segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Ana Cristina Rosa - À espera de um milagre

Folha de S. Paulo

As eleições não começaram e já produziram ato pró democracia e efeitos da fome

As eleições gerais de 2022 ainda não ocorreram e já conseguiram produzir simultaneamente dois fenômenos distintos. Em uma frente, conectaram elite (econômica e cultural) e oposição, que vieram a público demonstrar sintonia nos atos em defesa da democracia, do Estado de Direito e da lisura do processo eletrônico de votação. Na outra, o povo —que passa fome— começou a dar sinais de encantamento com o pacote de benesses efêmeras lançado recentemente pelo governo, numa clara comprovação de que estômago vazio pode causar dor de cabeça.

Como sonhar não custa nada, a partir de desta terça (16), com o início da campanha eleitoral, o desejável é que todos os candidatos se limitem aos fatos e não se deixem levar pela tentação de mascarar a realidade para obter vantagem pessoal. Sobretudo se as mentiras atentarem contra o sistema democrático.

Mas isso é muito pouco provável, quase um "milagre". Por mais que seja um desejo contido também na mobilização dos milhares de menores de 18 anos que, mesmo sem a obrigação, fizeram questão de expressar confiança no sistema eletrônico de votação e se habilitaram para participar da "festa da democracia", marcada para 2 de outubro. Além dos maiores de 70 anos que também pretendem votar.

Pelos registros do TSE, é recorde o número de pessoas aptas a participar do pleito deste ano: são mais de 156 milhões, um crescimento superior a 6% em relação a 2018. É muito, sobretudo considerando que boa parte irá às urnas por opção.

E o que toda essa gente merece são propostas perenes para enfrentar as graves mazelas nacionais relacionadas a saúde, educação, desemprego, saneamento básico, habitação, desigualdade racial, ambiente…

Uma nação na qual a fome voltou a fazer parte do cardápio não pode se dar ao desplante de ceder espaço para disseminação de bravatas e mentiras, e tem obrigação de fazer o possível para impedir que o povo seja ludibriado com benefícios fugazes. A democracia agradece.

 

3 comentários:

  1. A moça, que é contra mentir pro povo, é responsável por um dos artigos mais mentirosos que meus 71 anos já tiveram o desprazer de ler, na Folha. Chama-se

    "Escravidão' de Laurentino Gomes supera clichês sobre África, dizem pesquisadores"

    Desconheço a existência de revisão ou autocrítica.

    MAM

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  2. Espero que o povo não se iluda e vote certo,isto é,no menos pior.

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  3. Jorge Carvalho18/8/22 12:55

    Amancio, o povo não precisa votar no menos pior. Pode, sim, eliminar os dois mentirosos, populistas e corruptos de uma vez só. Elegendo outro candidato! Só depende do povo! Eu espero muito que isto aconteça!

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