Folha de S. Paulo
Sem os anabolizantes eleitorais de
Bolsonaro, tombo da economia na real vai ser maior
O consumo e o emprego no segundo trimestre
andaram quase no mesmo ritmo do início do ano, segundo indicadores e medidas de
grandes bancos que tentam antecipar as medidas bem mais amplas e
"oficiais", as do IBGE. Não dá para dizer grande coisa do PIB, que
depende muito de números de investimento e comércio exterior. Mas, em termos de
temperatura econômica "nas ruas", a situação não mudou grande coisa.
Na economia
do dia a dia e de percepções de curto prazo, que interessam mais à
política, esses indicadores de instituições financeiras sugerem que não teria
havido impacto negativo na situação eleitoral de Jair Bolsonaro _ao contrário.
Por ora, as previsões de PIB no vermelho (tamanho da economia encolhendo) no terceiro trimestre também ainda não parecem à vista. Podem ser ainda mais adiadas, graças às reduções de impostos e aos aumentos de gastos, como o aumento do Auxílio Brasil e outros previstos na PEC "dos Bilhões", "Kamikaze" ou o nome que se dê.
Essa proposta
de emenda à Constituição deve ser aprovada e sancionada na semana que
vem. O governismo decidiu adiar a votação por precaução (nesta quinta-feira,
não havia folga suficiente de votos, deputados presentes o bastante).
Os indicadores de condições financeiras da
economia, porém, continuam a azedar. Isto é, o óleo que faz o motor da economia
girar mais suave ou rapidamente está acabando ou queimando. Juros no Brasil,
juros no mundo, risco Brasil, preço do dólar, preço de commodities, preço das
ações nas Bolsas, tudo tem piorado.
O real voltou a se desvalorizar
rapidamente, as taxas de juros no atacadão de mercado de dinheiro subiram (a
"curva a termo"), preços de commodities relevantes para o Brasil
começaram a andar de lado ou a cair, as taxas de juros das economias ricas
ainda vão aumentar (na eurozona, o show nem começou ainda).
Afora milagres ou reversões abruptas, não
há como evitar uma desaceleração econômica aqui no Brasil também, em algum
momento entre este segundo semestre e o primeiro do ano que vem, com algum risco
de pequena recessão em 2023.
Além de todo entulho, da crise crônica, há
outros problemas encomendados recentemente para 2023, como receitas menores e
gastos maiores, estados e municípios tendo de apertar os cintos, graças às
baixas do ICMS (e o primeiro corte virá, claro, nos investimentos em obras e
equipamentos).
A incerteza a respeito de como vão ser
consertados ou remendados estragos novos e velhos deve colocar mais areia no
motor, assim como a desmoralização extra da política econômica por causa dos
estelionatos do bolsonarismo.
Em resumo, isso quer dizer que a ressaca
pós-eleitoral vai ser maior. O problema vai ser parecido tanto no caso
de reeleição de Bolsonaro como em caso de vitória da oposição, de Lula da Silva
(PT), mais provavelmente. Bolsonaro terá apenas o problema adicional de
confirmar inteiramente o estelionato, cortando o Auxílio Brasil, elevando
impostos e fazendo o arrocho adicional necessário, ou de dobrar a aposta,
adubando a ruína.
Recorde-se que ainda estão no programa de
promessas o reajuste
dos salários dos servidores e pressão maior de gastos (ou de gastos
ineficientes) com o aumento do valor do pacote de emendas parlamentares, para
ficar no básico.
Além do mais, a conta de juros da dívida pública vai aumentar para valer a partir do trimestre final deste ano, com o que o déficit do governo será maior. Caso o IPCA passe a aumentar menos mesmo, o aumento de receitas e a engorda artificial do PIB devidos à inflação vão ter fim. A dívida pública vai voltar a crescer de modo preocupante. Isso não vai prestar.
Já verificaram se Paulo Guedes ainda possue contas em paraísos fiscais? O dólar depende do Paulo Guedes, ele, o dollar, vai para onde o cara quiser.
ResponderExcluirEsse cara é maligno e tem parte com o diabo, diria minha avó.
ResponderExcluirE não vai prestar mesmo.
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