "Política se faz com debate e diálogo, sem violência
ou ameaças."
Na visão de Carlos Lupi, presidente do PDT,
Bolsonaro "alimenta esta violência permanente com a intenção de melar a
eleição".
No STF, um dos ministros disse reservadamente que o caso preocupa, mas que é preciso ter calma e esperar o resultado das investigações. Na avaliação dele, ainda são necessários mais detalhes sobre o que motivou o crime, pois, por enquanto, nada exclui que se trate de uma rixa antiga ou disputa pessoal.
Lula e lulistas nunca foram santos,mas Bolsonaro insufla a violência o tempo todo,é incomparável.
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