O Globo
O
presidente Jair Bolsonaro usou ato oficial no Palácio do Planalto para, na presença
de ministros de Estado, do presidente do Superior Tribunal Militar e de mais de
30 embaixadores de diversos países dizer que o sistema eleitoral brasileiro é
completamente inseguro, que as mais recentes eleições tiveram os resultados
fraudados e que as eleições podem não se realizar se a Justiça Eleitoral não
aceitar as sugestões das Forças Armadas para o processo.
Diz
a Constituição Federal, em seu artigo 85: "São crimes de responsabilidade
os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e,
especialmente, contra:
I -
a existência da União;
II -
o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III -
o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV -
a segurança interna do País;
V -
a probidade na administração;
VI -
a lei orçamentária;
VII -
o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo
único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas
de processo e julgamento."
Jair
Bolsonaro usou uma solenidade no Palácio do Planalto para cometer crime de
responsabilidade e investir contra o Judiciário e o próprio processo
democrático. Também foi cometido flagrante crime eleitoral, pelo uso de aparato
de Estado para um ato de campanha antecipada, também vedada pela mesma
legislação.
Em uma fala de mais de 40 minutos, Bolsonaro atacou pessoalmente os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o sistema eleitoral brasileiro é completamente inseguro, expôs dados de um inquérito da Polícia Federal sobre as eleições de 2018 que ainda não está concluído e por cujo vazamento ilegal responde a outro inquérito, afirmou que as eleições de 2018 foram fraudadas e as de 2020 não deveriam ter sido realizadas, uma vez que não tinha sido concluído o inquérito sobre o pleito anterior, e que as Forças Armadas não asistirão como espectadoras o processo eleitoral.
O
presidente repetiu argumentos para embasar sua fala que já foram repetidamente
desmentidos pela Justiça Eleitoral, que, enquanto decorria a fala do presidente
aos embaixadores, disponibilizou links desmentindo de novo uma a uma as
alegações.
Bolsonaro
associou Barroso e Fachin é esquerda ao lembrar que o primeiro foi advogado de
Cesare Battisti antes de ser nomeado para o Supremo e o segundo "foi
advogado do MTST". De novo, o presidente falseou a realidade ao dizer que
Fachin "tornou Lula elegível" e "tirou Lula da cadeia",
quando o que houve foi uma decisão colegiada do STF que reviu o foro de Curitiba
como o apropriado para julgar os processos do ex-presidente na Lava Jato.
Bolsonaro
disse que observadores internacionais "não terão o que fazer" no
Brasil pois as eleições seriam impossíveis de auditar, e que o TSE os convoca
para dar aparência de legalidade ao pleito, que estaria inevitavelmente
conspurcardo.
Em
vários momentos de sua fala em que desacredita o Judiciário brasileiro,
Bolsonaro buscou "solidariedade" dos embaixadores ao dizer que: 1) só
dois países usam o sistema eletrônico de votação como o brasileiro; 2) o Brasil
é um país vital para o mundo pois ajudaria a "alimentá-lo". Ele ficou
de enviar às embaixadas uma súmula de sua apresentação e se dispôs a mostrar a
íntegra do inquérito da PF a quem solicitasse, algo que, de novo, já motivou
uma investigação contra ele.
Bolsonaro
ameaçou não cumprir novas decisões da Justiça Eleitoral concernentes à retirada
de conteúdos considerados fake news por ordem dos ministros do TSE.
Em
vários momentos, Bolsonaro usou o pronome "nós" para se referir à
atuação das Forças Armadas no processo eleitoral, se colocando simultaneamente
como candidato e como "chefe supremo" dos militares, expressão que
repetiu exaustivamente. "Por que nos convidaram? Acharam que iam dominar
as Forças Armadas? Será que se esqueceram de que eu sou o chefe supremo das
Forças Armadas? Será que imaginaram que participaríamos de uma farsa? Seríamos
moldura numa foto?", disse perante os representantes de vários países.
O
ministro da Defesa não repetiu no evento a apresentação que fez na semana
passada diante do Senado, com mais críticas ao sistema eletrônico de votações e
a sugestão de um teste capenga de integridade.
Mas
as Forças Armadas e o Itamaraty foram cúmplices dos crimes de responsabilidade
cometidos por Bolsonaro dentro do Palácio. Duas instituições do Estado
brasileiro foram usadas para dar aval a afirmações sem prova de fraude
eleitoral, e o Ministério das Relações Exteriores extrapolou suas atribuições
ao convocar os embaixadores para um ato de campanha explícito de Bolsonaro.
Nem
o Sete de Setembro do ano passado teve tamanha gravidade. No evento desta
segunda Bolsonaro falou que é "querido" pelo "povo cristão e
ordeiro" do Brasil, enquanto Lula não poderia ir a lugares sem ser
hostilizado. Algo desse grau de subjetividade foi usado perante representantes oficiais
de países no Brasil como "prova" de que as pesquisas que mostram o
petista na frente são fraudadas.
O
presidente insinuou que os ministros do STF e do TSE estariam fazendo parte de
um plano para devolver Lula ao poder para "pagar uma dívida" que teriam
com o ex-presidente.
Urge
uma resposta altiva da própria Justiça, mas não só. O Ministério Público
Federal e o Legislativo brasileiro não podem ser omissos diante da mais
explícita ameaça feita até aqui por Bolsonaro de que não vai aceitar o resultado
da eleição. Aliás: que tentará inclusive que as eleições não se realizem.
Sempre desconfiei de como ele conseguiu ser presidente do Brasil, está explicado agora é que manusearam as urnas em 2018.
ResponderExcluirVocês está desesperada nunca perdoou tal do furo que você deu como é que pode desconhecer os argumentos do inquérito da polícia federal em que mostra toda a vulnerabilidade do sistema e Fake era advogado do MST vocês perderam totalmente a vergonha o seu ódio a Bolsonaro faz você perder a característica principal do jornalismo que é a busca da verdade o futuro os condenará
ResponderExcluirSó pode ser mais um bobo da corte, bobão e burro ainda por cima
ExcluirBolsonaro está desesperado,nem dorme de noite.
ResponderExcluirQuero que esse cara morra, ardentemente espero em Deus. Ele é o próprio demônio sem noção do que ele realmente é um maluco que teima em só fazer maldades. Ainda finge que acredita em Deus, o mau caráter.
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